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A Alternativa Fenomenal #14: Sucesso fora da WWE






Saudações a todos, e bem vindos a mais uma Alternativa Fenomenal. Creio que muitos dos leitores algum dia já pensaram no que acontece com os wrestlers que saem da WWE. É bastante comum ver casos em que determinado lutador ao sair da Big E, nunca consiga repetir o mesmo sucesso que fez anteriormente ao lutar por outra promotora. Isso leva muitos a pensar que a WWE seja o único lugar onde um lutador possa ser bem-sucedido e possa criar e manter uma carreira que o torne conhecido. No entanto, como mostrarei com alguns casos bastante chamativos, a afirmação de que se manter na empresa de Vince McMahon seja o único meio de obter o estrelato não é completamente verdadeira. Vários antigos WWE Superstars conseguiram manter o sucesso de que gozavam na WWE, e alguns chegaram a inclusive obter um sucesso que nunca chegaram a ter por lá, lutando nas empresas alternativas à Big E. E hoje mostrarei alguns destes nomes em meu artigo. 

É difícil dizer quando os diretores da WWE acharão que os serviços de algum de seus wrestlers deixarão de ser necessários. E isso é algo que os deixa assustados pela falta de expectativa quanto à continuidade de suas careiras. Mesmo que alguns consigam contratos com outras companhias, não é incomum que acabem tornando-se flops, acabando por caírem na obscuridade. Entretanto, nem todos perdem seu ímpeto, e até mesmo através de uma mudança de estilo, conseguem se manter (ou se tornar) relevantes para a indústria, independente de para qual companhia eles trabalhem. Os quatro casos que apresentarei aqui ilustrarão bem essa afirmação (maiores informações sobre os lutadores citados aqui poderão ser vistas em edições do Forgotten Superstars, do nosso colega Pablo). 




Primeiramente falarei do jovem Greg Marasciulo, conhecido por todos como Trent Barreta. Em seus tempos iniciais na WWE, Barreta junto a Caylen Croft formaram uma promissora tag team nomeada The Dude Busters, tendo conseguido algum destaque por entrar em feud com a Hart Dinasty de Tyson Kidd e DH Smith, tendo sido derrotados em todos os combates que tiveram. Em novembro de 2010, Croft é despedido da WWE, fazendo com que Trent passe a ser competidor de singles, e é a partir daqui que vemos que sua carreira uma vez dita promissora foi por água abaixo. Tendo se tornado um mero jobber com raríssimas aparições nos programas principais, restou a ele lutas com pouca relevância no Superstars, até o momento em que rivalizou com Tyson Kidd, onde o fim desta rivalidade fez com que ele se tornasse um lutador do NXT, tendo permanecido lá até janeiro de 2013, quando seu contrato acabou. No NXT ele também não passou de um jobber, tendo raras vitórias sobre Curt Hawkings e Tyler Reks. 


Após sua saída teve pequenas passagens por várias empresas, entre elas PWG, TNA e NJPW, sendo que nesta última que ele veio a obter a relevância que nunca teve. Depois de uma passagem em 2013 na New Japan, ele retorna em março deste ano (agora sendo chamado apenas de Barreta) para formar uma tag team com o ex-Forever Hooligan Rocky Romero, sendo conhecidos como Roppongi Vice. E junto a Romero, Barreta consegue seu primeiro título de prestígio no wrestling, quando durante a Invasion Attack 2015, eles derrotam os Young Bucks para conquistarem os IWGP Jr. Tag Team Championships (título este ganho com menos de um mês de formação da dupla). Eles viriam a perder o title um pouco menos de um mês depois, também para os Bucks, mas mesmo assim não saíram do cenário de disputa dos cinturões, e ainda fizeram sua estréia na Ring of Honor onde já competiram em diversas ocasiões, incluindo sua participação na excelente 3-way tag team match ocorrida nas Global Wars '15, onde combateram os Addiction (Kazarian e Christopher Daniels) e a The Decade (Adam Paige e BJ Whitmer). Barreta é um dos exemplos de lutador que aproveitou sua ida para uma empresa de estilo diferenciado da WWE para alcançar sucesso, mesmo caso dos próximos de quem falarei. 




Continuando na NJPW, falarei sobre Harry Smith e Lance Hoyt, conhecidos como David Hart “DH” Smith e Vance Archer na WWE. Começando por Archer, este teve sua carreira iniciada na TNA em 2004, onde ficou por 5 anos e conseguiu o NWA World Tag Team Title duas vezes junto a Kid Kash, enquanto atuou como seu guarda-costas. Após a saída de Kash da TNA em 2005, Hoyt tornou-se lutador de singles sem ter obtido grande destaque, até formar equipe com a Voodoo Kin Mafia (os New Age Outlaws da WWE), voltando a atuar como guarda-costas. Esta aliança durou pouco tempo e após separar-se dos VKM, ele forma uma equipe cômica com Jimmy Rave e Christy Hemme, a Rock ‘n Rave Infection, com quem conseguiu obter algumas vitórias contra equipes famosas (como a LAX e Abyss e Matt Morgan), mas também não obtiveram grande destaque. Já como Vance Archer na WWE, seus feitos de maior expressão foram uma razoável streak de vitórias, que foi encerrada na rivalidade com Shelton Benjamim, e seu tempo como parceiro de dupla de Curt Hawkings na tag team The Gatecrashers, sendo que este nunca ganhou nenhum title na empresa de Stanford. Archer costumava ser visto como um lutador de potencial na empresa, mas nunca passou disto enquanto trabalhou lá. 


Já Smith, após um começo na Stampede Wrestling do Canadá e uma passagem de um ano na New Japan, iniciou sua carreira na WWE em 2006, tendo no período de 1 ano passado por todos os territórios de desenvolvimento que a empresa possuía na época, até ser chamado ao roster principal em outubro de 2007. Já em 2008, ele foi realocado de volta para a FCW, pois o mesmo foi julgado como ainda não estando maduro o suficiente e para que pudesse melhorar suas ring e mic skills. Ele retornaria em 2009 ao roster principal lutando na ECW e logo em seu primeiro dia na brand, ajudou Tyson Kidd a obter uma vitória sobre Finlay, criando assim a equipe que o tornou famoso na WWE, a Hart Dynasty. Em junho, eles seriam movidos para o Smackdown, onde entraram em feuds com a Cryme Tyme e a Degeneration-X, sendo esta última pelos Unified Tag Team Championships, tendo sido superados pela D-X em seus combates. O momento de glória para a equipe veio no 2010 WWE Draft Raw Special, onde eles derrotam Big Show e The Miz e ganham os títulos de duplas. Este reinado durou um tempo aproximado de cinco meses, tendo sido encerrado no Night of Champions com derrota para Drew McIntyre e Cody Rhodes, que também venceram a rematch subseqüente. Isso fez com que os ânimos entre a equipe se enaltecessem até Kidd trair Smith e encerrar a tag team. Com isso DH foi restringido ao Superstars, com aparições esporádicas, até sua liberação em 2011. 

                                                                           Killer Elite Squad como NWA e IWGP Tag Team Champions

Ambos Hoyt e Smith se encontrariam em setembro de 2012, na NJPW (Hoyt como Lance Archer, e Smith como Davey Boy Smith Jr.) como membros da stable Suzuki-gun de Minoru Suzuki. Aqui eles formariam sua parceria que se estende até hoje, sob o nome de Killer Elite Squad (K.E.S.). O primeiro fruto desta nova parceria foi o IWGP Tag Team Championship conquistado sobre Tenzan Hiroyoshi e Kojima Satoshi no evento King of Pro Wrestling, em outubro do mesmo ano. Além desta conquista eles conseguiram chegar na final do torneio 2012 World Tag League, tendo sido derrotados por Goto Hirooki e Karl Anderson. Smith ainda participaria da 2013 New Japan Cup, onde sua maior conquista foi uma vitória no combate principal de um dos shows do evento sobre Nakamura Shinsuke (vitória ainda marcada como sendo a maior de sua carreira). A K.E.S. defenderia seu título outras 5 vezes ao longo do ano de 2013, além de conquistar o NWA World Tag Team Championship de Ryan Genesis e Scot Summers, até finalmente perderem o IWGP Tag Title de volta para Tenzan e Kojima. Em 9 de novembro no Power Struggle, em uma two-fall 3-way match, eles perderiam seus NWA Tag Titles para Jax Dane e Rob Conway na primeira fall, e recuperariam os IWGP Tag Championships de Kojima e Tenzan na segunda fall. Eles viriam a perder os títulos em janeiro de 2014, no Wrestle Kingdom 8, para o Bullet Club (Anderson e Doc Gallows). Os K.E.S. voltariam a ser campeões no King of Pro Wrestling, em outubro, ao derrotarem Kojima e Tenzan pelo NWA World Tag Team Championship, e durante a storyline conjunta da NJPW com a Pro Wrestling NOAH, venceriam Shane Haste e Mikey Nicholls, obtendo os GHC Tag Team Championships, sendo os atuais portadores de ambos os títulos. Os leitores podem perceber que em sua estada na New Japan, os dois lutadores puderam obter o verdadeiro sucesso em suas carreiras (sendo que ambos perderam muito de seu ímpeto/sucesso quando estavam no final de suas runs na WWE), tendo ganhado cinco mundiais de duplas em apenas três anos, fruto de uma maior liberdade para seu trabalho e de bookings mais coerentes, mesmo estando em uma empresa de estilo diferente do que estavam acostumados. 




Saindo do Japão e voltando aos USA, falarei agora sobre John Hennigan, conhecido pelo mundo pelos nomes de Johnny Nitro e John Morrison. Hennigan foi co-vencedor da terceira edição do Tough Enough junto a Matt Cappotelli, e estreou na TV a WWE em 2004 como um assistente do, na época GM do Raw, Eric Bischoff, sendo inicialmente chamado Jonhhy Blaze, e um mês depois tendo o nome alterado para Johnny Nitro. Ele retornaria para os territórios de desenvolvimento por mais um ano, após uma storyline onde ele perdeu seu emprego de assistente em uma luta contra Eugene, para em 2005 retornar para o Smackdown, e junto a Joey Mercury e Melina apresentou ao mundo a tag team que pavimentou sua carreira na WWE, a MNM. Junto a Mercury, John conseguiu três WWE Tag Team Championships, e rivalidades com grandes nomes da divisão de duplas da empresa de Stanford, como Eddie Guerrero & Rey Mysterio, Mexicools, Legion of Doom, Hardocre Holly & Charlie Haas e Paul London & Brian Kendrick. O time se desfez em maio de 2006, após a perda do titles para London e Kendrick e, seguindo a isso, Nitro foi draftado para o Raw onde passou a trilhar o caminho do Intercontinental Championship, que venceu em duas oportunidades, uma contra Shelton Benjamim e Carlito (numa three-way match) e uma contra Jeff Hardy. Em junho de 2007 ele seria movido para a ECW, onde ganhou por uma vez o ECW World Championship (momento em que mudou seu nome para John Morrison), e iniciou sua parceira com The Miz, com quem veio a ganhar mais uma vez o WWE Tag Team Championship e uma vez o World Tag Team Championship. Com a separação da dupla em 2009, Morrison prosseguiu com sua carreira de singles, vindo a competir em sua primeira luta pelo World Heavyweight Championship, onde perdeu para Jeff Hardy, e conseguindo seu terceiro reinado como campeão Intercontinental, após vencer Rey Mysterio, título este que perderia no TLC deste ano para Drew McIntyre. Depois deste reinado seus momentos mais marcantes foram na luta entre o Team WWE vs The Nexus no SummerSlam de 2010, e sua feud com R-Truth. Durante o tempo desta feud, Morrison ainda enfrentaria John Cena duas vezes pelo WWE Championship, sem vencer nenhuma das lutas. Ele ainda tentaria obter o United States Championship de Dolph Ziggler e o Intercontinetal Championship de Cody Rhodes, mas não alcançou a conquista de nenhum dos titles. 


Ele saiu da WWE em 2011, e fez uma larga temporada pelas independentes em 2012, onde competiu contra nomes como Jushin Thunder Liger, Kevin Steen, Sami Callihan (Kevin Owens e Solomon Crowe no NXT), Carlito e A.J. Styles, e também viria a vencer os títulos principais da FWE e da WWFX. Em 2014, ele ingressa na Lucha Undergorund, sobe a alcunha de Johnny Mundo, e na transmissão inaugural da empresa, vence Prince Puma no main event do show, luta esta considerada uma das melhores do ano. Em janeiro de 2015, ele participa da Aztec Warfare match, onde foi o segundo lutador a entrar e o último a ser eliminado, perdendo apenas para o eventual campeão, Puma. Em seguida, Mundo se envolveria em uma rápida rivalidade com King Cuerno, de onde veio a primeira Steel Cage match da companhia, vencida por Johnny, e em maio ele sofre seu primeiro heel turn, envolvendo-se na luta entre Hernandez e Alberto El Patrón pela posição de desafiante ao LU Championship, e atacando Alberto. Com sua nova faceta heel, ele enfrenta Puma mais uma vez, agora na primeira Iron Man match da companhia disputando o LU Title vindo, no entanto, a perder o combate, após interferência de El Patrón. Ele segue sua rivalidade com Alberto e na Última Lucha, com a ajuda de sua mulher Melina, enfim derrota o mexicano, sendo no entanto destruído pelo mesmo após o combate. Diferente dos outros três citados, Hennigan desfrutou de enorme sucesso na WWE, mesmo sofrendo uma certa queda de exposição e uma streak de derrotas no final de sua passagem pela Big E. Entretanto com sua ida para a LU, ele conseguiu se manter relevante para a indústria, participando de combates que inauguraram algumas estipulações na LU, bem como apresentando lutas bastante elogiadas pela crítica e pelos fãs de wrestling. 

Como foi possível ver nestes quatro casos, a WWE não necessariamente vem a ser o ponto mais alto da carreira de um wrestler. Dos quatro lutadores citados, dois nunca tiveram grande relevância na empresa, um alcançou um pequeno sucesso e outro foi muito bem sucedido, sendo que após suas saídas, eles conseguiram todo o verdadeiro destaque que falharam em obter, enquanto empregados de Vince McMahon (no caso de Hennigan, ele conseguiu manter seu destaque no cenário mundial). Finalizo aqui o artigo, deixando aos leitores que digam em seus comentários se desejam mais uma parte deste assunto, com outros exemplos de sucesso fora da WWE, e sobre quem se deve falar neste futuro texto (caso seja solicitado por vocês). Aproveitem o texto, e até a próxima.
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