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Lucas Headquarters #110 - 5★Star GP 2023: Suzu escreve direito por linhas tortas


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos sejam a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Pois é, chegamos finalmente a Outubro, o ano entra no último terço do seu percurso (passou depressa…) e voltamos àquela altura onde costumam ser tomadas as últimas grandes decisões.


Tirando o WrestleDream da AEW (que foi espetacular como esperado, com um final para a História), o décimo mês do ano vai trazer-nos apenas o Fastlane, com o combate entre LA Knight, John Cena e a Bloodline – ou o que dela resta – como a principal atração. 


Na Terra do Sol Nascente temos apenas o começo de mais uma Goddess Tag League, que este ano começa cerca de um mês mais cedo em relação ao ano passado (vai de 15 de Outubro até 12 de Novembro) mas que, olhando para as duplas participantes deste ano e comparando com as que participaram no ano passado, tem bastante menos star power.


Falando de STARDOM (e indo direto ao assunto porque o artigo de hoje requer algum do vosso tempo), é para aí que dirijo o meu foco na edição desta semana. Já o fizemos no ano passado, e tal como vos prometi na semana passada, vamos voltar a fazê-lo este ano: Está na altura do rescaldo à edição 2023 do 5-STAR GP!!



Para analisarmos o GP deste ano, importa perceber que o que vimos ao longo de pouco mais de dois meses teve tanto de imprevisível como teve de atípico. 


Foi um torneio que, como sempre, cumpriu e que, na minha opinião, teve mais uma virtude comparativamente à edição do ano passado: Mais noites (21 contra 20, se não contarmos com o STARDOM in Showcase Vol 2 que, relativamente à edição de 2022, só nos deu dois combates, e contabilizando o especial de Hiroshima a 3 de Setembro, integrado na edição deste ano). 


No entanto, na maioria das vezes, um maior número de noites corresponde a uma maior probabilidade do famoso “enchimento de chouriços”. Tal não aconteceu, bem pelo contrário: Em 21 noites de torneio, foi possível tirar um bom combate de quase todas.


Mas, como dizia, o torneio deste ano teve tanto de imprevisível como de atípico.


No ano passado, fruto da storyline que envolvia Giulia e Syuri e dos detalhes que a desenvolviam, todos apontavam – e bem – para que Giulia fosse a vencedora do torneio. A STARDOM bem tentou negar o óbvio e fazer com que Hazuki pusesse tudo isso em causa, mas a forma épica como construíram uma remontada para a vencedora rapidamente fez com que conseguíssemos ver por detrás desse pequeno “engano”.



Neste ano, não houve alguém que, à partida, pudéssemos apontar à vitória (prognósticos fazem-se sempre, o torneio não teria graça se assim não fosse, mas neste ano não havia uma storyline onde os responsáveis vissem o 5 STAR GP como o veículo ideal para a desenvolver). Havia, sim, várias hipóteses em cima da mesa, e algumas delas estiveram muito perto de se concretizar:


Iria Giulia tornar-se na primeira wrestler de sempre a vencer não só duas edições do torneio, mas duas consecutivas?


Iria Utami Hayashishita, também ela, ficar na história por ser a primeira a vencer dois 5 STAR GP, embora em anos distintos?


Tam Nakano, a atual World of STARDOM Champion, participou no torneio. Seria ela a primeira campeã em título a vencer o torneio que, nos últimos anos, tem dado muitos desafiantes ao título que tem à cintura?


Devo dizer que, destas três, a última hipótese é aquela que me soa mais estranha, mas que um dia ainda gostava de ver concretizada apenas para perceber o que é que a STARDOM seria capaz de fazer perante essa circunstância. Iriam usar a solução que se aplica nos desportos coletivos e pôr a finalista vencida a desafiar a vencedora e campeã?


Vamos agora focar-nos na parte atípica. E para perceberem o porquê do GP deste ano ter sido atípico, vou fazer figura de urso e recorrer a esse grande filósofo do Português chamado Jorge Jesus.

 

@natan_ntw CINCUM? #flamengo #mengao #Gabigol #mengo #jorgejesus #jj #mister ♬ som original - 𝘕𝘢𝘵𝘸𝘪𝘴

Neste caso não foram CINCUUUUUUUN (com fraturas?), foram três. Mas duas dessas visadas tiveram de lidar com lesões quando tinham todas as hipóteses de lutar pela vitória: Saya Kamitani (logo na primeira noite), Utami Hayashishita (noite 19) e Starlight Kid (New Blood 11). E enquanto SLK não tinha hipótese sequer de vencer o seu bloco quando se lesionou na véspera da final, Saya Kamitani não teve tempo de mostrar ao que vinha e Utami Hayashishita viu caírem por terra as hipóteses de fazer história.




A questão é que o torneio de 2022 até correu bem nesse aspeto, não tendo havido quaisquer lesões que obrigassem as wrestlers a ir embora mais cedo. Para haver um GP com registo de lesões temos de recuar até 2021, quando Giulia sofreu uma lesão que a obrigou a abandonar a prova com apenas seis pontos, entregando as suas vitórias a Momo Watanabe, Fukigen Death, Himeka e Natsupoi. O caso de Utami acaba por ser parecido, já que esta é obrigada a abandonar o torneio também com tudo em aberto, mas com mais pontos feitos à altura da lesão (oito).


Feita que está esta análise geral, recordemos as wrestlers que subiram a escadaria deste ano, bem como a vencedora e a finalista vencida da edição de há um ano atrás.


Red Stars Block: Ami Sourei, Natsuko Tora, Hazuki, Natsupoi, Starlight Kid, Suzu Suzuki, Syuri, Saya Kamitani, Mayu Iwatani e Tam Nakano (c)*.


Blue Stars Block: Utami Hayashishita, Hanan, Mariah May, Giulia, Mina Shirakawa, AZM, MIRAI, Momo Watanabe, Saori Anou e Maika.


Vencedora da edição 2022: Giulia;
Finalista vencida: Tam Nakano.


(c) – representa a World of STARDOM Champion à altura do começo do evento.




Revisionismo feito, vamos então ao rescaldo propriamente dito, que este ano se organiza da seguinte forma: Sinal mais, sinal menos, combate(s) do torneio, a infelicidade e, por fim, a vencedora.


Sinal mais


Natsuko Tora (Red Stars Block, 12 pontos)



No wrestling, como em tudo o que é desporto, “vitória moral” é um conceito que não existe. Mas se existe wrestler que sai como vencedora sem lhe terem sido postos a coroa e o manto no final da última noite, é sem dúvida Natsuko Tora.


Aliás, arrisco dizer que a STARDOM esteve mal ao anunciar a líder das Oedo Tai como desafiante pelo título de Tam Nakano no evento que vai ter lugar já amanhã, porque assim não só acabou com todas as hipóteses que ela teria para vencer o torneio, como tomou uma decisão tremendamente injusta, porque nem a vencedora nem a finalista vencida foram tão consistentes (Suzu até perdeu os primeiros três combates).


Ainda assim, ficam na retina as performances contra Syuri, Natsupoi e Mayu Iwatani, como exemplo de extraordinária consistência de uma wrestler que, não tendo focadas em si as luzes da ribalta, merece muito mais do que aquilo que lhe acabaram por dar.


Maika (Blue Stars Block, 12 pontos)



No ano passado, ameaçou ir à final, mas acabou por claudicar num bloco onde facilmente podia ter sido vencedora. Este ano, concretizou a ameaça, num bloco com um star power bem maior do que o que integrava o ano passado.


Certo é que Maika apostou tudo na edição deste ano, talvez por sentir que a final do ano passado só lhe escapou por uma Tam Nakano de distância. Só não triunfou perante Giulia, Momo Watanabe e Saori Anou, mas comprou bilhete para a final e, mesmo com toda a pressão da possível vitória, voltou a estar em grande estilo.


Com o fascinante conto de fadas de Himeka a ter encerrado há quase seis meses, Maika provou que talvez esta seja a altura certa para lhe atarem um foguete às costas, isto é, se as performances das MaiHime ainda suscitavam dúvidas.


Giulia (Blue Stars Block, 11 pontos)


Não fosse o combate contra Saori Anou logo na primeira noite e estaria aqui provavelmente a falar-vos de como Giulia venceu duas edições consecutivas deste torneio. Não o conseguiu, por razões mais do que óbvias: Com dois títulos à cintura não precisava do torneio para nada.


Não obstante, a anglo-nipo-italiana fez o que se espera de quem vai defender uma vitória, um título ou um resultado: Discutiu nova vitória até não o poder fazer mais, e em nada fica a dever às restantes. Onze pontos em 21 noites. Um registo de respeito que atesta, uma vez mais, o valor de Giulia como uma das principais figuras do atual roster da STARDOM.


Syuri (Red Stars Block, 11 pontos)




Normalmente, Syuri costuma sempre figurar entre as favoritas à vitória no torneio. Este ano não foi assim, talvez porque, há um ano a esta parte, era ela o alvo a abater. No entanto, não deixou de mostrar porque é que continua a ser uma das grandes figuras do roster, com 11 pontos amealhados e sempre de olhos postos numa nova final que lhe pudesse permitir repetir o feito de há dois anos.


Protagonizou, logo na primeira noite, um dos melhores combates do torneio com Suzu Suzuki. Na noite 5, fez suar uma Natsuko Tora que este ano podia muito bem ter levado tudo de vencida. Na noite seguinte, levou Natsupoi ao limite, num combate para fãs de old school Donna Del Mondo. Na noite 9, superiorizou-se a Hazuki, mas não sem antes ter que dar ao litro por 12 minutos.


Quando muitas na sua idade escolhem dar por encerradas as suas carreiras no wrestling, Syuri prova que a idade é apenas um número no BI. Aos 34 anos (e com um currículo que até chegou ao octógono da UFC) a nipo-filipina continua a exibir-se a níveis altíssimos, deixando antever que fará um percurso semelhante ao da mãe-fundadora Nanae Takahashi, que aos 44 anos ainda dá o peito às balas no círculo quadrado.


Hazuki (Red Stars Block, 10 pontos)



Comparativamente ao torneio do ano passado, Hazuki esteve uns furos abaixo daquilo que dela se esperava (fez 14 pontos em 2022). Mas, ainda assim, 10 pontos chegaram para que, nas últimas semanas do torneio, a integrante das STARS voltasse a submeter uma sólida candidatura, tanto à final, como à vitória.


E, mesmo que 10 pontos em 21 noites (e 24 pontos em dois anos) não tenham sido suficientes, Hazuki foi das que soube brilhar na derrota: Perdendo contra Tam Nakano, Mayu Iwatani, Syuri e Suzu Suzuki, várias vezes as levou ao seu limite, provando, tal como Natsuko Tora, que o trabalho árduo compensa. Ou pelo menos devia.


Saori Anou (Blue Stars Block, 10 pontos)



Nem sei porque é que estou a incluir Saori Anou neste lote. Eu já devia adivinhar, pelo combate na primeira noite contra Giulia e pelo trabalho que tem vindo a fazer, que a Condessa de um outro mundo vizinho não vinha fazer menos do que uma performance condizente com o seu currículo. Vale lembrar que, para Saori, esta foi a participação de estreia num torneio desta natureza.


Roubou um ponto a Giulia, outro a Maika e apenas perdeu com Utami Hayashishita, AZM e Momo Watanabe. Um percurso quase perfeito de alguém que, tal como Giulia, não precisava do torneio para nada por ser campeã, mas que não deixou de marcar uma posição de força e consistência.


Sinal menos


AZM (Blue Stars Block, 8 pontos)




Este sinal menos é controverso, por várias razões.


Desde logo, porque Hanan e Mariah May fizeram, na prática, menos pontos que AZM (seis cada), mas as suas performances revestem-se de circunstâncias específicas: Hanan não fez o suficiente, mas mostrou melhorias no seu wrestling e conseguiu vencer três combates, o que olhando para o ano passado já é uma tremenda evolução (tendo em conta a idade e a experiência).


Mariah acabou por deixar a STARDOM depois do torneio, pelo que é difícil opinar individualmente sobre a prestação de alguém que não terá hipóteses de corrigir uma prestação anual mais fraca.


AZM faz 14 pontos no torneio do ano passado (integrou as Red Stars), fica a dois pontos de vencer o bloco e assina uma das performances mais excitantes e consistentes da edição de 2022. Este ano, integra as Blue Stars e faz oito pontos, mas tem o azar de calhar num bloco que é praticamente disputado ponto por ponto até à última noite.


Mas essa é que é a questão: Pese embora o equilíbrio do seu bloco, AZM assina apenas metade dos pontos do ano passado, e termina a prova sabendo que apenas Mariah May e Hanan fizeram pior. A acrescentar a isto, AZM disputou o torneio do ano passado como High Speed Champion, e este ano, já não sendo campeã, desperdiçou uma valiosa oportunidade para marcar a sua posição. 


Se nos lembrarmos que AZM já não é propriamente uma novata, ficamos com a ideia de que oito pontos sabem a muito pouco. Felizmente, o seu papel na STARDOM não deverá ficar comprometido, já que os espantosos 10 anos de experiência que tem (AZM tem apenas 21 de idade) lhe dão um certo estatuto no balneário.


Starlight Kid (Red Stars Block, 4 pontos)



É difícil perceber o que se passou com Starlight Kid este ano, sobretudo se tivermos em conta que no ano passado fez 14 pontos nas Blue Stars (empatada com Saya Kamitani e Hazuki e ficando a dois pontos da eventual vencedora Giulia, com quem teve um dos combates da edição de 2022). É difícil e, por mais perguntas que faça, não consigo encontrar uma explicação.


Não estava mentalmente preparada? A STARDOM deixou de acreditar nela? Não creio que nem uma, nem outra pergunta tenham “sim” como resposta. Uma coisa é certa: Para quem deu tão excitante réplica no ano passado, 4 pontos é um registo desapontante. Felizmente, SLK é uma das mais jovens wrestlers do roster, com muitos anos de carreira diante dos seus olhos, pelo que esta performance pouco brilhante não fará mossa no seu percurso.


Muitas vezes, é preciso dar um passo atrás e ter prestações menos boas para dar dois à frente e tomar o mundo do wrestling de assalto. Levanta a cabeça, Ki-chan, não é o fim do mundo!


Combates do torneio


Syuri vs Suzu Suzuki (Noite 1, 23 de Julho)


@reelgraps syuri vs suzu suzuki ⭐ stardom 5star grand prix 2023 // joshi wrestling is so far ahead of the us it's not even funny #stardomwrestling #womenswrestling #wrestletok #wrestlecore #prowrestling #joshiwrestling #pierrebourne #puroresu #aew #njpw #wwe ♬ Love Reeks - Pi'erre Bourne


Logo a abrir o torneio tivemos um confronto interessante: Uma gigante enfrentou uma pequenina que queria a todo o custo agigantar-se. Syuri e Suzu Suzuki deram espetáculo e protagonizaram um combate que fez muita gente pensar que se conheciam há anos, tal não foi a intensidade com que se apresentaram.


Suzu Suzuki quis logo arrumar ali o assunto, Tequila Shot e German Suplex numa questão de segundos. Mas os gigantes não vão abaixo assim tão facilmente. Syuri respondeu a todas as investidas de Suzu com o seu arsenal de pontapés e contra a corrente, levou a vitória após uma espécie de Death Valley Driver. Mas estava dado o mote para o que tanto uma como outra viriam a fazer. Claramente um dos grandes combates da edição deste ano.



Giulia vs Saori Anou (Noite 1, 23 de Julho)





Também na primeira noite, tivemos Giulia e Saori Anou a submeter candidatura para combate do torneio. Claro que, com o currículo que ambas apresentam, já sabíamos o que vinha aí, mas a malta gosta sempre de fingir que não sabe de nada.


Combate que teve um pouco de tudo: Intensidade, rapidez e momentos hardcore. Neste aspeto, Saori foi a primeira a dizer “presente” e fez Giulia aterrar no meio das cadeiras ao 0lado da rampa com um fisherman suplex perfeitamente executado. Giulia respondeu quase imediatamente, com um piledriver doentio em cima de uma mesa.


A partir daí ficou provado, o que menos interessava era a vitória. Quem conseguisse dar cabo da outra primeiro é que ganhava. O problema é que nem aí se sabe quem venceu…



Saori Anou vs Maika (Noite 4, 5 de Agosto)





Possivelmente, o melhor combate de Maika no torneio, se tirarmos a final. Foi um combate onde creio que Maika verdadeiramente mostrou qual era o seu objetivo neste torneio, especialmente com uma adversária com o currículo de Saori Anou.


O que destaco neste combate é, precisamente, a inteligência de Saori. Sabendo que Maika era uma adversária fisicamente capacitada, tentou adormecê-la com subjugações e mind games (até lhe derramou uma garrafa de água no cabelo). A partir daí o combate tornou-se mais agressivo, talvez por Saori ter entrado em desespero, algo que Maika, na sua experiência, soube aproveitar.


Foi um combate onde a estratégia tentou fazer frente a uma abordagem mais musculada, mas a principal conclusão a tirar é que nenhuma das duas deu parte fraca. Quinze minutos não chegaram, e naquele ritmo, talvez trinta não fossem suficientes. Uma delícia de combate, numa das melhores noites do 5 STAR.



Natsuko Tora vs Natsupoi (Noite 12, 26 de Agosto)


@saligiaaa Natsuko Tora vs Natsupoi - 5 STAR GP, Night 12. I wasn't a big Tora stan when I first saw her, but the amazing GP she's been making turned me into a fan. I hope she wins the GP this year. Go Tora!! Ganbare!! #womenswrestling #wrestlecore #prowrestling #wrestletok #wrestlingtiktok #stardom #wwe #aew #njpw #5stargp2023 #5stargp #natsukotora #natsupoi ♬ Sesak (Live) - DEFEAT


 Um dos melhores combates de Tora no torneio, e por isso merece ser destacado. Natsupoi entrou a toda a velocidade e apostou na garra para dar conta da líder das Oedo Tai, mas Natsuko Tora fez uso da sua imponência para rapidamente travar as suas intenções.


Apesar da diferença física e da ofensiva imparável de Tora, o combate acabou por ser bem disputado, com Natsupoi a recorrer sobretudo a moves aéreas para contrariar a superioridade física da adversária. Ironicamente, essa foi a sua ruína…


A infelicidade


Saya Kamitani (Red Stars Block)



Se há wrestler que estava destinada a ter um memorável 2023, era Saya Kamitani. Possivelmente a melhor Wonder of STARDOM Champion de sempre (ao lado de Arisa Hoshiki, claro), perdeu o seu título em abril passado para uma igualmente merecedora Mina Shirakawa. Mas, como uma wrestler do seu calibre dispensa o ouro para ser relevante, protagonizou aquela que foi a melhor storyline do ano até agora (ou, pelo menos, a mais emocionalmente apelativa) quando teve um conflito interno com Utami Hayashishita, que pôs em causa o futuro das Queen’s Quest e podia ter desembocado num heel turn da sua líder, que acabou a salvá-la de uma derrota anunciada.


Seguiu-se o 5 STAR GP. Saya, já não tendo cinturão onde se agarrar, era apontada como uma das favoritas. Mas na ânsia de provar que era realmente a Fénix Dourada que todos dizem que é, Kamitani protagonizou um voo de alto risco de cima de um dos postes de suporte da arena no combate da primeira noite contra Tam Nakano. À partida, tinha tudo para ser espetacular. À chegada, infelizmente não foi.


O impacto da queda foi literalmente brutal, tanto que Kamitani ficou inerte no chão durante um bom par de minutos. Depois de ter sido carregada para os bastidores, ficou a saber-se que tinha, legitimamente, deslocado o cotovelo, sendo obrigada a terminar a sua participação no torneio e a abdicar de todos os combates vindouros.


Mais drástica esta notícia se tornou quando, dias depois, se soube que, não tivesse Kamitani sofrido a lesão, seria a vencedora do torneio deste ano, conforme planos dos responsáveis da STARDOM. Isto traz à memória a supracitada lesão de Giulia, que por essa razão foi obrigada, em 2021, a abandonar o torneio com seis pontos amealhados e o estatuto de favorita, tendo vencido o 5 STAR do ano seguinte. Não será surpresa se a Fénix renascer das cinzas para a vitória na edição de 2024.


Utami Hayashishita (Blue Stars Block)


Um caso menos dramático em relação a Saya, mas que também traz contornos de profundo azar. Isto porque Utami é obrigada a terminar o torneio por lesão na noite 19 devido a uma hérnia, sendo forçada a abdicar dos restantes combates quando tinha arrecadado oito pontos e discutia taco a taco as Blue Stars.


Vai-se a ver e era uma hérnia cervical. Tempo de paragem? Indefinido. Menos dramático porque não aconteceu num spot que parecia ter corrido bem, igualmente calamitoso porque, depois de um 2023 algo apagado, a storyline com Saya, as restantes Queen’s Quest e as Oedo Tai tinha-lhe dado o ímpeto que precisava para escrever a tal página inédita na História.


A vencedora: SUZU SUZUKI!!


“Deus escreve direito por linhas tortas”, diz a sabedoria popular quando tudo parece correr mal, mas há um plano maior à nossa espera. Neste caso, não se pode dizer que tudo tenha corrido mal à STARDOM – lesões são coisas que não se preveem – mas o que é certo é que Suzu Suzuki não era a escolhida para vencer o torneio e, fruto destes imprevistos, é ela quem acaba a sair de coroa e manto.


O facto de a pequenina Suzu ter vencido o 5STAR é a confirmação do que há muito se vem dizendo – e com verdade – sobre ela: Aos 21 anos, não há ninguém que apresente a sua qualidade e a intensidade em ringue (AZM gostava de ter uma conversa sobre isso, mas anda nestas lides desde os 11).


É uma vitória que nasce de uma série de azares, e que por isso deixa dúvidas sobre se Suzu tirará o World of STARDOM Championship a Tam Nakano já no dia 18 de Novembro, uma vez que não era encarada como o plano A para vencer o torneio e o combate nem vai ter lugar no Dream Queendom.


Não obstante, Suzu tem apenas 21 anos, pelo que esta vitória nos abre outra perspetiva: E se Suzu for, para todos os efeitos, a primeira wrestler da História a vencer dois 5 STAR? Se calhar precisava mais dessa vitória daqui a três, quatro anos, do que precisa agora. Uma coisa parece certa: Com a vitória no 5 STAR GP deste ano, Suzu Suzuki deixa oficialmente de ser considerada como um prodígio, já que este é o culminar de um percurso feito desde Abril (com a saída das Prominence) que conduz à sua emancipação como grande nome do joshi que toda a gente sabe que ela é.  


Vitória algo sortuda, mas que lhe assenta muito bem. Parabéns, (pequenina) grande Suzu Suzuki!!


 


O que acharam da edição deste ano do 5 STAR GP? Suzu Suzuki foi uma justa vencedora?


Com as devidas desculpas pela lonjura testamental da edição desta semana, termino por aqui mais uma edição dos “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site, Telegram e demais redes sociais do WN e sugerir futuros temas, e se tudo correr bem, para a semana cá estarei com mais um artigo.


Peace and love, até ao meu regresso!!

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