Ultimas

Slobber Knocker #54: Algumas coisinhas à antiga...


Mais uma semana se passou e mais umas boas-vindas vos dou ao Slobber Knocker. Para esta semana trago-vos um artigo que poderia passar por artigo de queixume mas está longe disso porque eu também estou longe de me andar a queixar de isto e de aquilo. Também podia ser um artigo de saudosismo. Também não é, mas sempre anda lá mais perto....

Para esta semana decido resgatar alguns factores “antigos” do wrestling – antigos, claro, dos meus tempos iniciais, com o meu tempo vitalício não dá para haver muitas antiguidades – e vejo se há maneira de os inserir nos dias de hoje. No fundo é um “até gostava que houvesse”, fundido com um “será que dá” com alguns toques de “quem sabe ainda vem outra vez”. Não dá para entender? Então o melhor é começar já a listar factores desses. Talvez concordem com alguns:

Brand split


Esta aqui não só deixa saudades como começo a sentir também que faz falta. E nem é só porque com cada programa a ter o seu plantel há mais tempo para alguns Superstars do lowcard. Isto faz falta até para ver se arrebita um pouco a importância dos programas. E com “programas” refiro-me ao Smackdown.

Actualmente, o programa das Sextas-Feiras não parece ter metade do ímpeto que tinha há alguns anos atrás. Como assim? É um programa secundário autêntico. Sempre foi mas antes ainda era um “secundário prestigioso”. Agora por vezes parece um programa sem fôlego, cheio de recaps do Raw e cujas coisas importantes acabam por ser repetidas no Raw seguinte. Com isso assim realmente… Qual é a necessidade de assistir ao Friday Night Smackdown? Todos os que lá andam aparecem no Raw… Mas nem todos que aparecem no Raw aparecem no Smackdown, por exemplo, o título da WWE mal lá pára. Mostra o programa como não sendo suficientemente digno de receber a mais alta “hierarquia” da WWE. Então como se resolvia isso? Se o Smackdown tivesse o seu próprio plantel com força para se segurar a si próprio e para se emancipar do Raw, já podia arrebitar. Porque é que víamos o Smackdown? Porque era completamente diferente do Raw, era um mundo à parte! Um rebound para cada show com o ponto mais importante e siga… Nem precisam de se cruzar muito.

Isto a meu ver. Comecei a assistir em 2005 e o meu horário e acesso à TV só me permitia ver o Raw. O Smackdown para mim ainda era um mistério, um mundo desconhecido. De vez em quando aparecia-me o “Smackdown Rebound” que até me deixava com vontade de ver o que lá se passava – e a malta toda só a dizer louvores de gente como Undertaker, Rey Mysterio, Eddie Guerrero, Chris Benoit ou Randy Orton ainda mais. Foi só em 2006 que consegui ter acesso e possibilidade de seguir por um bocado os dois shows e adorava a separação e às vezes competição – pouco se mencionavam um ao outro por acaso – que havia entre as duas. Se visse um Superstar do Smackdown no Raw ou vice-versa era um alarido e eram essas cenas de “hábito de ver um gajo entre umas cordas de certa cor” que faziam do “draft” tão emocionante. Agora anda tudo lá à balda e não há nada ainda a tirar-me a vontade de ver todos os shows, mas essa parte deixa saudades. Mas creio que sucedi na separação das razões: a parte do útil – expliquei porque seria benéfico actualmente – e o agradável – a minha nostalgia.

É tudo muito giro mas há outra parte que me lembro da altura e que até era gira mas não sei se valia a pena fazer outra vez – não é “não sei”, não dava mesmo.


PPV’s exclusivos de brands: Isto acontecia e na altura não lhe víamos nenhum mal, mas não era propriamente o melhor sistema. Só os 4 grandes é que juntavam os dois. De resto alternava entre um PPV do Raw e outro do Smackdown. Uma vantagem: mais tempo de build-up. Desvantagem: quase todo o resto
Se olharmos para trás e recordarmos esses PPV’s, para nós são uma maravilha porque é inevitável: tudo era melhor antes que o que é agora, porque as nossas memórias superam sempre o presente. E nem é no wrestling, é em tudo, e é isso que está na origem de tanto heat para o wrestling actual sem que a malta se aperceba ou tente sequer pensar no assunto. Mas isso é outra história que não quero estender muito aqui porque até dava para um artigo inteiro. Retomando, lembramo-nos de tudo como sendo muito bom mas analisando à lupa… Havia muita coisa fraquinha. Principalmente com o Smackdown que, mesmo tendo mais força do que agora, ainda era um programa secundário.

Muito simples, vejam. Eventualmente as duas brands fundiram-se em todos os PPV’s, o que fazia com que os eventos tivessem uma metade dos combates para cada brand. Mas com o mesmo número de combates que os PPV’s tinham anteriormente para só uma brand. Como enchiam um card então com o dobro dos combates para uma brand? Simples, com chouriço suficiente para vir a mulher da fava rica. Combates no lowcard de pouco interesse suficientes para ter muitas pausas de casa-de-banho. Vejam o No Mercy de 2005… Aquele Bobby Lashley vs Simon Dean foi mesmo um combate de PPV! Portanto isso na altura não era muito bom… Hoje era um desastre. Desculpem o termo calão mas, às vezes cagam-se todos para bookar com o que têm, quanto mais se tivessem que cumprir isto. Teriam que conseguir um processo criativo demasiado sólido para obter isto e actualmente é difícil – mas não impossível.

Portanto nesta parte… Caía-me bem um brand split, com os PPV’s tinham que ter mais calma e manter-se pelo seguro. Mas como sempre, isto sou só eu a dizer. Vamos a outro factor:

Divisão Cruiserweight


Esta aqui acho que agora até é unânime: todos gostavam de ver alguma acção de pesos leves. Título retirado – primeiro retiraram-lhe a honra e então depois é que o retiraram definitivamente – por dificuldade em manter uma divisão propriamente dita. Hoje dava? Até dava, mas se calhar temos que assumir que a tal brand split acontecia primeiro, para colocar o título Cruiserweight no Smackdown com algumas aparições nos programas “terciários” – já era o que acontecia antigamente, muito campeonato se disputou no Velocity.

Porque é que isto era favorável à WWE? Ora essa… Porque raio é que havia de ser desfavorável? Qualquer um gosta de assistir a uma boa acção rápida e atlética e o que não falta lá naquele plantel é malta leve com quem não sabem bem o que fazer e tinham aqui uma porção do tempo de antena para eles. Para além disso, do outro lado, apesar de não estar no seu ponto mais alto, ainda existe a X Division. E na sua missão cumpre: grandes combates que nos dão. Portanto no sentido de competição saudável também poderiam colocar no midcard mais baixo estes tipos a dar combates que com certeza seriam de qualidade – tendo em conta o talento que lá têm. Fica a questão: dava para fazer uma divisão Cruiserweight? Vejamos:


- Adrian Neville
- Evan Bourne
- Hunico
- Justin Gabriel
- Daniel Bryan (já há mais e melhor para ele, mas como é só para juntar aqui nomes…)
- Bo Dallas (como ele já subiu, de acordo com o WWE.com… Não vejo que fazer com ele)
- Primo & Epico (de vez em quando, um ir lá dar um saltinho se o outro não estiver disponível. Ainda são necessárias tag teams)
- Heath Slater
- Rey Mysterio (se ele sempre conseguir regressar. E é para colocar malta over, mais nada)
- Santino Marella (de vez em quando só para umas risadas, muito apatetado para representar essa divisão)
- Seth Rollins (talvez, porque para este já lhe vejo coisas muito maiores pós-emancipação dos The Shield)
- Sin Cara
- Tyson Kidd
- Yoshi Tatsu
- Brad Maddox (se alguma vez quiserem fazer dele um lutador a sério, mas não me cheira)
- El Local (se não for muito puxado, pode manter as duas personagens)
- Percy Watson
- Sakamoto
- Sami Zayn/El Generico
- Richie Steamboat
- Xavier Woods


Malta nova que podiam trazer:

- Alex Shelley
- Davey Richards
- Adam Cole
- Grizzly Redwood (só porque quando penso em gente pequena, vem-me logo este à mente)
- Mason Andrews (só porque podiam ter aproveitado o Harold)


Malta velha que podia vir outra vez se quisessem:

- Tajiri
- Brian Kendrick (a ver é se fuma menos erva)
- Kid Kash (porque perdi-me e já não sei se ele ainda faz parte do roster da TNA)
- Paul London (já anda ocupado com outras coisas mas que se lixe, é o atirar de nomes ao ar)
- The Hurricane (esta gimmick em específico por ser tão brutal)
- Kaval


Então se calhar até dava para fazer qualquer coisa. Se vocês também gostavam de ter esta divisão de volta manifestem-se. Talvez pudessem reerguê-la com um torneio. Mais algum nome que tenha falhado – ou que gostavam de lá ver – estejam à vontade para acrescentar. E também não sei se todos os nomes que listei aí serviam. Vejamos mais coisas à velha guarda:

Dois títulos de tag team


Eu sei. É impossível. Mas eu sou capaz de ainda estar a ligar à brand split. Se calhar até mais valia fazer um artigo a dizer “Quero a brand split de volta” e depois falava disto tudo. Mas por acaso também me deixa saudades existir dois pares de cintos diferentes: um para o Raw e outro para o Smackdown, falando da tal split.

Porque é que não é possível? Porque esta divisão anda a precisar de ajuda. Já melhorou bastante e mesmo que a divisão em si ainda esteja em desenvolvimento, os títulos pelo menos parecem ter recuperado bastante valor. Está na posse de dois grandes Superstars ex-Campeões Mundiais, bastante over com o público e que às vezes até fecham os programas televisivos participando no main event. Colocar os Shield atrás dos títulos também favorece. Afinal de contas temos o grupo que já derrubou todos os heróis que haviam para derrubar, fez de todos os meninos de topo suas vítimas e até Undertaker já derrotaram. Se depois de tudo isso ainda têm os títulos como um objectivo, é claro que tem que se lhe atribuir valor.

Se quiserem pegar a partir daí nas equipas que têm, dar-lhes tempo, dar-lhes força, criar mais algumas, trazer algumas novas de modo a que dê para dividir as equipas para dois lados. Mas para já, simplesmente não dá nem para sonhar com os dois títulos de equipas. Para que é que servia? Para existir dois tipos de Campeões Tag Team: os primeiros, os World Tag Team Champions seriam uma dupla de lutadores consagrados recentemente aliados. A equipa tinha fáceis conexões com o main event e estavam no Raw. As storylines eram mais pessoais e cruzavam-se mais facilmente com outras. Os outros, os WWE Tag Team Champions estariam no Smackdown e pertenceriam às Tag Teams que assim o são: não vêem os competidores noutro sítio. As feuds eram mais baseadas em competitividade do que em conflitos pessoais e posicionavam-se normalmente no midcard por vezes entre o médio e o baixo se coisas mais importantes forem acontecendo. O título para os Usos, Prime Time Players, Tons of Funk, Wyatt Family, etc. Se analisarmos bem é como estava antigamente: um título para tag teams, um título para tag teams de upper midcarders e main eventers, sempre com possibilidade de aparecer uma equipa de um tipo a disputar pelos títulos do outro. Essa distinção nunca seria reconhecida sequer.

Mas claro, isso é simplesmente impossível de acontecer agora. Estas minhas sugestões de cenários – todos, mas este em especial – são para casos mais fantasiosos, assumindo que no futuro existia uma viragem. Porque condições para isto agora não há. Outra coisa que faz falta:

Raw de volta ao formato de 2 horas


Pronto, já percebemos. Foi tudo muito bonito isto do Raw inovar e dar um passo na evolução do wrestling televisivo, tendo um bloco semanal com 3 horas. Mas já percebemos que o tempo não está a ser propriamente bem aproveitado para dar tempo de antena ao pessoal da mó de baixo. As coitadas das Divas parece que têm que comprar o tempo delas. E temos recaps suficientes para tirar um programa só disso.

Portanto mais vale recorrer ao “less is more”. Menos tempo mas melhor aproveitado. E já têm as 3 horas outra vez para os especiais porque agora como é que fazem isso se quiserem destacar mesmo muito um programa? Vai ter 4 horas? E a malta não faz mais nada da vida a não ser dar-lhes tempo? 2 horas sempre chegaram para o que era preciso, afinal de contas, isso das 3 horas nem um ano tem e o Raw tem 20 anos. E já teve uma hora só. Portanto mais vale uma revisão de valores na equipa criativa e fazer um programa só com duas horas mas bem recheado.

O problema talvez sejam os patrocínios, naquela hora extra deve ter dinheiro suficiente para fazer o Vince espumar-se. Mas ficou a minha sugestão que é mais que legítima para esta lista. Vejamos um último factor de interesse que eu me tenha recordado:

Programas do formato Velocity/Heat


Até era giro trazê-los outra vez mas não é por aí. O que foi já foi, paciência. O interessante é que acho que esta era a intenção do Superstars há um tempo atrás. Actualmente o WWE Superstars é um programa de revisão do Raw com 2 combates pelo meio envolvendo low carders e/ou midcarders sem lugar em TV nessa semana. Mas podiam dar-lhe mais alguma importância. Nem precisava de ser assim tanta… Só pelo menos dar a entender que sabem que aquilo existe. O Superstars devia ser isso mesmo: tempo de antena para a malta lá de baixo, também era isso que acontecia no Velocity e no Heat. Mas com algum propósito. Criem alguma continuidade, haviam rivalidades mesmo que pequenas no Velocity e no Heat. Tragam a malta nova para ser testada, try-outs televisivos, malta do NXT a provar o ringue… No Velocity e no Heat já lutou gente como Bobby Roode, AJ Styles, Kazarian, Velvet Sky e até o Bryan Danielson já lá andou antes a lutar contra o Cena. E nunca fizeram parte do roster da WWE, propriamente.

Como é que eu dividia os programas da WWE? Resumidamente, o Raw e o Smackdown, não preciso adiantar nada, já disse anteriormente. O Superstars devia funcionar como Velocity e Heat, programa para o lowcard mas com um mínimo de importância. O Main Event podia ser aquela real fusão entre Smackdown e Raw, tendo em conta que se separavam em brands. Traziam dois angles de importância decorridos nas passadas Segunda e Sexta-Feira para acrescentar mais algum ponto a uma história. E pelo meio então, era aqui que podiam encher isto de recaps se acham que a gente tem assim tão má memória. Para combates à sorte serve o Saturday Morning Slam, se não acabar como se prevê. Esse está bem como está, serve para o que serve.


É claro que eu sou ninguém para dizer como é que a programação da WWE devia funcionar e se eles assim não o fazem, é porque assim não o querem fazer. Eu continuo a assistir semanalmente sem me queixar. Eu é que precisava de assunto para escrever e decidi buscar algumas coisas ao baú.

Agora para concluir vou apresentar uma rápida lista antónima do artigo. Na primeira pessoa e utilizando o verbo “precisar”, vou tomar uma atitude egoísta e listar tais coisas à antiga que a mim não me fazem qualquer diferença a sua ausência. Muitos salivarão por alguns deles mas eu muito simplesmente não preciso:

- Não preciso do título Hardcore. Era excelente na altura e dava em momentos engraçados. Mas gastou-se a “gimmick” e já não há nada novo a fazer com ele actualmente;
- Não preciso de TV-14
- Não preciso de segmentos erótico-sugestivos com Divas. Sou um gajo como outro qualquer mas não é isso que elas precisam.
- Não preciso da WWECW. Também já foi feito tudo o que havia a fazer na altura e duas brands já seriam suficientes.
- Agora para ser apedrejado em praça pública: Não preciso de Batistas nem de Goldbergs.
- Não preciso de sangue. Há combates em que fica bem para contar uma história, mas não é uma urgência.

Claro que apenas falo por mim. Se listei algo que vocês quereriam, tudo bem. E se de facto, um desses se concretizar a vosso favor, óptimo, também não digo que me oponha a qualquer um desses pontos. Falo por mim e fico-me por aqui. Agora a palavra é passada a vós e falem por vocês: que factores “à antiga” dos vossos dias iniciais gostavam de ver recuperados? Comentem sobre tudo isso, sobre o artigo, sobre o que eu disse, se é disparatado ou não, tudo o que quiserem. Para a semana, farei por cá estar.

Cumprimentos,
Chris JRM
Com tecnologia do Blogger.