Lucas Headquarters #156 – MARIGOLD DREAM STAR GP 2024: O início da era “pós-Giulia”
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão?
Bem-vindos sejam a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no
WrestlingNotícias!! O “querido mês de Agosto” chega hoje ao fim, o que quer
dizer que, para muitos, esta é a altura de voltar à realidade, de regressar à
rotina depois de um mês cheio de convívios e festas. As aulas começam daqui a
duas semanas, muitas pessoas já se preparam para voltar aos empregos, enfim, é
a monotonia do fim do Verão a instalar-se.
E isso aplica-se, também, no wrestling. Agosto foi um
mês cheio de torneios que permitiram assistir ao lançamento de novas estrelas,
à consolidação de estatutos antigos, e ao assumir de interessantes posições
para o futuro. O destaque, claro, vai para o 5-STAR GP que hoje termina, e que
foi o centro das atenções nas últimas três semanas, sobretudo tendo em conta a
quantidade de mudanças que aconteceram na STARDOM (muitas delas, bastante
polémicas) e, também, à mudança de formato do próprio torneio, que deixou de
ser algo completamente round-robin para passar a incluir também uma fase
a eliminar (se quiserem mais informações, a edição #154 está aí para ser
consultada).
E é neste contexto que a MARIGOLD entra na equação. A nova
empresa de Rossy Ogawa tem tido meses verdadeiramente interessantes, e estaria
a mentir se vos dissesse que tudo aquilo que vimos desde 20 de Maio não nos tem
deixado entusiasmados. Desde um fantástico PPV de estreia (Marigold Fields
Forever) até ao histórico Summer Destiny, a MARIGOLD tem conseguido,
com maestria, desviar o seu foco daquele que é, neste momento, o principal tema
de conversa: A saída de Giulia para a WWE, anunciada e confirmada em Abril.
Giulia is here in NXT!#WWE #NXT #NXTStandAndDeliver pic.twitter.com/OypVLrELZW
— Himanshu Doi (@Himanshu_Doi) April 6, 2024
Como sempre, é fácil desviar o foco das coisas antes delas
acontecerem. Há um rumor, fala-se no assunto, daqui a um mês sai outro rumor, a
referência arrefece e quando o acontecimento se dá, já ninguém lhe presta tanta
atenção. É assim até com as coisas do mundo real: Infelizmente, o que não falta
são guerras a acontecer, na Ucrânia e, possivelmente, no Médio Oriente. Quando
a guerra na Ucrânia começou, os noticiários davam-lhe um destaque a roçar o
permanente. Agora, com outro foco de guerra a surgir, a preocupação e alarmismo
com este primeiro conflito parecem ter arrefecido, ou isso ou a nossa mente já
se acostumou a ideia de que aquilo está mesmo para durar.
Isto para dizer também que o facto de Giulia ter tido uma
espécie de farewell tour semelhante à de John Cena veio fazer com que os
fãs se mentalizassem e se conformassem com a sua saída. Então mas, e agora?
Giulia já foi, Zayda Steel também, Bozilla ainda lá vai ficar mais alguns meses
mas não passará de 2025… quem é que nos resta na MARIGOLD?
É também para ajudar a encontrar resposta a esse tipo de
perguntas que surge o primeiro torneio de sempre da empresa: O Dream Star
GP. O nome é bastante sugestivo, não acham? Ninguém diria que é uma cópia
descarada do 5-STAR GP nem nada…
O Dream STAR GP não é uma afirmação daquilo que é a
MARIGOLD no presente, mas é um torneio que também nos permite olhar para aquilo
que será a empresa no futuro não muito distante. Isto porque quem conseguir
chegar longe neste torneio (ou pelo menos, arrancar uma boa performance) sairá
com os olhos postos em si, e talvez com algo mais. Quem conseguir dar boa conta
de si neste torneio terá, talvez, a oportunidade de ascender na pirâmide da
empresa dentro de pouco tempo. E isto torna-se especialmente aliciante quando
há um par de wrestlers a procurar este “lugar ao sol”: Victoria
Yuzuki e Kizuna Tanaka.
O início da “era pós-Giulia”
Isto não é propriamente uma novidade, mas este será o
primeiro evento – ou, para usar um termo mais abrangente, a primeira grande
iniciativa – da MARIGOLD que não contará definitivamente com Giulia, que
se despediu da empresa a 25 de Agosto e está de malas aviadas para a WWE, como
aliás já era do conhecimento público desde o fim-de-semana da WrestleMania.
Se é um rude golpe para a MARIGOLD? Sem dúvida, e é uma perda
com um valor sentimental igualmente grande. Isto porque Giulia poderia ter
escolhido começar já a representar a WWE, mas não quis sair do Japão sem
garantir que o legado que construiu ao lado de Rossy Ogawa tinha um epílogo em
condições.
O mundo do wrestling é impiedoso com quem lhe dá o seu
contributo, embora hoje não seja preciso um grande esforço para ficar na
galeria dos imortais das grandes empresas comparativamente há vinte anos atrás.
Mas, para o bem e para o mal, quem fica na história não é quem chegou a meio, é
quem esteve lá desde o princípio e ajudou a empresa a erguer-se.
Não obstante, nestas situações é importante que sejamos
capazes de ver o copo meio-cheio: Por maior que seja o vazio deixado por Giulia
na empresa, será uma grande oportunidade para muitos nomes se chegarem à frente
e tentarem ocupá-lo. A wrestler – ou wrestlers - que o
conseguirem fazer mais facilmente estarão destinadas a grandes voos, e ficarão
na História como aquelas que aguentaram o barco e ajudaram a MARIGOLD a seguir
em frente, minimizando os impactos de uma perda esperada, mas sempre difícil de
gerir.
Como funciona o Dream Star GP?
O Dream Star GP vai ter lugar de 31 de Agosto a 28
de Setembro, e a sua organização é em tudo semelhante aos torneios
organizados pelas suas congéneres NJPW e STARDOM. No entanto, é de realçar que,
apesar da STARDOM ter mudado o formato de organização do 5-STAR GP com a
chegada da nova gerência, Rossy Ogawa decide manter o formato dito “clássico”:
Um certo número de wrestlers dividido em dois blocos, num torneio feito
inteiramente ao estilo round-robin (pontos corridos, como num campeonato
de futebol) com a vitória a valer dois pontos, o empate um e a derrota zero.
Um detalhe interessante é a redução do número de
participantes comparativamente ás edições do 5-STAR GP que Rossy Ogawa
organizava na STARDOM. Nesse contexto, o número total de wrestlers a
participar era de vinte, dividindo assim dez wrestlers por dois blocos.
Neste caso, há uma redução de quatro wrestlers, o que diminui o número
total de participantes de vinte para dezasseis.
Essas dezasseis wrestlers vão estar divididas em dois
blocos de oito: Dream League e Star League, e as duas wrestlers que
vencerem os respetivos blocos encontrar-se-ão na final para decidir a
vencedora. Ao contrário do 5-STAR GP (que não contou com participação da atual
World of STARDOM Champion Natsuko Tora), o Dream Star contará com a
participação de Sareee, a atual Marigold World Champion.
De salientar é também a presença de NØRI, wrestler da Ladies Legend Pro Wrestling-X (LLPW-X)
que aparece como a única outsider nesta primeira edição.
As participantes na primeira edição são, então, as seguintes:
Dream League: Utami Hayashishita, MIRAI, Natsumi Showzuki,
Kouki Amarei, Chika Goto, Nagisa Nozaki, Victoria Yuzuki e NØRI;
Star League: Sareee (c), Miku Aono, Nanae Takahashi, Bozilla,
Mai Sakurai, Misa Matsui, CHIAKI e Kizuna Tanaka.
Quem arriscará um lugar na História?
Vencer um torneio (ainda para mais, com as implicações que
este tipo de competições tem no wrestling japonês) é sempre um passo
gigante, é estar um bocadinho mais perto de tocar o céu. Mas vencer o primeiro
torneio de sempre é garantia de que, aconteça o que acontecer dali em diante,
os livros dos recordes terão sempre um nome gravado nas suas páginas douradas.
Posto isto, vejamos as favoritas a ousar um lugar na
História!!
Utami Hayashishita
Claro que Utami só podia estar neste lote.
Chegou como um dos primeiros nomes a ser anunciados para a
MARIGOLD, e teve um grande impacto logo no primeiro PPV, ao fazer dupla com
Giulia contra Bozilla e Sareee. Esse primeiro combate não correu da melhor
forma – a sua parceira lesionou-se e, como se não bastasse, saíram derrotadas
perante duas freelancers. O Verão tinha tudo para correr mal a Utami.
Felizmente, o extraordinário combate que teve com IYO SKY no
Summer Destiny mudou-lhe o rumo das coisas. Apesar de ter somado mais uma
derrota, a forma como Utami se apresentou num combate cheio de simbolismo
pessoal permite-lhe voltar a acreditar que o melhor está para vir. E que melhor
maneira de o afirmar do que ganhando o torneio e escrevendo mais uma página
dourada na carreira?
Nagisa Nozaki
Esta é uma
escolha arriscada, porque Nozaki tem andado meio perdida nestes primeiros
tempos de MARIGOLD. No entanto, o capital de experiência que lhe conferem os
seus dezoito anos no ringue dá-lhe um certo favoritismo.
Com três
campeonatos mundiais no seu currículo (dois na Pro Wrestling Wave e um na
Diana) o Dream Star afigura-se como uma grande oportunidade para Nozaki juntar
um possível quarto título mundial ao seu palmarés, uma oportunidade que ela não
pode deixar passar em branco. No entanto, tal não se afigura uma tarefa fácil,
já que no seu bloco tem a concorrência de Victoria Yuzuki, Utami Hayashishita e
MIRAI…
MIRAI
E por falar de MIRAI… mais outro nome que tinha que estar
entre os favoritos.
É certo que, se colocarmos nisto graus de favoritismo, MIRAI
é aquela que está num grau mais baixo porque já tem o Twinstar Championship a
seu cargo, título que partilha com Mai Sakurai. Independentemente de tudo isso,
MIRAI é das wrestlers com mais currículo dentro do roster, e num
passado não muito distante venceu consecutivamente duas edições do Cinderella
Tournament de forma consecutiva.
MIRAI é aquela wrestler que se excede quando o
contexto a obriga a provar alguma coisa. É aquela wrestler que vai para
além do seu limite quando sente que há algo mais em jogo. Quanto maior é a
luta, maior é a recompensa, e com certeza que não será o facto de estar numa
outra empresa que a fará pensar de forma diferente.
Dark Horses
Bozilla
Tendo em conta que estamos a falar de uma freelancer
(e a sua passagem pela MARIGOLD não deverá ir além do que resta deste ano)
seria arriscado colocar a powerhouse alemã no lote de favoritas à
vitória, mas isso não quer dizer que não existam condições para Bozilla deixar
muita água na boca.
Contra todas as expectativas, Bozilla impressionou na sua
estreia no Marigold Fields Forever, e a sua grande performance ainda
ganha maior destaque se considerarmos que tinha Sareee ao seu lado e Giulia e
Utami Hayashishita na sua frente. Desde aí, a jovem wrestler tem-se
apresentado consistentemente ao seu melhor nível, e até já se diz que a WWE
também estará a pensar avançar pelos seus serviços. Se, nesta altura, ainda é
cedo para pensar em qual será o próximo passo para a alemã, parece já ser uma
certeza que quando ela passa, o público olha, e tudo isto com apenas… 21 anos. Size
does matter!!
Misa
Matsui
Para Misa Matsui, esta é uma oportunidade de redenção, tendo
em conta que o Superfly Championship lhe escapou pela pontinha dos dedos. Mas,
chegados aqui, parece já não haver dúvidas que Misa Matsui pode, muito bem, dar
trabalho a alguns dos grandes nomes do seu bloco.
Não tendo o estatuto de favorita, Misa Matsui tem razões para
olhar para o Dream Star com uma visão mais ou menos estratégica: Se conseguir
realizar um torneio consistente (de tal modo que até possa surpreender), talvez
não seja má ideia voltar a desafiar Showzuki pelo Superfly Championship? E quem
sabe, até pode ter mais hipóteses de o ganhar nessa altura do que tinha no
Summer Destiny!!
Victoria Yuzuki
Outro dos primeiros nomes a vir com Rossy Ogawa para a nova
empresa, Victoria Yuzuki não hesitou e apresentou-se desde logo como a número 1
da MARIGOLD (como a própria dorsal implica). A verdade é que Yuzuki já é a
número 1 no coração dos fãs (e isto já vem dos tempos da STARDOM) e a forma
completa como se apresenta em ringue não deixa créditos por mãos alheias.
Talvez seja cedo para que Yuzuki esteja entre as favoritas à
conquista do Dream Star, mas isso não quer dizer que não estejam reunidas as
condições para que possa fazer um bom torneio. A #1 é claramente uma perspetiva
de futuro, pelo que qualquer coisa que não seja a vitória no torneio não deve
surpreender ninguém. Ainda assim, a popularidade e o consenso que reúne,
aliados a uma evolução cada vez mais notória, devem chegar para que, pelo
menos, possa marcar a sua posição e fazer um bom torneio.
E vocês,
quem acham que vai fazer história e ser a primeira vencedora do Dream Star GP?
Quem serão as dark horses?
E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não
se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí
em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um
artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!!