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WWE, um exemplo de como um monopólio é mau!


A não ser que sejam uma miúda de 14 anos com uma devoção inabalável por John Cena, não está fácil ser fã de wrestling em 2012.....

Já passou mais de uma década desde o último boom que o wrestling viveu – a Attitude Era da WWF nas Monday Night Wars contra a WCW e ainda com resquícios da influência da ECW de Paul Heyman. Desde Março de 2001, o único jogo que tem sido jogado é o da WWF, agora WWE. A TNA, aka promoção de wrestling com o pior nome da história, tentou ser um legítimo adversário e em Janeiro de 2010 tentou competir directamente às segundas-feiras com o RAW mas foi rapidamente squashada, mas isso é história para outra ocasião.

Ao longo destes onze anos, a WWE tornou-se a definição de pro wrestling. Sabendo que a WWE não gosta que seja apelidada de wrestling ou usar a palavra “wrestling” ou até mesmo dizer que os seus “wrestlers” são agora tratados por “performers”, basicamente podemos dizer que o wrestling profissional nos Estados Unidos está morto, isto porque a maior companhia mundial de wrestling quer ser chamada de companhia de entretenimento.

É brutal! Todas as semanas, os fãs de wrestling são tratados como lixo pela WWE que tenta convencer os fãs que não estão a assistir wrestling mas que estão a assistir entertainers a actuar como que se estivessem na Broadway ou estivessem a ver o Jim Parsons em Harvey.

Os acontecimentos no backstage, as longas promos, o exagero de segmentos. As constantes referências ao twitter. Os insanos segmentos “Did You Know?” que na sua maioria não passam de mentiras. É doloroso!

Mesmo até a maior rivalidade da WWE na história recente entre John Cena e The Rock não teve como objectivo ver quem ganhava o combate. Durante um ano inteiro, John Cena e The Rock trocaram insultos em promos, no twitter, no facebook e por vezes cara a cara para se ficar a saber qual dos dois era a maior estrela, quem tinha mais fãs e quem era o maior entertainer.

Em algum lado, acredito que Steve Austin estava a beber cerveja e partir tudo que estava à sua volta.

Não interesse o que eu escrevo aqui, não interessa o quanto as centenas de fãs escrevem diariamente nos blogs e nos fóruns. O facto é que não há alternativa. Se vocês forem fãs de wrestling, vocês tem de assistir WWE.

Vejam o meu caso por exemplo. Eu gosto de wrestling. Não suporto o estado actual da WWE. Contudo não tenho mais nada para ver. Se eu quiser ver wrestling na TV, tenho de ver WWE. Se quero ver combates clássicos de wrestling do passado tenho de comprar os DVD`s da WWE, isto porque ela comprou todas as bibliotecas de quase todas a promoções da história do wrestling norte-americano, ou seja tem o monopólio.

Os únicos que sofrem com isto tudo são os fãs. A WWE tem sempre lucro, até mesmo se o preço da suas acções estão a valer metade do que valiam á três anos atrás. Muito ou pouco, eles têm sempre lucro e isto tudo porque existem e porque estão sempre a evoluir a sua estrutura corporativa.

No que toca à programação semanal e aos PPV`s mensais, eles continuam a cair e a cair rumo ao marasmo. Quando uma certa esperança começa a nascer, ela é derrubada antes que vocês digam “monopólio”. Em 2010, os Nexus apareceram do nada e pareciam ser o novo rumo da WWE mas em poucos meses foram reduzidos a nada

Em Junho de 2011, CM Punk pareceu ser o novo salvador do wrestling profissional com a sua famosa semi-shoot em Vince McMahon e com o clássico que teve contra John Cena no Money In The Bank. Por esta altura, Punk é ainda o campeão da WWE mas falhou em estar num main-event de um show em 2012 e é somente mais um que lá está.

Não precisamos ir muito longe, há somente dois meses atrás, Brock Lesnar, sim Brock Lesnar regressou na noite seguinte à Wrestlemania e fez de novo agitar os fãs de wrestling. Pensava-se que ele poderia fazer os fãs descansar um pouco de John Cena, descansar do fraco actor, descansar das horrorosas storylines e poder haver um regresso ao bom e velho wrestling numa tentativa de ver de qual dos dois era o melhor. Cena venceu logo Lesnar, este “saiu” da WWE e deverá passar a rivalizar numa feud sem interesse com Triple H sob o tema de contratos e legalidades.

Se moções não assistem WWE desde 2006 e somente começaram a ver agora, não se procurem que não perderam nada e tudo se mantêm igual. Apesar de alguns rostos terem mudado, John Cena continua a ser o homem do show. As storylines continuam a não ter interesse. A palavra “wrestling” já não é usada. O cenário do RAW continua a ser o mesmo. O estilo da WWE prevalece, ou seja, todos se parecem, agem, falam e lutam, da mesma forma. Sinceramente, a maior diferença deverá ser o chorrilho de referências ao twitter que se fazem agora durante os shows.

Nada irá mudar se não haver uma competição directa. Vince McMahon irá continuar a reinar com o estilo doloroso da WWE actual. As reuniões de accionistas já nada têm a ver com wrestling. Fala-se de filmes, merchandise, novos mercados e até do sonho megalómano de se lançar um canal de TV. Atenção que não critico Vince McMahon como homem de negócios já que ele sabe como fazer dinheiro.

Mas e o wrestling? Não fazem nada, isto parque sabem que todas as semanas pelo menos 4 milhões de pessoas vão assistir ao programa, independentemente do quanto horrível este seja, isto porque eles gostam de wrestling. Não é a NFL ou a NBA onde um produto horrível significa mudar para outro desporto. Aqui não há outro wrestling.

Acredito que muitos desses 4 milhões, eu inclusive se odeiem a eles próprios por assistirem todas as semanas ao RAW. Não vos incentivo a deixarem de assistir, isto porque não têm outras opções.

Como fã sou forçado a insistir a este lixo, assisto menos confesso mas mesmo assim assisto e odeio-me por isso e é por isto tudo que um monopólio é mau.

Original de Sean O'Leary com tradução de Wolve

Nota do tradutor: Acredito que esta deve ser a opinião de muitos fãs da WWE que estão descontentes com o produto actual dado pela companhia. Não partilho da mesma opinião do autor do artigo quando indica que não há mais wrestling para alem da WWE e aqui é que surge a capacidade dos fãs procurarem outros horizontes e abrirem caminhos, há bom wrestling independente e a TNA aos poucos começa a apresentar um produto que já se consegue assistir com decência.
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