Lucas Headquarters #202 – Voltar onde fomos felizes (parte 2)
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão?
Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no
WrestlingNotícias!!
Confesso que ainda não recuperei do impacto emocional do fim-de-semana
passado. Não porque o All In ou o Evolution tenham sido maus – bem pelo
contrário, acho que foram dos melhores PPV/PLE que vimos este ano, e vão ser
precisas décadas para que qualquer outro combate, em qualquer empresa, supere a
magnificência do Texas Death Match que envolveu “Hangman” Adam Page e Jon
Moxley.
A questão é precisamente essa: O facto de ambos os eventos
terem sido, no mínimo, bastante satisfatórios. Quer dizer, toda a gente
esperava que o All In rebentasse a escala, o card não nos dava outra
hipótese. Mas o Evolution, minha gente, saiu muitíssimo melhor do que a encomenda.
O que eu quero que vocês percebam quando falo que ambos os
eventos superaram as expectativas é o seguinte: O All In, como deixei
implícito, tinha obrigação de ser bom. No mínimo, bom. Pelo trabalho que foi
feito na sua promoção; pelos combates que foram marcados para o evento; pela
forma como as histórias que levaram a esses combates foram conduzidas… o All In
tinha de submeter uma forte candidatura a PPV do ano. Qualquer coisa que não resultasse
nisso saberia a pouco.
O Evolution não tinha essa obrigação, precisamente pelas
razões contrárias (e que aqui falei na semana passada): Não houve hype nenhum
associado ao evento; a sua promoção foi extremamente preguiçosa e pouco
pensada; dos combates que estavam marcados, só a Triple Threat pelo Women’s
Intercontinental Championship e o Main Event é que geravam algum interesse, e o
resto era para encher chouriços.
No entanto, a WWE acabou a entregar talvez o seu terceiro
melhor PLE feito este ano (depois do Elimination Chamber de Março e do Worlds
Collide, feito no mês passado). A referida Triple Threat foi um dos combates da
noite (Lyra Valkyria teve a performance de uma vida, arrisco dizer); a Battle
Royal teve a vencedora certa (e a cereja no topo do bolo foi a promo incrível
que Stephanie Vaquer acabou por entregar, demonstrando consideráveis melhorias
nesse aspeto) e o Main Event… bom… se aquilo que tínhamos visto na WrestleMania
já tinha sido indicação, Iyo Sky e Rhea Ripley voltaram a provar porque é que
são as melhores wrestlers que a WWE tem na sua divisão feminina até ao momento
(Stephanie Vaquer e Giulia andam lá perto). Entregaram um combate fantástico,
que se estendeu para além do ringue com spots incríveis e uma fenomenal dose de
esforço e sacrifício. E o cash-in da Naomi… perfeito. Nenhuma das duas
merecia sair dali com a derrota depois de tão boa contenda.
E para completar o ramalhete, neste fim-de-semana temos
Slammiversary, um dos maiores PPV do calendário da TNA. E a parceria com a WWE
parece estar a dar a este PPV aquilo que ele realmente necessita.
Para já, vamos ter Jacy Jayne, a NXT Women’s Champion, a enfrentar
Masha Slamovich, a TNA Knockouts Champion, num combate onde a vencedora fica
com a honra, com a glória e, não fosse isso suficiente, com ambos os títulos. E
eu diria que podemos estar aqui perante mais um resultado inesperado.
Eu sei que isto vai surpreender muita gente, mas, tendo em conta a forma como as coisas têm sido conduzidas em termos de títulos, eu acho que isto até seguiria uma linha bastante lógica: No NXT Battleground de Maio, Trick Williams derrotou Joe Hendry para se tornar NXT World Champion, fazendo história e tornando-se o primeiro wrestler contratualmente ligado à WWE a vencer um título da TNA. E se agora fizéssemos o caminho inverso?
E se fosse a Masha Slamovich a vencer o NXT Women’s Championship, a manter o “seu” TNA Knockouts Championship e a tornar-se a primeira wrestler contratualmente ligada à TNA a vencer um título da WWE? Talvez isso ponha um bocadinho mais de água na fervura que são aqueles rumores que aparecem a miúde e que dão conta de que a WWE quer comprar e “absorver” a TNA…
No entanto, apesar de estarmos aqui com um combate que
desperta bastante atenção, não vale a pena esconder nem tapar o sol com a
peneira: A razão pela qual o Slammiversary deste ano é tão especial tem um nome:
AJ Styles.
AJ Styles foi, na última década, um dos nomes mais
importantes na WWE. Numa fase em que John Cena já começava a ter um calendário
mais ao estilo part-time, o público ainda tinha muitas dúvidas sobre os
reais predicados de Roman Reigns (que a WWE já insistia em colocar no topo) e
estrelas como Kevin Owens e Sami Zayn começavam a despontar, a WWE precisava de
um nome que fosse capaz de aguentar o barco nessa fase, digamos, “de transição”,
em que o seu maior porta-estandarte na última década já começava a entrar no
ocaso da sua carreira. E é aí que AJ Styles nos aparece.
E se há coisa que AJ Styles provou ao longo deste tempo todo
foi que é um wrestler extremamente confiável. E a prova viva disso é
que, apenas cinco meses depois de ter chegado à WWE, Styles entrou em feud com
John Cena (que até originou aquela famosa catchphrase, “Beat Up John
Cena!”, lembram-se?) e logo em Setembro derrotou Dean Ambrose (nka Jon
Moxley) pelo (na altura) WWE World Championship, tendo mantido o título por 140
dias até ser derrotado por Cena no Royal Rumble em 2017.
E a verdade é que muita gente duvidou disto, usando aquele velho
argumento de que era uma chapada na cara de toda a malta que lá estava e que
tinha trabalhado durante anos por uma oportunidade. Mas havia aqui um fator
diferencial muito grande: Talvez com a exceção de Kevin Owens, Sami Zayn e mais
dois ou três, mais nenhum wrestler àquela altura tinha um currículo tão
recheado como o de AJ Styles. Mais ninguém tinha levantado ondas no Japão como
AJ Styles. Mais ninguém tinha provado ser tão confiável como AJ Styles. Tanto
foi que daí até outro reinado como WWE Champion foi um pulo de canguru, não sem
antes ter tido um curto reinado (dois meses e meio) como United States
Champion.
Claro que a história que AJ Styles tem na TNA não pode e nem
deve ser ignorada, muito embora saibamos que a WWE vai, provavelmente, passar
um pano por cima de todo esse tempo e fingir que o período de mais de uma
década em que o Phenomenal One foi um dos responsáveis por afirmar a
empresa nunca existiu. Mas isso é a WWE a fazer… bom… a fazer aquilo que a WWE
faz.
Mas isto lança-nos outra questão (e é sobretudo aqui que me
queria focar para hoje): O que significa esta presença no Slammiversary para
a carreira de AJ Styles? Será apenas para um regresso ao passado – um nostalgia
pop, se assim quisermos – ou significará que a sua carreira está a caminhar
para o fim? Será este um primeiro indício disso mesmo?
Vêm-me estas perguntas a propósito das muitas conversas que
tenho visto (e ouvido) nessas redes sociais fora relativamente ao futuro de AJ
Styles. Acredito que muita gente se pergunte até se o próprio AJ Styles vai
usar o Slammiversary da mesma forma que John Cena usou o Money In The Bank no
ano passado: Para anunciar uma despedida dos ringues, acompanhada de uma
possível tour. Mas já lá
iremos.
Primeiro, vamos aos factos mais
óbvios: AJ Styles tem 48 anos, feitos há pouco mais de mês e meio. E sim, hoje
em dia há muitos wrestlers que lutam
para lá dos cinquenta, dos sessenta, e até dos setenta. Bolas, há uma semana
atrás, Goldberg teve o último combate da sua carreira com 60 anos! Sting
retirou-se dos ringues no
Revolution do ano passado com 64! Ric Flair, com 75 anos, ainda acredita que
pode dar espetáculo, portanto AJ Styles também havia de conseguir…
A questão é que o Phenomenal One já deu a entender por várias vezes que não pretende
lutar por muito mais tempo. A decisão acaba por ser compreensível: Com a minha
idade (ou se calhar, um pouco mais novo) já AJ Styles estava no topo. Ele
esteve na TNA desde os seus inícios e rapidamente conquistou um lugar de
destaque, o que naturalmente o impediu de disfrutar do plano mais pessoal da
sua vida. Se ele procura recuperar esse tempo perdido (e estou certo que sim),
é uma decisão que se aceita.
Depois, há outro fator que nos vem
à cabeça: O seu papel atual na WWE. Como disse há pouco, AJ Styles foi, na última
década, um dos grandes nomes da empresa, numa fase em que novos nomes começavam
a surgir; outros já mudavam para um calendário mais suave, depois de anos a
representar a empresa ao mais alto nível; e a própria empresa tentava, contra
quase todos, impor novas estrelas à força. E essa confiança recompensou-o em
grande escala.
AJ Styles manteve o seu destaque
na WWE até há mais ou menos dois anos, quando foi parte de uma segunda reunião
dos O.C. que teve feuds, entre
outros grupos e tag teams, com os
Judgment Day. Uns anos antes, tentou afirmar Omos como uma opção válida na
empresa (recordar que estávamos na fase final da era Vince) e, como não
esquecer, a ele coube-lhe a honra de ser o derradeiro adversário de Undertaker,
no famoso boneyard match que foi um dos pontos altos da
WrestleMania 36, em plena pandemia.
Olhando para tudo isto e voltando
aos tempos atuais, percebemos que o papel de AJ Styles mudou. O Phenomenal One já não se destaca como main eventer como em 2016,
mas isso não quer dizer que a WWE tenha perdido a confiança nele. Bem pelo
contrário.
Há pouco mais de um ano atrás, quando LA
Knight subia cada vez mais na escala da popularidade, AJ Styles entrou em feud com o Megastar para
ajudá-lo a cimentar o estatuto que tinha ganho, e funcionou, perdendo para Knight
na WrestleMania XL. Logo depois, quando Cody Rhodes precisava de ser legitimado
como campeão após ter ganho o Undisputed WWE Championship das mãos de Roman
Reigns nessa mesma WrestleMania a WWE chamou AJ Styles, na qualidade de ex-Campeão
Mundial, para o ajudar. E o resultado, bem o sabemos, foi um dos combates desse
ano, perante um público em apoteose no Backlash de Paris.
A WWE deu a AJ Styles o papel que
se dá a todos aqueles que um dia estiveram no topo: O de confirmar as novas
estrelas, ajudando a lançar a próxima geração de wrestlers na
empresa. Não existe maior honra do que essa.
Falando de um possível fim de
carreira de AJ Styles, eu diria que essa é uma real possibilidade. Não há,
neste momento, nenhum nome que precise de ser consolidado de uma forma tão
urgente quanto isso. Aliás, aquele que poderia necessitar disso mesmo – Jacob Fatu
– conseguiu o feito raro que é fazê-lo pelos próprios meios.
Portanto, eu diria que a WWE tem
aqui uma oportunidade de construir um último terço de carreira memorável para
AJ Styles, ainda para mais agora que está a trabalhar lado a lado com a TNA e
que comprou a AAA. Na possibilidade real de AJ Styles anunciar que pendurará as
botas no próximo ano, fazer o Phenomenal One lutar nestes
três palcos (contando com a própria empresa) seria a oportunidade perfeita para
que Styles brilhasse por uma última vez, enquanto permitia à WWE corrigir
alguns dos erros que tem feito com esta tour de
despedida de John Cena. No entanto, e ainda sem pensar em mais nada, mais uma
vez se confirma que a sabedoria popular também mente: Devemos sempre voltar aos
lugares onde fomos felizes.
Felizes com a aparição de AJ Styles
no Slammiversary? O que acham que poderá fazer durante o PPV?
E assim termina mais uma edição de
“Lucas Headquarters”!! E assim termina mais uma edição de "Lucas
Headquarters"!! Não se esqueçam de passar pelas nossas redes sociais,
Facebook, Instagram, Telegram, de darem uma voltinha pelo nosso canal de YouTube
(novo episódio de Saligia's Masterclass em breve!), deixar as
vossas opiniões aí em baixo, o costume. Para a semana cá estarei com mais um
artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!! Bom Slammiversary!!