Ultimas

Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 27


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 27. A Viagem Continua
Domingo, 6 de Abril, 2014 - 22:18

"O "Yes!-ing" com aqueles títulos é muito mais difícil que o que imaginas," brinca Bryan, ainda a recuperar o fôlego do outro lado da cortina. "Tivemos setenta-e-cinco mil pessoas ali esta noite, e foram fantásticas. Eles fizeram este momento acontecer, e eles tornaram este momento especial. E por isso, nunca lhes poderei agradecer o suficiente."

Mesmo à sua frente está uma multidão, diversa mas dedicada, de caras familiares à espera do homem da hora quando a sua figura polvilhada de papel brilhante atravessa a cortina. WWE Superstars, alumni das indies, e Bret "Hitman" Hart - uma das musas de wrestling de Bryan - estão entre aqueles por perto a aplaudir quem recusou que lhe fosse dito que não podia ser WWE World Heavyweight Champion. O Celtic Warrior, Sheamus, que criou o seu momento Wrestlemania às custas de Bryan dois anos antes, partilha um forte abraço com o amigo.

Porém é uma linda amiga, confidente, fã, e amada que oferece os mais calorosos braços a Bryan. Apesar de ela própria sem título mesmo após os seus melhores esforços no Divas Championship Invitational anterior, Brie sorri de orelha a orelha perante a realização do seu noivo. Trocam "Amo-te's" e Bryan envolve o seu braço bom sobre ela. Eles saem da rampa dos bastidores e caminham em direcção a um brilhante futuro como marido e mulher.

Daqui, eles regressarão às suas vidas numa novíssima casa de sonho. Pegarão na sua Bulldog Francesa, Josie, do infantário de cães. Finalizarão os seus planos para o (não oficialmente intitulado) "Yes! Wedding" e dizer o "Sim" dentro de cinco dias. Além disso, há sempre o Raw. À "Cara da WWE" - mais apropriado, "Sweet Face," como Brie gosta de identificar o seu noivo - Campeão Mundial acaba de lhe crescer uma barba.



Ela pode não ter tido permissão de vir ao ringue, mas a Bri foi a primeira pessoa que vi quando atravessei a cortina, e dei-lhe um grande abraço. Ela estava radiante e parecia tão orgulhosa de mim. Agradeci ao Randy e ao Batista, que deram cabo do couro a trabalhar e, na verdade, trabalharam à minha volta. O Randy meio que sabia que eu estava em baixa forma, e eles fizeram o seu melhor para me deixar o mais bem visto possível. Agradeci ao Hunter, tanto pelo combate de antes como por ter ajudado a tornar o evento principal tão especial. Depois agradeci ao Vince. Ele deu-me um grande abraço e deu-me os parabéns pela performance. Nada disto teria sido possível sem as oportunidades que ele me tinha dado.

Uma das coisas especiais acerca deste momento foi ter sido capaz de o partilhar com amigos que eu tinha conhecido ao longo da minha carreira. O Seth Rollins e o Cesaro. O Sheamus e o Cody Rhodes. O Glenn. O Jamie Noble, que eu tinha abraçado visto que ele tinha feito tanto para que eu chegasse àquele ponto.

E depois há o William Regal. É impossível para mim estar a exagerar em relação ao quanto ele tem estado lá para mim, desde que eu tinha dezanove anos. Ele estava lá ao longo de tudo, e eu nunca teria sido capaz de chegar sequer perto da Wrestlemania sem ele. Ao vê-lo após o combate, não havia forma possível de eu lhe poder agradecer o suficiente por tudo o que ele tinha feito por mim. Eu podia ver-lhe nos olhos o quão orgulhoso ele estava de mim, da maneira que um pai fica orgulhoso de um filho, e isso tocou-me no coração.

Cheguei ao balneário, e por um bocado ali fiquei sentado sozinho, imerso num poderoso momento de solidão. Tanta coisa na minha vida que não parecia real. Quando eu galopo pela rampa abaixo com milhares de pessoas a gritar "Yes!" comigo, não parece real. Há esta mulher fantástica e linda que me ama, e por vezes isso não parece real. O que eu tinha acabado de fazer não era real; era ficção. Eu tinha ficcionalmente contrariado a Authority. Eu tinha ficcionalmente vencido um título. Eu estava rodeado de ficção, mas suceder na ficção sentia-se como uma realização verdadeira, e toda a gente à minha volta estava a tratar o meu sucesso na ficção como se fosse um desempenho real.

Perguntei-me se os heróis dos filmes alguma vez se sentem assim após gravarem um filme de acção, a sentir como se tivessem mesmo salvo o dia de alguma forma. Eu imaginaria que não. Não conseguia evitar rir-me da ridiculez da situação. Ainda assim, estava orgulhoso. Ali descansava, a segurar este título fictício e simbólico, a aproveitar a oportunidade para reflectir sobre o que tinha acabado de acontecer. Esta cena do wrestling é estranha. Mistura ficção com realidade de uma maneira que as torna por vezes difíceis de separar, mesmo quando estás por dentro.

Independentemente, tirou-me todo o fôlego, o escopo da situação - não pelo destino, que era ficção, mas antes pela incrível e real viagem.

No próximo capítulo: Actualizem lá a vossa lista: terão mais um livro concluído! Chegando ao fim a saga de Daniel Bryan e a sua grande conquista, resta fecharmos esta emocionante viagem e concluir esta temporada da "Literatura Wrestling" com o sentido e emotivo epílogo de Bryan, que encerra a obra.

Com tecnologia do Blogger.