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Opinião Pacífica #10 - Retrospetiva de um ano particular



Sejam bem vindos, caros leitores do Wrestling Noticias, a mais uma edição do Opinião Pacífica.

O ano está a acabar. Mais 365 dias passados, mais uma época de wrestling que passou. E, como em tudo, está na altura de olhar para trás, ver o que de bom o ano teve, ver o que de menos bom aconteceu, refletir e avançar, para entrar no novo ano prontos para mais uma época.

Enquanto fãs de wrestling que somos e, falando para os mais velhos, que já passaram por diversas épocas, estamos acostumados a passar por diversas mudanças de paradigma. Estamos habituados que, deves em quando, aconteça algo que mude o panorama do wrestling mundial e que abale completamente a forma como nós, fãs, vemos o produto. 2017 foi, certamente, um desses anos, por imensos motivos.

Primeiramente, podemos apontar a ascensão, cada vez mais meteórica, da NJPW (aposto que já devem existir pessoas fartas de me "ouvir falar"(neste caso é mais "ler escrever", mas continuemos) da NJPW, mas é completamente inevitável) como um dos acontecimentos incontornáveis do panorama mundial da modalidade.

Também eu, aqui há uns anos, negava que a NJPW poderia vir a ter alguma importância a nivel mundial; recusava-me a acreditar que pudesse haver uma companhia que começasse a ter numeros sequer semelhantes aqueles que a companhia de Vinnie O'Mac fazia. Mas a verdade é que bastou-me ver um evento da companhia para apaixonar-me completamente por ela e entender todo o buzz à volta desta (e atenção que isto já foi há um par de anos). A NJPW e a forma como se faz wrestling pelos lados do Japão veio, sem sombras de duvidas, influenciar como se faz wrestling a nivel mundial.

Hoje em dia, se se pratica um wrestling muito mais duro, muito mais visualmente "stiff" do que há uns anos atrás, com muitos mais elementos do MMA, pode-se agradecer, de certo, à influência do "Strong Style" e da NJPW. A companhia nipônica veio mostrar ao mundo o seu estilo, a sua forma de fazer wrestling e o mundo apaixonou-se por esta.

Esta não é bem uma mudança de 2017, porque esta mudança está a ser feita há alguns anos, mas em 2017 deve ter sido o ano que mais se notou esta tendencia.

Depois, podemos afirmar outra coisa: 2017 foi o ano em que os chamados "big guys" voltaram a ter um lugar no wrestling. É necessário puxar bem pela memória para nos lembrar-mos de uma época em que homens grandes tinham um lugar no wrestling (e não estou a falar de homens grandes do estilo de Batista, mas sim, do estilo de, por exemplo, Keith Lee).

Este ano, vimos nomes como, já mencionei, Keith Lee, o austriaco WALTER, Trent Seven, Donovan Dijak, Jeff Cobb, Matt Riddle ou Michael Elgin, isto no circuito independente, mas mesmo até na WWE, vimos pessoal como Killian Dain, Lars Sullivan ou Braun Strowman a ganhar notoriedade. Parece, cada vez mais, começar a haver um "shift" do estilo hibrido que abalou o wrestling há uns anos atrás, para um estilo mais propenso aos big guys, isto aliado ao strong style de que já falei há pouco.

Por ultimo, vimos também a ascensão do circuito independente britânico a níveis que é necessário voltar às décadas de 80 (e mesmo assim, duvido que naquela altura fosse-se capaz de atrair crowds como hoje em dia) para encontrarmos comparação. A excelência do wrestling britânico é cada vez mais inegável, até pela WWE que aproveitou esta ascensão e afiliou-se a N companhias de sucesso, como a PROGRESS ou a ICW.

Isto, para a Europa, que foi ela também um pouco arrastada atrás desse BOOM (a Alemanha, mais especificamente, a wXw, foi a maior beneficiadora disso mesmo), foi das melhores coisas que podia ter acontecido no Wrestling. Lutadores de todos os países estão a receber destaque que, muito dificilmente, anteriormente, receberiam. Até os lutadores portugueses ganharam oportunidades, com lutadores como David Francisco, Mauro Chaves, RAFA e Kelly a aventurarem-se para o estrangeiro, em busca das suas carreiras internacionais, assim como Red Eagle, que começa a ter alguns bookings na América, alem da Shanna, que continua a partir tudo lá fora e a conquistar títulos.

Mas nem tudo foi um mar de rosas em 2017. Se, por um, o wrestling independente está cada vez melhor, o wrestling "dependente", está cada vez pior.

Com wrestling "dependente", refiro-me às companhias que não são independentes. Ou seja, na minha visão daquilo que é wrestling independente ou não, toda a companhia que tem um contrato e um show televisivo semanal, deixa de ser independente, pois já adquiriu um estatuto superior à maioria das outras companhias mais pequenas. Ou seja, neste catalogo encontram-se, assim, a WWE, a TNA/GFW, a ROH, a LU e a NJPW. Ora, excluindo a LU e a NJPW que, são realmente boas, apesar de não acompanhar tanto LU, assumo e reconheço a sua qualidade, as outras três é o que se vê.

A TNA (pela força do habito e por não me apetecer chamar-lhe o novo nome, e também pelo facto de sempre que refiro o nome TNA, parecer que estou a referir uma categoria de um site pornográfico em vez de uma companhia de wrestling e isso, de facto, dá-me gozo, por isso, vou continuar a chamar à companhia de TNA) é o que se vê. Constantes mudanças de direção, a falta de uma identidade própria, wrestlers sempre a sair e a regressar, instabilidade nas storylines e a própria falta de qualidade nelas, assim como nos combates, tornaram a companhias num dos programas semanais de menos qualidade no universo do wrestling.

A WWE, é o que já se conhece. Nem falo na falta de aposta em caras que o publico nutra simpatia por, enquanto fazem apostas completamente descabidas. Não falo na falta de qualidade em ringue. Falo mesmo na falta da qualidade do produto em si, das histórias apresentadas. Ou, às vezes, nem é a falta de qualidade nas histórias, mas é simplesmente, o quão desinteressantes estas são.

Já a ROH, já falei da companhia e aquilo que acho que ela anda a fazer de mal, por isso, podem sempre recuar umas quantas semanas e ir ver o que eu disse sobre ela (dos belos plugs).

Concluindo, 2017 foi um ano único para o wrestling e para o panorama mundial de este. De certo, um ano positivo, apesar das coisas menos boas, sinto que os pontos positivos são demasiados e difíceis de ignorar. Agora é rezar que 2018 seja ainda melhor e nos traga surpresas ainda melhores dos que a deste ano. Até pro anos rapaziada!
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