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Brock Lesnar: Death Clutch - Parte I (Cap. 3) | Literatura Wrestling


Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.

Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!


Parte I: Criado para ser um campeão
Recruta de Bosta

Eu rio-me sempre de cada vez que leio um desses artigos a dizer que eu era uma jovem promessa e que era mimado pelos meus treinadores e olheiros quando vim do liceu. Não havia uma disputa para me selecionarem na época do colégio. Sem dinheiro por fora. Sem carros caros. É tudo treta. Eu fiquei em 3º lugar no torneio estadual de wrestling em Dakota do Sul. Aquilo não iria exatamente colocar-me no radar nacional.

Uma coisa que esses artigos esqueceram de mencionar, e que muitas pessoas não sabem sobre mim, é que após o liceu eu não fui diretamente para a Universidade de Minnesota e lutar pela divisão 1 do NCAA. De fato, eu não fui recrutado por qualquer divisão escolar, e eu quase nem consegui chegar à Universidade de Michigan.

Já que as grandes escolas não me recrutavam, e eu realmente queria continuar no wrestling, eu iniciei a minha carreira escolar na Faculdade Estadual de Bismarck em Dakota do Norte, uma faculdade júnior. Já era mau não estar a lutar num programa grande; mas eu terminei apenas em 5º lugar no meu 1º ano. Ainda pior do que o 5º lugar, é que fui derrotado por um pequeno garoto rechonchudo cujo nome eu nem consigo lembrar e creio que ninguém mais se irá lembrar.

A derrota para esse rechonchudo sem nome foi um grande ponto de viragem na minha vida, porque não havia a mínima possibilidade desse rechonchudo ser capaz de me derrotar. Eu olhei para o sujeito que venceu o torneio e senti no meu coração que eu conseguiria derrotá-lo. Isso matava-me, porque eu nunca teria a oportunidade – o gordinho certificou-se de que nunca acontecesse. Desculpa por não me lembrar do teu nome, mas eu gostaria de dizer obrigado.

Naquele momento eu olhei para mim mesmo e fiquei sério. Eu jurei que seria o maior, mais forte, mais rápido e mais cruel filho da p*** que eu poderia ser. Eu queria ter quilos e mais quilos de músculos, treinei como se a minha vida dependesse disso, e comecei a esmagar toda a gente. Eu sabia que teria isso dentro de mim, e eu estava determinado a arrebentar-me na sala de musculação ou no tapete, todos os dias, enquanto eu aguentasse, até que eu estivesse no topo. Eu nunca desisto e não iria encerrar a minha carreira na faculdade como um derrotado.

Após aquele 1º ano em Bismarck, eu voltei para casa em Webster, Dakota do Sul, para trabalhar durante o verão e ganhar algum dinheiro. Os meus pais ajudavam-me o quanto podiam, mas eles eram pobres e manter a quinta custava-lhes muito. Eu não podia ligar para casa e pedir aos meus pais para me enviarem dinheiro. Eles não tinham o dinheiro para me dar. Eles faziam o que podiam por mim, mas eu não era como os garotos que dividiam o dormitório comigo. Eles tinham carros decentes e dinheiro para comer e passear. Eu nunca tive nada disso.

Quando eu regressei a Webster para o verão, eu sabia que tinha que arranjar um emprego. O meu objetivo principal naquele verão não era apenas conseguir dinheiro, mas também ganhar entre 11 a 13 quilos de músculo. Eu não queria ser um halterofilista, um daqueles sujeitos patetas e quase imóveis que são obcecados pelo o quanto os seus braços enormes parecem quando estão a usar t-shirts muito apertadas (embora eu também admirasse os meus pítons no espelho de vez em quando). Aquilo não era eu. Eu queria ser um atleta: forte, rápido e explosivo.

Tenho-vos a dizer, foi um grande verão. Trabalhei como operário na companhia de força REA em Webster. Todos os dias eu fazia o meu próprio almoço e trabalhava das 8 da manhã até as 3 da tarde. Depois exercitava com os meus amigos, Jason Nolte e Troy Knebal. Nós apenas levantávamos pesos. Estava determinado em não só aumentar a massa muscular, mas ao mesmo tempo ser um atleta melhor no geral. Portanto, não só me atirei logo aos pesos como um animal, eu alonguei. Isso mesmo, eu alonguei! Eu mantive o meu corpo flexível e móvel.

Todos os dias, íamos para o ginásio às cinco e meia da tarde. Sem desculpas. Era uma obsessão. Algumas vezes, conduzíamos até outros ginásios apenas para continuar o exercício, para manter as coisas agitadas, o sangue a fluir. Mas nunca falhamos um dia sequer.

Eu acho que toda a minha dedicação, a minha paixão por ficar maior, mais rápido e melhor, vem da minha mentalidade de ser um wrestler. Não estou falando de ser pro-wrestler, embora isso também requeira uma enorme disciplina e sacrifício. Eu estou a falar sobre o estilo de vida de um wrestler amador.

O wrestling amador não é apenas um desporto, é um estilo de vida. Tu respiras isso, como o ar. O estilo de vida consome-te. Assim que tu acordas, o teu primeiro pensamento é abastecer o teu corpo. Então, tu vais para rua e fazes alguns exercícios, porque queres que o sangue continue a circular e queres fazer os exercícios cardio necessários. Sempre a aumentar mais um quilômetro, mais um passo. Tu atacas os pesos como se um homem estivesse a morrer de sede e estás a pensar que terás de esforçar só mais um bocado para retirar água do poço. E depois vais para a cama, exausto, e descansas o suficiente para poderes levantar e começar tudo de novo, dia após dia.

Os atletas de hoje em dia são maiores, mais fortes e mais rápidos do que dantes alguma vez foram. Eles treinam mais duro e de forma mais inteligente. Uma pessoa não pode agora chegar ao topo de qualquer desporto apenas com talento. Os vencedores são aqueles que treinam corretamente e estão dispostos a qualquer sacrifício. A boa notícia é que eu tinha a paixão, estava disposto a ouvir os meus treinadores e estava sempre disposto a trabalhar mais e duramente do que qualquer um que me quisesse enfrentar.

O meu trabalho no verão compensou. Fui de 102 kg para 117 kg. Era flexível e era rápido. Ganhei músculos porque tinha uma boa genética – o meu pai e os meus irmãos são todos homens grandes – e eu, comia muita carne, bebia litros e mais litros de leite, comia cachos de bananas e trabalhava para caraças no ginásio.

Durante todo o tempo em que eu treinava, eu pensava na disciplina que tinha aprendido na quinta, e o quão importante isso era nos meus planos. Sabia que conseguiria e consegui. Na verdade, antes de regressar à escola, acreditava que conseguiria fazer qualquer coisa na minha vida.

No meu 2º ano no colégio em Bismarck, lutei no Darktronics Open no estadual de Dakota do Sul e derrotei o campeão (por duas vezes) da divisão II do NCAA na altura, Ryan Reisal. A seguir, lutei no Bison Open na Universidade Estadual de Dakota do Norte e arrasei no torneio. Foi aí que o treinador da Universidade de Minnessota, J Robinson e o seu treinador assistente, Marty Morgan me viram pela primeira vez.

O Bison foi o primeiro grande torneio do ano e muito dos seus participantes que deveriam desenferrujar depois de tanto andarem nos seus carrinhos durante todo o verão, a divertirem-se. Eu não. Eu passei muito tempo na sala de musculação e no ginásio todo o verão, portanto não estava enferrujado. Eu entrei parecendo que ia martelar alguém que me aparecesse no tapete.

Um dos atletas que era uma estrela da UM (Universidade de Minnesota) era um peso-pesado chamado Shelton Benjamin. Duas vezes All-American por Minnesota, Shelton não era de brincadeiras, e J queria solidificar o sucesso dele e criar uma grande equipa de pesos-pesados. Eu fazia parte desse plano.

Assim que me dei conta, estava num voo direto para Minneapolis para um recrutamento. Eu lembro-me do meu treinador do colégio júnior, Robert Finneseth, a dizer para nunca assinar nada, mas quando cheguei a Minneapolis sentia-me em casa. A UM não queria perder tempo, e eu assinei com eles naquele dia.

(Campeão por Bismarck em 1998)

Eu ainda tinha uma temporada completa no colégio júnior de wrestling pela frente, mas eu sabia o que queria e que já podia estar a ver isso a acontecer. Eu fiz 36-0 naquela temporada e venci o campeonato da associação atlética de colégios júnior nacional. Aqui vai um bocadinho de curiosidade para vocês. Eu fui o último atleta a lutar pela Faculdade Estadual de Bismarck. Eles desistiram do programa de wrestling após o meu último ano por lá.

O meu 2º ano acabou, eu era o campeão NJCAA (National Junior College Athletic Association), e estava a caminhar para lutar pelos Gophers. Ou assim eu pensei.

Traduzido por: Kleber (nWo4Life)
Adaptado por: FaBiNhO

No próximo capítulo: Brock Lesnar nos contará mais sobre um pequeno desvio no caminho para seu sonho! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!
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