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Brock Lesnar: Death Clutch - Parte I (Cap. 5) | Literatura Wrestling


Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.

Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!


Parte I: Criado para ser um campeão
O Último Ano: Uma Última Oportunidade Para Sair No Topo

Desde o dia em que saí do tapete, nas finais da NCAA em 1999, tudo o que eu pensava era em ser o campeão dos pesos-pesados da NCAA em 2000. Eu assistia às aulas, porque eu queria continuar elegível para combater. Mas, para além disso, tudo o que eu fazia tinha como objetivo o grande prémio. Se eu comia algo, era para me fortalecer para vencer o título. Se eu levantasse pesos, era com o grande objetivo na minha mente. Se eu colocava um pé no tapete para treinar, era para vencer de forma convicta, não importando o que acontecesse. Vencer o título dos pesos-pesados não era a maior coisa na minha mente – era tudo o que eu conseguia pensar.

Quando eu estava a atirar pesos-pesados de 94kg à volta do tapete, o programa de wrestling da UM ganhava publicidade, e tudo era centrado em mim. Lá estava eu: alto, loiro, e moldado. Eu arremessava adversários como nunca tinham visto num nível de colégio. Os media comiam e esgotávamos a casa em cada combate.

As pessoas vinham-me ver lutar, e eu adorava dar um show aos fãs. Entretanto, eu realmente poderia viver sem a atenção dos media. Eu estava a começar odiar isso.

Eu descobri rapidamente que podia manipular muitas pessoas e criar um interesse nos meus futuros combates baseado apenas nas palavras que saíam da minha boca. Mas isso não era um acto, era apenas eu mesmo. Eu fui criado para falar o que viesse na minha mente, e assim o fiz.

Se vocês pesquisarem, talvez consigam encontrar um artigo do Minneapolis Star-Tribune de 1999 que reportou um comentário que fiz sobre o que eu faria à Wes Hand, o peso-pesado de Iowa, e como a UM iria passar por cima deles como um rolo compressor. Apenas por causa desse comentário, nós vendemos todos os bilhetes. A universidade nunca tinha visto esse tipo de divulgação para uma equipa de wrestling. Mesmo naquela época as pessoas vinham ver Brock Lesnar.

Em vez de apenas reportar sobre a minha carreira no wrestling e talvez como é que eu preparava para o próximo combate, os media tornoram-se muito invasivos. Eles faziam demasiadas perguntas.

Um dia, eu decidi que já chegava. Eu disse a J que não iria cooperar mais com a imprensa. Eu apenas queria combater. A menos que estivesse a lutar, eu queria a que a imprensa estivesse bem longe de mim. Mas em vez de me deixarem em paz, os media queriam que eu falasse ainda mais.

Desde esse dia, a cobertura dos media tornou-se uma parte da fama que eu realmente não gosto. Eu adoro estar à frente do público, mas sempre odiei essa lixeira de “relações públicas”.

Eu tentei limitar o acesso dos media e ganhar mais espaço pessoal, mas quando eu fazia isso, eles ficam mais esfomeados. Eles eram como animais. Se vocês os alimentarem uma vez, eles voltam sempre para outra mordidela. E outra. E outra.

É por isso que eu aprendi bem cedo que não se deve alimentá-los mais do que uma vez por dia. Eles voltarão sempre, e eu tenho que guardar algo para lhes oferecer.

Eu fui para a escola de verão antes do meu último ano na universidade, mas também treinei no acampamento de wrestling de J Robinson para ganhar algum dinheiro. Eu iria iniciar o meu último ano, quando ouvi dizer que haveriam agora apenas 10 bolsas de estudos para o wrestling. Dez bolsas escolares significavam que, se eles quisessem adicionar mais lutadores, eles teriam que dividir bolsistas integrais em bolsistas parciais, ou que alguns lutadores teriam que pagar os seus estudos. Não havia bolsas de estudo que chegassem.

Vocês adivinharam. De seguida, eu fui informado que a universidade iria diminuir a minha bolsa de estudos já pequena para que pudessem dara outra pessoa. Eu fiquei realmente furioso. Eu estava a trazer fãs e dinheiro para o programa de wrestling, mas após 4 anos de esforços, eu estava cheio de empréstimos de estudante. Isso deixou-me quase furioso como perder para Neal, no meu primeiro ano. Toda essa situação ainda me incomoda.

Eu estava sozinho novamente. Embora, desta vez, eu estava no último ano, e eu sabia que seria a minha última oportunidade.

Eu apenas disse, “que se lixe”, e permaneci invicto até uma semanaantes do torneio Big Ten no final da temporada.

Era eu contra Wes Hand da Universidade de Iowa. Wes e eujá tínhamos lutado algumas vezes quando eu era caloiro, e ele já sabia como eu lutava. Eu ataquei-o e ele derrubou-me, e acabei por cair de costas. Quinze segundos de luta e estava 5-0. Na Divisão I do wrestling, isso significava que estavas acabado.

Eu não iria acabar assim... não para ele, nem para ninguém... eu continuava a dizer para mim mesmo “Tu éso Brock Lesnar, ninguém faz isto contigo...” e eu batalhei de volta. Mas ele continuava a dançar e a manter-se afastado de mim, com 5 pontos de vantagem. Eu consegui reagir e fazer 4 pontos seguidos, mas não havia tempo suficiente e Wes Hand derrotou-me por 5-4.

Não preciso dizer que eu fui humilhado— novamente. Eu já não tinha 5 anos de idade, mas a minha mãe ainda ralhava comigo. Ela era muito amorosa, embora rígida, mas eu mereci as broncas.

Quando eu fui ao Outback Steakhouse naquela noite, eu nem consegui acabar a minha carne. Estava enjoado com a derrota. Não tinha nenhuma desculpa para perder. Eu pensei para mim mesmo “Ninguém devia conseguir derrotar-me. Sou melhor que isto. Sou melhor que o Wes Hand.”

No entanto, quando olho para trás, a derrota foi a melhor coisa que podia acontecer comigo. Fez com que trabalhasse mais do que nunca e fez-me focar no torneio Big Ten, que foi o último combate importante antes dos campeonatos da NCAA.

Tanto para mim, quanto para Wes Hand, o maior combate das nossas vidas estava a uma semana de distância. Sessenta e quatro pesos-pesados... os melhores do país... competindo pelo Campeonato Nacional da NCAA. Se Hand e eu pudéssemos sobreviver as nossas tabelas de32 participantes, nós iríamos lutar pelo título. Eu mal podia esperar.

Foi um ano longo, desde que perdi para Stephen Neal, e esta era a minha última oportunidade de ser o campeão de pesos-pesados da Divisão I da NCAA. Eu queria muito vencer aquele título. Foi por isso que eu passei por toda esta porcaria. Eu percorri um grande caminho após a derrota nas mãos de Stephen Neal, e eu estava de volta às finais. Esta era a minha oportunidade de redenção, uma oportunidade de viver o meu sonho, uma hipótese de alcançar o meu objetivo.

Eu não consegui dormir na noite anterior ao campeonato da NCAA. O Rio Mississipi atravessava o campus, e eu fui até o local onde eu costumava correr.

Enquanto eu fiquei a observar ao lado do rio, eu disse para mim mesmo “Não há nenhum homem que me possa impedir de estar no ponto mais alto do pódio, como o campeão dos pesos-pesados da NCAA. Nem Wes Hand, nem ninguém irá ficar no meu caminho. Eu vou regressar a casa como campeão. Aquele título é meu.”

E então uma sensação de calma tomou conta do meu corpo. Eu voltei para o meu quarto e dormi como um bébé. Eu levantei-me no dia seguinte e nós voamos para St. Louis, Missouri, para os meus últimos combates como wrestler universitário.

Chegar às finais no meu último ano foi lixado. Eu perdi nas finais no ano anterior, e isso deixou-me incomodado todos os dias. E vocês conhecem a velha expressão: “Tudo o que pode dar errado, vai dar errado!”

Eu passei todo o meu último ano com uma lesão no joelho. Também tive uma glândula salivar removida cirurgicamente do meu pescoço durante a temporada. Eu não era o lutador que podia ser, mas estava determinado a ser bom o suficiente para me tornar no campeão da NCAA.

Sessenta e quatro rapazes foram convidados para o torneio da NCAA. Após os diversos combates terem acabado, sessenta e dois foram eliminados, e o cenário estava pronto. Brock Lesnar vs.Wes Hand pela terceira e última vez. E deixem vos dizer, era de roer as unhas. Nós lutámos para valer, e terminámos empatados. Portanto a luta teve prosseguimento. Ainda sem vencedor.

Quando fomos para o segundo tempo extra eu venci o lançar da moeda, o que me dava a opção de sair por cima ou por baixo de Wes. Eu sabia que teria vantagem saindo por cima dele, mas escolhi começar por baixo. Eu queria explodir dali. A melhor hipótese que tens de sair por cima do adversário é assim que o apito soa. É o elemento surpresa. Eu tentei começar junto com o apito, mas Wes parou-me.

Com o nosso combate a continuar, eu tentava levantar-me, mas Wes derrubava-me. Eu tentei mudar, eu virei-o com um “hip heist” (golpe de wrestling), e escapei a faltar 9 segundos. Um ponto para Lesnar. Eu consegui. Tudo pelo que trabalhei... todo o sacrifício... a dedicação... as dores... as esperanças e os sonhos da minha família, que tiveram que se sacrificar comigo... este era o momento pelo qual estivemos anos a lutar. Todo aquele esforço culminou num breve momento, quando fui declarado oficialmente como o campeão dos pesos-pesados da Divisão I da NCAA!


(Vencendo o campeonato de pesos-pesados da Divisão I da NCAA - Cortesia da Universidade de Minnesota)

Duas semanas antes disso, J Robinson tinha-me ensinado o “hip heist”. Foi em boa hora. Obrigado,J.

Traduzido por: Kleber (nWo4Life)
Adaptado por: FaBiNhO

No próximo capítulo: Brock Lesnar nos contará mais sobre a grande decisão de sua vida! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!
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