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Slobber Knocker #10: O papá trata do assunto...


Bons dias a todos e sejam bem-vindos a mais uma edição do Slobber Knocker, a décima, primeiro número “redondo” que este espaço atinge.Para esta semana, volto a listar lutadores ligados por um factor em comum.

Introduzindo: Existem muitas maneiras de se integrar no mundo do wrestling. Muitas das vezes é um miúdo que cresce em frente à TV imitando os movimentos e catchphrases do seu herói. Por vezes são o único na família que suporta tal e têm que ouvir umas bocas secas dos pais ou outros que aquilo é tudo falso e não sei mais quê. Outras vezes tem a família a acompanhá-lo, a levá-lo às arenas, a ajudá-lo a alimentar mais o seu bichinho pela indústria. O gosto por vezes não se fica por isso e a vontade de ver este mundo do wrestling de outra perspectiva, do lado de dentro das cordas é imensa e não dá para a resistir. Cria-se assim um wrestler que construiu o seu sonho a partir dos saltos e exaltações no sofá da sala de estar.....

São casos. O que não falta também são casos em que o wrestling simplesmente corre no sangue. Miúdos e miúdas que viam na mesma a indústria de forma semelhante que os restantes, distinguiam-se simplesmente por um aspecto: ver o pai a competir e encher o peito de orgulho por poderem apontar para o ecrã ou para o ringue a partir da plateia e poderem dizer“Aquele ali é meu pai!”. Isto em casos notáveis, não sabemos como seria a reacção de possíveis futuros filhos do Heath Slater, mas isso também não importa. Refiro-me a esses cujo amor pelo wrestling vem da família, é a herança que fica de geração para geração. O título do artigo soa algo mal e um pouco sarcástico, mas pretendo, claro, apontar bons casos… Mesmo que também existam outros que nem tanto…

Comecemos pelos bons:

Randy Orton


Superstar de 3ª geração e seu pai, o “Cowboy” Bob Orton chegou a acompanhá-lo noutra etapa da sua carreira. Como o “3ª geração” já indica, isto já vem de muito longe e já o seu avô Bob Orton Sr. foi um senhor importante no wrestling como um dos pioneiros do Piledriver e um dos que melhor aperfeiçoou a manobra. Debate-se um pouco pela Web fora a importância e relevo da família Orton até chegar a Randy, crendo-se que o nome dos seus progenitores apenas ficou engrandecido com o sucesso e popularidade que Randy conseguiu atingir.Outros acham que o nome Orton sempre foi bem sucedido e que o acompanhamento do Cowboy ao seu filho o ajudou a elevá-lo ao estrelato. Seja como for, carreiras dignas de Hall of Fame, Randy já teve o privilégio de induzir o seu pai e existem bastantes possibilidades de que ele mesmo veja alguém a induzi-lo a ele num futuro mais longínquo.

Michael McGillicutty


Mais um exemplo de lutador de 3ª geração, com o seu avô sendo Larry “The Axe” Hennig e o seu pai o inesquecível “Mr. Perfect” Curt Hennig. Para ser ainda mais semelhante ao caso de Orton, o seu falecido pai Curt Hennig também foi introduzido ao Hall of Fame e merecidíssima que foi a sua inclusão. No entanto a sua carreira não parece andar com grande pinta e para já ainda anda a desenvolver-se no NXT mesmo que tenha tido alguma mínima notabilidade no passado como integrante dos Nexus e como Campeão Tag Team com David Otunga. Acredita-se no seu talento em ringue para ser um lutador de calibre mais alto, tendo-se menos confiança no seu factor carismático e na parte de microfone. No entanto o que parece ser o maior obstáculo e que realmente não parece ter muita lógica é o seu nome. Que raio de nome é Michael McGillicutty e porquê esse nome se todos sabemos que é filho de Curt Hennig e a própria WWE o publicita como tal? Então porque não competir com o nome de Joe Hennig em vez de andar com um nome que para além de ser algo difícil de dizer,mais depressa o faz parecer cunhado do Tommy Dreamer que filho do Curt Hennig?…

Alberto Del Rio


O passado familiar do lutador assim como os primeiros passos na indústria baseiam-se na lucha libre Mexicana e tanto o seu pai como o seu tio são conhecidos pelas suas máscaras. Seu tio Mil Máscaras integrou a mais recente turma do Hall of Fame liderada por Edge e cimentou o seu legado e respeito, apesar da sua má fama de se recusar a vender moves. O seu pai, DosCaras, apesar de não fazer parte do Hall of Fame, não deixa de ser um Luchador Enmascarado de importância e que transmitiu o legado directamente para o seu filho que chegou a lutar também de máscara com o nome Dos Caras Jr. Esperemos que não seja considerado um desrespeito à família quebrar a tradição e oferecer uma gimmick desmascarada de magnata a Del Rio. Porque não há por que ter vergonha das “medalhas” que conquistou apenas em 2011: dois títulos da WWE, uma vitória na maior Royal Rumble de sempre e um Money in the Bank…

The Usos


E que grande família que para aqui vai! Família com raiz na Samoa e com muitos notáveis lutadores de lá saídos. Seu pai é o carismático Rikishi.Caso para dizer cara de um e focinho de outros, devido às semelhanças faciais que os gémeos partilham com o seu pai, também adoptam alguns moves do seu repertório como tributo, acrescentando à energia que os assemelha aos seus tios-avós, os Wild Samoans. Também por serem uma espécie de “Wild Samoans modernos” mas também pelo seu entusiasmante estilo de wrestling de equipas,muitos acreditam que os irmãos Jimmy e Jey mereçam muito mais que o que têm agora e acham que já podiam ter sido portadores dos cintos de equipas. Para já ainda não têm feito muito e não são poucas as vezes que “jobbam” para outras equipas.

Nota: Para além de um outro indivíduo que referirei mais tarde, outro notável membro desta grande família lutadora é o tio dos Usos ei rmão de Rikishi, o falecido Eddie Fatu, mais conhecido pelo seu trabalho como Umaga. Ligações com outra família para a estender ainda mais permitem que se encontre também no plantel uma prima de Jimmy e Jey Uso.

Tamina Snuka


Seu pai é uma enorme lenda e merecido Hall of Famer: o“Superfly” Jimmy Snuka, muitas vezes destacado como o pioneiro do estilo “highflyer” de wrestling que já é mais comum nos dias de hoje. O seu mítico finisher“Superfly” já foi adoptado pela sua filha e também pelos seus sobrinhos Usos. A sua herança foi abraçada por Tamina mais recentemente que não só foi de apenas“Tamina” para “Tamina Snuka”, mas também o seu estilo em ringue permitia fáceis paralelismos. Actualmente, Tamina é das Divas da WWE que melhor sabe lutar mesmo que muito destaque não lhe seja dado e apenas há uns meses atrás é que teve uma oportunidade pelo título das Divas. Já o seu pai não é nenhum estranho a cintos à volta da sua cintura e destaca-se o facto de ter sido o primeiro campeão da ECW em 1992, aquando da sua fundação.

Nota: a sua origem “Snuka” foi mais abraçada após uma feud com outra Diva que já conhece o wrestling como tradição de família:

Natalya


E por falar em grandes famílias… Impossível não mencionar a família Hart. Natalie Neidhart é a primeira mulher a “graduar-se” na “Hart Dungeon” e é filha de Jim Neidhart que com Bret Hart – tio de Natalya –conquistou os títulos Tag Team por duas vezes. Óbvio seria que o talento lhe corresse pelas veias e que com um currículo e um treino tão ricos, já se esperaria que Natalya fosse das Divas de destaque na divisão empobrecida. No entanto, tal destaque não lhe é concedido e desde o seu reinado de Campeã que não vemos nada de muito notável nesta jovem, aliás… Chegamos mesmo a assistir a uma longa streak de derrotas… É pena porque esta ainda sabe bem o que faz…

Cody Rhodes


Desde sempre dos mais notáveis casos de lutador filho de lutador e dos primeiros a ocorrer. Só não apareceu mais cedo porque a ordem é irrelevante, mas claro está que aqui tinha que comparecer ele. Seu pai é o lendário Dusty Rhodes, um dos mais carismáticos lutadores a já integrar a WWF ou a WCW nos tempos antigos. Cody é também meio-irmão de Dustin Rhodes, bem conhecido pelo seu trabalho como o excêntrico Goldust. A sua situação familiar é bem destacada, não só pela familiaridade do nome “Rhodes” – que não é o verdadeiro nome de nenhum, na verdade o nome que corre na família é “Runnels” –mas também por angles que já partilhou com tanto o pai como o irmão. Cody teve uma ascensão com pouca fé mas com trabalho e dedicação demonstrou não ser apenas um menino bonito a viver às custas do nome do pai e teve recentemente um excelente reinado como Campeão Intercontinental, reinado esse que foi fulcral para a reinstalação de prestígio de um cinto que andava muito empobrecido e mal empregado…

Nota: Para salientar ainda mais a sua situação familiar, fez parte dos Legacy, uma equipa liderada por Randy Orton que consistia em lutadores de 2ª ou 3ª geração. Ainda havia mais outro integrante de relevo…

Ted DiBiase Jr.


Nem restam dúvidas sobre quem é o seu pai, quando ele usa exactamente o mesmo nome. Chegou mesmo a abdicar do “Jr.” No entanto, para preencher o texto, tenho que fazer a obrigatória menção: seu pai é o Hall of Famer e inesquecível Heel, Ted DiBiase, o “Million Dollar Man” cuja gimmick de milionário malvado e mal intencionado o pode colocar a par com Ric Flair, como os primeiros e maiores Heels de toda a história. A sua personagem milionária foi transmitida para o seu filho que ainda chegou também a carregar o cinto“Million Dollar Championship”. No entanto a personagem estagnou, DiBiase desatou a perder combates e a sua acompanhante Maryse deu-lhe com os pés e ainda o enterrou mais como jobber. Após o período conturbado e uma Face turn,DiBiase Jr. regressa mais como homem do povo que partilha a sua fortuna com os seus fãs, a “DiBiase Posse”. Um push mínimo através de feud com Cody Rhodes,mas acabou por ficar guardado para o low card do Smackdown. Actualmente encontra-se lesionado mas fica a questão se quando regressar irá receber um destaque. Debate-se se realmente não é “pushado” porque o seu talento não equivale o do seu pai ou se é apenas uma infelicidade que a empresa não lhe deposite muito sucesso…

E um especial destaque de alguém que deve ter deixado os ramos superiores na sua árvore genealógica bem orgulhosos…

The Rock


O “People’s Champion” sempre teve o sonho de seguir as passadas de muita da sua família e conseguiu-o. E de que maneira. Filho de Rocky Johnson que teve um trajecto com vários galardões, mas destaque-se a equipa com Tony Atlas que originou os primeiros Campeões de Tag Team na WWF de raça negra. No entanto é no avô que reside a grande inspiração, ainda para mais quando é ele que encabeça a lendária família Anoa’i. Peter Maivia era o seu nome – de onde originou o nome “Rocky Maivia” com que The Rock se estreou – e iniciou um legado que ainda hoje se mantém e muito possivelmente se estenderá por muitos mais anos que venham. Quem já assistiu ao mini-documentário “Once in a Lifetime” antes da Wrestlemania ou que simplesmente já conheça a história de Dwayne Johnson sabe bem a importância que o lutador e actor dá à sua família e entende a paixão e dedicação com que ele trabalha, sempre com o tributo aos familiares bem à flor. No entanto, fala-se de The Rock, a principal face de uma era de uma companhia, um dos maiores Superstars de sempre e um dos mais divertidos ao microfone. O orgulho por parte dos seus familiares tem que ser imenso pois a popularidade e influência de The Rock acaba por ultrapassar a deles mesmos e na vasta árvore genealógica, é com certeza o nome de Dwayne “TheRock” Johnson que salta como o principal e mais notável integrante…

Curiosidade: Apesar de Rocky Johnson ser lutador, a ligação de The Rock com Peter Maivia é através da sua mãe. Alega-se – ou confirma-se,as pesquisas não chegaram tão fundo – que Peter Maivia não aprovava a relação da sua filha com alguém com a mesma profissão que ele. No entanto, nada impediu o casamento…

Estes são os casos decentes, diga-se assim, em que estes indivíduos seguem genuinamente os passos dos pais porque herdaram o seu talento e dedicação e encontraram nos seus progenitores um sonho e um objectivo para avida. No entanto há outros casos em que não se pode dizer o mesmo…

David Flair


Filho de Ric Flair, hoje permanece como um dos principais exemplos de “negócio de família” que corre mal e exemplo de que este tipo de talento não se herda sempre. Consta-se para já que ele nunca teve sequer o sonho de ser lutador desde pequeno, apenas mais tarde é que se decidiu. Porque não Flair empurrar o seu filho para o “círculo quadrado” e fazê-lo brilhar?Faltava a parte do “brilhar” e David Flair não convenceu ninguém e deixou a ideia de que tudo o que ele tinha era um nome e nada expunha em termos de talento. Não o impediu de ter um percurso na WCW entre 1998 e 2001, altura em que a companhia já estava a uns meros passos do abismo…

Nota: Reporta-se recentemente que a sua filha mais nova Ashley assinou um contrato de desenvolvimento com a WWE. Quanto a esta não me posso pronunciar por desconhecer a sua habilidade no ringue. Será que vamos ter uma“Nature Girl” no futuro?

Garrett Bischoff


Um filho de um lutador que queira seguir o seu pai e falhar é uma coisa. Quando se cria uma história sobre um miúdo “seguir as passadas do pai”quando o pai nunca foi sequer wrestler ou parecido já parece outro assunto. Mas recentemente foi a isso que nos habilitamos: a ter o filho de Eric Bischoff a ser-nos metido pelos olhos dentro quando vemos que ele não é muito melhor que o pai a lutar no ringue. Não é segredo ou história nova que Eric Bischoff gosta de controlar no backstage para seu benefício, logo… Porque não empurrar o filhinho e tentar colocá-lo over com os fãs? Quase podia resultar se ele servisse para algo mais que levar porrada de meia-noite como aconteceu no Lockdown. Este não anda a convencer ninguém…

E claro, o caso que faz mais furor agora e que me deu aideia para este artigo…

Brooke Hogan


O que é que ela vai fazer para uma companhia de wrestling se ela não tem nada a ver com o assunto e o único que tem a ver é mesmo só o nome“Hogan”? Razões simples: Tentou lançar-se no mundo da música. Espatifou-se porque não servia para isso. Tentou um spin-off do reality show “Hogan KnowsBest”, este dedicado apenas a si, o “Brooke Knows Best”. Esborrachou-se completamente porque ninguém quis saber. Actriz? Não parece pender para aí.Serve para alguma coisa? Pelo menos para o entretenimento não parece, mas tinha que ser aí que ela tinha que ficar, porque não ter fama estava fora de questão.Logo é mesmo caso para dizer como está no título “O papá arranja-te um trabalhinho lá na TNA onde trabalha, visto que ele pode meter lá quantas cunhas quiser e ninguém faz nada para o parar. O pessoal vai adorar!” Pronto, um tom um pouco cruel, mas a notícia caiu nos fãs de wrestling com demasiado peso e muitos vão mais longe ainda prevendo a queda da TNA como cada vez mais próxima…

Concluo assim mais um artigo com a habitual passagem de testemunho aos leitores para se pronunciarem quanto ao artigo como bem entenderem. Não deixo grandes questões mas com certeza fica sempre no ar a pergunta se se lembram de mais alguém que tenha feito uma carreira à custa do nome e não do talento, visto que enumerei poucos casos.

Para a próxima semana cá estarei se tudo correr bem e volto a despedir-me com cumprimentos.
Chris JRM
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