Lucas Headquarters #85 – As várias faces do pós-Wrestlemania
Ora então boas tardes, comadres e compadres! Que tal vai
isso? Sejam bem-vindos a mais uma edição dos “Lucas Headquarters” aqui no
WrestlingNotícias!! Que semana bem recheada temos nós tido, e não só recheada
como repleta de emoções, todas elas contraditórias:
Desde o pior Monday Night RAW em muito tempo (quiçá de sempre), que, segundo os ratings dados pelos fãs no Cagematch (e numa escala de 0 a 10) alcançou a modestíssima classificação de… 0.61; até ao anúncio que marcou a edição desta semana do Dynamite, e que se traduz na ida da AEW a Londres para um All In no Estádio de Wembley a 26 de Agosto.
Fomos do 8
ao 800, à semelhança do que aconteceu na Wrestlemania (comparando
qualitativamente ambas as noites), e parece que não vamos ficar por aqui, que
isto vai ser apenas o início…
E é precisamente sobre isso que vos quero falar hoje. É que
esta semana foi tão repleta de acontecimentos que seria quase criminoso não lhe
dedicar um artigo, sobretudo tendo em conta que estamos no rescaldo do Maior
Evento do Ano no calendário do wrestling.
Comecemos, pois, pela Wrestlemania.
O card prometia bastante, havia combates que só fazia
sentido que tivessem lugar num evento como a Wrestlemania. Houve tempo e espaço
para tudo: Para a nostalgia, para o wrestling puro e duro, para a
psicologia típica dos grandes combates (ou pelo menos para aqueles que levaram
um hype suficientemente épico).
Houve também espaço para a diversão, ou não fosse a
antítese entre a arrogância típica de um heel como The Miz e a
descontração cómica de um WWE Hall of Famer do calibre de Snoop Dogg
protagonizar momentos que ficarão para sempre no nosso imaginário cómico
(aquele People’s Elbow…).
A risota também marcou presença na altura de encarnar as gimmicks,
com o maestro que tão habilmente dirigiu o público para cantar a música de Seth
Rollins a roubar as luzes da ribalta na primeira noite.
Tivemos regressos que o público andava a pedir há imenso
tempo: John Cena, claramente na fase final do seu périplo como wrestler,
regressou para fazer aquilo que devia ter feito há já algum tempo: Priorizar a
criação de novas estrelas, embora o combate com a estrela que está a ser
lapidada (vulgo Austin Theory, o atual United States Champion) tenha servido
apenas como aperitivo, como uma forma de dizer “este combate não foi grande
coisa, mas a partir daqui as coisas vão melhorar”.
Pelo amor de Deus, a estipulação já era hardcore por
si só, o sangue certamente ajudaria a tornar a ação mais cativante e a contar
uma melhor história (sobretudo se tivesse sido Bálor a vencer). Em vez disso,
abdica-se da autenticidade do Hell In A Cell e tira-se o brilho a um final de
combate que culminou num bom spot, o Double Knee Drop de Edge que acerta
num Demon deitado em cima de uma mesa, com Edge a atirar-se de uma
altura considerável.
Tivemos, finalmente, as redenções quer de Rhea Ripley, quer
de Kevin Owens e Sami Zayn, nos combates que para mim foram os melhores nos
aspetos de ação e psicologia em ringue. A Nightmare conseguiu finalmente
chegar ao topo depois de lhe ter visto ser roubada a vitória de 2020, numa
guerra onde, para mim, a WWE nunca esteve por cima da AEW.
Já o combate de Owens/Zayn contra os Usos foi puramente
psicológico, com a dupla desafiante a começar bem mas a ser rapidamente
dominada pelos campeões, que, recorrendo a um estilo metódico, fizeram pensar
que o combate estava ganho para a Bloodline. Mas Zayn, capitalizando um Stunner
de Owens, acertou três Helluva Kicks, cantou vitória e deixou o
público em êxtase.
A conclusão que se tira desta Wrestlemania é que lhe faltou
consistência. A primeira noite foi sólida, com todos os combates a apresentarem
qualidade de alta a muito alta (o Tag Team Showcase masculino foi uma agradável
surpresa). A noite dois foi muito mais inconsistente: Brock vs Omos e o Tag
Team Showcase feminino fizeram com que o público revivesse fantasmas de um
passado não muito distante (que agora se tornou presente).
Para além disso, todo o esforço que se fez para apresentar
uma Asuka com maneirismos de Kana como a sua versão mais perigosa, e depois
arruinar toda a expectativa em prol de um reinado já vazio de brilho e apostar
em continuar o reinado de Roman Reigns (que também ele já não gera grande
interesse) em prol de bater um recorde que, mesmo que não fosse alcançado, não
lhe tiraria um lugar no Olimpo do Wrestling, parecem-me opções que vão contra a
obrigatoriedade de renovação que o wrestling tem que ter de forma mais
ou menos regular, pelo menos a nível das caras que o representam.
Depois, tivemos a venda para a Endeavor e aquele que é unanimemente considerado como o pior RAW-pós Wrestlemania das suas três décadas de existência. Sobre o primeiro ponto não vou dizer grande coisa, quer dizer… Vincent Gomez McMahon-Addams só regressou de uma reforma de nove meses para tirar a companhia das mãos da própria filha de forma a açambarcar a cadeira do poder da qual, convenhamos, ele nunca largou a mão.
E conseguiu-o, aliás, o bendito RAW edição 1558 é um reflexo
disso: 2h30 de programa, 31 minutos de wrestling puro (apenas dois minutos
na primeira hora, livre de anúncios), Cody Rhodes a passar de mega estrela a glorified
jobber e a tal classificação de 0.61 que falei no início.
E finalmente, quarta-feira e o anúncio de que, a 27 de
Agosto, a All Elite Wrestling fará (literalmente) o seu All In no coração de
Londres, mais propriamente no mítico Estádio de Wembley.
Apresentam-se aqui dois grandes desafios para Tony Khan e a
sua empresa: “Como é que vão conseguir reunir 90 mil pessoas para ver wrestling?”
e “A que estrelas é que a AEW vai recorrer para confirmar o potencial
memorável deste evento?”.
Bem, a primeira pergunta teoricamente seria difícil de
responder, mas a sorte de Tony Khan é que muito provavelmente o regresso de
Vincent Gomez McMahon-Addams à WWE já deu a resposta que ele queria. Isto
porque a moral do roster da WWE está novamente em mínimos históricos e
prevê-se nova debandada de talentos da empresa, embora até agora isso seja
apenas teoria.
A segunda já não é assim tão complicada de responder. Drew McIntyre está em final de contrato com a WWE, foi retirado misteriosamente dos planos do mais recente SmackDown (aparentemente por doença) e ainda não há fumo branco para a renovação de contrato, pelo que a sua mudança para a concorrência continua em cima da mesa.
E depois, Tony Khan pode facilmente socorrer-se de uma
parceria com a NJPW para encaixar nomes como Will Ospreay no card,
embora o facto do Forbidden Door ter sido feito há dois meses possa retirar
peso a essa possibilidade.
Se procuravam
reações, olhares críticos, desilusão e desconfiança, esta foi uma semana
tremendamente frutífera nesse aspeto. O futuro na WWE não parece animador, pelo
contrário, a AEW parece estar a surfar uma contínua onda crescente, não só com
o anúncio de Wembley mas com a contratação de Jay White, que muitos chegaram a
dar como certo na WWE mas que, vendo o caos que por lá vai, acabou por
priorizar a sua saúde mental e, em última análise, a carreira.
E vocês, que análise fazem desta semana pós-Wrestlemania?
E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”! Não
se esqueçam de passar pelo nosso site, pelo nosso Telegram, deixar a vossa
opinião aí em baixo… o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso! Boa Páscoa!