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3 por 3 #2 | Discriminação, Combates Mistos e The Elite


Bem-vindos à segunda edição do “3 por 3”, onde desde já queremos agradecer as vossas perguntas colocadas na caixa de comentários e o apoio que recebemos deste espaço em que o objetivo é 3 colaboradores do Wrestling Notícias respondem a 3 perguntas feitas pelos leitores e convém lembrar que caso um dos colaboradores fixos do espaço não possa responder em 15 dias, teremos sempre um convidado surpresa. Para já fica a apresentação dos colaboradores deste espaço:

- Danny Hell – Um lutador veterano no panorama do wrestling nacional, onde para muitos, é uma “Enciclopédia do Wrestling” com mais de 30 anos de experiência no mundo do wrestling e é um dos fundadores da companhia mais antiga de wrestling de Portugal, a APW

- Seth_Rollins – Um moderador do chat do Wrestling Notícias, vindo do Brasil, que pratica MMA (Mixed Martial Arts) e é um dos fãs mais incondicionais do wrestling

- Harper – Outro moderador do chat do Wrestling Notícias, vindo do Brasil, que também é um fã apaixonado pelo wrestling de todas as companhias

Mais uma vez, agradecemos a todos os leitores que apoiaram este espaço e esperamos continuar a receber mais perguntas vossas, portanto, passemos às 3 perguntas!


É sabido no mundo do wrestling que existe por norma um preconceito com qualquer lutador que seja latino ou japonês quer na WWE quer na TNA (que são as duas companhias de wrestling mais conhecidas), onde por vezes, implica que determinada estrela japonesa ou latina só obtenha sucesso no seu país. Felizmente podemos pensar em casos de sucesso excecionais como Eddie Guerrero, Rey Mysterio, entre outros. Numa pergunta colocada pelo leitor Diego Meira, afinal porque é que estas companhias têm este tipo de preconceito com os lutadores fora da América?

Danny Hell: Olá a todos os "Cabeças de ringue" que seguem este espaço, e nos acompanham no Wrestling Notícias, sejam bem vindos a "casa"!! A ver se me consigo fazer entender, o que eu realmente acho que se passa é que a WWE continua, e provavelmente continuará para sempre, a fazer o seu produto mais virado para o público Americano, embora gostem de se fazer identificar como um produto Global, e até mesmo Universal, a verdade é que mais de 80% daquilo que produzem é virado para os Estados Unidos.

Muito raramente vimos como main eventers lutadores de outras nacionalidades, e muito menos a longo prazo. Ao assim agirem, e sabendo o quanto os Americanos são educados numa cultura Super Patriótica, a WWE escolhe como caras do seu produto lutadores com que os Americanos se possam identificar, tendo então talvez receio de que se escolhessem, por exemplo um Cesaro como cara da WWE, as pessoas possam gostar menos dele só porque, tal como eles, o Cesaro não é Americano.

Claro, e felizmente, que já tivemos algumas raras excepções, e ainda bem, mas acho muito sinceramente que para um lutador "estrangeiro" conseguir chegar ao topo da WWE, e mais difícil ainda, lá conseguir permanecer, tem de trabalhar algumas 10 vezes mais que um americano, e é claro que tudo isto é injusto, mas como o próprio Vince "McMoney" já disse, "Life isn't fair" (A vida não é justa". Basicamente acredito ser só mesmo esta a razão disso acontecer, o que não tem a ver com descriminações, mas ao mesmo tempo, é um conceito discriminatório...

Seth_Rollins: Tentando ser o mais direto possível referente a uma pequena viagem que fiz aos Estados Unidos a certo tempo, eu pude chegar a conclusão que são talvez a nação mais patriótica desse mundo. Os norte-americanos tem um orgulho gigantesco de sua bandeira, de seu exercito, seu governo e toda sua pátria, e isto é bem claro de se ver no pro-wrestling. Vemos eventos anualmente como o Tribute to the troops na WWE e um exemplo grande da TNA é usarem o Chris Melendez como toda esta aura de ex- fuzileiro que infelizmente acabou tendo um infeliz acidente enquanto defendia seu país.

Estes são apenas alguns exemplos, poderiam citar como o 07/07/05 acabou destruindo a personagem do Muhammad Hassan devido a sua personagem remeter a um terrorista em um momento que a nação estava em choque devido a ataques acontecidos na Inglaterra, ou mesmo o Iron Sheik sempre visto como um inimigo da America e tendo sua maior rivalidade contra o “Real American” Hulk Hogan.

É muito difícil falar de um assunto tão delicado, mas toda vez que um lutador internacional vem do exterior (mais especificamente se vir de um país o qual tem um histórico negativo com os Estados Unidos) muitos dos fãs não ficaram ao seu lado.Outro caso que mostra de forma forte o lado negativo de tal fanatismo foi o momento o qual um heel Jack Swagger vinha a chamar o então face Alberto Del Rio de imigrante ilegal e que este seria chutado por cima da mesma fronteira o qual passou, e incrivelmente muitos fãs ficaram ao lado de Jack Swagger nesta situação, mesmo ele tendo interpretado um maníaco xenofóbico.

A situação parece estar melhorando, aos poucos é verdade, mas vemos nomes como Shinzuke Nakamura, que é em minha opinião é um dos wrestlers com carisma mais natural na atualidade e a WWE estar mostrando mais interesse em contratar lutadores latinos para incorporarem seu plantel.

Harper: Preconceito talvez seja uma palavra forte, o que vejo em relação a estas duas maiores companhias são dificuldades criativas de observar um potencial de gimmick para os atletas estrangeiros que não seja um puro estereótipo. Tendo em vista que o único caso de preconceito denunciado que eu tenho conhecimento tenha sido por parte de Alberto Del Rio (4x ex campeão mundial e 2x USA champ) tal acontecimento se trata em bastidor e não propriamente dito na criação.

Por sorte tal estereótipo e mal utilização de estrangeiros parece estar mudando levando em conta que Asuka é campeã do feminina no NXT com uma gimmick nada genérica e o sucesso na chegada de Nakamura Shinsuke ao NXT. Outro fator que eu também considero para que, por exemplo, atletas japoneses não tenham tido rivalidades de topo anteriormente se deve as barreiras linguísticas.


Lucha Underground é um dos programas mais quentes no mundo do wrestling atualmente e uma coisa que é completamente diferente da WWE ou TNA nestes últimos tempos tem sido o facto das mulheres serem tratadas com respeito e a enfrentarem homens em combates mistos. Vemos como exemplo nisso, o caso da Sexy Star que por múltiplas vezes na primeira temporada enfrentou vários lutadores, assim como a Ivelisse que atualmente é uma parte dos Lucha Underground Trios Champions com Son of Havoc e Angelico. Perguntado pelo leitor Prankster, qual é a vossa opinião em respeito ao assunto de combates mistos, ou seja, homens contra mulheres hoje em dia?

Danny Hell: Eu muito sinceramente não concordo, eu acho que as mulheres têm direito ao seu lugar no Wrestling, e já deram muitíssimas provas disso, mas a competirem entre si. Nos anos 90 tivemos a raríssima excepção em que algo assim funcionou, e falo obviamente da Chyna, mas funcionou mesmo porque a Chyna parecia quase um homem.

A razão também pela qual ela era tão desenvolvida fisicamente, e sejamos realistas, era porque ela abusava claramente de esteróides anabolizantes, injecções de testosterona, e afins. Mulheres fisicamente ao nível dos homens é algo que para mim só funciona em desenhos animados, filmes/séries de Tv, e jogos de computador. Ao tentarem então fazer parecer que essa diferença física não existe, em nada ajuda a manter um produto credível...

Seth_Rollins: Para responder essa questão vou pegar uma pagina da minha vida pessoal. Sou praticante de artes marciais a muito tempo e já passei por diversas formas de combate corpo-a-corpo, ultimamente tenho treinado mais jiu-jítsu e por muitas vezes já treinei com mulheres na minha academia e da minha equipe, posso dizer com toda certeza que muitas garotas as quais conheci e conheço dariam uma surra em muitos rapazes por mais que homens sejam geneticamente mais fortes. Entretanto eu infelizmente não sou 100% a favor de combates mistos e vou tentar ser o mais claro possível em minha resposta a esta questão.

Tem muito “homem” de ignorância sem tamanho com um assunto que não parece de tanto caos, vendo que é um esporte de lutas combinadas e situações pré-determinadas, ainda sim é um combate. E fazendo um paralelo a esta situação, houve há certo tempo uma breve cogitação da então campeã do UFC Ronda Rousey vir a combater homens, devido há dominância da campeã antes de sua derrota no ultimo novembro. Entre este meio tempo ouvi infelizes comentários que tentavam criar paralelos entre uma judoca medalhista olímpica como a Ronda, a compara-lá com mulheres sem treinamento tendo total capacidade de defenderem contra homens de tamanho e massa muscular muito superior as respectivas, situação a qual não faz o menor sentido, mas às vezes temos que ouvir algumas merd*s no nosso dia-a-dia.

Obviamente eu não vejo o menor problema com mulheres competindo com homens, vejo como algo normal e até acho sensacional a LU se preocupar em tratar todos seus wrestlers no mesmo nível, vendo que a empresa não tem um titulo feminino e sim apenas um titulo mundial para todos tentarem. Torço pra que um dia as palavras ditas por mim acima não sejam mais necessárias e que possam ver a situação apenas como ela é, uma competição esportiva.

PS- A utilização de aspas acima quando mencionei a palavra “homens” foi apenas para retratar que estes humanos não merecem ser chamados de homens.

Harper: Acho algo interessante de ser feito, principalmente em um show indy como LU, é um conceito inovador, no entanto devemos apresentar algumas ressalvas para esse tipo de combate. O wrestling, apesar de ser um esporte 'worked' e 'scripted', deve respeitar qualquer direito humano, e este envolve homens incitarem violência a mulheres.

Meu ponto ao dizer isso é que tais combates quando ocorrerem devem ser levados de forma não tão agressiva e que soe muito violenta aos telespectadores, outro ponto a se acrescentar e que esse tipo de combate NUNCA deve chegar a uma empresa 'main stream' como a WWE, visto que essa atua com grande influência e incitar violência as mulheres em seu produto seria algo ruim para os negócios e também ruim socialmente.


Nestes últimos dois anos, vários lutadores saíram da New Japan Pro Wrestling para enfrentar o sonho de serem estrelas da WWE, como os casos mais recentes de Shinsuke Nakamura e AJ Styles. Neste momento, a Bullet Club só tem como elementos principais do grupo, Kenny Omega e os Young Bucks (Matt e Nick Jackson), que são conhecidos como The Elite e a pergunta que o leitor PyroMANiac deixa é o seguinte… na vossa opinião, acham que tanto os Young Bucks como o Kenny Omega têm o que é preciso para conseguirem carregar uma empresa como a New Japan Pro Wrestling como um grupo?

Danny Hell: Tanto o Kenny Omega, como os Young Bucks, são bons lutadores, têm carisma, e fazem boas promos. Todos esses factores fazem óbviamente com que sejam boas apostas onde quer que lutem. Agora se são capazes de se manter no topo durante anos seguidos, já teremos de esperar para ver. Todos nós sabemos que mais difícil do que chegar ao topo, é conseguirem manter-se lá.

Têm então de conseguir fazer com que o público não se farte deles, conseguirem manter a sua capacidade física num nível alto, conseguirem continuar a evoluir, conseguirem sobreviver a possíveis lesões, etc, etc... Eu acho, como já antes mencionei, que eles são uma boa aposta onde quer que possam lutar, e têm realmente o que é preciso para dominar, agora vamos ver é se conseguem manter-se assim durante muito mais tempo, e a essa pergunta só o tempo nos poderá responder...

Seth_Rollins: Posso até queimar minha língua neste momento, mas eu boto as minhas fichas que se trabalharem direito com o Kenny ele pode muito bem a vir a ser o wrestler do ano de 2016.

Respondendo a questão, fico curioso e até um com certo gosto amargo na boca ao saber que o The Elite veio a perder o NEVER Openweight 6-Man Tag Team Championship (alias que nome grande não?) neste ultimo domingo no Invasion Attack. O trabalho que o The Elite estava fazendo estava sendo simplesmente incríveis, os rapazes estavam quebrando telhados de vidro a sempre tentarem provocar wrestlers de diversas promotoras (inclusive o New Day na WWE) a competirem pelo titulo que se mantinha em posse da The Elite. Eles estavam tentando levar o nome da NJPW cada vez mais mundo a fora, os representando da forma como eles fazem de forma majestosa, provocando seus adversários até o seus devidos limites até que aceitassem os desafios.

O carisma, a técnica, a historia do ringue, as tentativas de fazerem algo novo, tudo isto você encontra nestes 3 individuos que não poupam esforços para levar a vitoria pra casa. Então sim eu acredito que a The Elite tem tudo pra pegarem esta lacuna que esta aberta na NJPW e fazerem o necessário para que a empresa continue mantendo seu nível de wrestling e seus incríveis shows anuais.

Harper: A resposta direta a questão é não. E esse não vem devido a perca de hype do Bullet Club na saída de vários de seus membros. Além disso em uma stable heel os Young Bucks não acrescentam absolutamente em nada, e digo isso porque eles atraem pop por qualquer lugar que passarem e além disso a divisão de duplas de qualquer lugar no mundo é impossível de se criar muito destaque pelo simples fato de ser uma divisão tag team.

Outro fator para que não veja isso acontecendo é o booking estranho sendo feito pela NJPW nos últimos dias retirando o titulo de trios do Elite e tirando a atenção que vem sido nos ultimos anos dada ao Bullet Club e sendo transferida a stable do novo campeão mundial Naito. Portanto não vejo eles como figuras dominadoras do wrestling nesse momento.

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E assim chegamos ao final desta segunda edição do 3 por 3, onde as primeiras 3 perguntas dos nossos leitores foram respondidas por 3 colaboradores do Wrestling Notícias e agora, são vocês, os leitores do WN a quem apelamos para deixar um comentário na caixa com as vossas perguntas sobre temas de wrestling… até daqui por 15 dias e esperamos que tenham gostado desta segunda edição quinzenal do 3 por 3!
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