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Brock Lesnar: Death Clutch - Parte II (Cap. 10) | Literatura Wrestling


Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.

Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!


Parte II: The Next Big Thing
LOUISVILLE

Após treinar com Brad durante alguns meses apenas e cumprir com os meus compromissos com a comunidade do wrestling amador, eu estava pronto para dirigir-me a Louisville e entrar no sistema de desenvolvimento da WWE. Eu comecei a assistir um pouco de pro wrestling na TV, portanto eu pude ver no que me estava a meter. Eu comprei uma carrinha pickup, carreguei nela todas as minhas coisas e segui estrada.


Quando eu cheguei a Louisville, eu encontrei-me com o ex-Golden Gopher Shelton Benjamin. Eu sucedi-o como o peso pesado número um da universidade, e ele tornou-se o treinador assistente enquanto eu lá estive. Tal como eu, Shelton tinha assinado com a WWE depois de ser recrutado por Gerald Brisco. Shelton e eu encontrámos um apartamento de dois quartos para alugar, e eu estava pronto para começar a treinar.

A minha primeira sessão de treino era às nove horas da manhã de uma Segunda-Feira. Quando lá cheguei, não queria acreditar. O “centro de treinos da OVW” era nada mais do que um cubículo no meio de um distrito de depósitos. Eu pensei “Estou a trabalhar nesta grande companhia internacional e isto é onde os grandes lutadores que vemos na TV foram treinados?”

Assim que entrei pela porta dentro, Danny Davis veio diretamente encontrar comigo. Danny era o proprietário da OVW e também o chefe dos treinadores. Eu gostei de Danny desde o início e tornamo-nos grandes amigos enquanto estive em Louisville. Eu não tenho nada além de coisas boas para falar sobre Danny.

No meu primeiro dia, ele perguntou-me “Consegues correr contra as cordas, garoto?”. Lá estava eu, campeão dos pesos pesados da NCAA, quase 136kg, pronto para conquistar o mundo, e Danny queria saber se eu conseguia correr contra as cordas. Eu pensei sozinho “Eu fiz isto centenas de vezes com o Brad — eu vou mostrar a esse FDP (Filho da P***) o quão rápido e forte eu consigo correr contra as cordas e como eu sou bom a fazer isso.”

Eu entrei no ringue e, com toda a minha força, atirei-me diretamente para as cordas, assim como fazia no acampamento do Brad todos os dias. Mas, em vez de lançar o meu corpo para voltar atrás como era suposto, eu passei pelo meio das cordas e aterrei direto no chão, à frente de todos. Eu quase arrebentei o meu rabo.

O que eu não sabia naquela altura era que haviam diferentes tipos de “cordas” nos ringues de wrestling. Quando eu treinava em Minnesota, Brad usava uma corda do estilo antigo da WCW, com cordas feitas de cabo de aço, cobertas com mangueira de jardim e fita adesiva. As de Danny eram feitas de cordas reais (no estilo que a WWE usava). Cordas reais são bem diferentes de cabos. Eu aprendi isso da forma mais dura.

Olhando para trás, eu percebi que ter feito papel de palhaço foi um bom modo de quebrar o gelo, porque isso mostrou a todos que eu era humano — eu cometo erros e sangro como qualquer outro. Eu consigo rir disso agora, mas isso não foi nem um pouco engraçado para mim na altura. Apesar do meu tropeço inicial, eu progredi rapidamente e sobressaí nos treinos todos os dias. Eu entendia o que eles estavam-me a ensinar e eu conseguia fazer as coisas que me pediam para fazer no ringue.

Numa questão de semanas, Danny Davis decidiu colocar-me junto com Shelton como uma equipa, e começámos a percorrer todas as cidades pequenas na área, em frente a públicos pequenos em salões de bingo, igrejas da comunidade local, ginásios de colégios, podem nomear. Nós estávamos a trabalhar com uma quantidade de pessoas que são bem conhecidas atualmente, mas que eram apenas iniciantes como eu: Batista, John Cena, Randy Orton, Mark Henry.

Era uma vida muito fácil na OVW comparado com o treino que estava habituado. Estavámos em casa todas as noites e os cheques vinha sempre na hora, sem falhas.

Danny deu-me a “honra” de transportar o ringue em cada evento, e depois de volta para os fundos de sua casa, para guardar. Ele disse que escolheu-me porque continuava a falar sempre da minha ética de trabalho, mas eu acho que tinha mais a ver com o fato de que eu tinha uma carrinha pickup. Independentemente disso, o ringue era a minha responsabilidade.

Desde que comecei a ficar responsável pelo ringue, eu deixei bem claro para todos os outros que eles deveriam estar presentes na hora certa para ajudar na montagem. Se eles não estivessem, Danny iria saber disso, porque para mim aquilo era um trabalho de equipa. Eu não queria saber há quanto tempo esse lutador estava. E ninguém iria reclamar comigo, porque se alguém fizesse isso, esse alguém teria que se entender comigo. Eu não acho que era odiado por fazer com que cada um carregasse o seu próprio peso, mas se era odiado, eu não queria saber.

Eu estava lá para me sobressair, e eu tinha na minha mente que era melhor do que todos os que treinavam comigo. Eu não estava na OVW para vencer um concurso de popularidade. Eu estava lá para aprender, para eu poder ascender à WWE, onde o grande dinheiro estava.

Alguns atletas da OVW gostavam de sair até muito tarde todas as noites, para que eles pudessem agir como se fossem famosos para os moradores locais no bar. Eu provavelmente devo ter ido ao bar umas duas vezes por mês, no máximo, porque eu não tinha desejo ou interesse em tentar impressionar os moradores locais de lá. Eu queria estar no ginásio pela manhã antes do treino, fazer os meus exercícios no ringue, e então tirar o resto do dia para descansar. Naquela altura, nós fazíamos três eventos locais por semana, com o fim-de-semana de folga, portanto eu tinha muito tempo para mim mesmo —tal como eu gosto.

Eu tive um bom tempo na OVW. Danny e a sua esposa, Julie, foram muito bons comigo. Tal como com Brad, o meu relacionamento com Danny foi mais do que apenas professor–aluno. Nós tornamo-nos amigos.

Danny convidou-me para entrar na sua casa, e eu apreciava esse gesto. Eu estive na casa de Danny diversas vezes (porque o ringue de treino ficava lá), e Danny e Julie costumavam convidar-me para almoçar. Em troca dos almoços grátis, eu fazia pequenos serviços. Isso é algo sobre ser um rapaz da quinta: tu aprendes a consertar qualquer coisa. Mas eu também sabia que se me oferecesse para consertar algo, Danny iria sempre assar um grande e suculento bife para mim, quando eu tivesse acabado. Nós permanecemos amigos até hoje.

Após um tempo, eu percebi que aprendi tudo o que podia aprender em Louisville. John Laurinaitis estava a fazer a sua transição para a vice-presidência de relações de talentos da WWE, e eu disse-lhe que já estava farto dos eventos locais, e que eu precisava de um desafio maior. Eu virei-me para John e disse, “Se você quiser que eu melhore então coloque-me no ringue com pessoas melhores!”

Eu pedi a John para me dar uma oportunidade no próximo nível — apenas alguns“dark matches” para mostrar a todos o quão longe eu cheguei. Os“dark matches”eram lutas não-televisionadas e que aconteciam antes das gravações de TV para aquecer o público e para os oficiais da WWE o poderem observar.

Eu sabia que tudo o que eu precisava era duma oportunidade. Deixem-me participar na parte não-televisionada, eu disse a John, e eu irei trabalhar mais duro e melhor que qualquer um. Se conseguir convencer-lhe, seria promovido ao roster principal.

Se eu não fosse capaz, eu sabia que Vince iria-se livrar de mim. Ele pagava-me muito para ficar à espera de eu fazer um retorno dos seus investimentos. Mas até onde eu sabia, já estava cansado do meu tempo em Louisville e das pequenas ligas, e já era altura de ver o quão longe eu podia ir contra os grandes. Eu lembrei a John que J.R. e Brisco disseram que eu permaneceria em Louisville por apenas um ano, e que eu já estava lá há um ano e quatro meses. Eu sentia como se alguém me tivesse mentido. Eu já tinha decidido. Eu iria voltar para casa em Minneapolis.



Traduzido por: Kleber (nWo4Life)
Adaptado por: FaBiNhO

No próximo capítulo: Brock Lesnar nos contará sobre sua estreia na WWE! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!
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