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Mac in Touch #86 (extra) - WWE Wrestlemania XXX - combate-a-combate (parte I)

 

Sejam bem-vindos a mais um Mac in Touch, este na ressaca da Wrestlemania 30.

Gostei dos vossos comentários nos últimos artigos, especialmente o do primeiro anónimo que defendeu apaixonadamente o seu ponto de vista. Não tive tempo para lhe dar uma resposta, pelo que fica aqui, implícita, na análise ao combate entre Daniel Bryan e Triple H. Porque para bom entendedor, meia palavra basta (e é bem maior do que meia, o número de palavras que usei nessa análise)...

Procurei escrever-vos o mais rapidamente possível, para que a análise esteja "quentinha", de preferência nas horas seguintes ao evento, para que tenham logo um ponto de vista, em português, daquilo que se passou em Nova Orleães durante esta madrugada.

Estenderei a minha análise até ao combate Battle Royal em memória de Andre The Giant, inclusive, ficando os combates a partir do duelo entre Cena e Wyatt para a segunda parte da análise da Wrestlemania 30.


Combate de Eliminação pelos títulos de Tag Team da WWE
The Usos (Jimmy e Jey Uso) (c) vs Real Americans (Antonio Cesaro e Jack Swagger) vs Rybaxel (Ryback e Curtis Axel vs Los Matadores (Diego e Fernando)

O facto de se tratar do pontapé de saída da Wrestlemania beneficia sempre um combate em termos de psicologia de ringue. As pessoas partem para o evento com uma alta expectativa relativamente ao mesmo e aderem com maior facilidade ao arranque... nem que este seja o pré-show. Isto, conjugado com a popularidade que os Real Americans têm tido (com teases constantes à sua separação), especialmente Antonio Cesaro, e com o facto de haver muita gente no ringue, davam uma “ajudinha” extra ao trabalho que todos os oito lutadores (e meio? [El Torito]) no que a chamar o público ao combate diz respeito.

Em termos de storytelling, como seria de esperar num combate com várias pessoas envolvidas, a contenda descambou um bocadinho, nomeadamente no que aos highspots diz respeito, especialmente aquele em que se usou El Torito para fora do ringue (ele estabeleceu contacto com Curtis Axel, o que, em condições normais e lógicas, deveria ser considerado desqualificação).

No que à psicologia de ringue diz respeito, a entrada de Antonio Cesaro em ringue foi gerida de forma exemplar (daí a ovação estrondosa que recebeu), e tudo o que ele foi fazendo no ringue foi assinalável, contudo, o facto de não se ter usado o Giant Swing acabou por defraudar as expectativas que a plateia tinha para este combate. Não quer isto dizer que se tivesse tratado de um mau combate relativamente à espectacularidade, porque não o foi... e a comprová-lo estiveram os cânticos de “This is Awesome”.

Destaque para o facto de terem sido dados 15 minutos ao combate, que contribuíram para a sua credibilização


Total: ** 3/4

 

 Combate para determinar o terceiro participante no combate pelo título unificado da WWE
Daniel Bryan vs Triple H

A luta contra autoridade mantém-se. Daniel Bryan é um rebelde com causa. A sua causa da procura do sucesso, e a do povo que diaboliza quem o reprime, e com razão.

A jornada de Bryan rumo ao título da WWE tinha este enorme obstáculo pela frente, chamado Triple H, e quase de certeza que muitas das pessoas presentes no SuperDome (e mesmo em casa) se identificam com aquele pequeno barbudo que tem a mania de saltitar com os dedos no ar, e só isso, sozinho, já contribuía para que o espectáculo que ambos os lutadores iriam protagonizar no ringue beneficiasse de antemão.

Do outro lado estava um senhor dos ringues, uma figura presente desde há duas décadas no wrestling profissional que sabe executar qualquer faceta de uma maneira sublime, não sendo de espantar a fantástica performance que tem vindo a fazer no papel de patrão autoritário... e só isso, sozinho, já contribuía para que o espectáculo que ambos os lutadores iriam protagonizar no ringue beneficiasse de antemão.

Em suma, estariam a ringue o lutador mais adorado e aquele que mais é odiado neste momento, e a reacção do público estaria sempre tendente a Daniel Bryan, numa das batalhas mais unânimes, em termos de apoio, neste século... e só esse factor, sozinho, já contribuía para que o espectáculo que ambos os lutadores iriam protagonizar no ringue beneficiasse de antemão.

Imagine-se tudo isto junto: uma sensação de Big Fight Feel digna de um Main Event da Wrestlemania... no combate de abertura. Adesão total do público. Psicologia do ringue altamente beneficiada.

 No que diz respeito ao fio do condutor do combate, como diz o ditado “Great Minds Think Alike” e notou-se um entrosamento notável que facilitou a concepção do combate como algo real, físico. Uma luta desenfreada entre dois homens que se odeiam.

O início, disputado no chão, foi absolutamente fantástico, com Bryan a conseguir superiorizar-se no jogo técnico, como seria de esperar. A introdução do domínio de Triple H também, com a força a vir ao de cima e a inteligência de uma personagem que é conhecida como o “Assassino Cerebral” a fazer jus ao seu nome, castigando o braço de Bryan. A resposta de Bryan aconteceu num momento de desespero, depois de muito sofrer, pelo que se aceita perfeitamente tendo em vista que representava o bom da fita, neste aspecto.

A única falha que há a apontar em termos de storytelling é o castigo a que se submeteu Bryan quando assumiu riscos desnecessários ao atirar-se do topo das cordas para fora do ringue. Um lutador que poderia vir a ter um combate, na mesma noite, a contar para o principal título da indústria não deveria ter este tipo de atitude.

A psicologia de ringue foi exemplarmente gerida por ambos os lutadores. HHH é mestre no que a este aspecto diz respeito e a energia de Bryan é cativante ao ponto de contagiar o público por muito pouco que faça, contudo, o SuperDome esteve mais calado do que aquilo que seria de esperar para este duelo, acabando por prejudicá-lo... mas não ao ponto de o comprometer no que concerne à sua espectacularidade. A psicologia do ringue foi “só” excelente.

A resistência ao Pedigree e à fúria de Triple H que lhe deu seguimento contribuiu, sobremaneira, para que a vitória de Bryan fosse ainda mais dramática. O face, idealmente, será sempre o “mártir”, e neste combate isso verificou-se sem que a linguagem corporal sôfrega dele roçasse o exagero.

O tal duelo entre o bom e o mau que não divide o apoio do público. Como qualquer purista gosta de ver. Como tem de ser.



Shield (Dean Ambrose, Roman Reigns e Seth Rollins) vs. Kane e New Age Outlaws (Jesse James e Billy Gun)

A rivalidade entre ambas as facções não tem tido tanto impacto como, por certo, a WWE esperaria, e a psicologia de ringue perderia sempre por causa disto, até porque a rivalidade dos Shield seria mais com Kane do que propriamente com os N.A.O., chegados um bocadinho de “pára-quedas” a esta storyline.

Contudo, a história recente aponta para que os combates dos Shield sejam bastante enérgicos, intensos, e a popularidade deste grupo tem crescido nos últimos tempos, com “responsabilidades” para Roman Reigns que atenuaria à má construção do combate...

... não só isso, mas também a curiosidade de estar, frente-a-frente, a nova e a velha escola do wrestling profissional (ou pelo menos da realidade WWE) em confronto.

 A dinâmica dos Shield confirmou-se. O tal duelo nova escola vs velha escola fez-se sentir com o domínio dos “Hounds of Justice”, especialmente quando Reigns entrava em cena... contudo, a pouca duração do combate acabou por tirar alguma credibilidade ao combate, apesar de terem existido “eliminações” lógicas entre os lutadores mais velhos. Foi um “job” que beneficiou a indústria, mas não o próprio combate. Beneficiou mais a floresta do que a árvore... se é que me entendem.

O final foi bastante vistoso, e houve alguns pormenores bastante assinaláveis (principalmente executados por Roman Reigns, nomeadamente quando aplicou um duplo pontapé nos N.A.O., quando estes tinha a cabeça a “baloiçar” nas cordas do ringue...) que reforçaram a atenção do público e valorizaram a psicologia de ringue... contudo, o domínio exercido dos Shield e o facto de o combate ter sido unilateral acaba por prejudicar o seu final e a sua lógica.


Total: **


Combate Battle Royal pelo troféu “Andre The Giant”

Em coerência com a minha honestidade intelectual, e à semelhança do que fiz com a Royal Rumble, não avaliei este combate por se tratar de algo completamente diferente do combate de wrestling tradicional, dando meramente uma classificação relativamente ao factor 0, isto é, à impressão que o combate me deixou quando terminei de o ver.

Devo assinalar que houve pormenores engraçados - como a facilidade de Sheamus na eliminação a Fandango (após tantas palmadas, bastou um empurrãozinho) ou o spot da não-eliminação de Kingston – e um por maior absolutamente fantástico – aquele que ditou a vitória de Antonio Cesaro! Incrível a forma como pegou em Big Show e o atirou para fora do ringue, num momento de enorme simbolismo e que, muito provavelmente, marcará a ascensão de um lutador exemplar.


Total: ** 1/4
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