Ultimas

Unscripted Promo #1 | Rain, gold and a masterpiece on the horizon






“A work of art such as a painting, movie, book, etc. that is an excellent, or the best, example of the artist's work”
                          Definição do termo “masterpiece”, segundo o Oxford Learner’s Dictionary

O combate principal da próxima edição do Wrestle Kingdom será, em perspetiva, uma obra-prima. Tendo em conta a qualidade do produto que a New Japan Professional Wrestling (NJPW) presenteia os seus fãs ano após ano, a frase com que escolhi dar início a este texto pode parecer redundante. Isto porque o main event do espetáculo-rei da referida companhia de wrestling japonesa é sempre recordado como épico logo após a mão do Red Shoes bater pela terceira vez no tapete para sinalizar o final da contenda. Não me parece que estejamos perante uma exceção à regra na noite de 4 de Janeiro de 2020, quando Kazuchika Okada defender o IWGP Hevyweight Championship contra Kota Ibushi.

Com um leque de estrelas e workers da mais alta classe no seu roster, a NJPW decidiu avançar com estes dois nomes para fechar a primeira de duas noites de espetáculo no Tokyo Dome. Na origem da decisão de transformar o Wrestle Kingdom numa experiência de noite dupla estará, provavelmente, o sabor agridoce que alguns combates da última edição deixaram na boca dos fãs, por terem de se adaptar a uma gestão de tempo que a companhia procurará eliminar a partir de agora. O confronto entre Jay White e Okada parece fornecer o melhor exemplo nesse sentido.

Mas se o combate entre White e o melhor amigo de Rocky Romero no primeiro mês deste ano deixou uma certa sensação de desconforto pela forma excessivamente acelerada como se desenrolou, a verdade é que a NJPW, bem a seu estilo, deu, mais tarde, a oportunidade de estes dois wrestlers mostrarem os seus dotes, desta feita, em pleno Madison Square Guarden. Este não desiludiu, nem lá perto. E foi aí, em Nova Iorque, que se deu o arranque do quinto e atual reinado do Rainmaker.




A carreira de Kazuchika Okada não faz sentido nenhum. O homem tem 32 anos. 32! Os reinados, combates e momentos marcantes que lhe estão associados são demasiados para tão tenra idade. Quando pendurar as botas, quando a última nota cair do céu para ditar o fim da sua carreira (daqui a muitos, muitos anos, espero eu), penso que não restarão muitas dúvidas que estamos mesmo perante um dos melhores de sempre, senão o melhor, naquilo que faz. Mas isso é discussão para outra ocasião.

Este artigo procura, isso sim, oferecer uma antevisão do championship match de 4 de janeiro. E para todo o campeão, nestas ocasiões de destaque, tem de haver um candidato principal à altura.



Nunca consegui perceber se Kota Ibushi está a interpretar uma personagem, desde que atravessa a cortina em direção ao ringue, até voltar ao backstage depois do seu trabalho estar concluído. As leis convencionais do wrestling ditam que sim, que todos estes artistas se fazem acompanhar de uma gimmick, de um alter-ego que ultrapassa a pessoa que a está a interpretar. Mas o Golden Star transparece uma imagem tão genuína de paixão por esta indústria em tudo o que faz ao ponto de deixar essa linha entre a realidade e a ficção, a meu ver, reduzida a algo nulo.

Okada e Ibushi já se defrontaram no passado. Há bem pouco tempo, para dizer a verdade. Kota levou a melhor no confronto decisivo do bloco A da última edição do G1 Climax. Foi, aliás, a vitória nesse torneio que lhe garantiu um lugar no combate principal do Tokyo Dome.

A faceta camaleónica do Rainmaker em ringue, em que, não sendo portador de um estilo restrito, por fazer de tudo um pouco, se adapta à globalidade de todos os que confronta, encontra em Ibushi uma química assinalável nos strikes, high-fly moves e psicologia underdog de que o Golden Star se faz servir. A referida química tem estado e estará, penso eu, presente sempre que estes dois atletas dividirem o ringue.



No entanto, acredito que será apresentado um combate significativamente diferente do de Agosto do ano passado e passo a explicar porquê.

Em primeiro lugar, devido ao cronómetro. Okada e Ibushi tinham “apenas” disponíveis 30 minutos para apresentar uma história convincente e satisfatória em ringue (o que conseguiram) na final de bloco do G1. O novo confronto poderá, por outro lado, ultrapassar essa marca a 4 de Janeiro e prolongar até ao limite de 60 minutos.

Mas, para além de todas estas questões mais técnicas, acredito que a grande diferença estará assente em dois fatores que não estavam presentes no Verão: o main event no Tokyo Dome e o IWGP Heavyweight Championship.

Já falei da paixão que Ibushi transporta para o seu desempenho como wrestler. Do respeito e subserviência que presta ao wrestling japonês e aos pilares da modalidade. Ora, com certeza não haverá muitos pilares que possam ultrapassar em importância este título e posição no card do evento em questão. Kota “venderá” isso mesmo aos espectadores. Na forma como vai fazer a sua entrada, na maneira como se comportará durante o próprio combate e, no caso de vencer, aceitará o prestígio que vem com a entrada para o incomparável historial do título. Ibushi transparecerá tudo aquilo que este conjunto de momentos representa, tanto para wrestlers como fãs.

Acompanhando-o nessa missão estará, já o disse, um dos melhores de sempre. A receita parece infalível para um exemplo de excelência do trabalho destes dois artistas. Ou seja, segundo a citação colocada acima, uma obra-prima.





Com tecnologia do Blogger.