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Literatura Wrestling | Yes! My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania - Capítulo 18 - Parte 1


Está de volta a Literatura Wrestling, o espaço de traduções do blog que vos traz uma obra biográfica, na íntegra, reveladora das origens, vida e decorrer da carreira de alguns dos mais marcantes wrestlers que percorreram os ringues que acompanhámos com tanto gosto.

Todas as semanas vos traremos um excerto do livro "Yes!: My Improbable Journey to the Main Event of Wrestlemania", publicado em 2015 por Daniel Bryan e pelo co-autor Craig Tello, a contar o crescimento e peripécias do "Yes! Man" até à sua chegada à WWE e ao main event da Wrestlemania. Boa leitura!


Capítulo 18: Preso no Momento
Sábado, 5 de Abril, 2014 - 17:11

O lobby do Hotel Roosevelt está a começar a encher-se de Superstars e Lendas em vestuário de gala enquanto se preparam para a cerimónia do WWE Hall of Fame de 2014. Alguns andares acima, Daniel Bryan está a colocar o casaco do fato e a lutar com os seus sentimentos em relação à gravata. É a cor, na verdade. Para Bryan, é um pouco púrpura demais. Para Brie, é o tom perfeito de azul para o seu noivo esta noite. (Uma pista: foi ela que comprou.) A meio do debate, a estonteante Bella coloca os seus saltos de agulha e convence o "Yes! Man" a dizer isso mesmo ao acessório. O que é mais importante para Bryan é que esta noite ele vai assistir aos seus favoritos de infância a juntar-se a um grupo exclusivo no Hall. "Além da própria Wrestlemania, a coisa pela que eu mais anseio é o discurso de Hall of Fame do Ultimate Warrior," diz Bryan em relação à semana da 'Mania.

Uma chegada tardia a New Orleans no Sábado à noite acrescenta uma convidada à equipa de convidados de "Braniel": a mãe de Daniel Bryan, Betty. Uma assistente social de Aberdeen, Washington, a "Yes! Mom" viajou para a "Big Easy" para o embate definitivo de Daniel Bryan no "Grandest Stage of Them All." Esta noite, ela obtém um dislumbre do que poderá um dia estar guardado para o seu filho, que é a conserva no Hall of Fame da WWE. Impressionada e humilde com as cordialidades daqueles que encontra, Betty sorri enquanto se junta a Bryan pelas multidões de Superstars, Lendas, e mais. Mãe e filho (numa gravata decididamente índigo), mais Brie e a sua família, dirigem-se ao autocarro direccionado ao Smoothie King Center para uma noite significativa no Universo da WWE.



Apesar das circunstâncias, vencer o World Heavyweight Championship foi fixe, que fosse só de uma perspectiva de "fui um fã de wrestling a minha vida toda, agora olhem para isto." Senti-me muito afortunado porque apesar de aquilo que fazemos ser ficção e entretenimento, estar de pé em frente a milhares de pessoas enquanto se segura um título gigante que, em teoria, significa que és "o Homem", tudo isso é bastante espantoso. Regal estava muito feliz por mim, mas também me disse para usar o ser campeão como forma de desenvolver uma melhor relação com o Vince. Sendo a força que guiava as histórias no Smackdown, era importante saber exactamente o que o Vince queria de mim e começar a ficar confortável com ir ao escritório do Vince para obter respostas às perguntas que teria.

Coisas podem ter sido diferentes quando o Vince era mais jovem e mais na estrada com o talento, mas hoje em dia, é intimidante para tipos mais novos como eu lá ir para falar com ele. Sempre o imaginei sentado no seu escritório como se fosse alguma torre de um castelo longínquo, irritado com qualquer peão como eu que lhe fosse bater à porta e quisesse falar. Mas isso era apenas a minha mente a partir para a terra da fantasia. A primeira vez que eu bati à sua porta após me ter tornado campeão, ele parecia genuinamente feliz por me ver.

Assim que começámos a falar, perguntei-lhe o que queria de mim como World Heavyweight Champion. Eu tinha sido um dos bons desde que comecei com a WWE, mas em personagem, a forma como eu usufruí do contrato Money in the Bank foi baixa e um pouco nojenta, e levou a que começasse a virar para os maus. Eu apenas precisava de saber de que forma ele queria que eu o tomasse.

Possivelmente porque eu a vencer o título não era o plano original, Vince não tinha a certeza, mas a sua direcção foi para deixar a minha personagem tomar forma orgânicamente; permitiríamos a reacção dos fãs determinar em que direcção eu iria. O único que ele queria era que eu fosse o gajo mais feliz do mundo como campeão; cada vez que eu lá fosse, teria que o tratar como se eu tivesse ganho a lotaria. "Neste momento, não existe tal coisa como demasiado exagerado," dizia ele. Nem é preciso dizer-me duas vezes.

Foi o como e o porquê de eu ter começado a usar uma palavra muito simples mas empática: Sim (Yes). Usei o termo como forma de mostrar o quão feliz eu estava por ser World Heavyweight Champion, uma ideia que na verdade tirei de um dos meus lutadores de MMA favoritos, Diego Sanchez. Assim que ele caminhava para o Octagon para as suas lutas, ele arremessava o punho e com uma cara série e intensa, gritava "YES!" Aparentemente, para ele, tratava-se de positivismo, mas eu via-o como grande pomposidade e quase dissimuladamente irritante.

Comecei o "Yes-ing" ocasionalmente durante a minha entrada, e depois após eu vencer um combate, gritaria "Yes!" outra vez. Daí em frente evoluiu rapidamente, ao ponto que eu já estava "Yes-ing" o caminho inteiro pela rampa abaixo em celebração de ser campeão. Comecei a apontar os indicadores para o ar enquanto o fazia, o gesto sincronizado com os meus gritos. Acrescentei um trote de lado de modo a fazer "Yes!" em movimento. Pessoas começaram a ver o meu entusiasmo exagerado como irritante. Também, fui colocado numa história onde a AJ Lee me acompanhava e eu seria mau para ela. Não levou muito tempo até eu me tornar um otáriozinho bajulador que os fãs queriam ver a levar porrada de monstros como o Big Show e o Mark Henry.

Pela primeira vez, foram-me dados segmentos de promo de abertura e eventos principais no Smackdown. Semana após semana, melhor eu fazia, mais confiança o Vince colocava em mim para carregar as histórias. Não tenho a certeza se ele achava que eu conseguiria inicialmente, mas todas as semanas eu iria falar com ele, e todas as semanas ele me dizia o quão agradado estava com as minhas performances, dando-me sugestões aqui e ali, assim como dicas sobre como evoluir como WWE Superstar.

Tornei-me num campeão bastante batível, e não tenho a certeza se pessoas esperavam que eu entrasse na Wrestlemania XXVIII com o título - um aspecto que eu verdadeiramente gostava na minha personagem porque acrescentava drama aos combates. No pay-per-view antes da Wrestlemania, por exemplo, eu defendi o título dentro da Elimination Chamber - um recinto massivo de correntes de aço com cabines de vidro contendo adversários em cada canto do ringue - contra cinco outros Superstars. As probabilidades sugeriam que qualquer campeão estaria vulnerável, mas especialmente eu, dada a minha personagem batível. Ficou reduzido a mim e ao Santino Marella como os dois participantes finais do combate, e apesar do Santino ser predominantemente uma personagem de comédia, pessoas realmente acreditaram que ele podia ganhar o título. Quando ele me atingiu com a sua manobra de assinatura, a Cobra, uma falsa manobra ninja hilariante em que ele te espeta com a mão fechada na forma de um bico de pato, as pessoas enlouqueceram e pensavam que ele ia ganhar. Se o Daniel Bryan conseguia, porque não conseguiria Santino Marella? Acabei derrotando-o e retendo o título, e os minutos finais do combate com o Santino foram a minha parte favorita do meu reinado com o World Heavyweight Championship.

A primeira vez que eu notei a audiência "Yes-ing" comigo foi num Smackdown que estávamos a filmar em Seattle pouco depois desse pay-per-view Elimination Chamber de 2012 em Fevereiro. Apesar de fazer uma entrevista não televisiva nos bastidores designada para fazer as pessoas presentes vaiar - algo do género "Adoro a cidade de Seattle [yay!] mas mudei-me porque odeio as pessoas [boo!]" - a plateia ainda torceu por mim quando eu entrei porque sou da área. Quando me virei para a minha esquerda, vi uma grande fila de pessoas, cada uma delas segurando um cartaz caseiro a dizer "Yes!" E assim que me aproximava do ringue, eles começaram o "Yes-ing!" quando eu. Depois toda a secção começou a fazê-lo, depois metade do público. Foi infeccioso. Inicialmente pensava que estes fãs de Seattle seriam as únicas pessoas a fazê-lo, porque sou o gajo da terra. Mas depois de tal ter ido para o ar, comecei a ver mais e mais conjuntos de pessoas a atirar os braços ao ar e a gritar "Yes!" Pensei que tudo se desvaneceria assim que eu perdesse o título. Meu, como eu estava errado.

(...)

No próximo capítulo: Ainda é World Heavyweight Champion mas há coisas ainda por mudar. Como vocês bem se lembram... A forma como ele perdeu o título? Qual a sua reacção? Do seu adversário? Dos seus colegas? Ainda mais... Do público? E qual a viragem improvável que deu à sua carreira? Vocês até sabem e ainda se lembram bem mas este é sempre o ponto de vista mais interessante. Não percam!

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