Lucas Headquarters #56 – Uma perspetiva sobre o Wrestling Português
Ora então boas tardes, comadres e compadres! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição do “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias! Para quê esse alívio todo? Já pensavam que eu não aparecia? Ah, meus pudins… eu estou cá sempre, nem que seja no próprio espírito, mas no plano carnal ainda vão ter de lme aturar muitos anos!
A edição desta semana é… arriscada. Não é porque não me sinta
à vontade ou confortável a falar sobre este tema, simplesmente porque é um tema
que eu nunca explorei o suficiente. Por isso é que o artigo desta semana saiu
hoje, e não ontem. Porque é um tema que requer muita exploração, muita
pesquisa, muito conhecimento de causa. Mas pronto, whatever, esta semana vou
fazer o que posso, porque estamos em plena silly season da Road To
Wrestlemania e o vosso Tio Alex não quer que vos falte nada.
Esta semana não vamos para os Estados Unidos “cascar” na WWE.
Nem vamos para o Japão exaltar a STARDOM, ou a TJPW, ou a NJPW. Os tempos são
de crise, os recursos vão começar a escassear (blame Putin for that), portanto
hoje ficamos por cá, por este burgo pequeno em tamanho mas grande no consumo de
bacalhau e de bagaço. Porque toda a gente sabe que bagaço é melhor do que
vodka.
Para esta edição trago-vos uma perspetiva sobre o wrestling português.
Para melhor entendermos esta reflexão que vos trago, temos
que ter a consciência de que o mercado do wrestling em Portugal é
pequeno e a sua projeção no nosso território já passou, há muito, os dias de
glória. E sim, ainda há muita gente que, como nós, aprecia e compreende o mais
íntimo que esta modalidade tem para oferecer.
Mas se recuarmos, por exemplo, a 2007, àquele tempo já remoto
em que os programas da WWE passavam na televisão e nós imitávamos alegremente o
Triple H a cuspir água ou éramos os árbitros dos combates que as miúdas
simulavam entre a Trish Stratus e a Lita (pelo menos eu era sempre o árbitro,
não sei quanto a vocês, por favor pronunciem-se), verificamos com amarga
naturalidade e profunda tristeza que o número de fãs de wrestling no nosso
país é cada vez menor.
Ao mesmo tempo, e paradoxalmente, o que nos dá alento é ver,
também, que o mercado do wrestling em Portugal vai ganhando alguma
projeção internacional. E reparem que isto em nada tem a ver com o facto de
haver cada vez menos fãs em Portugal, embora, acredito eu, possa ajudar a fazer
com que essas pessoas voltem a ganhar o bichinho pelo wrestling.
Raquel Lourenço (aka Killer Kelly), Alexandra Barrulas
(aka Shanna) são os nomes mais “na moda” do wrestling atual que
saíram deste belo jardim à beira-mar plantado. Também já tivemos Peter Polaco,
o famoso Justin Credible (um gajo que a gente olhava e que nos parecia ser um
filho ou sobrinho do Steve Austin) que apesar de ter nascido já em solo
americano, vou incluir nesta lista por ser filho de portugueses, e até porque
tenho quase a certeza de que ele fala melhor português do que o Jorge Jesus.
Mas quando falamos de wrestling em Portugal temos que falar obrigatoriamente de Albano Taborda (o famoso “Tarzan” Taborda) (1935-2005) e também Carlos Rocha (1927-2020), ambos já falecidos.
Se vos disser que Carlos Rocha competiu nas early stages daquilo que hoje é a WWE mas que Tarzan Taborda é mais falado do que ele, vocês provavelmente não acreditarão.
Mas a diferença aqui foi que Tarzan abriu as
portas do wrestling a nível nacional, e Carlos Rocha competiu na WWWF
numa altura em que Portugal ou estava em ditadura e fechava a porta a qualquer
tipo de influência estrangeira, ou então tinha acabado de descobrir um fenómeno
chamado “democracia” e ainda não sabia muito bem o que é que havia de fazer com
a sua longa vida.
Enquanto a notoriedade de Carlos Rocha só foi reconhecida,
talvez, aquando da sua morte, em 2020, aos 93 anos de vida, a fama que Tarzan
Taborda alcançou foi, e talvez ainda o seja, sempiterna. Isto porque Tarzan
Taborda soube aproveitá-la para comentar os combates que passavam na RTP,
quando o estabelecimento do wrestling em Portugal estava numa fase
embrionária, isto no início dos anos 90.
O Wrestling Portugal ganhou alguma
notoriedade recentemente, em grande parte graças a – e reparem como tudo vai
dar ao mesmo – Killer Kelly, que saiu da empresa para conquistar o wrestling na wXw (empresa de wrestling alemã), na
WWE e na IMPACT, embora, como seria de esperar, não tenha tido o protagonismo
desejado.
Se nos parece pouco que só haja
duas empresas de wrestling em
Portugal? Sim, embora tenhamos que compreender porque é que isso acontece. Mas
só o facto do mercado português nos ter dado duas wrestlers com reconhecimento
internacional já deve ser motivo de orgulho. Às vezes temos que ser pacientes,
o resto virá por acréscimo.
Malta, infelizmente eu não tenho
as condições ideais para o fazer, mas se puderem, encham cada show que ambas as empresas fizerem, apoiem-nas, comprem
o merchandising delas… só assim é que poderemos
continuar a alimentar a esperança de ter mais wrestlers como a
Kelly e a Shanna a dar cartas lá fora. E algo me diz que isso poderá vir a
acontecer muito mais vezes daqui para a frente…
Qual é a vossa opinião sobre o
estado atual do wrestling em
Portugal, seja em termos de consumo de produto exterior (WWE, AEW, STARDOM e indies) seja em termos do trabalho desenvolvido pelas
empresas que temos por cá?
E assim termina mais uma edição do “Lucas Headquarters”! Não
se esqueçam de passar pela página e pelo site do WN, deixar a vossa opinião nos
comentários, tudo o que sabem fazer melhor. Para a semana cá estarei, se tudo
correr bem, com mais um artigo!
Peace and love, e
até ao meu regresso!