Lucas Headquarters #194 – Mina Shirakawa is All Elite! (Zero surpresas)
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão?
Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!!
Estamos no último fim-de-semana de Maio, o Verão está aí a
chegar (pelo menos é o que anunciam estes braseiros de trinta graus que descem
sobre a terra) e, no que toca a Wrestling, o motivo é de festança: Double or
Nothing da AEW e a celebração de um ano de existência da MARIGOLD com o seu PPV
Shine Forever, que marcará o fim da carreira da veteraníssima Nanae Takahashi
depois de vinte e nove anos. Ou seja… afinal não há assim tão bons motivos para
festejar como tudo isso. *sobs uncontrollably*.
Falando um bocadinho sobre este primeiro ano de MARIGOLD
(cujo tópico teremos oportunidade de aprofundar na próxima semana) eu devo
dizer que não foi, de todo, um primeiro ano marcado por um pendor negativo.
Claro que o primeiro ano corresponde sempre à chamada “fase da lua-de-mel”, que
é aquela fase em que tudo nos parece perfeito, em que não pensamos que há ali
coisas que ainda podem ser melhoradas ou que podem correr mesmo mal. É normal,
é a expectativa a falar mais alto.
Mas eu diria que este primeiro ano que a MARIGOLD teve foi
positivo em grande medida porque a maior parte dos nomes que Rossy Ogawa lançou
fizeram tremendo sucesso. Bozilla encantou logo ao primeiro combate (e não
vamos esquecer que ela partilhou o ringue com três das melhores e mais
reputadas lutadoras da atualidade como são Giulia, Utami Hayashishita e
Sareee), Miku Aono também não deixou má impressão (pelo contrário, fez história
sendo a primeira Marigold United National Champion de sempre), Misa Matsui e
Natsumi Showzuki entregaram um excelente combate logo no Summer Destiny e Mai
Sakurai evoluiu imenso desde que saiu da STARDOM.
A juntar a tudo isto, a chegada de Mayu Iwatani (que, tal
como o assunto do artigo desta semana, não surpreende ninguém). Portanto eu
diria que, em termos de nomes assegurados, a MARIGOLD está a safar-se bastante
bem. Claro que, a partir daqui, a exigência aumenta, e este segundo ano servirá
para tentarmos perceber verdadeiramente até onde é que a empresa pode ir.
Mas disso falaremos para a semana. Quanto a hoje, e já que
não falamos de All Elite desde para aí meados de Março, achei que o
fim-de-semana de Double or Nothing seria uma excelente ocasião para voltarmos a
falar da empresa de Tony Khan. Eu podia ter falado de AEW bem mais cedo, é
verdade, mas aquilo que está em causa hoje é a trajetória e o contexto em que a
wrestler que dá nome a esta entrada chegou até aqui, de maneira que é
sempre preferível esperar pela confirmação oficial para lançar este assunto.
Também é verídico que já tivemos edições mais interessantes,
na medida em que já toda a gente sabia que ela vinha cá parar, e no fundo,
faltava apenas a confirmação, porque ela já tinha marcado presença na AEW pelo
menos meia dúzia de vezes.
Mina Shirakawa. Quando falamos de Mina Shirakawa, falamos sobretudo de uma
das mais meteóricas ascensões no panorama do wrestling. Isto porque a Venus,
embora não pareça, está com 37 anos de idade e começou a carreira relativamente
tarde, em 2018, portanto já estávamos a falar de alguém com 30 anos de idade.
Ora, no mundo atual do wrestling (e sobretudo na cena joshi,
onde é costume as wrestlers começarem a carreira relativamente cedo), 30
anos de idade correspondem, muitas vezes, ao auge de uma carreira. É muito raro
vermos um wrestler a estrear-se no ringue aos 30 anos, a não ser que
estejamos a falar de alguma celebridade que tenha uma certa ligação à indústria
e queira experimentar fazer um combate (por exemplo, o Bad Bunny) ou então uma
celebridade (ou praticante de qualquer outro desporto) que esteja a fazer a
transição para o círculo quadrado. Disto são exemplos Logan Paul, Ronda Rousey,
Shayna Baszler ou Marina Shafir.
Portanto, o caso de Mina Shirakawa não só é curioso como
também é motivador, revelando, talvez, um novo paradigma que entra em rota de
colisão com aquilo que seria um princípio subentendido do wrestling feminino
japonês: Adaptar as fases da carreira ao próprio corpo. Dos trinta anos para
cima, num desporto com a exigência física do wrestling, o corpo fica,
naturalmente, mais vulnerável (isto partindo do princípio que, nesta fase, o wrestler
em questão já lidou com algumas lesões) daí que, entre muitos outros
motivos, os wrestlers também se estreiem quando estão na casa dos vinte,
vinte e poucos.
Com Mina Shirakawa isso não acontece, tal como não aconteceu,
por exemplo, com Tam Nakano, que se estreou já com 28 anos e teve uma carreira
de quase uma década, só tendo deixado os ringues no passado mês de Abril.
Portanto, é possível dizer que no wrestling japonês, o paradigma das
carreiras curtas até continua a existir, mas agora às custas de estreias muito
mais tardias também.
O caso de Mina Shirakawa é curioso também numa outra
perspetiva. Reparem que, noutro contexto, se algum wrestler assinasse
por uma empresa (AEW, WWE, não interessa agora qual) e fosse direitinho para um
combate pelo título, com certeza que iriamos ter meia dúzia de vozes a
reclamar: “sim senhor, ainda agora assinou pela empresa e já vai a caminho
de um combate pelo título”. Mas, no caso de Mina Shirakawa, isso não
acontece, pelas razões óbvias.
E aqui podemos constatar que Tony Khan trabalhou a introdução
de Mina Shirakawa na AEW com bastante inteligência. Não que o público que vê
All Elite não conhecesse a Venus antes dela entrar nos ringues da AEW
pela primeira vez (eu acredito que o público que vê a Elite não vive numa
bolha, ao contrário daquele que vê a WWE) mas claro que há sempre aquela
parcela que gosta de colocar achas na fogueira e de espalhar o pânico.
Nesse sentido, Tony Khan foi muito hábil ao deixar que
Shirakawa fizesse um par de aparições na storyline entre Toni Storm e
Mariah May antes de oficializar a sua contratação. Tudo bem que isso se deveu à
parceria que a AEW tem com a STARDOM, mas sejamos honestos: Praticamente desde
que Mariah May assinou pela AEW que se tornou óbvio que Mina Shirakawa ia lá
parar, só não se sabia quando…
E as RoseGold?
A chegada de Mina Shirakawa à AEW é uma coisa muito gira, sim
senhor, mas não vamos dar numa de hipócritas: Uma das grandes razões pelas
quais a chegada da Mina à AEW está a causar tanta sensação tem a ver com o
futuro das RoseGold, isto é, da dupla que ela formou com Mariah May enquanto
partilharam balneário na STARDOM.
As RoseGold foram, talvez, das duplas mais bem-sucedidas no wrestling
em tempos recentes. Mina Shirakawa, exercendo o papel de mentora, soube
trabalhar a sua mentoranda para os grandes palcos, isto sem nunca deixar que
ambas ofuscassem os momentos que eram seus por direito.
Tony Khan tem aqui uma segunda oportunidade para reatar essa feud
(ainda que sem o título) e transformá-la em mais um daqueles momentos em que o
aluno, já maduro e a saber o que quer, enfrenta o professor mais experiente,
que lhe quer ensinar uma lição final (um pouco à semelhança daquilo que
aconteceu há um par de anos, quando MJF e CM Punk se enfrentaram).
Só que ainda há outra questão: Mariah May tem, aparentemente,
o desejo de assinar pela WWE, seguindo assim um caminho já trilhado por Cody
Rhodes, Aleister Black ou Rusev. De facto, ela não aparece na programação da
empresa desde que perdeu o Hollywood Ending para Toni Storm no
Revolution de 9 de Março, encerrando assim a feud entre ambas e pondo o
seu nome num dos grandes combates deste ano.
Ora, num esforço para tentar clarificar esta situação, a própria Mariah respondeu a um fã a dizer que está… de férias. Tudo bem, se há uma das grandes vantagens que a AEW oferece é a oportunidade para os wrestlers poderem gerir as suas vidas com mais critério. Mas, quanto a mim, soa-me estranho que Mariah May esteja “de férias” e que logo a seguir comecem a aparecer rumores de que ela quererá dar o salto para o outro lado da cerca. Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay.
god forbid a girl takes a vacation https://t.co/coTk8kpxhC
— Mariah May ♡ (@MariahMayx) May 22, 2025
Um cenário que poderia muito bem acontecer – e que, na minha opinião, é até bastante exequível – seria Mariah May consumar um face turn e reviver a dupla que fez com a Mina Shirakawa. Não só me parece que a sua heel run poderá potencialmente ter estagnado com o fim da sua feud contra Toni Storm (que me pareceu sempre ser a principal “fonte de combustível” desse turn) como uma nova run ao lado de Mina ia corresponder aos anseios de grande parte dos fãs, que há muito pedem um regresso da dupla.
Quanto a Mina Shirakawa, não tenho assim tanta certeza que
ela possa derrotar Toni Storm, pelo menos para já. A Timeless One está
numa forma tremenda, continua imensamente popular junto do público e não vejo
razões para Tony Khan não capitalizar. Seria, contudo, interessante vê-la ir
atrás de Mercedes Moné, isso é que poderia ser um verdadeiro dream match, na
minha opinião.
E vocês, o que pensam da chegada de Mina Shirakawa à AEW? E o
que é que a Venus poderá acrescentar à empresa?
E assim termina mais uma edição de "Lucas Headquarters"!! Não se esqueçam de passar pelas nossas redes sociais, Facebook, Instagram, Telegram, de darem uma voltinha pelo nosso canal de YouTube (novo episódio de Saligia's Masterclass em breve!), deixar as vossas opiniões aí em baixo, o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!! Que seja um excelente Double or Nothing!!