Lucas Headquarters #116 - Kota Ibushi is All Elite!
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Bem-vindos
sejam a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no Wrestling Notícias!!
Chegados a esta altura do mês, permitam-me citar um conhecido humorista e
cantar o seguinte: “Não é Natal, não é Natal, esperem por Dezembro…”
Pois bem meus caros, não é Natal (ainda, estamos cada vez
mais perto), mas a verdade é que parece. Pegando um bocadinho no ponto em que
toquei na semana passada (para que possa dar contexto ao artigo de hoje) existe
toda uma excitação à volta de possíveis contratações por parte das duas
principais empresas do wrestling atual, o que condiz perfeitamente com a
época do ano que está aí a começar.
E a verdade é que isto tem uma certa piada. Muito raramente a possibilidade de vermos tantos nomes rumarem a uma ou outra companhia está perfeitamente alinhada com a possibilidade de vermos tantos embrulhos… só para descobrir que a expectativa não corresponde exatamente à realidade.
E sejamos
sinceros: Já todos nós estivemos na esperança de receber uma PS5, e no final
acabamos a receber… um par de meias, ou uma caixa de bombons. E está tudo bem,
desilusão faz parte da vida, desilusão faz crescer… eu apenas acho que ninguém
merece passar por uma desilusão de uma forma tão… “pública” e exposta ao mundo
como no Natal.
Apesar de tudo, não dá para esconder a excitação. Não bastava a possibilidade de Giulia assinar pela WWE, senão a indecisão no futuro de Will Ospreay, as recentes declarações de Mercedes Moné… E falando em WWE, os rumores adensam-se, as teorias ganham cada vez mais certeza, depois de tanto tempo a recuperar de uma lesão potencialmente grave (e que podia ter terminado a sua carreira por ali), é cada vez mais certo que Randy Orton voltará ao nosso ecrã muito em breve, talvez já no Survivor Series.
E o que é que a WWE faz? Publica, num dos seus vídeos mais recentes, um combate do Randy Orton, mostrando que aquilo em que são mesmo bons é a guardar segredos. Depois não se esqueçam de culpar a internet por estragar o kayfabe e matar o efeito surpresa e o camandro.
Falando de Will Ospreay e Mercedes Moné, Tony Khan anunciou
que ia revelar uma grande contratação já hoje, em noite de Full Gear, e estes
são, precisamente, os dois nomes mais apontados, e com toda a propriedade.
Afinal, estamos a falar de dois wrestlers que, para além de Giulia –
cujo mesmo estatuto mencionei na semana passada – são os mais procurados do
mundo do wrestling.
E o facto de Will Ospreay estar neste limbo leva-me
precisamente ao wrestler que vai ser o foco da minha análise durante a
edição esta semana. Nas últimas semanas temo-nos deparado com notícias
bombásticas, pelo meio ainda existem estes rumores de “vai, afinal não vai,
afinal deixou de ir”. Hoje – sem grandes surpresas, penso eu e pensa quem viu o
mais recente episódio de AEW ou soube das notícias – vamos falar de Kota
Ibushi, que viu confirmado aquilo que há já muito sabíamos: É a nova contratação
da All Elite Wrestling.
E porque é que eu digo que já há muito se sabia desta
notícia? Porque Ibushi já estava, na prática, garantido pela empresa, pelo menos
desde Julho. Apesar dos moldes do acordo não serem suficientemente claros, tudo
aponta para que o acordo seja aquele cujos moldes o wrestler japonês confidenciou
ao canal HD Subs nessa altura: Irá continuar a viver no Japão, viajando apenas
para os Estados Unidos para cumprir as datas acordadas. E este tipo de vínculo
acaba por ser, como é óbvio, altamente benéfico para o próprio wrestler.
Kota Ibushi talks how and when he signed a contract with AEW:
— HD Subs (@HDSubss) October 13, 2023
"During the discussion, they asked me how we could come to a deal. I said unless it has these conditions, I don't want to sign a contract. That was the hardcore match, double ring, cage. That's the day we signed the… pic.twitter.com/ZCM2fuTEST
E isto é altamente benéfico não só pela tipologia do contrato em si (sejamos honestos, quem é que não quer ter um contrato onde não tem que trabalhar para grandes públicos dia sim, dia sim?) mas também pela relação que a sua idade tem com o seu físico.
Kota Ibushi tem, neste momento, 41 anos. Na forma em que está, ainda tem, à vontade, mais uma década de wrestling pela frente, se não se puser a vender moves da mesma forma que o Darby Allin faz, creio que a sua moldura humana não se importará de dar mais uns saltos e mais umas quedas até aos 50 anos.
E Kota Ibushi, diga-se, não é o único wrestler com um
contrato que lhe permite andar entre o Japão e os Estados Unidos a cumprir
datas. A atual AEW Women’s Champion Hikaru Shida, por exemplo, está vinculada a
um contrato semelhante, em que lhe é permitido cumprir datas no Japão em meio
aos compromissos que tem para com a All Elite. Isto tornou-se especialmente
evidente durante o ano passado, em que Shida cumpriu datas na TJPW, Pro
Wrestling Wave e Ice Ribbon.
O regresso ao Japão natal, onde já não competia há dois anos
e meio àquela data, acabou por lhe correr bastante bem: Foi WAVE Single
Champion pela segunda vez na carreira (derrotou Suzu Suzuki para esse efeito) e
foi International Ribbon Tag Team Champion pela quinta vez na carreira, desta
feita ao lado de Ibuki Hoshi (já havia ganho o título ao lado de Tsukasa
Fujimoto por umas incríveis três vezes, e ao lado de Maki Narumiya por apenas
uma vez).
A principal preocupação da AEW em relação a Kota Ibushi tem
que ser a situação do seu ombro. Para os mais desatentos – ou pelo menos para
aqueles que não acompanham tanto NJPW – Kota Ibushi sofreu uma lesão no ombro
durante o combate com Kazuchika Okada, tendo caído mal com o ombro depois de
Okada ter escapado a um Phoenix Splash. Soube-se depois que Ibushi teria
possivelmente deslocado o ombro, embora a empresa não tivesse, na altura,
forncecido grandes detalhes sobre a lesão.
Para um wrestler jovem, uma lesão desta natureza poderá não fazer grande mossa (algo que, ainda assim, me suscita algumas dúvidas), mas para Ibushi, e para um estilo como aquele que este emprega em ringue, uma lesão no ombro pode ser a diferença entre ter mais alguns anos de carreira ou parar por ali.
Ainda assim, Ibushi foi um dos protagonistas de um grande spot com Kyle Fletcher durante a street fight que serviu de Main Event ao mais recente Dynamite, o que nos leva a acreditar que o pior em relação a esse problema físico já terá passado – mesmo com vários fãs a garantir que o lutador nipónico nunca mais foi o mesmo depois disso.
Kyle Fletcher brutally piledrives Kota Ibushi into a pile of chairs!
— All Elite Wrestling (@AEW) November 16, 2023
Watch #AEWDynamite LIVE on TBS!@IAmJericho | @KennyOmegaManX | @ibushi_kota | @PaulWight | @TheDonCallis | @briancagegmsi | @takesoup | @kylefletcherpro | @TrueWillieHobbs pic.twitter.com/refxXE9Qop
O interesse da WWE (que já vinha de 2016)
Mas desengane-se quem pensar que Kota Ibushi esteve sempre
destinado a rumar à AEW. Para provar o contrário nem temos de recuar muito
tempo – basta ir atrás no tempo tão somente oito meses.
O contrato de Ibushi com a NJPW terminou a 1 de Fevereiro
deste ano, o que o tornou num dos free agents mais apetecíveis deste
mercado. Sem grandes surpresas, Ibushi viu-se na mesma situação em que agora se
vê Will Ospreay, isto é, preso num limbo entre as duas maiores empresas
do wrestling atual, numa “disputa” que, para surpresa de ninguém, levou
muitos fãs a escolher lados e a fazer ouvir as suas opiniões.
O interesse que a WWE teve em contratar o wrestler japonês
durante o primeiro trimestre deste ano revelou-se curioso em vários aspetos:
Primeiro, é a confirmação de um “namoro” antigo que durava há já sete anos;
segundo, representa também uma certa evolução da vontade do próprio wrestler.
Se bem se recordam, Kota Ibushi foi uma das grandes atrações
(senão mesmo a grande atração) do Cruiserweight Classic de 2016. Já nessa
altura Ibushi tinha o estatuto de estrela que muitos lhe atribuem – e até há
quem diga que, nessa altura, era ele a estrela que brilhava mais dentro do
panorama do wrestling.
E a verdade é que Ibushi não fez por menos: Deixou registados
excelentes combates com Cedric Alexander e com o eventual vencedor, T.J.
Perkins. Aliás, esse combate com Cedric Alexander não confirmou apenas Ibushi
como um grande nome do wrestling da sua geração, como confirmou Cedric
Alexander como outro grande wrestler (que não havia de ser
suficientemente aproveitado, a não ser no efémero período de tempo em que fez
parte dos Hurt Business).
Só que, nessa altura, Kota Ibushi não mostrou grande abertura
em seguir para os Estados Unidos para assinar pela maior empresa de wrestling
mundial. Vai-se a ver e nem fez grande diferença, a WWE conseguiu seguir o
seu caminho sem ele, colocando nessa altura AJ Styles no topo (um estatuto que
manteve, pelo menos, até 2018, desde aí cumprindo apenas funções de midcarder).
Passados sete anos, Ibushi finalmente manifesta algum interesse em ser parte da WWE mas, de certa forma, acaba por demarcar-se desse interesse quase ao mesmo tempo, por não ser grande adepto da forma meio “fantasista” como a WWE conta as suas histórias e estar apenas disposto a mostrar o wrestling puro e duro – precisamente aquele que a All Elite potencia tão bem.
Por isso, a sua ida para a AEW acaba, também, por não
surpreender: Kota Ibushi quer, nesta fase, lutar o wrestling pelo wrestling,
e não lutar wrestling apenas para contar uma história de heróis e vilões
digna de uma produção de Hollywood.
O outro grande fator que, na minha opinião, influenciou
Ibushi a assinar pela AEW tem a ver com o regresso da dupla que formou ao lado
de Kenny Omega, de forma mais ou menos intermitente, e que marcou a década
passada no que diz respeito ao wrestling: Os Golden Lovers.
Tudo parece jogar a favor de Ibushi neste caso: Não só a
possibilidade de fazer a reunião acontecer por si só, senão também a
possibilidade cada vez mais real de ele próprio poder trabalhar em várias storylines
que dão origem a dream matches com duplas como os Young Bucks (o que
não seria uma má ideia para primeira feud, visto que Matt e Nick Jackson
agora são heels), FTR, House of Black, Blackpool Combat Club… enfim, a
lista é imensa.
O que na minha opinião podia ser interessante de ver seria
uma feud… entre os Golden Lovers. É que o star power de
Ibushi e Omega é tal – bem como a sua química e relação próxima – que seria um
desperdício não tirar vantagem disso para os pôr um contra o outro. Desta
feita, teríamos a certeza que nos dariam uns quantos candidatos a combates do
ano, e a reação dos fãs – mais ou menos surpreendente – justificaria todo o
investimento neste possível cenário.
Depois de Ibushi, Ospreay?
É esta a pergunta que não quer calar, especialmente com o tal
anúncio de uma grande contratação em noite de Full Gear.
Claro que Tony Khan tem dinheiro que chegue e que sobre para
trazer Kota Ibushi, Will Ospreay e todos os wrestlers que achar por bem
contratar. Depois do combate que teve contra Kenny Omega no Forbidden Door este
ano (para não falar do combate do Wrestle Kingdom em Janeiro), não seria
surpresa se Ospreay acabasse na AEW para abrir caminho a uma trilogia.
Só que a WWE tem algo que não tinha quando manifestou
interesse em contratar Ibushi, pelo menos em 2016: O NXT Europe. Tal “projeto”
– chamemos-lhe assim – ainda não está materializado, e isso poderá jogar a
favor da AEW, sobretudo porque ainda vai levar alguns meses. Mas a WWE
certamente pensará em Ospreay para ser a cara do NXT Europe, e com certeza que
Ospreay pensará duas vezes em ser a cara visível de um projeto ambicioso para a
WWE num continente com zonas muito limitadas de consumo de wrestling.
E com isto, volto a lançar a pergunta: Depois de Ibushi, virá
Ospreay? Ou será que Ospreay se contentará em ser a cara visível de um sucessor
a um projeto falhado?
As próximas semanas ditarão a resposta a esta pergunta. Seja como for, a contratação de Kota Ibushi por parte da AEW,
apesar de previsível, não deixa de ser uma grande vitória, porque estamos a
falar de um wrestler que continua a manter qualidade exibicional e altos
níveis de carisma, isto apesar da sua entrada não acrescentar nada que a AEW
não tenha, qualitativamente falando. Quanto muito, essa qualidade mantém-se e
vai de mão dada com um gigantesco star power.
O que têm a dizer da contratação de Kota Ibushi por parte da
AEW?
E assim termina esta já longa edição de “Lucas Headquarters”!
Não se esqueçam de passar pelo nosso site, pelo nosso Telegram… e para a semana
cá estaremos de novo, se tudo correr bem.
Peace and love, até ao meu regresso!!