Lucas Headquarters #82 – WWE Hall of Fame: Cinco “injustiçados” que o merecem
Ora então boas tardes, comadres e compadres! Como estão?
Bem-vindos sejam a mais um “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!
Porra, que as minhas preces finalmente foram ouvidas! Na edição passada eu
disse que não se notava muito que estávamos na Road To Wrestlemania, mais
parecia a silly season desta dita altura do ano. Acontece que, desde aí,
pimba, dois anúncios para o Hall of Fame, que é para ver se eu aprendo a
não falar demasiado cedo!
Rey Mysterio… dificilmente podíamos pensar num headliner melhor, confesso. Ou seria ele ou seria, finalmente, a vez do Batista,
que já anda a dever um par de anos a um Hall of Fame, mas que, com
a entrada em cena do Mestre do 619, provavelmente ainda não terá na classe
deste ano o seu momento de reconhecimento.
Ao mesmo tempo, confesso que não estava à espera de ver um wrestler ainda no ativo a receber uma honra que 80% das vezes só é dada ou a wrestlers que já penduraram as botas ou que já fizeram a travessia para o Olimpo desta bela modalidade.
Provavelmente isto significará,
na minha opinião, que o seu lendário percurso está a entrar na reta final, e digo
já que não seria nada descabido ter o filho Dominik a encerrar a carreira do
pai: Dava um valente estímulo à sua personagem heel e
ficávamos com um momento altamente simbólico, que só podia ser o mais adequado
para encerrar um percurso de mais de trinta anos.
Keiji Muto é aquele caso da lenda da praxe que merece o justo reconhecimento por parte da maior empresa do wrestling mundial, mesmo que nunca lá tenha posto os pés e que, por essa razão, desperte a ira daqueles fãs mais conservadores que ainda acham que só devem figurar no WWE Hall of Fame pessoas que, de uma maneira ou de outra, fizeram da WWE a sua vida.
É, no mínimo, esperançoso que,
no meio de tantos defeitos, a WWE ainda tenha a virtude de reconhecer quem vai
influenciando gerações, quem vai inovando na parte técnica de coisa e, de uma
forma ou de outra, vai marcando a história do wrestling.
É legítimo que quem ler isto pense
que daqui a dez anos teremos Kota Ibushi no lugar de Great Muta. Aconselho
calma a quem pensa assim, mas ao mesmo tempo reconheço que as sementes podem já
plantadas com aquele combate no Cruiserweight Classic frente ao Cedric
Alexander. Se elas crescerão com o tempo… é uma questão de se ver, assim diria
o outro.
À medida que vamos esperando por
mais anúncios (porque de certeza que vão haver mais), vamos também aproveitando
para explorar um pouco a História desta iniciativa, e com o explorar dessa
História vamo-nos apercebendo que há um sem fim de nomes que têm um currículo
digno o suficiente para entrar neste panteão simbólico que a WWE atualiza de
forma anual. Só que, ao mesmo tempo, a empresa escolhe ignorar alegremente
muitos desses nomes, e muitas vezes esses wrestlers só chegam
ao Hall of Fame pela boca dos próprios fãs.
O que trago para vocês esta semana
é precisamente o elencar de alguns desses nomes, na esperança que a WWE lá se
digne a incluí-los em tão ilustres homenagens. Alguns deles até já passaram por
este espaço, com mais ou menos destaque, outros há que vão chegar aos
Headquarters pela primeira vez, mas isso não diminui em nada o seu legado.
Chyna
Confesso que, muitas vezes, quando
me vem à cabeça o WWE Hall of Fame, a
primeira coisa de que me lembro é da tremenda injustiça que a WWE está a fazer
para com a Chyna ao não lhe dar a introdução a solo que era sua por direito
ainda em vida, e mais sua se tornou após a morte. Aliás, para os mais
distraídos, eu já abordei a questão da entrada solitária da Chyna no Hall of
Fame, que foi aliás o tema da entrada número 35 deste nobre espaço (que podem
ver aqui).
Nessa edição eu disse que Chyna era aquilo que, no seu tempo, era impensável que existisse: Uma mulher que navegou – quase à vontadinha, diga-se – num universo que, na altura, era completamente dominado pelos machos.
E agora poderão alegar que, para isso,
muito contribuiu a relação amorosa que manteve com Triple H (que já no final da
década de 90 tinha a sua influência na então WWF) e, como sempre, têm um ponto
válido. Mas custa-me aceitar que, com tanta influência que Triple H tinha e
continua a ter, muitas vezes não as exerça para as causas justas.
A WWE apregoa à boca cheia o papel
de Trish e Lita como influenciadoras e modelos para a geração atual de
lutadoras, mas esconde o impacto inicial que Chyna fez para debaixo do tapete,
disfarçando a sua decisão com uma introdução no Hall of Fame… mas como parte
dos D-Generation-X.
Já nessa altura eu vi essa introdução com
muitas camadas de cinismo, porque me passou a ideia de que só se lembram dela
quando já tinham passado, na altura, três anos da sua infeliz partida. Mas é
como se costuma dizer, “a cavalo dado não se olha o dente”. A máxima do “queres
ser bom? Morre ou ausenta-te!” que na altura deu título ao artigo… Já nem sei
se se aplica, honestamente, porque a WWE não tem feito nada que ao menos me
faça invocar esse ditado.
Se calhar é a noção que eu iria
reclamar na mesma porque não a homenagearam em vida, e para isso preferiram
fechar-se em copas. Uma decisão justa, que para todos os efeitos parte de uma
decisão estúpida.
Umaga
Este é um nome que todos os anos
vem à baila, mas que tem sido mencionado com mais frequência desde que a
família Anoa’i chegou novamente ao topo da WWE, por intermédio de Roman Reigns.
E confesso que este é um daqueles nomes que gostava de ver introduzido neste
panteão anual da WWE.
Aparece então Umaga e, apesar de
apenas dois títulos Intercontinentais, acaba por ter numa feud com John Cena e na “Batalha dos Bilionários” contra
Donald Trump e Bobby Lashley os seus dois momentos mais altos. Sai pela porta
pequena em Junho de 2009, após demissão e uma feud contra CM Punk que passou
pelos pingos da chuva. Morre seis meses depois, em Dezembro, de ataque cardíaco
por abuso de substâncias ilícitas.
E muito provavelmente será esta a
razão pela qual Umaga ainda não foi parar ao Hall of Fame: A questão
literalmente “substancial”. Talvez por essa razão a WWE tenha escolhido ignorar
a morte daquele que se chegou a pensar ser o próximo “grandalhão” de topo da
empresa.
Mas a verdade é que continuar o
trabalho de The Rock não foi tarefa fácil, e Umaga acaba por fazê-lo de uma
forma que eu até considero que satisfaz. Não são todos que conseguem, em pouco
tempo, ver-se numa feud com John
Cena (que já nessa altura era o escolhido) ou trabalhar com Vince McMahon numa
Wrestlemania, mesmo que a história que o leve lá seja, no mínimo… parva, e
acabe com o patrão de cabelo rapado. Terá sido essa derrota o momento decisivo
para as graças de Umaga acabarem? Nunca saberemos…
Bull Nakano
Sabemos que a WWE tem um grande
apreço por aqueles que, no Japão, ajudaram a modernizar e a inovar esta bela
modalidade (o que é no mínimo contraproducente, veja-se a forma como a empresa
aproveita o talento nipónico que tem em mãos). Nesse sentido, a introdução de
Bull Nakano num qualquer Hall of Fame faria todo
o sentido.
Bull Nakano é, ao lado de nomes como Manami Toyota, uma das responsáveis pela emancipação do joshi wrestling e do wrestling feminino em geral, fazendo-o numa altura em que o wrestling feminino americano era um tabu em que quase não era permitido tocar.
Mas ela agarrou o
preconceito pelos colarinhos e quebrou-o quando, a 20 de Novembro de 1994,
venceu Alundra Blayze pelo WWF Women’s Championship num evento organizado pela
AJPW, o Big Egg Wrestling Universe. Teve um
reinado de cinco meses, o que, para as mentalidades da altura, até se pode
considerar como bonzinho.
Para cima de bons foram, isso sim,
os dois combates que teve com a Alundra, mas que se calhar muito poucos sabem
que existe. O que leva muita gente a indagar que, se a WWE não enaltece o
legado daquela que considera ser a “pioneira” no wrestling feminino,
porque é que o faria com uma wrestler que nem
sequer era “sua”…
Santino Marella
Podíamos falar também de R-Truth,
mas essa introdução parece-me garantida mais ano, menos ano, porque apesar de
nunca ter tido uma posição de destaque, há, no wrestling moderno,
poucos exemplos de lealdade a uma empresa como o de R-Truth. Falemos então de
uma introdução menos consensual (que, admito, inspirou esta entrada em conversa
com amigos, shoutout Shield
brothers Cuico e Márcio) como a de Santino Marella.
Pela forma como a WWE escolheu
apresentar Santino logo desde o dia 1, já se sabia que Santino iria ser pouco
mais que um comediante à la carte que sabe
lutar. A cena é que parecia que ser comediante lhe estava nos genes de tão bem
que ele conseguia protagonizar momentos hilariantes. Ou isso, ou era um mal
pegadiço com o qual ele tentou contagiar a Beth Phoenix…
A ajudar a isto, o facto dele ser
bastante credível no seu papel certamente ajudaria a que ganhasse honras de
Hall of Famer. Sim, todos nós sabíamos que ele não ia ganhar nem o Royal Rumble
de 2011 nem a Elimination Chamber de 2012, mas admitam lá que vocês acreditaram
por breves segundos que era possível?
William Regal
Ora aqui está um wrestler que muitas vezes inserimos naquela categoria
dedicada aos “mais subestimados” talvez de sempre – e com razão, porque só
talvez agora que ele exerce funções mais “administrativas” é que começamos a
ver o quão bom ele é.
William Regal é daqueles wrestlers ditos “à antiga”, com uma forte componente técnica que faz lembrar os primeiros wrestlers que começaram a gozar de fama.
Diz-se que, a nível pessoal, as coisas não terão
corrido assim tão bem, com vários problemas pessoais a mancharem um currículo
que, ainda assim, pode dizer-se que é de sonho: Cinco vezes Hardcore Champion,
quatro vezes European Champion, duas vezes Intercontinental Champion e quatro
vezes Tag Team Champion (duas com Lance Storm, uma com Eugene e outra com
Tajiri). A juntar a isto temos o King of the Ring, que contribuiu para dar nova
vida à sua personagem heel da altura.
Se em ringue William Regal conseguiu fazer uma ilustre carreira, nos bastidores Regal é, se calhar, considerado dos maiores nomes da indústria do wrestling atual. O trabalho que desenvolveu no NXT, tanto a nível de identificação dos talentos a recrutar como a trazer ao primeiro plano estipulações que não passavam de felizes memórias (WAAAAAAAAAAAAARGAMES!!) contribuiu para que a brand amarela da WWE fosse, por largos meses, a melhor parte de um produto cada vez mais decadente.
E até mesmo na própria AEW, a
ideia de juntar alguns dos pesos pesados do wrestling num grupo
como os Blackpool Combat Club era algo que não passava de fantasia da nossa
parte, e que ele mesmo assim conseguiu materializar.
O caso de William Regal é
ligeiramente destacável dos restantes, na medida em que todos os nomes que
mencionei merecem honras de Hall of Fame, no entanto, daqui a dez, quinze anos,
todos eles podem estar na mesma situação, o que não acontece com ele.
Toda a gente sabe que Regal irá,
mais ano menos ano, entrar no Hall of Fame, só que a WWE apenas procura a
altura certa, um ano que, de qualquer forma, lhe assente que nem uma luva.
Tendo em conta que uma Wrestlemania no Reino Unido poderá ser uma realidade
daqui a alguns anos (ou pelo menos assim parece), o ano em que isso acontecer
será, sem dúvida, o ano certo para Regal agarrar o anel que já lhe devem há
alguns anos.
Na vossa opinião, que nomes do
passado ou do presente da WWE merecem estar no Hall of Fame e nunca foram
reconhecidos pela companhia?
E assim termina mais uma edição dos “Lucas Headquarters”! Não
se esqueçam de passar pelo site do WN, pelo nosso Telegram, deixem opiniões aí
em baixo, sugiram temas, o costume. Para a semana, se tudo correr bem, cá
estarei com mais um artigo.
Peace and love, e até ao meu regresso!