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Lucas Headquarters #199 – Voltar onde fomos felizes


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Pois bem, parece que o Verão finalmente chegou, e com ele o calor, esse inferno na Terra que só faz com que as pessoas suem em bica e sejam docemente devoradas por toda a espécie de mosquitos e melgas, não conseguindo pregar olho e consequentemente chegando ao trabalho com uma aparência pior do que os zombies do Call of Duty. Serve isto para dizer o quê? Protejam-se, bebam aguinha, ponham protetor solar, essas recomendações todas, que eu cá deste lado vou tentar não derreter também.



Com o Verão chega também a silly season, essa maravilhosa altura do ano rica em notícias de casamentos dos famosos (sobretudo os famosos da bola), em programas infindáveis precisamente sobre… bola, e em outros programas, teoricamente mais interessantes, onde aquilo que se discute acaba por equivaler a… bola. E o pior disto tudo (ou não), é que a silly season já chegou ao wrestling!!


Como assim? Então reparem: A WWE empurra eventos sem hype absolutamente nenhum pela garganta dos fãs abaixo, acreditando magicamente que o facto de haver meia dúzia de combates que há dez anos atrás eram considerados “de sonho” a ter lugar num evento qualquer na Arábia resolve magicamente o problema.


Depois, um segundo Evolution que demorou anos a realizar (todos sabemos muito bem porquê) e que agora que vai acontecer, cai num fim-de-semana onde a AEW vai realizar um dos melhores PPV do ano (com pelo menos dois combates a serem candidatos a combates do ano também) e que acontece exatamente duas semanas depois da WWE ter realizado esse tal evento na Arábia Saudita, evento esse do qual ninguém quer saber absolutamente nada.



E ainda, uma polémica que estalou nesta quinta-feira à noite e que tem CM Punk como o seu centro. Se bem que, quando o assunto é CM Punk, é muito fácil criar polémicas. Ainda há muita gente que não se conforma com o facto de que, no wrestling como em tudo na vida, nunca se deve dizer “desta água não beberei”, ainda para mais quando todos nós queríamos estar no lugar daquela criança. Se isto não é silly, então eu não sei o que é…



Enfim. O lado bom disto tudo é que, para além de chegarmos às duzentas edições aqui do estaminé na próxima semana, pelo menos assunto para o próximo mês não nos faltará. Valha-nos isso. Isso e o início das tournament seasons no wrestling japonês (sobretudo o feminino), que promete aquecer ainda mais os próximos tempos. 5-STAR GP da STARDOM, Dream Star GP da MARIGOLD… Vai ser um Verão bastante animado, lá isso vai.


Por falar em torneios e GPs, nesta semana vamos precisamente falar de wrestling japonês. Já aqui vos disse que, muitas vezes, o wrestling japonês – principalmente a cena joshi – possui uma caixinha de surpresas maior do que o wrestling americano, e isto aplica-se, sobretudo, nos torneios que são organizados.


Se bem se lembram, no 5-STAR GP de 2023, tivemos várias surpresas, embora no sentido negativo do termo: Várias lesões e uma vencedora que ninguém contava. Assim como, por exemplo, no Dream Star GP do ano passado (o primeiro, por sinal), tivemos a presença de uma wrestler (NØRI) desconhecida para a grande maioria do público, mas que fez uma performance de tal maneira consistente na competição que acabou por ganhar os nossos corações, qual Mamelodi Sundowns a seguir ao jogo com o Dortmund no Mundial de Clubes.


Isto também já se começa a notar nos PPV, e vai muito para além de surpreendentes mudanças de título. Por exemplo: Há um ano, no STARDOM The Conversion, tivemos a “morte” das Queen’s Quest e das Oedo Tai e vimos nascer as H.A.T.E., consumando um heel turn de Saya Kamitani que, semanas antes, poucos também teriam a coragem de antecipar, quanto mais colocar na sua lista de previsões para 2024. Isto fora as voltas e reviravoltas surpreendentes que a trilogia que opôs Saori Anou a Mika Iwata nos proporcionou, mas isso são outros quinhentos.



Curiosamente (ou não), na edição deste ano do STARDOM The Conversion, tivemos mais outra surpresa. E digo-vos uma coisa: Se ninguém contava com a “morte” das Queen’s Quest, das Oedo Tai e com o heel turn de Kamitani, muito menos com este regresso, dada a forma repentina como a wrestler de que vos vou falar hoje saiu da cena japonesa.


Bozilla, lembram-se?



Pois bem, corria o penúltimo combate do card (um eight-woman tag entre as Mi Vida Loca e as Neo Genesis). E o combate até estava a correr bem às últimas: AZM tinha Akira Kurogane presa num armbar e estava a segundos de fazê-la desistir. Até que aparece uma figura misteriosa, com um hoodie vestido, que começou a deitar por terra as integrantes da stable agora liderada por Starlight Kid. 


A interveniente em questão era claramente maior do que as restantes, e isso saltava à vista. Mas, mais uma vez, ninguém imaginava que fosse Bozilla até que o gorro do hoodie descobrisse a cara. Bozilla não perdeu tempo e lançou desde logo um desafio a AZM: Colocar o NJPW Strong Women’s Championship em jogo. Parece que vem aí mais um grande combate em perspetiva!!



Primeiro ano de sonho



Para quem acompanhou a cena joshi neste último ano, o nome de Bozilla não será nada estranho. Na memória estará, ainda, a incrível estreia da wrestler alemã, que na primeira noite em Terras de Sol Nascente partilhou o ringue com três dos melhores nomes do wrestling feminino nipónico (e do wrestling em geral): Giulia, Utami Hayashishita e Sareee.


Depois de ter deixado excelentes impressões na estreia, no Summer Destiny enfrentou Miku Aono pelo United National Championship (saiu derrotada), foi a revelação da edição inaugural do Dream Star GP e, já em Janeiro deste ano, conquistou o primeiro título na empresa, vencendo o Twinstar Championship ao lado de Tank (que, infelizmente, não teve uma passagem tão brilhante quanto a sua).


Pode, por isso, dizer-se que o primeiro ano de Bozilla no Japão, repentinamente interrompido por uma emergência familiar, foi um sucesso. Talvez esse sucesso não se tenha materializado da forma que muitos esperariam, mas entregar o destaque de uma empresa recém-criada a uma jovem wrestler de 21 anos que vem de uma cena com um estilo tão diferente como é a europeia é um risco que só deve ser assumido se estivermos perante alguém divinamente predestinado, coisa que no wrestling não existe.


De facto, poder-se-ia dizer, e com propriedade, que Bozilla teria continuado na empresa liderada por Rossy Ogawa se essa emergência familiar não a tivesse levado de volta à Alemanha. Talvez Bozilla estivesse, a esta altura, verdadeiramente pronta para assumir outro papel que não aquele do seu primeiro ano e fosse uma das favoritas a vencer o próximo Dream Star GP.


Mas, para surpresa de todos, a jovem wrestler traçou o caminho inverso. E sejamos sinceros, faz muito mais sentido nesta altura do que continuar numa empresa que já tem uma série de rookies potencialmente prontas a serem lançadas.


Bozilla precisa mais da STARDOM do que a 

STARDOM de Bozilla?




Apesar de, na minha opinião, a chegada de Bozilla à STARDOM fazer mais sentido nesta fase, há muita gente que se mostra surpreendida com o facto de a wrestler alemã estar agora a defender a concorrência depois de um excelente período na MARIGOLD. Daí que a pergunta precise de ser feita: Bozilla precisa mais da STARDOM do que a STARDOM de Bozilla?


A resposta a esta questão está no contexto em que as coisas decorrem.


A STARDOM sempre foi conhecida por ter uma cultura de gaijin (palavra japonesa que designa as wrestlers de nacionalidade estrangeira) muito embora estas fossem sempre uma franca minoria. Toni Storm, Bea Priestley, Jamie Hayter, Bobbi Tyler, Blake Monroe (aka Mariah May) ou Thekla são alguns dos exemplos de wrestlers de nacionalidade estrangeira que fizeram sucesso na empresa. Curioso que todos os nomes aqui mencionados (à exceção da Timeless) têm origem europeia, o que também comprova o quanto a STARDOM valoriza o talento feminino que vem desse mercado – Bozilla é precisamente o mais recente exemplo disso mesmo.





A questão é que a STARDOM se viu privada da sua gaijin mais recente, muito embora isso não constitua, na opinião de muitos (e na minha também) uma grande perda – sem desrespeito para o seu talento (que é imenso e cuja grande fatia ainda está por revelar) mas Thekla é, claramente, o elo mais fraco desta pequena lista.


Uma gaijin é sempre um elemento que dá jeito que uma empresa como a STARDOM tenha, mais não seja para preencher uma vaga (essa seria a razão mais natural), mas também para introduzir o público a um estilo que talvez eles não estejam tão habituados a ver. Thekla, por exemplo, foi sempre uma wrestler mais focada nos maneirismos e no aspeto de construção da sua personalidade, embora a STARDOM dê primazia, bem sabemos, à ação dentro do ringue (e isso é o que a distingue, por exemplo, da TJPW).


Se souber cumprir bem o seu papel, tanto melhor. E é nisto que Bozilla tem vantagem. Tem vantagem porque é uma wrestler que vai causar sempre reação no público: Se não for pelo facto de ser uma heel, de vir de um país estrangeiro, com uma cultura e abordagem ao wrestling bastante diferentes daquilo a que o público nipónico está habituado, causará reação pela sua imponente moldura física, que está a níveis formidáveis para 21 anos de idade. Portanto, nesse aspeto, a contratação de Bozilla já poderá vir a revelar-se como acertada.



Mais do que olharmos para a componente física de Bozilla por si só, verificamos o seguinte: A STARDOM não tem, desde a saída de Nanae Takahashi para a MARIGOLD, uma wrestler com a combinação de física e capacidade em ringue como a wrestler alemã. Yuu vai retirar-se em breve, Chihiro Hashimoto está a dar boa conta de si na Sendai Girls, e a própria Nanae também acabou a carreira há pouco tempo.


Portanto, a STARDOM precisa de uma wrestler que seja fisicamente diferenciada (para poder apresentar um estilo diferente do habitual), que tenha presença em ringue e que saiba gerar reações do público, positivas ou negativas. Bozilla tem isso tudo com apenas 21 anos, e, sejamos sinceros, dificilmente a STARDOM arranjaria melhor.


Se Bozilla precisa mais da STARDOM do que a STARDOM de Bozilla? Estará para ver, porque até agora não sabemos o que é que a empresa quererá fazer com a wrestler alemã para além de integrá-la nas Mi Vida Loca. Mas, usando Thekla como termo de comparação (e olhando para tudo aquilo que a STARDOM fez com a austríaca), Bozilla parece estar já muitos furos acima, o que é espantoso quando olhamos para a idade, para o que já fez e para o que está por fazer. É esperar, ver, e disfrutar.



 Bozilla não vem para ser nenhuma salvadora da pátria, mas o facto de que a sua contratação acontece já depois de ter feito um ano a bom nível nos ringues japoneses (e numa altura em que a STARDOM começa, finalmente, a recuperar o ímpeto que perdeu quando mudou de gerência) deixa antever bons tempos. Não parece haver dúvidas de que a wrestler alemã é mais do que capaz de dar conta do recado. A bola, agora, está do outro lado. E aí, as coisas já são mais difíceis de prever.


Esperavam que Bozilla fosse para a STARDOM depois de um ano na MARIGOLD? Acham que pode chegar ao topo por lá?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! E assim termina mais uma edição de "Lucas Headquarters"!! Não se esqueçam de passar pelas nossas redes sociais, Facebook, Instagram, Telegram, de darem uma voltinha pelo nosso canal de YouTube (novo episódio de Saligia's Masterclass em breve!), deixar as vossas opiniões aí em baixo, o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!! Bom Night of Champions!!

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