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Slobber Knocker #31: Clones e reciclagens (Parte 2: Storylines)



As minhas boas-vindas a todos, assim que regresso após a ausência de uma semana, para mais uma edição do Slobber Knocker. Venho retomar o assunto que deixara em aberto na última edição e que não pude realizar de imediato porque a saúde decidiu não estar do meu lado e adoeci antes de poder trabalhar nisto. Mas cá estou eu de novo e ainda não me esqueci do que ia fazer....

Retomemos então onde ficamos. Depois de apontar vários casos de gimmicks que são clonadas ou recicladas, é agora a vez de olharmos para as storylines. Até pode ser este caso que se torne mais infame porque é um enredo, um acontecimento que se tenta vender como real naquele universo em que se insere, mas estamos a ver e pensamos “Eu já vi isto… Porque é que este fulano está a cair na mesma esparrela que outro há uns anitos atrás?”. No entanto este é o mesmo universo em que todos caem no mesmo erro de tentar soquear o Cena da mesma forma após o Shoulder Block… Por esta altura já deviam saber que ele desvia-se sempre e prepara o seu “Moves of Doom Combo”.

Mas não é isso que está em questão agora. Olhemos então para vários casos diferentes de histórias que vão sendo recicladas, mesmo que de forma diferente, ao longo do percurso do nosso mundo do wrestling:

Screwjobs


O grande dos grandes nem sequer foi história e foi autêntico. Mas rendeu falatório posterior e suscitou interesse. Portanto as contas eram tão básicas como um “2 + 2”. Isto viria a ser usado como angle no futuro e não ia ser só uma vez, assim que se quisesse uma história controversa, lá iriam meter o desgraçado do árbitro ao barulho. O próprio Earl Hebner não se safou mais disso e até há bem pouquinho tempo andava a roubar vitórias para a Madison Rayne numa história totalmente parva que por acaso durou pouco. O caso mais directo ao “Montreal Screwjob” deu-se no ano passado naquele que foi o melhor PPV da WWE em muito tempo. Referência directa porque pretendiam mesmo espelhar o caso: no Money in the Bank 2011, CM Punk enfrentaria John Cena pelo título da WWE na sua terra natal. Era o final do seu contrato com a companhia e se vencesse, deixaria a companhia com o cinto. E Vince faria tudo para não o deixar fugir com ele e embaraçá-lo. Daí que tentasse repetir a acção de Montreal, apenas para ser impedido pelo “Goody Two Shoes”, joga pelas regras Cena, que até lhe custou o combate. E temos um dos melhores angles num dos melhores combates que a WWE nos apresentou em anos recentes.

Isto o primeiro exemplo que salte à cabeça. Mas se utilizarmos a nossa memória baseando no que estiver mais fresco, temos um caso bem mais recente e de novo envolvendo CM Punk. Brad Maddox e Ryback. Com muitas previsões que eu tentei atirar ao ar para o final desse combate há 2 SK’s atrás, não me ocorreu a utilização do árbitro. E lá foi ele, por conta própria, pelo que ele disse, dar a vitória a Punk. Apetece-me dizer “Ryback screwed Ryback”.

Grupos e stables


Há poucos por onde pegar realmente. Mas é daquelas histórias que nos suscitam sempre interesse, daí que se aposte muito nisso. Indo muito atrás para os Four Horsemen e os seus mais lógicos seguidores Evolution. A versão mais fraca dessa foram os Fourtune (depois só Fortune) que andaram numa história pouco boa contra um outro confuso grupo, os Immortal. Rivalidades e turns à la Russo, siga em frente. Pelo meio a WCW chocou tudo e todos quando apresentou os nWo liderados por um Hulk Hogan a Heel, algo que apanhou toda a gente pelos tomates, desculpem o termo. Entretanto, a WWF andava às voltas com os D-Generation X que colocavam parte da atitude em “Attitude Era”, nem que fosse da forma mais infantilóide, enquanto que a parte mais obscura ficava a cargo de Undertaker e os seus Ministry of Darkness – IT WAS ME AUSTIN! IT WAS ME ALL ALONG! E enquanto tudo isto se dava, uns conservadores tentavam endireitar as coisas: os Right to Censor andavam a tentar censurar todo o conteúdo da WWF e a converter pessoas para o seu lado mais conservador. Da mesma forma que anos depois andava um louco profeta a tentar converter o plantel inteiro para o estilo de vida limpo e juntar-se aos “Straight Edge Society”. CM Punk, líder desse grupo, ainda liderou outro mais tarde na sua segunda encarnação, quando a primeira era baseada em destruir tudo o que aparecesse à frente: os Nexus voltaram a suscitar interesse por parte do público e perdeu algum assim que se dividiu e formou os menos potentes The Corre. E depois de destruição dum lado, na TNA andam os Aces & 8’s a dar dores de cabeça a todos os membros do roster. E ainda quero atirar aqui umas referências aos Nation of Domination, Legacy, La Familia ou até os 3MB, porque não consegui ligações para eles. E quantos grandes não faltarão aqui… Acho que já me fiz entender e não preciso de explicar mais…

YOOOOOOOU’RE FIIIIIIIIIIIIRRRRRED!!!


Se a frase do título não for lida com voz e histerismo de Vince McMahon então nem vale a pena continuar a ler. Mas nem precisa de ser com Vince, o que não falta são histórias que culminam com alguém a ir embora, seja a sério ou como parte da história. O certo é que se fossem a basear-se em despedimentos em TV, a Linda McMahon estava bem lixada na sua campanha – espera aí, ela estava lixada de qualquer maneira. Foi há poucos dias que nas minhas explorações de baú assisti a um combate entre Mr. Perfect e Ric Flair em 1993, ainda o Raw era uma criança recém-nascida. Neste caso, a estipulação foi colocada pelos próprios como um desafio, quem perdesse ia embora. E lá foi o Flair para a WCW. Mas muitas das vezes a estipulação era acrescentada pelos chefes, seja marcando um combate entre dois e quem perdesse ia – ou colocando, digamos, uma maleta Money-in-the-Bank contra uma carreira num caso bem recente – ou para fazer a vida negra a um dos heróis, colocando-o num desafio difícil e com as probabilidades contra si, para que ganhe e preserve o seu emprego. Uma figura de poder pode despedir alguém só porque não o consegue lixar de outra forma, apenas para acabar ele lixado e despedido. No caso de Cena, agora ele anda em risco de ser despedido todos os anos, o desgraçado tem a vida difícil… Mas não tão difícil como o JR.


E claro que a nossa forma favorita de ver alguém a ser despedido não é por uma figura de autoridade qualquer a mandar um Superstar embora no backstage. É mesmo com um Vince denegrido a gritar até quase lhe rebentar as veias. Mítico.

Face Turn do “underdog”


Muitos heels adoram ter o seu cão. E não, não me refiro à Torrie Wilson a levar a sua Chloe para o ringue – PUPPIES! – ou ao Junkyard Dog. Aquele seu ajudante que lhe faz muito do trabalho sujo, oferece-lhe umas quantas vitórias e faz de tudo para agradar o chefe. Mas mesmo assim é mal tratado. Um Virgil para um Ted DiBiase. Ou um caso mais recente, um Alex Riley para um The Miz. Acontece muitas das vezes, o desgraçado do cão fartar-se e atacar o “dono” para grande aprovação dos fãs. Às vezes só com um soco, uma “Turn a um murro de distância” que eu acho que já escrevi um SK com esse título.

Outro caso semelhante é o de Tag Teams. Estava até a pensar em colocar o caso de equipas em separado, mas achei-o muito semelhante a este caso. The Rockers, grande equipa, entusiasmante, atléticos, cheios de carisma e química. Até que Shawn Michaels choca tudo e todos e aplica o Sweet Chin Music ao seu ex-parceiro em plena “barbearia” de Brutus Beefcake. Daria origem a uma longa feud entre os dois, onde Marty Janetty seria o “underdog” a lutar contra as garras malvadas de HBK. Em mais uma visita ao baú, assisti ao combate entre ambos no Royal Rumble de 1993 – ainda faltavam uns mesitos para eu nascer, vá-se lá a ver – pelo título Intercontinental de Michaels. Um combate belíssimo e um autêntico “sell fest”. Mas lá está, voltando ao caso, são muitos os casos de equipas a romper-se – para pena de muitos, porque depois a solo às vezes não vão a lado nenhum e perde-se uma boa equipa – onde um dá num Heel manipulativo e o outro num Face “underdog” mas duro.

Figura de autoridade vs Empregado rebelde


Funciona para os dois lados. A figura de autoridade tanto pode ser boa ou má, assim como o empregado. A primeira que salta à mente é Austin vs McMahon. E a segunda também. E muito possivelmente a terceira, a quarta e a quinta também. Foi a que melhor definiu este conceito e neste caso o público estava do lado de Stone Cold, o empregado rebelde – e o mais rebelde deles todos. Isto já foi reproduzido várias vezes depois com outros indivíduos como John Cena que já andou às turras com Eric Bischoff, para depois ser a causa do despedimento de John Laurinaitis e andar agora às voltas com um problemazito com Vickie Guerrero – o que por sua vez insere-se numa storyline reciclada. No entanto, quem melhor teve uma rivalidade com Laurinaitis foi obviamente CM Punk, aquele em quem se encontra mais paralelismos com Stone Cold. No entanto também se invertem os papéis e a figura de autoridade ser a favorita dos fãs. Com o próprio CM Punk, no seu bem recente confronto com Vince McMahon – o mais próximo de um Austin vs McMahon actual que se pode pensar. AJ quando estava no poder também tinha que lidar com muito, sendo o especial Vickie Guerrero, em quem ela não tinha problemas em dar uma lição física. Recentemente na TNA, Bobby Roode cuspia na cara da autoridade e teve que se ver com Sting que não estava com meias medidas para lhe dar umas surras. E não muito antes, o próprio Sting andava numa “rampage” de insanidade contra Hulk Hogan e Eric Bischoff numa tentativa de trazer o verdadeiro Hogan de volta.


Muitos casos diferentes, mas nenhum deles reproduz o clássico segmento no hospital, rixas daquelas não se fazem entre lutadores sequer…

Casos românticos e outros afins


Concluo com este porque também tem sempre que haver. O que não falta são alianças entre casais para andar a namoricar à frente da câmara ou para tramar alguma contra alguém. Também dá para os dois lados, tanto pode ser um casal venenoso que se juntou principalmente pelos seus gostos por vingança ou simplesmente atraem-se pelo facto de gostarem ambos de poder e conseguirem usar-se um ao outro para subir. Mas também é possível que seja um casal todo “fofinho” que andassem todos a torcer para que ficassem juntos, que até podia começar com uma relação que um dos integrantes tivesse anteriormente que não fosse a ideal. Uma data de lamechices que até são muito usadas e o público nem se importa, nem eu – não envolvam é a Paige com ninguém, essa quero-a para mim. Existem é variações diferentes. Casos de “encorneamento”, casos abusivos – depois pode-se culpar a parceira pela derrota de 18 segundos também – ou claro, a de casos secretos que anda agora a dar que falar. Fixe fixe era fazerem uma história em que se alega que um lutador anda a ter um caso com outro lutador, isso sim ia suscitar interesse e audiências. Era as moças todas a especular e a fazer imagens na cabecinha com o Cody Rhodes e o Justin Gabriel… Fazer isso entre Divas ia atrair uma certa população também que não costuma ver wrestling e perde mais tempo a gastar o cartão de crédito na Internet, mas acho que esses podem-se deixar estar.

É também não esquecer os casos de “A Bela e o Monstro” que normalmente são apoiados pelos fãs porque seguem aquela história do “aspecto não importa” e isso tudo. É possível que ainda se lembrem da história da Kelly Kelly com o Balls Mahoney – e ela era pouco mais que uma criança – e o caso atroz que eu e as outras 3 pessoas que ainda viam o NXT Redemption tiveram que gramar: AJ e Hornswoggle – muito fraterniza, esta rapariga… Um caso semelhante pode ser o de Daniel Bryan, não propriamente com AJ mas antes quando o tentavam vender como um “nerd” de primeira água e andava sempre com as Bellas a tiracolo. Isto até se descobrir que ele andava todo o tempo enrolado com a Gail Kim. Um tipo de má sorte, ele.

E são estes os casos que tenho a apresentar esta semana, espero que tenham gostado do artigo – de ambos os artigos, isto foi dois em um… Ou um em dois, melhor dizendo – e da ideia.

Como sempre, é uma pequena lista que apenas engloba o que eu me lembrei, certamente que existirão muitos mais casos que eu deixo a vosso cargo de apontarem na caixa dos comentários que pertence totalmente a vós. Juntem à vossa opinião sobre este assunto de reciclagem de histórias, outros tópicos – se acham que é bom, se é inevitável ou se mostra falta de imaginação. Tudo o que quiserem dizer.

Assim me despeço, para a semana se não voltar a chocar alguma, regressarei com um rescaldo ao Survivor Series – peço desculpa aos que acham esses os artigos mais chatos mas comprometi-me, está comprometido!

Cumprimentos,
Chris JRM
Com tecnologia do Blogger.