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Lucas Headquarters #73 – Vendi, Vini, Vince


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos sejam a mais uma edição dos “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! Bem, que loucura de semana, não só no wrestling como na minha vida (e bem louca já é ela…). Mas bem, vivi para escrever a entrada setenta e três deste maravilhoso espaço, o que quer dizer que cheguei ao fim-de-semana mentalmente inteiro.


Mas voltando a pegar no “mote” para esta edição: Que semana completamente louca aquela que vivemos no wrestling. Isto porque, para surpresa de absolutamente ninguém, Vince McMahon concretizou o seu “plano maléfico”, e saiu da sua suposta reforma para vender (ou pelo menos, tentar vender) a empresa que ele próprio tornou grande, há pouco mais de quarenta anos.


E não vale a pena virem com falinhas mansas, ou melhor, não vale a pena fingirmos todos que estamos surpreendidos com este regresso pouco ansiado do Vince porque, como acabei de dizer, isto não surpreende ninguém. Quanto a Vince McMahon, do pouco que conhecemos dele, apenas sabíamos duas coisas: Ou ele morria na sua cadeira do poder, ocupada por exatamente quatro décadas; ou entanto renunciaria, mas acabaria a mudar de ideias passado um par de meses porque acha que todos dentro da WWE lhe devem e ninguém lhe paga.



Poder-se-ia, se o passado indiscreto do manda-chuva da empresa não fosse mesmo isso, ter-se concretizado a primeira hipótese, e pelo menos eu sempre acreditei que esse fosse o caso.


Vince McMahon nunca mostrou intenções de sair da sua posição de poder dentro da WWE enquanto lhe fosse mentalmente possível continuar por lá, mas sempre foi claro quanto ao futuro da empresa: Se a WWE não fosse dele, não seria de mais ninguém. E o mais extraordinário aqui é que a expressão não se aplica, por inerência ou herança, à família, ao clã McMahon. Aplica-se a ele e só a ele.



E é revelador que, passados quase nove anos desde a separação icónica dos The Shield no RAW depois do Payback, a premissa que marcou a fase inicial dessa storyline (“if I created The Shield, I have every right to destroy them”) dita de tantas maneiras por Seth Rollins ao longo de ano e meio, se tornou o estilo de vida de Vince McMahon desde o seu regresso. Mas já lá iremos.



Quarta-feira de manhã o mundo do wrestling acorda num estado de choque quase absoluto, quando surgem notícias que a WWE tinha sido vendida ao Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. Só para que se tenha noção, este é o mesmo fundo que anda, aos poucos, a entrar no mundo de desporto (nomeadamente pela porta do futebol) e que, há uns tempos, se inseriu em maioria na SAD de clubes como o histórico inglês Newcastle United.


Posto isto, há aqui uma conclusão a que já podemos chegar: Os sauditas são fãs de desporto, e a sua paixão pelo desporto não se limita apenas ao futebol, com o wrestling a começar a ganhar, também, destaque nas suas preferências. Portanto, não é surpresa que os sauditas tenham pelo menos tentado comprar a WWE, até porque havia toda uma convergência de vontades para que abria as portas para que o negócio se fizesse por muitos mas mesmo muitos milhões.




É claro que o investimento saudita na WWE significaria o fim da empresa como se conhece por razões óbvias que não vale a pena enumerar, até porque não quero entrar por esse caminho. Há, no entanto, outra questão, e que tem a ver com a reação da própria família McMahon a uma potencial venda da empresa.


E, pegando neste ponto, voltamos a algo que já tinha dito há bocadinho: Vince McMahon é aquele tipo de gajo que não come, mas também não deixa comer. Se a WWE não lhe pertencer a ele só, mais ninguém lhe deita a mão. E por isso mesmo acredito que, neste momento, o clã McMahon esteja, em bom português, a ferro e a fogo.


Ninguém terá concordado com as intenções de Vince McMahon em vender a WWE, nem mesmo a própria filha Stephanie, que, como é do conhecimento geral, era a primeira na linha de sucessão na liderança da empresa. Leram bem, era


Era porque, horas antes das notícias da suposta venda virem a público, Steph renunciou à posição de CO-CEO que detinha desde Julho, deixando apenas o marido, Triple H, como único elemento da família McMahon numa posição de destaque na empresa, isto excluindo o próprio Vince.




Parece-me a mim que Stephanie renunciou sobretudo por duas razões: Ela achou a venda da WWE ao fundo de investimento público saudita uma operação demasiado arriscada, sobretudo quando atendemos aos valores pelos quais tal transição de poder iria ser feita.


Tendo isso em conta, terá, muito possivelmente, lavado dali as mãos, e fez senão bem. Tivesse a operação ido adiante e estivéssemos nós perante um total fracasso, o nome de Stephanie seria continuamente arrastado na lama, tendo em conta que ela seria, em condições normais, a próxima grande dona da WWE.



A outra razão é a de que, pura e simplesmente, Stephanie achou que Vince McMahon andava a gozar com a cara dos milhões de fãs que são, semana após semana, o suporte da WWE, a razão pela qual os wrestlers abdicam de tanta coisa nas suas vidas pessoal para providenciar o melhor entretenimento possível. E nesse aspeto não poderíamos estar mais de acordo. Mas isto não se fica por aí.


Vince McMahon, ao fazer esta suposta tentativa de venda, não só brincou com a cara dos fãs mas desvalorizou todo o trabalho que Triple H fez nestes últimos meses. Sim, nem tudo o que Triple H terá feito merece a nossa admiração, assim como nem tudo aquilo que Vince fez merecerá, por incrível que pareça, a nossa crítica (sobretudo no período pré-PG).


Mas o facto é que, em poucos meses, Triple H conseguiu provar um facto indesmentível através do seu trabalho: Vince McMahon precisa mais da WWE do que a WWE precisa de Vince McMahon. Vince McMahon é um homem que, nos últimos anos, entrou num confronto geracional de ideias relativamente à direção que a empresa deveria seguir, e parece ter-se esquecido que estamos numa era em que tudo o que as empresas de wrestling fazem, interna e externamente, é insistentemente escrutinado pelos fãs.




Vince McMahon é um homem que, ainda hoje, pensa que a WWE é uma empresa estática, que ou evolui consoante as suas ideias e visões, ou então não evolui de um todo. Vince McMahon é aquele homem que, se vê um simplório como eu, que tem poucas posses, a namorar a Giselle Bundchen, se vai virar para mim e vai dizer “sem ofensa, mas essa gaja é muita areia para a tua camioneta”.


Resumindo e concluindo, Vince McMahon só veio para a WWE para a tornar refém dele mesmo. Vince McMahon veio para a WWE para se ficar a rir de toda a gente, porque ele, muito provavelmente, vai concretizar a venda – mentalizemo-nos disso. 


Agora, ele vai concretizar a venda e vai ficar com mais 5000 sacos de dinheiro resultantes dessa operação, e a única coisa que nos vai restar vai ser a nossa raiva, aquela que vem de uma constatação que já fiz há muito tempo: Vince McMahon é, neste momento, o maior tirano da História do pro wrestling.



“He wants to see you do good… But never better than him”. É com esta frase que o artigo de hoje fica por aqui. Mas antes de me despedir, gostaria de saber: O que é que acham de todo este processo que quase terminou na venda da WWE?


E assim termina mais uma edição dos “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site e pelo Telegram do WN, deixar as opiniões aí em baixo, sugerir temas e tudo mais. Se tudo correr bem, para a semana cá estarei com mais um artigo!


Peace and love, até ao meu regresso!

 

 






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