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Opiniões do Couto #7 | A divisão feminina da WWE

Boas malta! Sejam bem-vindos a mais um “Opiniões do Couto” aqui no Wrestling Notícias!

Esta semana decidi escrever-vos sobre um dos assuntos que certamente deixa vários fãs da empresa mais insatisfeitos: a sua divisão feminina. Importa realçar que neste artigo refiro-me apenas às divisões do Raw e SmackDown, uma vez que considero que a divisão feminina do NXT tem um tratamento bem mais positivo e merecedor de elogios do que a das outras duas marcas da empresa.

E até posso começar por dizer que, tendo voltado a ver o produto da WWE no último ano, inicialmente a divisão feminina foi uma das coisas que mais me surpreendeu. Principalmente porque no primeiro evento a que assisti, a WrestleMania 36, as wrestlers da WWE proporcionaram belos combates, e neste âmbito destaco o combate entre Charlotte Flair e Rhea Ripley, que para mim foi o melhor combate das duas noites da WrestleMania daquele ano. A juntar aos bons combates, de referir também o diferente look destas “superstars”, quando comparadas às “divas” do passado, a existência de um título de equipas feminino e mesmo o tratamento e destaque que era dado àquelas lutadoras.

E a verdade é que naqueles meses seguintes continuei satisfeito com aquilo que nos continuava a ser apresentado. Vinha a ser dado destaque a Becky Lynch (apenas até ao anúncio da gravidez), Asuka, Shayna Baszler, Bayley, Sasha Banks, Alexa Bliss, Nikki Cross, Kairi Sane ou Lacey Evans. Naquela altura até a rivalidade entre Liv Morgan e Ruby Riott estava a ter algum destaque no Raw. E obviamente que não posso deixar de destacar a rivalidade entre Mandy Rose e Sonya Deville, que durou meses e era, para mim, um dos grandes pontos de interesse do SmackDown na altura. Posso até dizer que via aqui uma grande oportunidade para Sonya Deville sair por cima e se assumir como candidata a um título principal, mas infelizmente a rivalidade foi afeta pelos problemas pessoais de Deville, que assim perdeu o combate que pôs fim à rivalidade e levou a lutadora a ausentar-se da empresa. Diga-se também, esse combate entre entre Mandy e Sonya, no SummerSlam de 2020, ficou um pouco aquém das minhas expectativas.

E, claro, neste período o grande destaque tem que ser dado essencialmente a Sasha Banks e Bayley, que, na fase mais crítica da pandemia, carregaram não só o seu programa, o SmackDown, mas também o Raw, fruto do facto de possuírem os títulos de tag team. A dupla chegou mesmo a possuir os quatro títulos do “main roster”, terminando esta “run” com um combate fantástico entre Bayley e Sasha Banks no Hell In A Cell, no qual Sasha acabou por conquistar o título feminino do SmackDown.

O problema é que sinto que, atualmente, a divisão feminina da WWE tem tido um tratamento bem pior, muito aquém do talento que possui. E esta situação vem já de há alguns meses. Talvez desde o período do Draft. Mesmo o tal combate entre Bayley e Sasha, que já era aguardado há vários meses não teve todo o destaque que merecia, principalmente porque o heel turn de Bayley em Sasha se deu mais ou menos na mesma altura do regresso de Roman Reigns. Depois de tantos meses de espera, o culminar dessa rivalidade entre as duas lutadoras podia ter-se sucedido uns meses mais cedo ou mais tarde. Havia mesmo quem especulasse que esse combate poderia ser um dos main events da WrestleMania deste ano, o que, pelo que duas lutadoras fizeram no último ano, era completamente merecido.

Mas se olharmos para o panorama atual, percebemos que, mesmo aquilo que deveria ter destaque, não está a ser bem feito. Olhamos para o título do SmackDown e vemos uma rivalidade entre Bianca Belair e Sasha Banks, que tinha tudo para ser bastante boa e que está a ser mal construída. Primeiro por terem colocado as duas em rivalidade com Shayna Baszler e Nia Jax. Depois porque mesmo essa rivalidade foi estendida em demasia. Depois do combate entre as quatro no Elimination Chamber, o mesmo combate foi colocado no card do Fastlane sem razão aparente. Principalmente quando as equipas de Naomi e Lana e Dakota Kai e Raquel González tinham conquistado pouco antes oportunidades pelo título. E, por último, porque com tanto tempo desde o Royal Rumble, o heel turn da Sasha apenas se deu na última semana.

Depois, olhamos para o título do Raw e o que vemos? Uma campeã com o talento de Asuka e que já não tem uma verdadeira defesa do seu título desde setembro. É verdade, há mais de seis meses. O último combate mais “digno” em que Asuka defendeu o seu título foi a 28 de setembro de 2020, num Raw, frente a Zelina Vega, numa desforra do combate do dia anterior no Clash Of Champions. Depois disto, Asuka venceu Lana em dois minutos em outubro, Lana novamente num minuto e por desqualificação em novembro e tivemos também o combate entre Asuka e Alexa Bliss em janeiro que terminou em “no contest” e serviu apenas para dar continuidade à história entre Bliss e Randy Orton. Sinceramente, dizer que esta situação é ridícula é estar a ser simpático para a WWE.

Mas esta situação até podia já estar a ser resolvida desde janeiro, depois de Rhea Ripley ter sido uma das duas finalistas do Royal Rumble. O ímpeto da lutadora australiana podia ter sido aproveitado e ter sido criada uma história interessante para um bom combate entre Ripley e Asuka na WrestleMania. Mas não… A WWE decidiu esperar quase até ao final de março para estrear Rhea. E a verdade é que a sua estreia podia ter sido bem melhor. A lutadora apenas chegou e desafiou a Asuka para um combate pelo título na WrestleMania. Que sentido faz isto? Não teria sido bem melhor ter estreado Rhea Ripley umas semanas mais cedo e dar-lhe algumas vitórias até ao momento de lançar o desafio a Asuka? Ou mesmo sem as tais vitórias, aproveitar o momento do bom Royal Rumble de Ripley teria sido suficiente.

Mas, infelizmente, a situação ainda se viria a tornar pior… No último Raw vimos Nia Jax e Shayna Baszler a desafiarem Rhea Ripley e Asuka para um combate de tag team. A sério que vamos voltar a assistir ao mesmo que aconteceu com Sasha Banks e Bianca Belair? Não sei o que vão fazer com isto no último Raw antes da WrestleMania, mas a verdade é que toda a expectativa que tenho para o combate entre Ripley e Asuka na WrestleMania se deve exclusivamente ao talento das duas wrestlers. E, sinceramente, espero mesmo que não estraguem ainda mais esse combate colocando limitações ao que as lutadoras poderão fazer em ringue.

Quanto aos títulos e à divisão de tag team, existe um grande problema: praticamente não temos equipas legitimas. Temos a Riott Squad, é verdade, mas a realidade é que ultimamente, para além das campeãs, tem sido dado destaque a três equipas, mas nenhuma delas é a Riott Squad. Vemos Natalya e Tamina, Lana e Naomi e Mandy Rose e Dana Brooke a terem destaque, e aquela que é a equipa mais legitima e antiga nem tem aparecido na programação da WWE. Para não falar da separação das IIconics, que aconteceu de um momento para o outro, há quase um ano, e ainda não vimos nem Peyton Royce nem Billie Kay a realmente terem destaque a solo.

E para terminar refiro que lutadoras como Mickie James, Nikki Cross, Peyton Royce, Billie Kay, Liv Morgan, Ruby Riott e até mesmo Natalya ou Tamina, têm tido muito pouco destaque, ou até mesmo nenhum em alguns casos, na programação da WWE há várias semanas ou meses. E aqui até destaco as três wrestlers do Raw, principalmente Mickie James e Nikki Cross, primeiro porque não são vistas há várias semanas e depois porque o Raw, não só tem 3 horas, que é tempo suficiente para dar destaque a todo este talento, mas também porque esse programa nas últimas semanas tem sido bastante criticado pelas suas storylines sem sentido e também pelo seu habitual enorme número de repetições.

A juntar a isto, dou novamente destaque a Bayley, que, pelo que fez no último ano, merecia no mínimo um bom combate na WrestleMania. Acredito que possa participar numa battle royal, e que até a vença, mas, na minha opinião, Bayley merecia um combate de outro calibre. Frente a Carmella, por exemplo, com uma história bem construída, que já não vai acontecer. Até porque a verdade é que o mais provável é na WrestleMania termos apenas combates femininos pelos títulos, o que, em duas noites, me parece pouco.

Mas espero que esta situação se possa alterar após a WrestleMania. Que seja dado destaque às mais jovens Bianca Belair, Rhea Ripley ou até Shayna Baszler, mas que ao mesmo tempo também não se deixem desaparecer as muito importantes Bayley, Sasha Banks ou Asuka e também Charlotte Flair e Becky Lynch, quando regressarem. Mesmo Io Shirai, que também deverá ser chamada nos próximos meses ao roster de uma das “main brands”, é outra lutadora que espero que venha a ter um bom destaque no Raw ou SmackDown. Por último, espero também que a divisão de equipas se possa solidificar no próximo ano, ganhando o destaque que deveria merecer.


E tu, o que achas do tratamento que tem sido dado à divisão feminina da WWE nos últimos meses? Achas que a situação se pode alterar no futuro?


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