Lucas Headquarters #201 – Tudo incluído!!
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Sejam
bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters”, aqui no WrestlingNotícias!!
Pois bem, estamos a meio de Julho, o que quer dizer que as coisas vão começar a aquecer – e não estou apenas a falar da temperatura. Embora o 5-STAR GP da STARDOM só comece no dia 27 (final do mês, portanto) e o DREAM STAR GP da STARDOM só comece mesmo em Agosto (dia 2), já muitas análises têm sido feitas, muitos prognósticos, muitos desejos de quem queremos que vença, todas essas coisas.
Mas isso é no fim do mês, para já estamos a meio. Estamos a
meio e este fim-de-semana promete ser cheio de ação!! Reparem só:
-NXT Great American Bash, Sábado;
-AEW All In, Sábado;
-WWE Saturday Night’s Main Event, Sábado
-WWE Evolution, Domingo.
Melhor que um
fim-de-semana cheio de wrestling? Só mesmo ter um fim-de-semana cheio de
wrestling em meio a umas férias de Verão, pelo que, nessa parte, tenho
zero razões de queixa. Agora, vamos à parte mais séria.
Um PPV (ou PLE, conforme queiram) de wrestling, para
ser bem-sucedido, depende de vários fatores. Os mais óbvios creio que já todos
sabemos quais são: Um bom matchcard, com tempo suficiente para que os
combates tenham o mínimo de qualidade; um excelente público (porque se o
público não estiver investido no combate que está a decorrer, não há bom combate
que nos valha), mas, acima de tudo, um fio condutor para as histórias que estão
a ser contadas (e isto aplica-se sobretudo no caso da WWE, que dá mais
prioridade às histórias do que à ação).
Só que, a acrescentar a tudo isto, há um fator muito mais
complexo – e, por isso, tão ou mais fundamental: O hype.
A questão do hype (ou da falta
dele)
Para compreendermos o que é esta coisa do hype, é preciso explica-la. Só que explicar o que é o hype não é uma tarefa fácil, porque o conceito de hype em si não é fácil de descrever – ou pelo menos não há uma palavra (ou,
talvez, uma frase) em português que o descreva na perfeição.
Simplificando, o hype é o grau de expectativa que o público tem para um
evento. Este evento acontece, regra geral, num futuro próximo, o que faz com
que o hype, a expectativa, vá aumentando à medida que os
dias passam.
“E como é que se aumenta
o hype, tio Alex?”, perguntam vocês já sabendo a resposta. A
resposta, meus sobrinhos, não tem nada de complicado: Publicitando-o.
Divulgando-o. Fazendo com que as pessoas fiquem interessadas através de
diversos “truques” (ou divulgando-o através de diversos meios).
Para que o hype funcione na perfeição, é essencial que não sejam anunciados,
publicitados ou realizados muitos eventos num curto espaço de tempo, caso contrário,
o tempo para gerar hype é, na
melhor das hipóteses, escasso. Além disso, muitos PLE/PPV num curto espaço de
tempo criam exaustão nos fãs, uma vez que o wrestling é algo que
implica um consumo de tempo muito elevado (já falei disto na edição #181, em
finais de Fevereiro).
Ora, isto é tudo aquilo que a WWE
não faz. Desde a WrestleMania, a WWE já organizou um Backlash, mais uma edição do
Saturday Night’s Main Event (isto em Maio), Money In The Bank e Night of
Champions (em Junho), e vai entrar neste mês de Julho com o Saturday Night’s
Main Event no Sábado, e Evolution no Domingo. Daqui a três semanas está a
organizar um Summerslam, que, tal como a WrestleMania, terá duas noites, e no
final de Agosto, Clash in Paris.
Como é que a WWE espera gerar hype e manter os fãs interessados com tantos eventos a
acontecer num curto espaço de tempo? Mais, como é que um card poderá ter o mínimo de qualidade se entre um PPV e
outro há duas semanas de intervalo? A WWE vai realizar o Saturday Night’s Main
Event já hoje, e dali a três semanas terá um card de duas
noites para montar, assim como outro no final do mês de Agosto. Como é que o
vai conseguir fazer de forma eficaz? Não vai, pois então. Não há o mínimo de
tempo para construir combates, para contar histórias minimamente cativantes e
para fazer com que os fãs construam uma relação de empatia com os wrestlers a partir disso.
Perante isto, o resultado só pode
ser um: A “morte” do hype. Isto
significa que aquilo que era para ser um elevado grau de expectativa, acaba por
ser apenas mais um evento. E não há pior coisa no wrestling do que
estarmos a olhar apenas para “mais um evento”.
Mas depois há outro problema…
WWE vs
AEW: Ao vivo e a cores
Esta tem sido uma tendência cada
vez mais regular: A WWE a organizar PLE’s no mesmo dia dos PPV’s da AEW. Será
isto bom para o wrestling em geral?
Na minha opinião, não. Até vou
mais longe: Soa-me a desespero. A WWE tem assim tanto medo daquilo que a AEW pode
fazer? A WWE tem assim tanto medo que o All In, sozinho, seja melhor do que a
combinação de Saturday Night’s Main Event e Evolution?
À partida, não. Então, se quem não
deve, não teme, porque é que a WWE insiste em fazer isto?
A resposta está no tópico que ainda
agora abordei: Hype. Vai tudo
dar ao hype. A WWE sabe que, com a quantidade
de PLE’s que organizou, não conseguiu gerar hype nenhum –
até o Evolution, que era suposto ser um evento com o seu capital de importância
por ser exclusivamente feminino, falhou nesse aspeto. Por muito bom que seja o matchcard, não há ninguém que aguarde ansiosamente pelo
começo destes dois eventos.
Por outro lado, a AEW conseguiu
gerar um hype de tal forma grande à volta do All
In que esse PPV pode muito bem vir a ser a hora mais brilhante do wrestling, não só neste ano, como nos últimos anos. Fê-lo
com um bom card, storylines bem
construídas e sem tentar desesperadamente provar o quão boa é a montar matchcards para eventos. Mais nem sempre significa melhor.
O que esperar
do Evolution?
Posto isto, e feita a análise mais
contextual, vamos à pergunta que nos traz aqui hoje: “O que esperar?”, quer do
Evolution, quer do All In. Sobre o Saturday Night’s Main Event e sobre o NXT Great
American Bash não me vou pronunciar, para não correr o risco de escrever um artigo
demasiado grande e porque pelo menos um dos eventos não vai acrescentar grande
coisa (diria mesmo que o único ponto de interesse do Saturday Night’s Main
Event é o último combate de Goldberg, se bem que, hoje em dia, “último combate” significa zero ou perto disso.
Falando do Evolution, e
considerando tudo aquilo que já falei, é notório o decréscimo de qualidade em
relação ao evento que aconteceu em Outubro de 2018.
Para já, porque no Evolution de
2018 havia vários pontos de interesse: Tínhamos a final da segunda edição do
Mae Young Classic entre Toni Storm e Iyo Sky (as voltas que a vida deu…), tínhamos
o Last Woman Standing Match entre Becky Lynch e Charlotte Flair pelo, na
altura, SmackDown Women’s Championship (foi o combate da noite, de resto) e o
combate pelo, na altura, RAW Women’s Championship entre Ronda Rousey e Nikki
Bella. Três pontos de interesse. Três grandes combates.
No Evolution deste ano, o que é
que há? Iyo Sky vs Rhea Ripley, que já foi feito e replicado de umas dez mil
formas diferentes, embora o combate na WrestleMania (onde também esteve Bianca
Belair) tenha sido um dos combates do ano para a empresa. Temos um Fatal 4-Way
Tag Team Match entre uma dupla que é parte de uma stable que nem
devia existir porque já deu o que tinha a dar, uma dupla feita a pressa num
SmackDown e uma outra dupla desperdiçada ainda no tempo de Vince McMahon que
está agora a tentar reviver tempos passados. A única dupla interessante deste
combate são as chamadas ZaRuca, a única dupla que, apesar de, individualmente,
representar dois polos opostos, ainda tem alguma coisa de orgânico a apresentar.
Jade Cargill vs Naomi é um combate
que tem que existir, mais não seja porque a vencedora do Money In The Bank
feminino deste ano tem de estar no card. Mas
parece-me a mim que, para aquilo que Jade Cargill demonstrou – que foi muito
pouco, e o que aconteceu no Night of Champions comprova-o – o push que lhe estão a dar começa a não se justificar.
Relativamente à Triple Threat
entre Bayley, Lyra e Becky, não há muito mais a dizer. O foco do combate vai
ser, naturalmente, a feud entre as
duas irlandesas, com Bayley a estar lá porque, provavelmente, alguém terá que
levar o pin, e Lyra e Becky estando no seu melhor momento individual… A WWE não
quer arriscar – e bem.
Em suma, o caso do Evolution é um
daqueles casos em que pode dar em tudo como pode dar em nada. O card não é animador, as expectativas são baixíssimas,
pelo que não surpreenderá se o PLE for um fiasco. Mas, se por golpe do destino,
a WWE conseguir fazer deste segundo Evolution algo de muito bom, conseguirá
pelo menos amenizar o impacto de um All In potencialmente estratosférico.
O que
esperar do All In?
Posto isto, o que esperar do
All In?
Ao contrário do Evolution, tudo e
mais um pouco. A AEW está a apostar tudo em fazer do All In o PPV de 2025 –
tanto a nível de matchcard como a
nível de storylines (se é que isso interessa para a
All Elite).
O mal que continua a afetar os PPV’s
da AEW é o mesmo de sempre: Card potencialmente longo, que poderá erodir,
cansar (se assim quisermos) os fãs ao fim de uma hora e meia a duas horas. Mas
reparemos nos combates: Toni Storm vs Mercedes Moné (com o título em jogo,
obviamente), “Hangman” Adam Page vs Jon Moxley (Texas Death Match, preparem-se
para a brutalidade), Kazuchika Okada vs Kenny Omega (um carrossel com muita
história, mais uma moedinha, mais uma voltinha – e vai ser boa, com certeza), Swerve
Strickland e Will Ospreay vs Young Bucks, The Opps vs Death Riders…
Ao contrário daquilo que acontece
com a WWE, a AEW chega a este All In não com as storylines feitas em
cima do joelho e num curto espaço de tempo, mas com muitas delas a serem
propositadamente “mal resolvidas” para culminar aqui.
Isto obviamente que não se aplica
no caso do combate entre a Timeless e a CEO (que é feito em circunstâncias muito específicas e interessantes, onde
Mercedes se apresenta como a “Belt Collector” e a Toni tenta manter o seu
título, que simboliza, de certa forma, a garantia de que a AEW não fica monopolizada
numa wrestler e não perde o seu prestígio.
Mas no caso, por exemplo, de “Hangman”
Adam Page vs Jon Moxley, as coisas já são substancialmente diferentes: Os dois já
se haviam enfrentado num outro Texas Death Match no Revolution em 2023, um
brutal embate de cerca de 25 minutos em que Hangman levou a melhor. Tendo isto
em conta, a vitória de Jon Moxley parece certa, sobretudo tendo em conta o que
está em causa: Moxley parece tomar o AEW World Championship refém de si mesmo e
dos Death Riders até que apareça alguém que, aos seus olhos, seja
suficientemente digno de carregar esse título e elevar a empresa ao próximo
nível (Darby Allin, talvez?).
No caso de Kenny Omega vs Kazuchika
Okada, a mesma coisa. Para muitos, pode ser a primeira vez que estes dois titãs
se enfrentam num ringue da AEW, mas quem acompanha wrestling há tempo
suficiente sabe da história que os une a ambos. O combate no G1 Climax da NJPW
de 2017, o combate pelo IWGP Heavyweight Championship no Dominion, ou no
Wrestle Kingdom 11, também em 2017.
Poderá alegar-se que os anos passaram
por eles, que se calhar este combate não terá a mesma magia dos citados. E eu
pergunto… como não? Estamos a falar de dois dos melhores wrestlers de
sempre, há um título em jogo e estamos a falar de um PPV com potencial para
marcar uma década. Melhor palco não poderia haver!!
A WWE trabalha em modo fast-food, quer tudo feito depressa
sem manter o sabor. Já a AEW sabe que um segredo para um bom prato cheio é
deixar que o tempo faça o seu trabalho, que os ingredientes curem, apurem e
ganhem sabor, e só quando estiverem no ponto é que estão prontos para ser servidos.
A AEW sabe que esse “ponto” é um PPV bem divulgado, bem promovido junto dos fãs
e com combates com potencial, por si só, para marcarem uma era. A WWE vive
iludida no princípio de que quantidade significa qualidade, quando isso só se
aplica, precisamente, se deixarmos que o tempo e o wrestling andem de
mãos dadas, dando as voltas que precisam de ser dadas até chegarmos à altura
certa para que tudo aconteça.
E vocês, o que esperam deste fim-de-semana de wrestling?
Qual é o evento que estão mais ansiosos para ver?
E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! E assim termina mais uma edição de "Lucas Headquarters"!! Não se esqueçam de passar pelas nossas redes sociais, Facebook, Instagram, Telegram, de darem uma voltinha pelo nosso canal de YouTube (novo episódio de Saligia's Masterclass em breve!), deixar as vossas opiniões aí em baixo, o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!! Que seja um fim-de-semana em grande!!