Lucas Headquarters #81 – House of Black: O “culto” que deu certo
Tivemos um excelente final para o primeiro “Triangle Derby” da STARDOM, um Revolution em que a AEW mostrou que sports entertainment é para meninos (e é, quem viu o Texas Deathmatch entre o John Moxley e “Hangman” Adam Page sabe disso) e tivemos o regresso de John Cena ao RAW para – tal como as suspeitas apontavam – construir o seu combate com Austin Theory para a Wrestlemania.
E, se há grupo a quem a expressão “trabalhar nas sombras” se
pode aplicar, é este, literal e figurativamente. Não só porque as luzes brilhantes
e os padrões luminosos não são muito a sua cena, mas porque se calhar ninguém
tinha dado por eles até ao passado domingo.
Quem me conhece sabe que as chamadas dark gimmicks são aquelas que me atraem mais no que diz respeito ao wrestling, não porque eu tenha alguma espécie de fetiche pelo lado negro (seja ele da Força ou de outra coisa qualquer) mas porque sinto que são sempre o tipo de gimmicks que são melhor trabalhadas numa era repleta de personagens genéricas e histórias contadas em ringue que não possuem grande verosimilhança.
E, se na WWE (mais propriamente no NXT) o background cultista
de Malakai Black acabou por cair em saco roto (se bem que eu até nem desgostava
daquela dupla que ele fez com o Ricochet), a AEW deu um passo em frente e
desenvolveu a personagem de Malakai em torno de um verdadeiro culto, algo que
na WWE, podendo resultar, nunca resultaria assim tanto.
Claro que, da Wyatt Family até aos House of Black vai um mundo de distância em praticamente tudo, até porque não esquecer que a Wyatt Family estava limitada pelas restrições PG impostas pela WWE, o que me faz pensar no que Bray Wyatt, com as suas mic skills e criatividade, seria capaz de fazer se a WWE fosse TV-14 ou superior.
Mas a principal diferença aqui é que
Bray Wyatt, sendo um excelente contador de histórias (e isso é inegável), acaba
por arrastar mais e mais as suas feuds (isto quando não se acham em feuds
completamente aleatórias, como é o caso desta com o Bobby Lashley, que não
beneficia os dois em nada), apoiando-se mais nas suas promos e vignettes
do que naquilo que é capaz de fazer em ringue (será que ele próprio sabe
que não é um wrestler de encher o olho?).
Aquilo que mais aproxima, na minha opinião, a House of Black de Bray Wyatt tem a ver com a forma como Julia Hart acaba por entrar no grupo. Na edição de 8 de Abril de 2022 do Dynamite, Malakai Black cospe um líquido negro na cara de Hart e esta começa lentamente a mudar de atitude.
Ora, se bem se
lembram, uma das premissas por detrás da gimmick da Firefly Funhouse do
Bray era que quem enfrentasse o The Fiend começava, também, a mudar a sua maneira
de ser (e em alguns casos a própria aparência).
Outra das razões pelas quais a House of Black me parece ser o
culto que deu certo tem a ver precisamente com uma das formas de encontrar esse
equilíbrio, e que reside naquilo que os seus membros podem oferecer em termos de
ring skill. Reparem que temos Malakai Black e Buddy Matthews, que são wrestlers
mais ágeis e com maior flexibilidade corporal, e depois temos Brody King,
que é claramente o enforcer do grupo, e Julia Hart, que lhes confere
todo um elemento de tentação, de má influência, que acaba por alimentar a aura
do próprio grupo.
E eis que chegamos ao combate entre House of Black e The Elite
no Revolution. Não havia grandes dúvidas que este combate poderia entregar um
resultado satisfatório – quem se mete no ringue com a Elite arrisca-se sempre a
ter um excelente resultado – mas a questão é que este combate não teve construção,
tirando uma promo críptica da House of Black no episódio do Dynamite de 15
de Fevereiro. Ou seja, para um combate que não teve qualquer hype, House
of Black vs The Elite acaba por ser uma das três agradáveis surpresas da noite.
#HouseOfBlack fighting back!@malakaiblxck @snm_buddy @brodyxking
— All Elite Wrestling (@AEW) March 6, 2023
Order #AEWRevolution LIVE on PPV right now!
🇺🇸: Cable & Satellite, @BRWrestling
🌐: @FiteTV @YouTube @dazn_wrestling @PPV_com @skysportde pic.twitter.com/DYQ4Q9ud5Z
Portanto, Malakai Black, Buddy Matthews e Brody King
conseguiram conquistar um ouro que na minha opinião, acaba por ser inteiramente
merecido. Mas, à medida que vou tentando perspetivar um reinado da House of
Black como AEW World Trios Champions, ocorre-me fazer outra pergunta: O que
fazer com Julia Hart?
Não é que a AEW possa não ter planos para a valet do grupo,
mas é mais do que legítimo que depois desta ascensão, muita gente ponha a
hipótese de Julia Hart entrar na discussão pelo AEW World Women’s Title,
cimentando assim o domínio dos House of Black sobre a All Elite.
Na minha opinião, não vejo Julia Hart a entrar na discussão
pelo título, embora gostasse de ver isso acontecer (antes ter a Julia Hart a
lutar pelo título do que a Saraya, até agora não me convenceu), mas Saraya,
para além de ter chegado há poucos meses, parece ser aposta forte por parte de
Tony Khan para levar adiante a Women’s Division da AEW, até porque apesar de
não estar a ter o impacto que se esperava dela na empresa, o seu palmarés
continua a ser indiscutível.
E vocês, são fãs dos House of Black? Acham que vem aí um
reinado longo como AEW World Trios Champions? Gostavam de ver Julia Hart como
campeã e a House of Black a reclamar o ouro todo?
E assim termina mais uma edição dos “Lucas Headquarters”! Não
se esqueçam de passar pelo site do WN, pelo nosso Telegram, deixem opiniões aí
em baixo, sugiram temas, o costume. Para a semana, se tudo correr bem, cá
estarei com mais um artigo.
Peace and love, e até ao meu regresso!