Lucas Headquarters #57 – Guerra Civil na AEW (parte 1)
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Com
saudades, imagino eu. Bem-vindos sejam a mais uma edição dos Lucas Headquarters
aqui no WrestlingNotícias!!
É verdade, seis meses passaram desde a minha última
pronunciação por aqui, e desde aí mudaram bastantes coisas: Vince McMahon
retirou-se e os DX tomaram conta da WWE; a Rainha de Inglaterra faleceu e o
filho saiu da reforma para trabalhar aos 73 anos como Sua Majestade Britânica o
Rei Carlos III da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, a Guerra na Ucrânia
continua… ok, se calhar não mudou assim muita coisa, mas se há coisa que mudou
e que está a deixar este nosso pequeno universo em alvoroço, foi o clima que se
vivia nos bastidores da AEW, e é disso que vos quero falar hoje.
Para melhor compreenderem o que aqui se passa, vou fazer
disto um artigo de duas partes: Na primeira parte, analisamos o contexto, o
acontecimento em si e os protagonistas. Na segunda, o foco será a forma como
Tony Khan, o manda-chuva da AEW, está a lidar com isto tudo.
Primeiro, deixar aqui um pequeno reparo que costumo dizer
bastantes vezes quando falo de AEW (e por inerência, da WWE, sobretudo desde
finais de Julho) e que parece que muita gente teima em não perceber:
Inicialmente, quando surge uma nova empresa de wrestling (ou quando há uma
mudança em grande escala que melhora o produto de uma já existente), a malta
costuma entrar na chamada honeymoon phase, traduzindo à letra: “fase da
lua de mel”.
Explicitando: A “fase da lua de mel” é aquela fase do encanto
inicial relativamente ou ao surgimento de uma nova empresa de wrestling,
ou ao começo de uma nova era dentro da mesma. Nessa fase, tudo parece ir bem no
mundo: Contratam-se as maiores estrelas, são bookados combates de sonho
e os primeiros shows semanais/PPV revelam-se autênticos sucessos de bilheteira.
E, pela qualidade do produto que os All Elites continuam
consistentemente a apresentar, parecia, e com alguma propriedade, que essa
“fase da lua de mel” que já durava há três anos iria durar outros três. Mas
nada dura para sempre – e aprendemos isso nesta quinta-feira. Se calhar, já
estava na altura dos die-hards da AEW interiorizarem que a honeymoon
phase da empresa há muito que terminou.
E agora podem vocês vir cascar para cima de mim e dizer “Ah,
mas só estás a dizer isso porque a WWE tem vindo a melhorar desde que o Vinnie
Mac foi embora, e agora estás a descontar na empresa que vias quando querias
descontar na WWE”. E eu, como não quero andar às turras com vocês (porque malta
do Alentejo é pacífica) vou dar a mão à palmatória, condescender e dizer que
muito provavelmente têm razão.
Mas não vale a pena estarmos com ilusões: A WWE está a entrar agora na honeymoon phase da era do Triple H, mas tal e qual como a sua concorrente direta tem um roster repleto de fama, onde a liderança do locker room cai em nomes como Roman Reigns, Drew McIntyre e Ronda Rousey (por exemplo), nomes que conseguiram, com ajudas dos responsáveis ou sem elas, construir uma carreira de sucesso na WWE ou noutros lados quaisquer.
Esse estatuto dá-lhes, a eles e a muitos outros com o seu
percurso, um ego considerável. Quem é que diz que daqui a um ano não estará
Triple H a tentar ganhar o locker room por causa desses egos? É difícil, porque o ambiente está relaxado e a
WWE beneficia de agora ter no controlo alguém que esteve, efetivamente, dos
dois lados da barricada. Mas não é, de todo, impossível, para além de wrestlers estamos a lidar com humanos.
Enfim, chegamos ao ponto em que CM
Punk afiou demasiado a língua e criticou os Young Bucks na conferência de
imprensa depois do All Out, não poupando Adam Page e Kenny Omega à sua ira. As
acusações são várias e não vale a pena especificar. Certo e sabido é que depois
houve porradaria, atiranço de cadeiras, e ao final de uns dias foi tudo corrido
a suspensões: Punk, Bucks, Pat Buck, Christopher Daniels, Michael Nakazawa e
Brandon Cutler, para além de Ace Steel. Mais grave ainda, Punk está no fio da
navalha: Vai ficar de fora 6 a 8 meses por lesão… e pode nem sequer ter de
voltar.
Se ainda não tinha ficado claro
pela forma pouco amigável com que saiu da WWE, penso que agora toda a gente se
terá apercebido que CM Punk é possuidor de um ego apenas comparável ao do
futebolista sueco Zlatan Ibrahimovic. E isso explica-se muito simplesmente:
Dentro da AEW há wrestlers que geram imensa popularidade (Moxley, Jericho,
Danielson…) mas, se calhar, se tivermos em conta todo o roster, Punk é o que
gera mais dinheiro.
Quantos de nós, se fôssemos a
principal fonte de rendimento da nossa empresa, não andaríamos aí de peito
feito a dizer que somos o motor daquilo tudo? Quantos de nós não diríamos à
boca cheia que se não fosse pelo nosso esforço, a empresa estava – passo a
expressão – nas lonas?
Para alguém como CM Punk, que
demorou sete anos a voltar a uma paixão da qual se divorciou, ter este tipo de
pensamentos não será assim tão descabido. O problema é que, se Punk for
despedido, o mais provável é ele deixar o mundo do wrestling de vez…
E vocês, o que têm a dizer sobre
este acontecimento e sobre o comportamento dos seus intervenientes?
E assim termina mais uma edição do
“Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pela página e pelo site do WN,
deixar a vossa opinião nos comentários, tudo o que sabem fazer melhor. Para a
semana cá estarei, se tudo correr bem, com mais um artigo, e com a continuação
da análise a esta Guerra Civil.
Peace and love, e até ao meu
regresso!