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Slobber Knocker #5: Rescaldo do Lockdown



Começo como sempre com cumprimentos introdutórios aos meus estimados leitores. Para esta semana volto a trazer uma análise a um evento grande, mas este a outra companhia. Refiro-me ao Lockdown da TNA. Aviso desde já que, não penso fazer rescaldos a todos os PPV’s, nem de uma companhia nem de outra. Apenas dos “grandes”. Bem, este Lockdown para além de ter uma estipulação especial, tem o seu certo hype e build-up, é uma das ocasiões em que saem de casa e inevitavelmente compete indirectamente com a Wrestlemania....

Será que conseguiu erguer o queixo perante uma competição tão avassaladora? Começo por apontar os defeitos: a plateia de Nashville tinha momentos em que se conseguisse animar-se um pouco mais, conseguia igualar um funeral. E muitos combates a variar apenas entre o bom e o razoável para a ocasião que era, ficando basicamente dois grandes combates com um verdadeiro sabor a PPV. O mais positivo é esse mesmo par de combates sobre os quais aprofundarei mais à frente, sobre cada um individualmente. Espreitemos e esmiucemos sobre cada um dos encontros.

Team Garrett (Garrett Bischoff, AJ Styles, Austin Aries, Mr. Anderson e Rob Van Dam) derrotam a Team Eric (Eric Bischoff, Gunner, Bully Ray, Christopher Daniels e Kazarian) num Lethal Lockdown


O combate tradicional. Duas equipas defrontam-se dentro duma jaula, com cada membro de uma equipa a entrar após um curto período de tempo. Pin Falls e submissões apenas se contam após todos os competidores se encontrarem dentro da jaula e por essa altura já existem variadas armas ao dispor dos wrestlers. A sua premissa já aumenta as expectativas para um grande combate e o seu espectáculo também já faz parte da tradição. No entanto é pena que tenha ficado um sabor algo insosso no final desta, ainda para mais tendo em conta alguns dos lutadores aqui presentes. No entanto, mesmo que grandes nomes de talento estivessem dentro daquela jaula também não se pode ignorar os capitães: dum lado um tipo que nunca foi lutador e do outro, um que a este andar nunca o será. Logo, algumas falhas tinham que existir. O final foi exactamente o que esperava – só não sabia que ia ser feito com uma guitarra, mas já esperava que fosse Garrett a conseguir a vitória sobre o seu pai. No final foi um combate que mesmo não tendo sido mau, deixou algo a desejar em comparação a encontros anteriores e baseou-se maioritariamente num “spot fest” com ofensivas alternadas e com Eric Bischoff a esconder-se. Agora veremos… Quando é que Eric Bischoff regressa inevitavelmente?

Nota: Polegares para cima para a resistência de Garrett Bischoff, cujo trabalho no combate foi levar porrada de início ao fim. Muitos polegares para baixo para os seus dropkicks.

Magnus e Samoa Joe derrotam The Motor City Machine Guns, pelos World Tag Team Championships e retêm os títulos


Tempo para acção de Tag Teams e este encontro integrava uma das equipas mais importantes e populares na companhia: os Motor City Machine Guns compostos por Alex Shelley e pelo recentemente regressado Chris Sabin. Mas nem assim a plateia deu grande sinal de vida. Aliás, este deve ter sido dos combates mais mortos em termos de reacção de público. Mas foi mau? Não, não foi, ambas as equipas deram bastante de si e conseguiram ter acção equilibrada num combate razoavelmente jeitoso sem deixar nenhum dos pares integrantes a parecer mal. A plateia silenciosa prejudicou o desenrolar do combate? Sim e muito. Não é uma plateia que faz um combate, mas completa-o. Neste caso, a acção que decorria no ringue, que para os olhos até estava a ser boa, passava por aborrecida porque mais um pouquinho e ouvia-se um dos rednecks lá presentes nas filas de trás a arrotar. Bom combate mas que ficou manchado pelo fraco público e não há ninguém que mais sinta isso de forma negativa que os próprios lutadores que vão para o balneário com a sensação de que foram fracos e de que o seu trabalho não causou fasquia nos fãs. Por esse lado é pena. Por outro, finalmente a equipa de Joe e Magnus consegue uma vitória mais legítima sem precisar de implosões nos adversários, ainda para mais com uma grande Tag Team. Não deve ser a última vez que estes dois grupos se encontram com os cintos em jogo.

Devon derrota Robbie E, pelo TV Championship e retém o título

Estava no card por uma razão: para estar. Depois de uma aleatória vitória de Devon que lhe deu o cinto no Victory Road e depois de não o termos visto em acção nem ao seu rival a quem retirou o título durante as semanas que se seguiram, está aqui no card porque assim tinha que ser. E não há maneira melhor de dizer que um combate é filler do que despachá-lo em 3 minutos, num encontro que podia facilmente constar a meio de qualquer episódio do Impact Wrestling e mesmo assim não deixar grande marca. Como disse, combate que estava lá por estar… Tal como o cinto em si.

Gail Kim derrota Velvet Sky, pelo Knockout Championship e retém o título


O encontro devia ser encarado de forma grande: Velvet Sky, uma das favoritas dos fãs, consegue finalmente o seu rematch que nunca chegou a ter desde que perdeu o título para Kim. Uma longa espera que devia resultar num explosivo encontro. No entanto não parece ter sido muito bem construído e Kim ao envolver-se em outras rivalidades pelo meio e com Velvet Sky a ficar para trás e mais perdida no plantel feminino, acaba por parecer que ela foi retirada do baralho, como podia ter sido outra qualquer. Quanto ao combate em si, eu sou daqueles poucos que dá sempre valor ao esforço das atletas femininas – especialmente na WWE onde acho que a culpa do estado em que elas estão não é delas, porque na TNA ainda parecem ter alguma importância. E neste combate, notou-se bem esse esforço. De Gail Kim já conhecemos o talento e o seu estado veterano e a sua experiência só a beneficiam. Velvet Sky também não é má, mas ainda apresenta muitas falhas visíveis a olho nu. No entanto, em conjunto trabalharam bem o combate e souberam controlar a sua extensão sem o tornar maçudo. Quanto ao resultado, estava aberto para a vitória de ambas e até achava que Velvet Sky já podia recuperar o seu título. Mas a hipótese da vitória de Kim soava tão legítima e foi o que aconteceu: uma vitória “suja” utilizando o calção de Sky como ajuda. É possível que não fique por aqui, mesmo que Velvet Sky permanecesse bem-disposta após a sua derrota…

Crimson derrota Matt Morgan

O combate mais aguardado da noite. E quando digo isto quero dizer que tinha três opções: um lanche, uma sesta ou contar os trocos no meu porta-moedas. No entanto decidi mesmo assistir ao lento combate e tive o que esperava: acção lenta e aborrecida. Em nenhum momento me exaltei e provavelmente mantinha os olhos só semi-abertos durante algumas das partes. Apenas torcia por Matt Morgan por uma razão: não sei por que carga de água é que o Crimon ainda está invicto. Com todo o respeito aos fãs do lutador, mas a minha sincera opinião é que Crimson é um dos lutadores mais sobrevalorizados ultimamente e ainda não percebo a razão para o venderem como uma máquina destrutora imparável quando não lhe vejo grande potencial no futuro. No entanto, mais uma vitória somou ele e esta com um spot final tosco em que Matt Morgan fica com a perna presa entre a corda e a parede da jaula. Dizia-se que este encontro era para acabar a rivalidade e espero bem que sim porque não estou muito virado para uma saga de combates entre estes dois…

Jeff Hardy derrota Kurt Angle


Muito possivelmente combate da noite, ficando apenas o main event lá próximo. Não deixou uma plateia explosiva mas já os acordou – se isto também não os fizesse fazer algum barulho já era caso para desconfiar que tinham implantado bonecos na arena. A intensidade do combate estava bem trabalhada mesmo que a rivalidade parecesse algo desconchavada, eles conseguiram trabalhá-la bem, especialmente com os combates impecáveis. Possivelmente o desfecho da rivalidade, fica Jeff Hardy por cima, após a vitória suja de Angle no Victory Road. Hardy fica por cima… Literalmente, até. Após spots bastante intensos, uma excelente troca de galhardetes físicos, roubos de finishers, sangue na testa de Jeff Hardy, near falls e muitos mais factores que atribuem o estatuto de excelência a um combate. Ao final e porque tínhamos Jeff Hardy numa jaula, acabamos com um spot de “Holy shit!” quando Jeff aplica o Swanton Bomb do topo da jaula para vencer o encontro. Pontos extras pelas suas costas ainda em recuperação de lesão…

A seguir ao combate dá-se um dos momentos de egocentrismo extremo de um certo indivíduo, capaz de me causar estupefacção. Acabavam dois bons lutadores de dar espectáculo, de colocar os seus corpos em risco, de utilizar os seus skills para trabalhar bem em conjunto e roubar o espectáculo. Os comentadores agradecem a Hulk Hogan e dão-lhe os louros por ter “marcado” este combate. A sério?

Nota: Por esta altura no ano passado, Jeff Hardy andava nas bocas do mundo pelas piores razões e a fazer figura de urso em pleno main event. Dá-se o mesmo PPV no ano seguinte e o seu seguidor e Hardy rouba os dois combates das noites. Isso sim é compensar, Jeff…

ODB e Eric Young derrotam Sarita e Rosita, pelos Knockout Tag Team Championships e retêm os títulos

A parceria e consequente casamento de ODB e Eric Young tornaram-se na parte de “comic relief” do programa. E apesar de haver verdade quando se diz que Eric Young é muito talentoso para fazer só palhaçada e para andar com títulos femininos, também é certo que o gajo muitas vezes me puxa umas valentes risadas. Logo foi a comédia que dominou neste combate, com Eric Young contando covers falsas e pontapeando o ar em situações diferentes. O combate foi dominado por ODB que vence com fúria após ver as adversárias de novo a tentar atirar-se ao seu marido casado de fresco. Retenção de título com sucesso e o casal celebra da forma a que já nos habituou…

Bobby Roode derrota James Storm pelo World Heavyweight Championship e retém o título


Finalmente entrava o homem da casa! Storm recebido na sua terra natal pronto para ter a plateia na palma da sua mão. Finalmente o telhado da arena iria rebentar. Nem por isso, até teve um pop normal… Mas não importa, teríamos a seguir o outro grande combate da noite que começou antes de começar. Storm nem deixa Roode entrar e começa a tratar da tosse do Campeão no exterior, antes de iniciar a acção oficialmente. E esta rixa ainda se prolongou por um razoável tempo e deu para ambos conseguirem dominar nesse momento. Ainda não tinha soado a campainha e Storm já estava ensanguentado. Fecham-se os dois na jaula e teríamos então um combate que se promovia como sendo histórico e conseguiu realmente elevar a sua qualidade para um combate de recordação longínqua. Não tardaria muito e após muita excitação e alguns spots extremos, Bobby Roode também já estava a perder sangue. A emoção e o bom wrestling prolongaram-se por mais um tempo e estes dois demonstraram porque é que já não vão ser lembrados só como uma Tag Team de sucesso e que já podem andar no topo da companhia em competição singular. Perto do final, Storm teve uma oportunidade para sair mas preferiu uma vitória limpa tradicional. Chega ao spot final com os dois Last Call Superkicks e eu ao ver o posicionamento de Roode na chamada do segundo já estava a dar à cabeça a prever o final. E assim se sucedeu – não me vou armar e dizer que foi previsível porque só previ o fim quando este já quase estava a acontecer. O segundo Superkick arremessa Roode contra a porta da jaula, abrindo-a e fazendo-o cair no exterior, dessa forma dando-lhe a vitória. Para muita pena da aborrecida plateia de Nashville, o miúdo local não conseguiu o prémio e Roode voltou a ganhar de forma manhosa que desta vez nem se apercebeu. Pelo menos o PPV acabou em grande…

Outros segmentos


Para além das habituais entrevistas no backstage, o único segmento de especial foi o confronto entre Ric Flair e Hulk Hogan a meio do show. E para descrever este momento, cito uma estimada antiga professora de Ciências minha: Oh valha-me Deus! A arena transforma-se naquele momento num conturbado lar de idosos com um confronto entre dois ex-lutadores que tinham gloriosas carreiras e que assim as podiam ter deixado se não as quisessem esticar e ridicularizar. Começa Ric Flair com insultos aos rednecks gordos e desdentados enquanto pergunta se sabem quem ele é. De seguida chama Hulk Hogan descontente com o facto de Eric Bischoff ter sido expulso da companhia com o resultado do primeiro combate. Ou seja, uma antiga previsão minha – e/ou temor – parece estar perto de acontecer… Teremos um exaltante Hogan vs Flair para breve? Rezo, mesmo não sendo grande crente, para que não seja. No final, tínhamos Flair possesso a tirar roupa, a denegrir-se, a atirar os sapatos para o ar e a ameaçar o Mike Tenay. Tudo como consequência de um golpe de Hogan. O segmento apenas deu para rir. E nem foi pelas boas razões – mesmo que o Flair ainda consiga ser o hilariante “Insane Flair” – foi mesmo por haver muita tristeza por trás disto…

Em conclusão, o PPV desiludiu um pouco. Teve de facto grandes combates como aqueles que apontei e esses sim fizeram-se valer e destacar-se como deve ser num PPV e a fazer valer o bilhete pago. Por outro lado, muitos combates com pouca fasquia. E não me queria pronunciar muito mais quanto à plateia, mas não há maneira de não apontar tal, por momentos mais parecia que estava a decorrer um espectáculo de fado do que um show de wrestling.

Veremos como se sairá a TNA futuramente, que até então até tinham andado a apresentar uns PPV porreirinhos... – mas não me tem vindo a cheirar muito desde que Hulk Hogan se tornou GM e aparece em TV entre cada combate ao longo de um episódio. E para finalizar abro as questões aos leitores quanto à sua opinião em relação a este Lockdown. Os meus cumprimentos e para a semana há mais sobre qualquer coisa!

Chris JRM

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