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Slobber Knocker #27: À castanhada com os fãs



Bem-vindos a mais um Slobber Knocker! Cumprimento-vos como habitualmente e introduzo um tema que anda fresco ultimamente. Ainda bem nos lembramos do incidente do Raw em que Punk não teve muita paciência para alguns fãs alegadamente abusadores e deu-se a entender de forma mais física. Quem já não gostava dele, ficou a gostar menos e é bem possível que quem já gostasse ainda ficou a gostar mais.....


O certo é que cada vez mais se tem encontrado razão para Punk e cada vez mais se chega a acordo de que os lutadores estão no seu direito de defesa. Mas afinal… Têm ou não razão? Analisemos alguns momentos na história do wrestling assinaladas por caricatos momentos em que um lutador não aguenta e submete-se a andar à batatada com um fã mais atrevido.

Comecemos por analisar um tipo de casos:

Wrestlers no território dos fãs


Foi isto que originou a confusão de CM Punk. Algum momento em que os lutadores se inserem por entre o público. Normalmente um heel a inserir-se num ambiente hostil que o leva a sério e guarda-lhe rancor legítimo e que não hesitaria em ajustar contas com ele, só porque ele é “mau”. Ou então simples casos em que os fãs não sabem bem o que fazer para dar nas vistas e normalmente dá em asneira. Por vezes metem-se com os tipos errados, como veremos em alguns exemplos.

(Durante a minha pesquisa, foi de encontro a um artigo online que listava também vários incidentes destes, também como referência ao incidente de CM Punk. As únicas semelhanças com o artigo são alguns vídeos de lá extraídos, pois admito que usei o artigo como fonte, acrescentando a mais alguns exemplos.)

Mas porque não começamos por um tipo que já temos uma ideia bem fixa de que é meio doido? Não só pelos seus saltos que colocam o seu corpo em risco, pela sua participação em combates extremamente violentos, por ter quase metade das suas manobras aplicadas botchadas de tão malucas que são. Vê-se que Sabu é um tipo que não funciona 100% bem da mona. Mas algum fã quis testar a sua paciência e tirou-lhe a turba da cabeça, num momento em que este passava pela plateia para se dirigir ao ringue. Saem dois bananos bem assentes ali na tromba e siga a vida. Este sim se pode achar que seja um pouco exagerado da parte de Sabu, a forma como reagiu a um acto destes em que não houve sequer contacto físico e tentativa de agressão. Tanto pode ser Sabu que não gosta muito que o perturbem enquanto trabalha como a turba pode-lhe ser sagrada e o acto de tirá-la ser uma ofensa pessoal. O certo é que não creio que alguém torne a tentar o mesmo…


L.A. Park é um lutador Mexicano que ganhou algum conhecimento internacional quando trabalhou na WCW como La Parka. E uma prova viva do quão intocável é a máscara de um luchador. Quando um heel desmascara um luchador Mexicano ou tenta, é um trabalho e é feito para obter heat, faz meramente parte do acto. Se algum fã quer colocar as mãos onde não deve, aí já estás por tua conta, amigo. L.A. Park comprovou isso mesmo, como este vídeo demonstra, quando aplica um perfeito soco ali na queixada do fã que tentou fazer o que não devia. Digamos que foi um caso muito mais preciso que o de Punk. Park também não estava virado de frente para o indivíduo mas quando se virou sabia bem quem era e enterrou aquele punho com muita mais precisão que o simples empurrão de CM Punk. Tendo em conta o sucedido, o único em problemas seria o fã e digamos que pagou o seu imposto à medida que ia a caminho de se estatelar no chão. E Park, cheio de profissionalismo, segue com o seu combate como se nada fosse. Portanto já sabem, as máscaras são sagradas e não são para ser tocadas por qualquer um, muito menos retiradas. Portanto quando estiverem perto do Sin Cara não tentem fazer isso, senão ainda se habilitam a ser pontapeados na nuca. O que vos safaria é que às tantas ele ainda botchava…


E se passarmos para as indys? Nós bem sabemos como é aquele clima independente de plateia pequena ali à beira da acção. Também sabemos que têm muita mais liberdade, as imagens não vão para a televisão e não têm uma imagem a manter. Os fãs também são mais tolos. Portanto incidentes destes se calhar até têm frequência quase semanal por lá. Mas destaquemos um caso, o do grande Chris Hero que não estava com muita paciência para alguns fãs da primeira fila e tecnicamente lutou dois combates ao mesmo tempo: contra o seu adversário e contra aqueles fãs. Os gajos da plateia também eram bravos e destemidos e pareciam prontos para a acção e para romper lábios. Fora as descrições, é um vídeo que vale a pena ver, para vermos que Hero, uma batata quente pior que CM Punk, não está com muita paciência para achincalhanços. O que vale é que o público do NXT parece gostar actualmente do Kassius Ohno, senão era capaz de haver milho…


Isto situações em que a plateia age no seu território. Mas há casos em que estão mesmo a pedi-las e querem fazer mais que o que devem. À procura de 5 minutos de fama ou só porque estão a cair de bêbados, há casos em que os fãs atrevem-se a atravessar a linha que os separa da acção. Literalmente, avançam e invadem o ringue. E nem sempre dá para esperar pela segurança e os lutadores têm que tomar algumas medidas pelas próprias mãos… Vejamos então…

Quando fãs vão longe demais


Primeiro caso é o de Eddie Guerrero e de um fã extremamente parvo. Não foi só um “run in”, o gajo foi estúpido suficiente para empurrar a escada que Eddie subia. Podia ter sido uma queda aparatosa, podia ter causado uma lesão, podia ter-lhe acabado a carreira ali. E o gajo a achar que estava a fazer uma grande coisa. Valeu a Eddie ser tão atlético que conseguiu aterrar de pé sem se magoar, o que lhe permitiu dar ainda uma solha ao indivíduo antes de ser retirado do ringue. Como já disse, este caso é revoltante e só tenho pena é que o Eddie não tenha feito pior, por acaso… Talvez esteja eu a exagerar…


Outro caso mais antigo pode dar-se pela altura da nWo… Aquela heel turn de Hulk Hogan foi qualquer coisa de gigante. Provavelmente o ponto mais brilhante da sua carreira, depois de fartar tanta gente a ser um super-herói e antes de fartar tantos outros simplesmente porque já nem todos têm pachorra para o ver depois de velho – principalmente se quiser tornar tudo sobre si. Aquela heel turn abalou todo o mundo do wrestling e prometia ar fresco. Quem não parece ter ficado muito contente foram alguns Hulkamaniacs mais aficionados. Eram objectos a voar para o ringue, eram os insultos. Neste caso até uma tentativa de atacá-lo. Mas o desgraçado ficou a meio do caminho, enquanto Kevin Nash e Scott Hall tomavam conta do assunto.


Recentemente tem vindo a discutir-se a veracidade desta situação. Faria sentido que para vender Hogan como um heel ainda maior e como um traidor imperdoável, que “worked shoots” de fãs plantados a invadir seria bom para a história. Acrescenta-se a forma como Hall e Nash o despacham do ringue e parece que vemos os tradicionais “stomps” de wrestling. Mas fica a questão no ar, digam vocês o que acham. Não deixa de ser uma situação caricata…

Mas quem diz que têm que ser sempre necessariamente os lutadores a resolver situações destas? Passemos de novo para a WCW, para um combate entre Psicosis e Dean Malenko. Lá vai um fã todo lampeiro a ver se conseguia fazer do combate um “Triple Threat”. E não é que para surpresa de todos, Mark Curtis, o árbitro minúsculo e miúdo, personificação de um “Zé Fraquezas” (1.68m, 66kg) é que dá conta do recado, dando uma sova e ensinando uma lição ao atrevido. Tamanho e massa para quê? Isto sim é um homem!


Alguns podem, de facto, achar que nem em situações como estas os lutadores têm o direito de deitar as mãos aos fãs, porque afinal de contas é para isso que lá está a segurança – que falha muitas vezes, como dá para perceber. Isto também pode depender do feitio e personalidade de cada um, alguns podem colocar a sua integridade, postura e profissionalismo em primeiro lugar e rapidamente recuperar a sua postura após um ataque de um membro da plateia. Maior exemplo disso é o de Raven, indivíduo duro e macabro, o que esperaríamos que fosse um tipo perigosíssimo. Foi puxado pelos cabelos por algum esperto de tal forma que até caiu fora do ringue. Tal também podia ter corrido muito pior que o que correu. Mas Raven apenas se levantou, lançou um olhar de desprezo ao gajo que estava a ser levado pelos seguranças, voltou ao ringue e continuou o que estava a fazer/dizer… Classe? Possivelmente…


E ainda há mais um tipo de caso diferente. É quando apanham os lutadores na rua. Aí sim, eles são humanos como outros quaisquer. Se fizer parte da personalidade deles, metam-se com eles e levam. Isto pode suceder até com o merceeiro do fundo da rua, um professor de Matemática, um jogador de futebol ou aquele vizinho estranho que não fala muito para as pessoas… Neste caso foram tipos que fazem vida e são pagos para lutar num ringue que, mesmo que encenado, não estão propriamente a dançar Tango…

Fora do ringue


Primeiro exemplo é o de Chris Jericho, que por acaso é um dos últimos tipos com quem eu me meteria. Não é propriamente pelo seu tamanho grotesco, ele tem uma constituição física normal, mas tem um tempero assim meio para o saltante e já há registos de ter posto o Goldberg – muito maior que ele – a piar baixinho no backstage. Logo é um homem que se safa bem nisto e é rijo como cornos. Logo, a última coisa que queria com Y2J era problemas. Alguém devia ter dito isso aos fãs que o rodearam na rua e mal o deixavam movimentar-se. Isso levou a que Jericho perdesse a postura e até alguma razão quando se começou a virar ao pêro a quem lhe aparecesse, fossem os seguranças que não pareciam estar a suceder muito bem no seu trabalho (DO YOUR FUCKING JOB!) ou a uma mulher. Ele passou-se um bocado e esticou a corda, mas para a próxima não o chateiem, que evitam-se problemas…


Ah e se eu me fosse meter com algum wrestler… Não me ia meter com nenhum claro, não sou estúpido, mas ao fundo da lista com certeza estaria Big Show. Realmente tem o tamanho e massa corporal própria para inspirar confiança em provocá-lo. Repito que isto foi mais uma situação fora do ringue e que Big Show, na altura ainda The Giant, estava apenas a meter-se na sua vida. Mas alguém quis armar estrilho. Reporta-se que o indivíduo em questão estivesse intoxicado e realmente tinha que estar para achar que tal fosse uma boa ideia, mas quando apanhou o gigante num bar/café/restaurante lá o que fosse, teve a ideia brilhante de o provocar com bocas e gestos obscenos. Até aí tudo bem, Big Show apenas lhe pediu para parar. Mas o gajo decide partir para a actividade física e dá um empurrão provocativo ao atleta gigante – ah, valente! E pronto… As câmaras de vigilância do local captaram um dos mais antigos e mais belos exemplos de um WMD legítimo ali bem assente nos queixos do espertalhão. Queixas foram apresentadas contra Big Show, mas nada lhe foi extraído quando foi comprovado que agiu em defesa.


Tudo casos diferentes, encontra-se razão em alguns, não se encontra tanta noutros. Fica a questão que gostava de ver discutida nos comentários, para além dos habituais comentários a cada situação em si:

Está correcto o que estes lutadores fizeram? Quem é que não agiu melhor? Os lutadores, como seres humanos, têm o direito de se defender quando sentem a sua segurança em causa? Aqueles fãs abusadores realmente mereciam uns açoites bem dados ou isso fica a cargo da segurança? Deverá haver alguma restrição que impeça explicitamente qualquer contacto entre wrestler e fã?

Apenas alguns exemplos de perguntas às quais podem responder livremente, se quiserem, e até a outras mais, acrescentando quantos pontos acharem essenciais, a caixa dos comentários é toda vossa.

É com isso que me despeço esta semana deste Slobber Knocker que, digo para já, foi muito divertido de escrever pela variedade de termos que pude explorar para palavras derivadas ou do campo semântico de “porrada”. Para a semana cá estarei, que eu nunca me meto com ninguém, logo mantenho-me inteiro. Até lá, tenham uma óptima semana.

Cumprimentos,
Chris JRM

Com tecnologia do Blogger.