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Lucas Headquarters #195 – Um ano de MARIGOLD (e obrigado, Nanae Takahashi!!)


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Ah já estavam fartos de chuva? Ah queriam calor? Agora levam com o Inferno na Terra e mais as poeiras de África que até andam de lado!! E não vos dou quinze dias até que comecem a reclamar do sol… Como se fosse ele que tivesse culpa, coitado!! Ele só está ali, no centro do sistema solar, a irradiar luz para o nosso planteta…


Bom, como vos tinha prometido na semana passada, cá estou eu esta semana para falar de efemérides, o que não é coisa rara por aqui. E olhem que esta semana já ficou marcada por grandes acontecimentos, não só esse, como também o espetacular Double or Nothing por parte da AEW (aquele Anarchy in the Arena é capaz de ser dos melhores combates que já vi em dezoito anos que levo a ver wrestling) e, como se isso não fosse suficiente, Thekla estreou-se na AEW, enfiando um banano na Jamie Hayter e sendo a protagonista principal de um segmento que mostra que mandar estagiários do curso de Ciências da Comunicação de uma qualquer universidade do Texas para filmar um segmento em direto, por muito nobre que seja a intenção… talvez não seja a melhor das ideias.





A MARIGOLD completou, na semana passada, um ano de existência, e comemorou a data da única maneira plausível quando estamos a falar de wrestling: Com um PPV, o Shine Forever 2025. Foi um PPV bastante bom (embora a parte inicial tenha sido um pouco mais enfadonha em certos aspetos) e que fez jus àquilo que tem sido a expectativa criada em torno da empresa. Mas já lá vamos. Primeiro que tudo, importa analisar os acontecimentos deste primeiro ano de MARIGOLD, talvez puxar um bocadinho a fita atrás, rever algumas das mudanças que moldaram a companhia e que a trouxeram até ao ponto em que estamos.


Para começo de conversa, deixem que vos diga o seguinte: É espantoso como, em pleno século XXI, ano da Graça do Senhor de 2025, ainda há empresas de wrestling a surgir. Porque Rossy Ogawa podia muito bem sentir-se abalado pelo escândalo que o levou para fora da STARDOM e podia ter posto a viola no saco, por assim dizer, e ter desaparecido do mapa. E seria legítimo: Então o homem dedicou tanto tempo à empresa (mais de uma década, diga-se) lançou nomes tão distintos e tão conhecidos como IYO SKY, Kairi Sane, Arisa Hoshiki, Giulia e Utami Hayashishita e agora, vê-se acusado de caçar talentos?


Tudo bem, tudo bem, Rossy Ogawa não é nenhum santo sem altar, já aqui o disse várias vezes (e recorrendo, até, a essa mesma expressão). Assim como nunca o foi Vince McMahon (longe, muito longe disso), assim como não o são Tony Khan nem Triple H. 


Mas até agora, as informações que acusam Rossy de ser um caça-talentos (pelo menos aquelas que se conhecem) são poucas ou nenhumas, ao contrário daquilo que sucede, por exemplo, com o ex-chefão da WWE. Mais: Ele até estava a pensar em deixar a empresa dali em breve. Portanto, e aplicando a presunção de inocência, um gajo não consegue deixar de pensar se aquilo não terá sido uma marosca qualquer que se armou para correr com o Rossy Ogawa dali para fora…



E a verdade é que tudo isso acabou por beneficiar a MARIGOLD numa fase inicial: Rossy Ogawa levou consigo Giulia (ainda que de forma temporária, já que esta já tinha acordo com a WWE), Utami Hayashishita, MIRAI, Mai Sakurai e Nanae Takahashi, deixando a STARDOM apenas com… Mayu Iwatani, aquela que o próprio Rossy trouxe para a STARDOM quando a fundou, que foi o seu ícone durante os últimos catorze anos e que, curiosamente, também já pulou para o outro lado da cerca; Maika, que se tinha afirmado como um dos nomes de topo da empresa e, naquela altura, era a World of STARDOM Champion; e ainda Saya Kamitani, a people’s champion da empresa, que havia de se tornar heel dali a pouco tempo.


Toda a magnitude dos nomes que saíram, associada ao entusiasmo que vem com o surgimento de uma nova empresa, atraiu público para a MARIGOLD e quase deixou a STARDOM entregue à própria sorte. Havia muita gente cética com o estado como as coisas iriam ficar na STARDOM dali para a frente, sobretudo com a mudança na gerência. 


Esse ceticismo existiu e, arrisco dizer, persiste ainda hoje, embora em quantidades bem menores, porque a empresa estabilizou e conseguiu apresentar um All Star Grand Queendom bastante satisfatório, com aquele final bastante poético a simbolizar o final da carreira de Tam Nakano, final esse que, mesmo um mês depois, ainda perdura na memória daqueles que viram.




Ao mesmo tempo, acho que se nota que, depois deste ano (e em termos daquilo que é a expectativa das massas) as coisas estão muito mais equilibradas. Parece que as pessoas já perceberam que a fase-de-lua de mel para com a MARIGOLD já terminou (sobretudo agora que Giulia e Bozilla saíram) e que a STARDOM está finalmente a conseguir apresentar um produto de melhor qualidade. Naturalmente que o público exige muito mais de Rossy do que exigirá de Taro Okada (mesmo depois deste ano) porque Rossy Ogawa é a parte mais experiente neste processo.


Dadas as circunstâncias, podemos dividir este primeiro ano da MARIGOLD da seguinte forma:


-A fase-de-lua de mel, dita inicial (Maio – Agosto de 2024);
-A era pós-Giulia (Agosto de 2024-Janeiro de 2025);
-A fase de estabilização (Janeiro-Maio de 2025);
-A era de Mayu (Maio de 2025-presente);


Podíamos até fazer uma divisão diferente e prescindir da “era de Mayu” para continuar a fase de estabilização. A questão é que Mayu Iwatani não chegou apenas para ser mais uma, mas sim porque a MARIGOLD necessita urgentemente de alguém que consiga aguentar o barco. Isto tem sobretudo a ver com dois fatores: Primeiro, o roster da MARIGOLD tem demasiadas rookies por comparação a nomes mais experientes. E segundo, porque aquela que estava incumbida de passar todo esse capital de experiência, despediu-se dos ringues neste passado Sábado.


Obrigado, Nanae Takahashi!!



É o acontecimento que marca não só o Shine Forever 2025 mas também toda a cena joshi: Nanae Takahashi deu por encerrada uma carreira de quase trinta anos, toda ela dedicada não só ao próprio joshi em si, mas também ao seu desenvolvimento enquanto vertente do wrestling cada vez mais reconhecida e apreciada.


Negar ou tentar esconder a influência de Nanae Takahashi naquilo que é o wrestling feminino japonês é desmerecer não só todo o seu trabalho, como também o trabalho de todas as suas contemporâneas que já naquele ano de 1996 colocavam o wrestling japonês no mapa. Nanae Takahashi foi uma wrestler, mas também foi muito mais do que isso.


Para que vocês tenham noção, a influência de Nanae Takahashi não se resume apenas aos ringues, mas também ao que está por detrás. Foi ela quem fundou a STARDOM em 2011 e foi ela quem, anos mais tarde, fundou a SEAdLINNNG. E certamente já não precisava de deixar a sua marca em nenhuma das duas empresas, mas ainda teve a coragem de voltar à STARDOM um par de anos antes do incidente que levou Rossy Ogawa para fora da empresa, de modo a ter uma última run na empresa que ela própria ajudou a lançar.


Quanto à MARIGOLD, a sua influência já é um tanto quanto diferente. Não foi ela quem ajudou a fundar a empresa, mas, tal como todas aquelas que vieram da STARDOM, foi ela quem ajudou a manter a MARIGOLD de pé naquela fase em que tudo era novo. E mesmo assim, a sua influência não acabou aí.


Não acabou aí porque, mesmo dentro do ringue, Nanae soube manter-se relevante e manter a sua influência. Prova disso foi a forma como, no final do ano passado, mas sobretudo no início deste ano, ajudou a lançar um nome que já vai tendo algum currículo dentro da empresa: Seri Yamaoka.



Seri Yamaoka é um caso peculiar dentro do wrestling, uma vez que foi uma das poucas wrestlers que teve impacto imediato e que mesmo assim gozou da aprovação dos fãs (ela que venceu o MARIGOLD Twinstar Championship logo em Janeiro, ao lado de Nanae). E aqui se vê a importância que Nanae tem no desenvolvimento das novas caras do joshi, tanto que nos faz lançar a pergunta: Se fosse outra veterana qualquer a lançar uma novata, será que a “taxa de aprovação” seria tão grande como foi com a Nanae? Fica a pergunta no ar.




Eu próprio vos confesso uma coisa: Nunca fui grande fã da Nanae Takahashi. Admiro o seu carisma, admiro a forma como sempre se conectou com o público, mas o estilo de luta dela nunca me chamou a atenção. No entanto, goste-se ou não, quem contribui para manter o wrestling vivo e em constante evolução merece, sem dúvida, o devido reconhecimento. Nanae foi um desses exemplos, e depois de 29 anos de serviço à indústria, sai definitivamente pela porta grande. Obrigado, Nanae Takahashi!!


O que nos espera o próximo ano de MARIGOLD?


Como devem calcular, esta pergunta é de muito difícil resposta, mais não seja porque no wrestling o tempo é sempre uma coisa incerta. Mas eu diria que a MARIGOLD conseguirá chegar a 2026 da mesma forma que chegou a 2025 se conseguir resolver algumas destas questões.


Excesso de rookies




Como já apontei anteriormente, a MARIGOLD debate-se com um problema causado pelo grande número de wrestlers com pouca experiência em ringue. Kouki Amarei, Chika Goto, Seri Yamaoka ou até mesmo Shinno (que se estreou no Shine Forever 2025) são dos mais brilhantes diamantes que a indústria do joshi tem para nos oferecer, mas a sua lapidação demorará ainda alguns anos. Seria recomendável que, para os próximos 2-3 anos, a MARIGOLD se reforçasse com nomes mais bem cotados da indústria (tal como atesta a contratação de Mayu Iwatani) de forma a minimizar esse problema.


Campeã Mundial credível



Longe de mim duvidar da qualidade de Utami Hayashishita (de quem eu, pessoalmente, sempre fui fã) mas a verdade é que, desde que conquistou o MARIGOLD World Championship em Janeiro frente a Sareee, o seu reinado tem deixado muito a desejar. De facto, dizer que o combate com MIRAI foi um dos poucos momentos altos do seu reinado não está longe da verdade.


Já vimos que Utami tem a presença e o carisma necessários para cimentar o seu lugar nos anais da História, mas, apesar de ter ganho o Dream Star GP e ser atualmente a principal campeã da empresa, não o está a fazer de forma tão vincada. Neste momento, falta-lhe aquele elemento que a faz estar acima de todas as outras, mas que ainda é possível ser encontrado.


Aposta em nomes promissores fora do Japão




Bozilla foi uma das grandes apostas de Rossy Ogawa para o início da MARIGOLD, e resultou tão bem que ficou lá até há bem pouco tempo. Já um par de anos antes, na STARDOM, Rossy Ogawa havia apostado numa Mariah May então completamente desconhecida do grande público, fazendo com que Mina Shirakawa a levasse pela mão, o que resultou num estrondoso sucesso que segue até hoje. Se a intenção da MARIGOLD também é fazer as coisas de forma diferente, a descoberta e aposta em nomes que sonham vingar no wrestling tem de continuar a ser uma prioridade. O que não falta aí é gente à espera de uma oportunidade.

 

E vocês, que balanço fazem do primeiro ano da MARIGOLD? O que é que resultou e o que é que mudariam?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! E assim termina mais uma edição de "Lucas Headquarters"!! Não se esqueçam de passar pelas nossas redes sociais, Facebook, Instagram, Telegram, de darem uma voltinha pelo nosso canal de YouTube (novo episódio de Saligia's Masterclass em breve!), deixar as vossas opiniões aí em baixo, o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!!

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