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Lucas Headquarters #81 – House of Black: O “culto” que deu certo


 Ora então boas tardes, comadres e compadres! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição dos “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! Nota-se muito que estamos em plena “silly season” na Road to Wrestlemania? É que a julgar pela quantidade (e qualidade) de wrestling que vimos esta semana, não é essa a impressão com que fiquei.


Tivemos um excelente final para o primeiro “Triangle Derby” da STARDOM, um Revolution em que a AEW mostrou que sports entertainment é para meninos (e é, quem viu o Texas Deathmatch entre o John Moxley e “Hangman” Adam Page sabe disso) e tivemos o regresso de John Cena ao RAW para – tal como as suspeitas apontavam – construir o seu combate com Austin Theory para a Wrestlemania.


Só que, no meio de tudo isto, há um grupelho do qual se calhar me estou a esquecer, e que merece um igual nível de destaque, quanto mais não seja porque saíram do Revolution com os AEW World Trios Championship: Os House of Black.



E, se há grupo a quem a expressão “trabalhar nas sombras” se pode aplicar, é este, literal e figurativamente. Não só porque as luzes brilhantes e os padrões luminosos não são muito a sua cena, mas porque se calhar ninguém tinha dado por eles até ao passado domingo.


Quem me conhece sabe que as chamadas dark gimmicks são aquelas que me atraem mais no que diz respeito ao wrestling, não porque eu tenha alguma espécie de fetiche pelo lado negro (seja ele da Força ou de outra coisa qualquer) mas porque sinto que são sempre o tipo de gimmicks que são melhor trabalhadas numa era repleta de personagens genéricas e histórias contadas em ringue que não possuem grande verosimilhança.


E, se na WWE (mais propriamente no NXT) o background cultista de Malakai Black acabou por cair em saco roto (se bem que eu até nem desgostava daquela dupla que ele fez com o Ricochet), a AEW deu um passo em frente e desenvolveu a personagem de Malakai em torno de um verdadeiro culto, algo que na WWE, podendo resultar, nunca resultaria assim tanto.



Dadas as circunstâncias, podemos dizer que mais do que um “culto” que vai tomando a AEW de assalto, lenta mas decisivamente, os House of Black são o culto que deu certo.





Quem olha para a forma como os House of Black se vão desenvolvendo e vão fazendo notar, certamente que se lembrará de um outro culto que ficou na nossa memória e que só agora nos lembramos do quão bom era porque um dos seus membros já não está entre nós – e como eu digo sempre, you don’t know what you have until it’s gone. 




Claro que, da Wyatt Family até aos House of Black vai um mundo de distância em praticamente tudo, até porque não esquecer que a Wyatt Family estava limitada pelas restrições PG impostas pela WWE, o que me faz pensar no que Bray Wyatt, com as suas mic skills e criatividade, seria capaz de fazer se a WWE fosse TV-14 ou superior. 


Mas a principal diferença aqui é que Bray Wyatt, sendo um excelente contador de histórias (e isso é inegável), acaba por arrastar mais e mais as suas feuds (isto quando não se acham em feuds completamente aleatórias, como é o caso desta com o Bobby Lashley, que não beneficia os dois em nada), apoiando-se mais nas suas promos e vignettes do que naquilo que é capaz de fazer em ringue (será que ele próprio sabe que não é um wrestler de encher o olho?).


Aquilo que mais aproxima, na minha opinião, a House of Black de Bray Wyatt tem a ver com a forma como Julia Hart acaba por entrar no grupo. Na edição de 8 de Abril de 2022 do Dynamite, Malakai Black cospe um líquido negro na cara de Hart e esta começa lentamente a mudar de atitude. 


Ora, se bem se lembram, uma das premissas por detrás da gimmick da Firefly Funhouse do Bray era que quem enfrentasse o The Fiend começava, também, a mudar a sua maneira de ser (e em alguns casos a própria aparência).





Outra das razões pelas quais a House of Black me parece ser o culto que deu certo tem a ver precisamente com uma das formas de encontrar esse equilíbrio, e que reside naquilo que os seus membros podem oferecer em termos de ring skill. Reparem que temos Malakai Black e Buddy Matthews, que são wrestlers mais ágeis e com maior flexibilidade corporal, e depois temos Brody King, que é claramente o enforcer do grupo, e Julia Hart, que lhes confere todo um elemento de tentação, de má influência, que acaba por alimentar a aura do próprio grupo.





E eis que chegamos ao combate entre House of Black e The Elite no Revolution. Não havia grandes dúvidas que este combate poderia entregar um resultado satisfatório – quem se mete no ringue com a Elite arrisca-se sempre a ter um excelente resultado – mas a questão é que este combate não teve construção, tirando uma promo críptica da House of Black no episódio do Dynamite de 15 de Fevereiro. Ou seja, para um combate que não teve qualquer hype, House of Black vs The Elite acaba por ser uma das três agradáveis surpresas da noite.




Portanto, Malakai Black, Buddy Matthews e Brody King conseguiram conquistar um ouro que na minha opinião, acaba por ser inteiramente merecido. Mas, à medida que vou tentando perspetivar um reinado da House of Black como AEW World Trios Champions, ocorre-me fazer outra pergunta: O que fazer com Julia Hart? 


Não é que a AEW possa não ter planos para a valet do grupo, mas é mais do que legítimo que depois desta ascensão, muita gente ponha a hipótese de Julia Hart entrar na discussão pelo AEW World Women’s Title, cimentando assim o domínio dos House of Black sobre a All Elite.



Na minha opinião, não vejo Julia Hart a entrar na discussão pelo título, embora gostasse de ver isso acontecer (antes ter a Julia Hart a lutar pelo título do que a Saraya, até agora não me convenceu), mas Saraya, para além de ter chegado há poucos meses, parece ser aposta forte por parte de Tony Khan para levar adiante a Women’s Division da AEW, até porque apesar de não estar a ter o impacto que se esperava dela na empresa, o seu palmarés continua a ser indiscutível.




E vocês, são fãs dos House of Black? Acham que vem aí um reinado longo como AEW World Trios Champions? Gostavam de ver Julia Hart como campeã e a House of Black a reclamar o ouro todo?


E assim termina mais uma edição dos “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site do WN, pelo nosso Telegram, deixem opiniões aí em baixo, sugiram temas, o costume. Para a semana, se tudo correr bem, cá estarei com mais um artigo.


Peace and love, e até ao meu regresso!






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