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Lucas Headquarters #62 – He’s got the whole world in his hands


 

Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Que tal vai isso? Sejam bem-vindos a mais uma edição do “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! E que grande Extreme Rules tivemos nós, hein? Um excelente Fight Pit Match, mais outro clássico (desta feita um six man) na feud entre Gunther e Sheamus, enfim, o difícil é escolher.


Mas é costume frequente dizer-se que o melhor se guarda sempre para o fim… e foi isso que aconteceu: Depois de vários teasers (sob a forma de QR Codes) e até de alguns plays na clássica “White Rabbit” dos Jefferson Airplane, Bray Wyatt voltou à WWE, levando centenas de milhares de milhões de fãs ao mais puro estado de êxtase. Nesta semana que passou não se fala de outra coisa, pelo que seria sacrilégio que os meus Headquarters ficassem a destoar.




Aviso prévio: A natureza de um artigo de opinião é sempre subjetiva. Muitos de vós, imagino eu, têm concordado com muitas das coisas que por aqui tenho dito, e outros tantos ficam com vontade de me bater cada vez que leem o que por aqui escrevo.


Mas convém avisar, especialmente porque vamos falar de alguém que captura a imaginação, que a natureza do artigo desta semana é altamente volátil, no sentido em que poderá até parecer que estou a endeusar o Bray, quando na verdade até pode nem ser assim, e vice-versa.


Falar de Bray Wyatt é falar de alguém que já não é um corpo estranho neste meu espaço – já aqui analisei um pouco do seu booking na edição #10, por altura do (Horror Show at) Extreme Rules 2020, swamp fight entre Bray Wyatt e Braun Strowman, cameo da Alexa e preâmbulo da parelha entre os dois, lembram-se?. 




Mas é falar de alguém que, mesmo que não tivesse regressado no sábado, eu nunca conseguiria imaginar noutra empresa que não a WWE, seja por questões de adaptabilidade da sua ring skill ou simplesmente porque sempre o associei, na minha cabeça, àquela empresa e não outra, embora, sejamos sinceros, Bray Wyatt tenha todas as condições para triunfar em qualquer que seja o contexto, porque a sua criatividade e versatilidade assim o permitem.


Mas, em contrapartida, a sua criatividade e capacidade para criar mundos completamente distópicos e, ao mesmo tempo, credíveis, é second to none. Ainda me lembro de ver o seu regresso enquanto host da Firefly Funhouse em Abril de 2019 e pensar que nada daquilo faria qualquer sentido, que a WWE tinha arruinado por completo a pouca magia que restava da sua aura. 


Só duas ou três horas depois de ter visto aquele episódio do RAW e de ter revisto aquele segmento em particular mais de vinte a trinta vezes (na esperança de tirar dali alguma coisa com significado) é que comecei a perceber que, de facto, havia ali bastantes elementos que faziam menção a antigas fases da sua carreira e, quando postos todos em conjunto naquele novo contexto, faziam com que a personagem funcionasse.





A principal “arma”, ou trunfo, se assim quisermos, de Bray Wyatt enquanto contador de histórias é precisamente esta: Faça a sua narrativa muito ou pouco sentido, a verdade é que quando a ouvimos ficamos especialmente atentos aos pequenos detalhes que lhe dão esse significado. E não só isso, mas também o facto da sua palavra, sobretudo na sua fase mais cult leader, ter sempre um certo valor de verdade, na medida em que toda ela se baseia em situações que todos nós já vivemos na nossa vida (lembram-se da “Miss Teacher Lady”?).





Voltando à parte em que Bray Wyatt é o wrestler que dá corpo à parte do entretenimento que a WWE nunca conseguiu destacar, não deixa de ser paradoxal que um wrestler que possa finalmente pôr essa parte em destaque nunca tenha sido bem recebido por alguém que, nos últimos anos da sua presidência, vinha dando cada vez menos valor ao wrestling em si. Mas depois também nos lembramos que Bray Wyatt nunca foi aquele big, sweaty man que poderia perfeitamente caber numa qualquer fantasia mais depravada de um old senile who’s out of touch.


E só digo isto porque estou a tentar não bater naquela tecla que sempre bato quando falo de wrestlers com potencial e de Vince McMahon na mesma frase: O homem, na minha visão destes últimos 13, 14 anos de presidência da WWE, é um déspota (muito pouco) esclarecido. Sempre o foi, sempre o será. E custa-me até admitir isto – porque a minha consideração por ele tem vindo a descer desde os incidentes do All Out – mas CM Punk tinha e tem toda a razão nessa parte da pipe bomb. Mas enfim, já estou a dispersar.


E eis que chegamos a Julho deste ano. Numa das maiores bombas de verão da História recente do wrestling, Vince McMahon retira-se de toda a atividade que envolve o negócio que ajudou a popularizar. Triple H assume as rédeas e Stephanie partilha a administração da empresa com um dos lacaios preferidos do agora ex-CEO.


O que é que isto tem a ver com Bray Wyatt, exatamente? À partida, nada. Mas há aqui toda uma relação de causa-efeito que culmina no que vimos no final do Extreme Rules: Uma das primeiras coisas que Triple H iria, com toda a certeza, fazer, era sondar Bray Wyatt para voltar. E era óbvio que Wyatt iria dizer que sim.  




Mas que ninguém se iluda com esta prontidão de Wyatt para um regresso: Bray Wyatt só disse que sim porque, efetivamente, Vince McMahon já não quis ter nada a ver com tudo aquilo. Porque eu não acredito que, depois de todo o mal que lhe fez e dos comentários depreciativos que gritava aos ouvidos dos comentadores a seu respeito, Bray Wyatt voltasse para Vince McMahon do nada. 


E sim, há o caso de Cody Rhodes, mas é preciso não esquecer que o próprio Dusty Rhodes tem grande parte da sua história escrita na WWE, embora só lá tenha estado dois anos no papel de wrestler ativo (tendo tido a honra de estar no combate de estreia de Undertaker, no Survivor Series de 1990).


Enfim, Bray Wyatt regressa para enorme gáudio e regozijo do público que esteve em Filadélfia no Sábado. Fala-se na construção de uma nova stable, Wyatt6, cujo objetivo seria trazer as personagens da Firefly Funhouse à vida, mas disso falaremos quando os alicerces dessa possível stable começarem a ser construídos. Penso que as perspetivas são muito mais animadoras neste regresso do que quando ele voltou com a Funhouse há três anos, precisamente porque agora já não há tanta incerteza em relação ao seu futuro.



Em 2019, quando Wyatt criou esse intrigante universo, toda a gente previa que a Funhouse era um conceito de tal maneira inovador que Vince McMahon iria, com a força do seu ego, acabar por arruiná-lo, e lentamente o fez. Mas Triple H, como homem que esteve dois dois lados da barricada, percebe aquilo que os fãs querem. E se os fãs querem ver Bray Wyatt, então Hunter tem toda a obrigação de lhes dar Bray Wyatt.



E assim termina mais uma edição dos "Lucas Headquarters"! Não se esqueçam de passar pela página do WN, deixar a vossa opinião na caixinha dos comentários, sugerir temas... o costume. Para a semana, se tudo correr bem, cá estarei com mais um artigo.


Peace and love, e até ao meu regresso!




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