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Lucas Headquarters #219 – Natal: Ainda real, ainda scripted, nunca kayfabe… mas sempre Natal!


Ho, ho, ho, boas tardes, meus queridos pais e mães natal, duendes, renas e elfos!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters”, aqui no WrestlingNotícias!! Vamos lá saber: Como é que reagiram à despedida do John Cena? Dos que estão a ler isto, quem é que daqui chorou baba e ranho? Quem é que derramou uma lagrimita só para que ninguém lhe dissesse que tem uma pedra no lugar do coração? Quem é que controlou as emoções e se manteve impávido e sereno?


Eu confesso-vos que fui daqueles que pertenceu ao clube dos impávidos e serenos. Vá, não me julguem, não é porque eu não fosse capaz de derramar ali rios e rios de lágrimas, mas eram três da manhã quando o momento se deu, e praticamente toda a casa estava no sétimo sono. E antes que me digam que isto que eu acabei de vos dizer é tudo balelas, queiram vossas excelências saber que aqui o je chorou como nunca em 2009 quando o Jeff Hardy perdeu aquela steel cage match para o CM Punk e saiu da WWE. Uma vez mais, não me julguem: Uma criança com dez anos vê um dos seus wrestlers favoritos da altura sair da WWE e acha que aquilo é o fim do mundo. Mas eu na altura só tinha quatro canais, e o streaming ainda era uma fantasia na minha cabeça…




Bom, meus queridos amigos e amigas, estamos às portas do Natal, tanto que esta já é a última edição antes daqueles dois dias de festança e convívio e partilha e prendas e comes e bebes, tudo em honra ao nosso querido Jesus Cristo. Vocês já repararam que cada vez que acontece alguma coisa na vida d’Ele, nós estamos sempre ocupados a comer? Quando Ele nasce, nós comemos; quando Ele morre, nós enfardamos; quando Ele ressuscita, nós enchemos o bucho. Quem tinha razão no meio disto tudo eram os senhores da Sonae, quando inventaram aquele slogan para os 40 anos do Continente: “A vida passa a comer”. E neste caso, a gente passa a vida de Jesus literalmente a comer. Ir à Igreja? Fazer obras de caridade? Não, a gente não quer é passar fome!!


Enfim, isto era só um pensamento que me estava a assaltar a mioleira. Mas dizia eu que estamos às portas do Natal, tanto que nesta quarta e quinta-feira que vêm já ninguém quer saber de wrestling, a não ser que, por golpe de sorte, passem um filme que cruze maravilhosamente estes dois campos. Mas para isso tínhamos de pôr o Macaulay Culkin a treinar com o Shawn Michaels ou com o Bryan Danielson e depois tínhamos de regravar aquela cena do Sozinho em Casa 2 em que ele se cruza com o Donald Trump… e depois esperar que ele o prendesse nalgum Anaconda Vice ou lhe desse com um Buckshot Lariat no meio daquele hotel.


Tendo em conta que o Natal está aí e a disposição para o wrestling não esteja, nesta altura, nos níveis mais altos, eu prometo não vos tomar muito tempo esta semana. Mas também não podia deixar de me associar à quadra e escrever uma edição com um tema mais festivo, sobretudo depois da tristeza pela qual todos passámos naquele Saturday Night’s Main Event.


E foi então que, enquanto refletia sobre como é que havia de misturar wrestling com um conceito que já é tão abstrato como o do Natal, me ocorreu uma ideia que até acho inusitada.


Acredito plenamente que quem lê a dose de divagação (às vezes séria, às vezes não) que aqui publico (quase) todas as semanas, já esteja familiarizado com aquilo que é o Natal enquanto fenómeno que já há um bom par de décadas que vai para além do religioso. Daí que me tenha surgido a ideia peregrina de explicar o Natal fazendo uma série de analogias com o wrestling.


Venho, antes de mais nada, deixar aqui um aviso prévio: Este conceito não vem de um desejo súbito de ridicularizar a forma pessoal de viver a fé de alguém em específico, nem de ridicularizar a própria fé católica (que eu próprio sigo e com a qual cresci), mas nos últimos tempos têm acontecido tantas surpresas no mundo do wrestling que eu achei que a melhor forma de olharmos um bocadinho para o seu impacto seria adaptá-las à época em que estamos.



Como eu vos dizia há bocadinho, o Natal já há muito que deixou de ser uma festa inserida exclusivamente naquela caixinha a que chamamos de religião. Graças ao progresso económico e tecnológico vivido nos anos 70, 80 e 90 e à consequente massificação de todos os elementos ligados à quadra, o Natal deixou de ser uma festa exclusivamente religiosa para se tornar na festa do mundo ocidental por excelência. Tanto assim é que, até em países que não são maioritariamente católicos (como o Japão, por exemplo), o Natal já atinge uma expressão que era impensável há uns trinta anos. Claro que, se o marketing natalício já trabalha bem no Ocidente, no Japão então… até chega a misturar-se com o romance.


Mas quando olhamos para o wrestling, percebemos que é aí que se cumpre aquela velha máxima que um conhecido poema de Ary dos Santos (1937-1984) ajudou a imortalizar: “Natal é quando um homem quiser”. Porque imaginem, nós quando chegamos ao Natal temos sempre aquela prenda que queremos muito receber, assim como os wrestlers têm um título que querem muito ganhar (imagino que seja, quase sempre, o Campeonato Mundial), ou uma companhia que querem muito representar (Stephanie Vaquer, por exemplo, sempre teve o sonho de representar a WWE), portanto, quando se é wrestler, o Natal pode ser em qualquer altura do ano, porque em qualquer altura do ano o wrestler realiza um desejo, cumpre um objetivo.


Sendo assim, e olhando para o wrestling, o que é o Natal?


O Natal é quando tu recebes aquele presente que não estás à espera de receber, como a Thea Hail quando ganhou o NXT Women’s North American Championship no mais recente episódio do NXT, sem sequer estar escalada para isso. 



É claro que tudo isto pode aplicar-se àquela PlayStation 5 com a qual andamos a sonhar há anos, ou então ao tradicional par de meias com que as nossas tias mais velhas nos presenteiam quando não sabem o que é que nos hão de oferecer. Depois, vocês só têm de adaptar a prenda à reação correspondente: Se for a Playstation 5, fazem uma cara igual à da Thea Hail; se for o par de meias, fazem uma cara igual à da Blake Monroe, e no fim ainda têm a mesma reação do Carlos Moedas:




Uma coisa é certa: vai ser sempre surpreendente.





O Natal é quando tu recebes aquele presente que sempre quiseste, como as Babes of Wrath no AEW: Winter Is Coming deste ano. 



Trabalhaste arduamente para receber a prenda que sempre querias: Um Ferrari todo tuneado com alta cilindrada, bancos em pele do mais fino que pode haver, o rádio a bombar uns graves que parecem vir da melhor discoteca da cidade. Sentes-te como se tivesses vencido o jogo da vida – e talvez o tenhas feito, se for o da vida de cão, porque logo a seguir cais na real e apercebes-te que reparar um Ferrari em caso de avarias custa, no mínimo, uns quatro salários mínimos e mais dois salários médios. 


Com as Babes of Wrath é a mesmíssima coisa: Ganhar o título é fácil, difícil é defendê-lo. Se optares por ficar pelo Ferrari o melhor é ires para político, que há de ser o único emprego que te permite pagar tudo isso… e a satisfação de chegar à Assembleia e fazer inveja até aos camaradas de partido?



O Natal é quando aparece aquele tio emigrado em França que já ninguém contava que aparecesse, ou até que estivesse vivo. Isto faz lembrar o regresso do CM Punk à WWE há dois anos – se bem que, o aparecimento desse tal tio sempre há de ser um segredo muito mais bem guardado, sobretudo se ele trouxer ao lado dele uma cachopa vinte e cinco anos mais nova



Ainda assim, tanto um acontecimento como o outro foram suficientes para fazer cair o queixo a toda a gente, sobretudo a quem acreditava que, depois de tudo o que aconteceu entre Punk e a AEW na reta final da sua estadia na empresa, este nunca acabaria por voltar à WWE. Ai, tão ingénuos!!


Claro que a chegada deste nosso tio vem sempre acompanhada de duas coisas: Primeiro, a famosa pergunta dirigida aos sobrinhos adolescentes: “Então, e namoradas?”, e, já no auge da bebedeira, a famosa confissão de que, na verdade, nunca esqueceu a ex-mulher.


Agora falando num tom mais sério, eu acredito que, quando o assunto é wrestling, o Natal se cumpre, pelo menos, todas semanas. Claro, há a devida diferença de não esperarmos que nasça um Deus feito carne que venha salvar um mundo tomado pelos pecados do Homem. Mas, apesar de todas as diferenças e tribalismos que nos separam, eu quero acreditar que, ao final do dia, nós estamos todos lá pelo mesmo.


Antes de me despedir por esta semana, resta-me desejar-vos que aproveitem toda a magia que esta quadra nos oferece, que apreciem cada momento com os vossos familiares e amigos, que comam e bebam como nunca o fizeram na vida, mas acima de tudo, que se divirtam e que tornem esta quadra um bocadinho melhor para todos aqueles que precisam de ver alguma luz ao fundo do túnel desta altura do ano.


E, acima de tudo, que sejamos capazes de fazer na nossa vida aquilo que fazemos, todas as semanas, no wrestling, mal ou bem: Que estejamos, todos os dias, unidos na luta pelas causas comuns. Porque o wrestling, esse, permanecerá no mesmo sítio, como sempre esteve. Mas são essas causas que fazem mover o mundo numa direção que, espero eu e esperam vocês, seja melhor do que foi até aqui.


Que estejamos sempre todos lá pelo mesmo.


Um Santo e Feliz Natal, meus amigos!!

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