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Lucas Headquarters #71 – Giulia e Syuri: Duas perfeitas inimigas


Ora então boas tardes, comadres e compadres! Como estão, tudo em cima? Sejam bem-vindos a mais uma edição dos “Lucas Headquarters”, a última de 2022! E sim, eu sei, era suposto ter aparecido aqui há uma semana, mas acontece que não fazia sentido para mim, em plena véspera de Natal, não escrever uma edição dentro do espírito da quadra. No ano passado lá consegui arranjar cinco momentos engraçados para vos trazer, este ano, mesmo com muita pesquisa… Não surgiu nada, pelo que não consegui escrever uma edição natalícia o suficiente para vos trazer.


Mas pronto, assim presumo que tenham tido tempo para comer até fartar, para abrir os vossos presentinhos, para comer os restos da Ceia de Natal durante dois dias… essas coisas todas sem as quais o Natal não é vivido à típica maneira tuga. Infelizmente, o Pai Natal já entrou em férias e vamos ter que esperar mais 11 meses, mais 358 dias para o voltar a ver nas nossas casas.


Acontece que o Santa Claus nos deixou uma última prendinha, que só foi possível abrir a partir da noite de ontem. A STARDOM organizou o seu tradicional último PPV do ano civil, intitulado Dream Queendom, com um card que já de si prometia grandes doses de ação. 


As Oedo Tai, representadas por Starlight Kid, Saki Kashima e Momo Watanabe, viram fugir os Artist of STARDOM Tag Titles para as freelancers Prominence, representadas por Risa Sera, Hiragi Kurumi e Suzu Suzuki; 


KAIRI forçou Utami Hayashishita a empatar depois do combate ter atingido o tempo limite, num confronto à altura de ambas as participantes; as 7Upp (Yuu e Nanae Takahashi) encerraram o curto reinado das meltear como Goddess of STARDOM Champions, e o reinado brilhante de Saya Kamitani como Wonder of STARDOM Champion parece não ter fim à vista, com a golden Phoenix a dar conta de uma ambiciosa Haruka Umesaki num combate, também ele, de alta qualidade.


Mas acho que ninguém discordará se eu disser que o “prato forte” do Dream Queendom este ano era o climax daquela que, para mim, constitui uma das melhores e mais espetaculares feuds deste ano no wrestling: Giulia, a vencedora da edição 2022 do 5STAR Grand Prix, buscava a redenção contra a World of STARDOM Champion Syuri, sua aliada de outras vidas que se tornou sua arqui-inimiga.



E é por estas coisas que sou cada dia mais apaixonado por esta bela modalidade que é o wrestling: A mesma Syuri que há um ano era parte das Donna del Mondo e que, na mesma condição de Giulia, conquistou o título das mãos de Utami Hayashishita, era agora a Syuri que, sem absolutamente nada a perder e já tendo 365 dias de um reinado que, entre outras coisas, lhe valeu o topo da PWI 150, tentava impedir a sua ex-líder de ficar com o cinturão que durante um ano defendeu com tudo o que pode.


Por outro lado, Giulia buscava a “vingança” perfeita contra uma Syuri que não só a derrotou pelo título em Março passado, como lhe virou costas, saiu das DDM, desfez as Alto Livello KABALIWAN e ainda levou um dos membros consigo. 


Aquela que se encontrava no proverbial fundo do poço há exatos nove meses e que tinha perdido um membro para as God’s Eye e, meses mais tarde, outro para as Cosmic Angels (lembremo-nos da questão Natsupoi) tinha a hipótese de provar que tudo o que lhe havia acontecido este ano até à vitória no GP eram meros acidentes de percurso.



Por essa razão, toda a aura que envolveu esta feud teve, do início ao fim, um magnífico storytelling, numa altura em que esse conceito só não está mais morto do que o kayfabe porque ainda existem wrestlers capazes de nos provar que o que estamos a ver no ringue são disputas reais, originadas por emoções que se vão acumulando fruto de circunstâncias reais da vida. 


Duvido que houvesse gente a dizer que Syuri iria sair do Dream Queendom de ouro em punho – essa tendência tem vindo a ser contrariada há anos, pelo menos no que a STARDOM diz respeito – mas que ninguém ouse duvidar que por momentos, chegamos a achar que Giulia não iria acabar aquilo que começou em Março. Quem diz que nunca duvidou, então não prestou atenção ao que se passou nestes últimos meses.





Outra das coisas que mais me agradou ver nesta feud foi a qualidade de todos os combates que envolveram Giulia e Syuri em PPV’s e que contribuíram para um desenvolvimento credível da história. Normalmente, é comum que, mesmo em feuds que envolvem wrestlers de topo, haver sempre um combate ou outro que deixa a desejar ou que não correspondeu exatamente às expectativas criadas (quem não se lembra do monumental fracasso que foi o combate entre Shinsuke Nakamura e AJ Styles na Wrestlemania 34, em 2018?).




Felizmente para nós, este não foi o caso. Esta foi uma história complexa, que teve muito por onde pegar e que não se resume – apenas e só – à busca de Giulia por um título que ela sabia que estava destinada a vencer mas que, por obra do Diabo, lhe escapava sempre. 



Há toda aquela componente que há pouco mencionei – o facto de que Giulia se viu no fundo do poço, perdeu dois membros da sua stable enquanto Syuri se cimentava no topo com um reinado consistente e um impressionante trabalho de mentoria. Há a dúvida que se abate sobre Giulia, a descrença na sua valia que vem por arrastada, vamos dizer assim, por toda esta situação. 


Portanto, é claro que os combates entre ambas tinham que expor todas estas camadas de história, é claro que ambas tinham que provar uma à outra que conseguiam dar bem conta delas próprias e que eram superiores em alguma coisa. Syuri tinha que demonstrar a Giulia que sair das DDM foi a escolha certa, e Giulia tinha que fazer passar a mensagem que nunca no resto da sua carreira Syuri voltaria a ter tanto sucesso como nas Donna del Mondo. Claro que Giulia não conseguiu provar este último ponto, mas isso não é culpa dela, antes mérito da adversária.



E agora, fica a pergunta: Quanto tempo durará este reinado que era tão desejado por tanta gente? Será que voltamos a ver Syuri a desafiar Giulia num futuro próximo? Qual (ou quais) serão as primeiras adversárias?


Na minha opinião, o reinado de Giulia durará mais ou menos o mesmo tempo do que o de Syuri, se não até mais. E se a hipótese de um reinado mais extenso (que fosse além do ano que passou) não se colocou para a agora ex-campeã, porque é que haveria de se colocar para a recém-coroada?


Porque Giulia é o “ás de espadas” da STARDOM, pura e simplesmente. Giulia tem o Main Event appeal, o look (que é algo que sabemos que a empresa valoriza bastante), o move-set… e goza de uma popularidade estratosférica, sendo muito fácil para ela colocar o público do seu lado.



Para além disso, Giulia é a wrestler perfeita se a STARDOM quiser, em 2023, avançar para palcos mais internacionais, porque goza de um fator que muitas wrestlers lá dentro não têm. É uma wrestler multilingue e multiétnica (nesta última parte também Syuri o é). 


Tendo nacionalidade italiana por parte do pai, japonesa por parte da mãe e inglesa de nascimento, Giulia é fluente, claro está, em japonês, italiano e inglês, o que faz com que seja muito mais fácil para ela chegar a outros públicos fora do Japão, algo no qual a STARDOM pode capitalizar.




Para já, parece-me que a feud entre Giulia e Syuri vai parar por aqui, porque este combate foi claramente o climax do reinado de Syuri e a STARDOM quererá também escrever uma nova história para Giulia. Não ponho de lado a hipótese de haver novo combate entre ambas pelo fator nostalgia (tal como aconteceu no Gold Rush entre Syuri e Utami Hayashishita) mas, para isso, o reinado de Giulia terá de estar numa fase mais tardia.




Primeira adversária? Arrisco o nome de Mina Shirakawa. Com uma nova atitude heel, nova stable e desejo de afirmação (grande regresso, e ter ido buscar Xia Brookside foi a cereja no topo do bolo), será certamente uma feud interessante de se ver. O problema é que Shirakawa perder para Giulia logo à primeira… lá se vai a heel Mina, e com Saya Kamitani a dar sinais de querer novo combate com ela pelo Wonder of STARDOM… é esperar para ver.




Bem, minha gente, eu tinha pensado falar só na Giulia esta semana, mas a sua feud com Syuri foi tão boa que não podia deixar a ex-campeã de fora, e para além disso acho que é uma forma de exaltar também o bom trabalho da Syuri neste tempo todo. Não se preocupem que há de estar para vir um artigo dedicado a Giulia ela só, mas até lá prefiro formular opiniões sobre o reinado dela e ver como é que ela se vai safando com o título.


E vocês, o que é que acharam desta feud entre Syuri e Giulia que terminou no Dream Queendom? E o combate em si, acham que tem qualidade para ser dos melhores de 2022?


E assim termina mais uma edição dos “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site do WN, pelo nosso Telegram, deixem opiniões aí em baixo, sugiram temas e aproveitem, porque agora artigo novo… só em 2023!!


Até lá, tenham todos umas boas entradas, e que o vosso 2023 corresponda àquilo que mais desejarem! Feliz Ano Novo!!







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