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Lucas Headquarters #77 – Os fins de carreira no joshi wrestling: Porquê tão cedo?



Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos sejam a mais uma edição dos “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! 


Parece que a Estrada para a Wrestlemania está a começar a meter a primeira, a segunda e a terceira mudanças em direção a Hollywood: Uma excelente promo de Cody Rhodes e Paul Heyman, o regresso de Lita… pergunto-me que planos terá a WWE para a WWE Hall of Famer, uma vez que para Cody Rhodes… bem, já sabemos o que é que vai acontecer, e só por uma grande mudança de planos é que o filho pródigo – assim o chamemos – não sairá da Wrestlemania com pelo menos um título.


No entanto, hoje, o assunto é outro. O assunto é outro e nada tem a ver com a WWE, com AEW, nem sequer com o wrestling americano. Quem acompanha este espaço sabe que me rendi aos encantos do joshi – o wrestling feminino japonês – há já algum tempo, e ultimamente tem sido das vertentes do wrestling que acompanho com mais interesse e no qual invisto bastante do meu tempo.


Esta sexta-feira, o meu coração de fã de joshi partiu-se quando viu as notícias, dadas por um amigo meu (também ele um amante deste desporto, shoutout para o meu “Shield Brother” Márcio Fernandes) de que Himeka Arita, wrestler da STARDOM, se iria retirar dos ringues a partir de 23 de Abril, encerrando uma carreira de apenas cinco anos e, pasmem-se vocês, aos 25 anos de idade. 

 


Sobre Himeka em particular falarei, com certeza, numa altura mais oportuna, já que mais tarde ou mais cedo ela havia de ganhar o direito a ter uma edição só dela aqui neste nosso cantinho. Mas esta notícia voltou a despertar dentro de mim a “bela adormecida” das questões existenciais no joshi wrestling: Porque é que as joshi wrestlers encerram tão cedo as suas carreiras?


E isto vem-me à memória não apenas porque Himeka será a próxima a juntar-se a uma lista de wrestlers que dão por terminado o seu percurso ainda antes dos trinta anos, mas porque é a primeira wrestler que eu vejo sair pela porta grande desde que comecei a ver joshi.


Tivemos, por exemplo, Kagetsu, uma das líderes das Oedo Tai, que se retirou aos 28 anos em 2020; e tivemos Mio Shirai (irmã da atual WWE Women’s Tag Team Champion IYO SKY) que disse adeus aos ringues em 2015 com 27 anos de idade e oito de carreira, após várias lesões no pescoço.






Mas, no meio disto tudo, ainda existe um caso bem mais recente do que esse: O de Hazuki. Muitos dos que acompanham STARDOM podem estar completamente alheados deste facto (eu por mim falo, sabia zero sobre isto) mas a atual integrante das STARS está já na sua segunda run como wrestler. 


A sua primeira run começou com apenas 17 anos em 2014, e viu Hazuki integrar as Queen’s Quest e, mais tarde, as Oedo Tai. O “primeiro adeus” de Hazuki aos ringues veio em 2019, depois de perder um combate contra Natsuko Tora (por sinal, a atual líder da stable). Hazuki acabou depois por regressar em 2021 e por lá se mantém, gozando de uma excelente reputação na STARDOM, sendo um dos principais nomes das STARS e merecendo, na minha opinião, voos um bocadinho maiores e mais altos.




Serve isto para dizer que, no que diz respeito a carreiras dentro do joshi wrestling, salta perfeitamente à vista que há do oito ao oitocentos, para todos os gostos: Temos Mio Shirai, Kagetsu e agora Himeka, que se retiram (bem) antes dos 30 anos de idade, mas depois há casos como os de Syuri ou de Nanae Takahashi, que têm 34 e 44 anos respetivamente e ainda por lá andam a dar boa conta de si.


E agora vão dizer-me “ah, mas uma está a fazer um trabalho de mentoria e a outra fundou a própria empresa”. Com certeza. Mas ambas já fizeram tudo quanto era possível. Syuri colecionou os títulos todos, venceu torneios, fundou novas stables. Takahashi… bem, se quase 27 anos de carreira são algum indicador…





Mas, dados todos os contextos, voltemos à pergunta que dá corpo à edição desta semana:


Porque é que os fins de carreira no joshi acontecem tão cedo?


É preciso que se diga que todas as razões que apresento aqui são, costumeiramente, as mais comuns de serem apresentadas pelas próprias wrestlers,  estando também interligadas umas com as outras. 


A idade e o sentimento de dever cumprido


Há aqui toda uma série de razões pelas quais isto acontece. Mas parece-me a mim que a principal razão para tudo isto tem a ver com a idade com que muitas wrestlers se iniciam no joshi em particular. Já aqui falamos de Hazuki, portanto tomemos agora outro exemplo: O de AZM. 




Muitos de vocês que terão começado agora a acompanhar joshi (e em particular STARDOM) veem uma AZM com 20 anos e pensam “ah, se tem 20 anos agora, só deve lutar há para aí ano e meio”. Mas o que vocês não sabem é que AZM se iniciou nestas lides com apenas… 11 anos. Ou seja, estávamos em 2013 a ver a estreia de uma wrestler que nasceu em… 2002.


Tal como AZM, muitas wrestlers começam a iniciar-se no joshi bastante cedo, de tal forma que chegam aos vinte e poucos anos e sentem que já fizeram tudo a que se propunham, e que portanto chega a altura de sair pela porta grande.


Não me parece que seja o caso de AZM, que apesar de ser já High Speed Champion e de levar uma década nestas lides, está ainda a ter um desenvolvimento sem grandes pressas, que deixa antever que terá, à vontadinha, mais uma década pela frente, mas esta parece ser a razão mais comum. O engraçado é que não me parece que se aplique à própria Himeka, que recentemente veio de uma lesão no joelho…


Vontade de cumprir outros objetivos

 


Precisamente por um começo muito precoce no joshi wrestling ser coisa bastante comum, há wrestlers que, a par do wrestling, planeiam outros objetivos de vida que querem cumprir ainda antes dos 30, sobretudo aquelas que apostam numa educação superior (como, por exemplo, uma entrada numa qualquer universidade).


Não raras vezes, esse tal começo precoce resulta, também, na perda de interesse, o que complementa a razão anterior. Por sentirem que já fizeram tudo, muitas wrestlers sentem que é altura de lutar por objetivos que lhes possam garantir uma vida mais estável do que o próprio wrestling, e por isso acabam por perder o interesse em seguir carreira na modalidade. Um caso conhecido é o da Indomitable Princess Hiromi Mimura (na foto acima), que terminou a sua carreira em 2018 e foi mãe um ano depois. Talvez a ideia de um adeus tivesse vindo a ganhar forma pelo sonho de ser mãe?


Lesões e problemas físicos


Pode não parecer, mas o joshi é um estilo de wrestling muito mais agressivo do que aquilo que, à primeira vista, vocês possam pensar. 


O joshi não se resume apenas a um estilo de wrestling mais “normal” com a particularidade de ser executado apenas por mulheres. Há também uma forte tendência de derivação do joshi para terrenos mais hardcore, como é o caso dos chamados Deathmatch (Suzu Suzuki confirma) o que, naturalmente, passa ao joshi uma fatura bem mais cara do que ao wrestling americano.




Por isso, não é de estranhar que, com o joshi, venham também enormes quantidades de lesões e problemas físicos, que muitas vezes custam aos wrestlers carreiras de sonho. Mio Shirai e Kagetsu, já aqui mencionadas, são duas das wrestlers que acabaram por sofrer as consequências da violência deste estilo, sendo obrigadas a terminar as suas carreiras quando estavam no auge devido, precisamente, à sua fragilidade física.


E vocês, o que acham que pode levar muitas joshi wrestlers a acabarem carreiras antes dos 30 anos?


Assim termina mais uma edição dos “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site, de dar uma vista de olhos no nosso Telegram, de deixar a vossa opinião nos comentários aí em baixo… o costume. Para a semana, cá estarei com mais um artigo!


Peace and love, e até ao meu regresso!!

 


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