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Thoughts on MMA #04: UFC 119 + C. Sonnen


Cá estou eu de volta para falar de UFC, mais precisamente do evento que foi para o ar no passado fim-de-semana, o UFC 119: Mir vs. Cro Cop, evento que não tinha grandes nomes no card, pelo menos nomes daqueles mais sonantes, mas acabou por ser um evento entretido e bom de se ver.


Como sempre, vou destacar aqueles três combates que mais interessado estava em ver, começando por aquele em que o Matt Serra enfrentou o Chris Lytle. Sabemos que o primeiro é daqueles lutadores que o público gosta de odiar, por isso, não foi de estranhar vê-lo a ser assobiado e a ter o público contra si. Também não sou um grande fã do Serra, mas até acho que ele luta bem e que esta birra do público se deve à vitória que ele teve na final do The Ultimate Fighter, penso que na quarta temporada, onde levou de vencida este mesmo o Chris Lytle, quando toda a gente viu que devia ter sido o contrário a acontecer.

Esta vitória, controversa, ficou para sempre marcada na mente dos fãs que a partir daí nunca mais lhe “largaram a perna”, sendo que na sequência desta vitória ele teve a oportunidade de lutar pelo título da divisão Welterweight (era o prémio para o vencedor da temporada), onde venceu o GSP e convenhamos que isso acabou por ser ainda pior. Por isso, estava o mundo inteiro, ou perto disso, a torcer pelo Chris Lytle, também ele um bom, sendo que devo confessar que quando olhei para este combate pensei que o Lytle ia levar a vitória para casa e que não havia grande volta a dar.

O primeiro round foi renhido, mas julgo que o Chris Lytle teve alguma superioridade, tratando, desde cedo, de fazer a cara do adversário mudar de forma, tal era força dos socos que ele aplicava. No segundo round continuou o festival de socos do Chris Lytle, com o Matt Serra a tentar aguentar-se como podia, tentando contra-ataque aqui e ali, mas sem grandes resultados.

O último round foi mais do mesmo, ainda que tenha sido mais lento, pois os dois já pareciam cansados. Contudo isto, não surpreendeu a vitória do Chris Lytle que dominou sempre o combate e ao Matt Serra à que lhe tirar o chapéu, pois aguentou ali com cada soco que o podiam, perfeitamente, ter atirado para o tapete. Uma boa vitória do Lytle que vem de uma boa senda de vitórias e podia muito bem ter ganho este combate por KO. Quanto ao Serra está, claramente, numa fase, digamos, menos boa da carreira e não me parece que o vamos ver a ter grandes voos no futuro.


Depois, destaco o combate entre o Antônio Rogério Nogueira e o Ryan Bader. O primeiro é, sobejamente, conhecido do público e entrava neste combate, pelo menos foi o que me pareceu, como o grande favorito à vitória. O segundo é para mim um bom lutador e mais um dos vencedores do The Ultimate Fighter (temporada oito) e parecia-me que tudo podia acontecer neste combate, mas não sei explicar porquê, sempre me pareceu que ia ser o Bader a vencer.

O combate começou com os dois a jogarem muito tacticamente e a estarem quase à espera para ver o que o adversário fazia, até que o Ryan Bader não esteve com grandes medidas e depois de deitar o adversário ao chão, tentou terminar o combate, sendo que o Nogueira se defendeu bem e conseguiu aguentar-se apesar de continuar a ser dominado a partir dali. O segundo round começou como o primeiro, mas com o Nogueira melhor a tentar derrubar a soco o adversário, que se defendeu bem e tentou levar o combate para o chão, sabendo do perigo que podia vir do adversário quando este está de pé e começa a distribuir socos.

Ainda assim, o Nogueira defendeu-se bem e voltou a colocar o combate de pé, continuando as suas investidas sobre o Bader que contra-atacou bem, o que fez com que o round fosse bem disputado. O que voltou a acontecer no derradeiro round, onde me pareceu que o Bader controlou melhor o combate e na altura certa aplicou o takedown que, praticamente, lhe garantiu ali a vitória. Penso que foi um bom combate, bastante acima da média e com dois excelentes lutadores.

O Antônio Rogério Nogueira tinha apenas duas derrotas em mais de vinte combates e tinha ganho os dois combates que disputou na UFC, perdendo agora para um bom adversário que soube estar à altura dos acontecimentos e penso que esta derrota em nada afectará o Nogueira que tem créditos firmados e até podia ter ganho aqui, apesar do adversário ter merecido ganhar e ter conquistado uma grande vitória por Decisão Unânime. E falando do Ryan Bader, que vai com 13-0 no seu recorde, penso que é um nome que se deve ter em conta para o futuro, pois já leva várias vitórias na UFC e desde que venceu o TUF tem vindo, progressivamente, a vencer adversários que vão subindo de nível e, à que o dizer, ele tem dado conta do recado e pode, quem sabe, cair na rota do título se tiver uma vitória, já no próximo combate contra um dos nomes grandes ou perto disso. E tendo em conta que a divisão Light Heavyweight é aquela onde os campeões mudam com mais frequência, quem sabe se não podemos ter aqui uma surpresa, que para algumas pessoas não será assim tão grande, pois talento e qualidade ele tem e já provou isso.


Por fim, destacar o Main Event da noite e quando disse que o evento não atraía assim grandes atenções, acho que se deve a este Main Event, pois convenhamos que tanto o Frank Mir, como o Mirko “Cro Cop”, estão numa fase, digamos, descendente da carreira, ainda que o croata continue a ter muitos fãs.

O Mir está à bastante tempo na empresa e já proporcionou bons momentos, foi campeão e teve excelentes combates, mas não tem estado a grande nível nos últimos tempos. E basta olhar para algumas derrotas que ele foi tendo, apesar de também ter vencido alguns nomes, não digo sonantes, mas com algum peso na divisão. Já o “Cro Cop” tenho a ideia que já se devia ter retirado, até acho que já cheguei a referir isso, e teria saído em grande, mas lá vai conseguindo fazer algum dinheiro e, como referi acima, continua a ter popularidade o que só pode agradar à UFC.

Indo ao combate, à que dizer que este começou bastante lento e sem grandes investidas de parte a parte, e até os comentadores pareciam não encontrar nada de interessante para destacar. E se começou lento, à que dizer que a “velocidade de cruzeiro” manteve-se em grande parte do combate e eu acho que algumas pessoas do público só não foram embora porque pagaram (e bem, julgo eu) pelo bilhete. As coisas só se animaram quando a cerca de um minuto do fim do terceiro round, e do combate, o Mir se lembrou que se calhar, nesta altura, não é assim tão difícil vencer o “Cro Cop” e tratou de o pôr KO com uma joelhada muito boa, que foi a única coisa de jeito que se fez no combate todo. Já me estavam a irritar os apupos do público (que tinham toda a razão) e não fossem os comentários onde se aprende sempre alguma coisa e eu tinha tirado o som.

Uma vitória do Frank Mir que eu até antevia, mas este combate conseguiu ser pior do que eu alguma vez pensei que ele poderia ser. Acho que não há ninguém no mundo inteiro que tenha gostado do combate.

Como disse, não foi o melhor dos eventos, mas acabou por ter alguns bons combates e apesar de ter acontecido, mais ou menos, o que eu previa nos combates que estava mais interessado em ver, a verdade é que acabamos por ter um evento razoável e que conseguiu entreter em certos momentos.

Destacar ainda, os bónus da noite, onde o Fights of the Night foi atribuído ao embate entre o Sean Sherk e o Evan Dunham, bem como ao combate em que o Matt Mitrione levou de vencida o Joey Beltran. Acho que foram bónus bem atribuídos, sendo que tenho que dizer que a decisão de dar a vitória Sean Sherk foi, no mínimo, controversa e gerou algum desagrado nos fãs, assim como já tinha acontecido na vitória do Melvin Guillard sobre o Jeremy Stephens. Mas as vitórias por Decisão Dividida são sempre assim e às vezes o trabalho dos juízes é muito ingrato e difícil.

Quanto à submissão da noite foi atribuída, com toda a justiça, ao C.B. Dollaway e, vá-se lá perceber porquê, o Knockout of the Night não foi atribuído, mesmo tendo o Mir ganho o seu combate dessa forma. Castigo? Talvez, mas há coisas que só fazem sentido na cabeça do Dana White e não adianta muito nós tentarmos perceber.


Antes de terminar e ao contrário do que é habitual queria destacar um assunto, extra evento, que esteve na baila nas últimas semanas. Falo, como já perceberam, da suspensão do Chael Sonnen que acusou positivo a esteróides depois do combate que teve frente ao Anderson Silva no UFC 117. É sempre triste quando sabemos de notícias como esta, principalmente, tendo em conta o grande combate que o Sonnen fez naquela noite e que conseguiu levar o campeão ao extremo e quase a perder o combate.

E se naquela altura eu tinha torcido pelo Chael agora, depois disto, penso que foi melhor ele ter perdido, pois se ele era suspenso como campeão o alarido e a polémica à volta do assunto era ainda maior. Como disse, é sempre de lamentar, mas todos somos humanos e podemos errar, mas custa a perceber o que leva um atleta (seja em que modalidade for) a fazer uma coisa destas, quando sabe que vai acabar por ser apanhado e que com isso só vai prejudicar a carreira. Com isto, o Chael Sonnen foi suspenso durante um ano pela Comissão Atlética da Califórnia, ainda que o caso esteja em fase de recurso.

Assim, a UFC teve que alterar os planos para o UFC 122, pois o Vitor Belfort ia enfrentar o Yushin Okami, mas acabou por ser substituído pelo Nate Marquardt, pois o Belfort será o próximo adversário do Anderson Silva em evento ainda a anunciar, o que vai, certamente, agradar a algumas pessoas que já à algum tempo vinham a pedir uma oportunidade para o Belfort poder lutar pelo título. Contingências do desporto, que espero que não volte a acontecer nos próximos tempos e espero, também, que a UFC dê uma segunda oportunidade ao Sonnen, não digo pelo título, mas para voltar a lutar pela empresa.

Penso que está tudo dito, espero que tenham gostado, tanto da crónica, como do evento e que deixem as vossas opiniões sobre ambos os assuntos. Volto depois do dia 16 de Outubro, dia em que vai para o ar o evento UFC 120: Bisping vs. Akiyama, para analisar o que de melhor lá se passou.

E pronto, fico à espera dos vossos comentários, criticas e sugestões e da vossa opinião não só sobre este tema, mas bem como de outros que achem por bem opinar.

Até à próxima...
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