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Opinião Pacífica #11 - Ascendência de um Novo Ano





Bons dias caros leitores do Wrestling Noticias e, antes de mais, um muito bom ano novo para todos vocês. Depois, sejam bem-vindos a mais uma edição do Opinião Pacífica.

Para nós, fãs de wrestling, o inicio de mais um ano de wrestling trás muitas coisas emocionantes. A estrada para a Wrestlemania está prestes a começar, com o Royal Rumble apenas a umas semanas, as oportunidades de pudermos olhar para o ano transato e ver o que de bom este nos deu, os melhores combates, etc.

Mas, sem duvida, a melhor coisa que o ano novo trás para os fãs de wrestling é o principal evento da New Japan Pro Wrestling: o Wrestle Kingdom.



Este ano, o Wrestle Kingdom tem um alcance internacional como há muito que não se via. Alem de o evento ter tido mais de quarenta mil espetadores ao vivo, coisa que não acontecia há mais de uma década em eventos de wrestling no Japão, nunca antes houve tanto interesse no produto japonês como este ano.

O hype criado em torno de toda a empresa ao longo do último ano resultou em que o evento recebesse imensa atenção internacional, com imensos jornais e periódicos desportivos a dar cobertura ao Wrestle Kingdom pela primeira vez.

E isso tudo, todo esse hype em volta da companhia, é resultante do excelente trabalho que tem sido desenvolvido, não só no último ano, mas nos últimos seis. Ou seja, desde que Gedo subiu para a condição de Booker da companhia e começou a revolucionar a forma como tudo estava a ser dirigido.

Mas, concentrando naquilo que aconteceu no ultimo ano da companhia, muitos foram os motivos para o sucesso dela a nível internacional. Primeiramente, a saga Okada vs Omega conseguiu atingir níveis de popularidade e elevar ambos os lutadores para o estrelato de uma forma que muito raramente se vê. Atualmente, Kenny Omega é um dos lutadores mais conhecidos do mundo inteiro, mesmo estando fora da WWE, coisa que há uns anos parecia impossível de se conseguir.



Kazuchika Okada também tem puxado os holofotes para si. Não foi só Omega a beneficiar da atenção que eles receberam com os combates do Wrestle Kingdom 11 e do Dominion desse ano. Okada subiu ao estatuto de lenda, tendo um dos melhores reinados de sempre, só comparável, talvez, aos tempos de Flair na NWA. Okada, com apenas 30 anos, tem um título que hoje em dia, praticamente ninguém na modalidade consegue ter: ser chamado, indubitavelmente, um dos melhores lutadores de sempre.

Mas uma das coisas que mais tem chamado à atenção dos fãs nos últimos meses, tem sido a vinda de Jericho para a NJPW. O Y2J, um dos wrestlers mais reconhecíveis dos últimos vinte anos e extremamente ligado à WWE, decidiu vir dar uns pezinhos de dança a uma companhia que está a explodir de popularidade e a crescer cada vez mais, ajudando a mesma a criar ainda mais buzz e, ajudando-se a si mesmo, provando ao mundo que o Ayatollah of Rock ‘N Rolla, apesar de já ter 47 anos, continua a conseguir dar grandes combates e a estar ao nível dos melhores.

Isso ficou provado com o combate entre ele e Kenny Omega no Wrestle Kingdom. Apesar de ser um combate muito mais ao estilo da WWE, muito mais virado para o lado do entretenimento do wrestling do que para o wrestling em si, Omega e Jericho deram um combate de se lhe tirar o chapéu em pleno WK, com muitas pessoas a argumentar que tenha sido melhor que o próprio Main Event do show.



O combate em si foi ótimo. Aquilo que toda a gente achou que iria ser uma luta técnica para provar quem seria o melhor do mundo, acabou por não ser nada desse género. Acabou por ser um autêntico brawl entre um lutador que quer provar que não passou o seu tempo e que ainda consegue aguentar contra os melhores do mundo e um lutador que está no topo da carreira e que também ele tem algo a provar: que é aquilo que toda a gente diz que ele é, ou seja, o melhor.

Entre spots completamente brutos e sequências lindas, o combate acabou por ser muito melhor do que aquilo que se esperava e do que aquilo que seria se tivessem optado por ir o caminho de "o combate de wrestling clínico". 

Mas, na minha sincera e modesta opinião, de quem simplesmente vê wrestling e, na verdade, não percebe nada disto, o Main Event foi superior ao combate do Jericho e do Omega. 

Uma história de quatro anos, com tudo o que de melhor se pode pedir no wrestling: drama, reviravoltas, mudanças de espírito, quedas, ascensões. Uma história de dois young lions, que seguiram caminhos muito diferentes desde que saíram do Young Lions System, que os caminhos se cruzaram por algumas vezes nestes últimos anos e que tiveram grande implicância na carreira um do outro. 



Dois wrestlers que se encontraram, mais uma vez, no Main Event do evento mais importante do ano para a NJPW e que, mais uma vez, deitaram a casa a baixo com um cedo candidato a combate do ano. Apesar de ter ficado um pouco a baixo de outros combates do reinado de Okada, como os dois combates contra Omega ou contra Shibata, este foi certamente um dos combates mais importantes do reinado do Rainmaker por tudo o que estava envolvido, toda a história, todos os callbacks, toda a ação e toda a emoção e investimento do publico. 

Uns mais minutos não teriam feito mal nenhum ao combate, mas a verdade é que foi excelente e, se calhar sou eu que "mal habituado" à qualidade dos grandes combates que Okada tem dado no ultimo ano, esperava aqui mais um combate de cinco ou seis estrelas. 

No resto do card também tivemos mais coisas giras, certamente. O 4-Way pelo titulo de Jr. Heavyweight também foi um dos melhores combates da noite, com um ritmo acelerado e moves alucinantes; o combate pelo NEVER Openweight entre Goto e Suzuki foi uma completa guerra e até foi um combate bem bom, ao contrário daquilo que eu estava à espera e, para surpresa de todo, Cody finalmente dá um bom combate, talvez. até mesmo, o melhor combate da vida dele, contra Kota Ibushi.

Mas, antes que me acusem de parcialismo e de que "chupo" a NJPW, calma, nada disso. A verdade é que sempre me ouviram falar imensamente bem da companhia, mas isso é porque realmente ela tem feito coisas incríveis. Mas, isto não significa que esta também não falhe e que não faça coisas menos boas.

Se existe coisa que a Gedo não é bom é a bookar divisões de tag team. Por isso é que os combates de tag team da NJPW dos últimos anos têm tido tudo menos um sentimento de importância. Seja da divisão júnior ou da divisão heavyweight, a verdade é que as divisões de tag team da NJPW são o antro da "randomness", algo que acontece também com os titulos de Six-man NEVER Openweight. 



Ora tens tu, ora têm eles, ora tenho eu. Os títulos são autenticas batatas quentes dentro da divisão é não é anormal as equipas perderem os títulos na primeira ou na segunda defesa dos mesmos. 

Miraculosamente, parece que a divisão de tag heavyweight vai ganhar alguma importância com os membros dos LiJ, SANADA e EVIL, a ter os titulos, ainda por cima com SANADA a ser o próximo aparente candidato ao titulo de Okada. 

Outra critica que tem que ser feita à NJPW e a Gedo é a forma como o NEVER Openweight Title e, em especifico, tudo o que os Suzuki-Gun estão envolvidos. a forma como os Suzuki-gun têm-se portado na NJPW, alem de ser uma desilusão após a hype original que eles tinham, tem sido tudo mesmo bom. Todas as interrupções ao longo de todos os combates de todos os membros só danificam, e muito, a qualidade dos mesmos. Alias, conta-se pelos dedos os combates realmente memoráveis de membros da stable no ultimo ano que eles voltaram para a companhia. 



Tirando Zack Sabre Jr. e Minoru Suzuki, de facto, nenhum outro membro tem estado à altura do que a stable deveria ser ou tem sequer entregado. E o booking do reinado de NEVER Openweight de Suzuki foi muito à toa. Alias, toda esta situação do combate, a forma como foi construido, foi tudo muito feito de forma confusa, lembrando por vezes os rumos que a WWE dá às suas feuds.

Por ultimo, uma ultima critica à NJPW e a Gedo: Jay White foi um flop. Sei que é cedo demais para estar a dizer isto e que ele ainda apenas teve um combate, mas a verdade é que, pelo o que está à vista, Jay White foi um flop. Duvido que venha a melhorar ao ponto de poder andar com os big guys da companhia. Duvido que venha a melhorar o suficiente para poder ser considerado top player da companhia. Acredito que possa melhorar o suficiente para ser um bom midcarder, mas não um main event player como Okada, Naito, Omega ou Tanahashi. 

A verdade é que atiraram o miúdo à boca do lobo como nunca antes se viu. Primeiro combate de retorno depois da excursão e metem White contra o Tanahashi, uma das caras da companhia, por um dos top titles. White não reagiu bem a toda a pressão que teve em cima e, o resultado, está à vista: uma desilusão e um dos piores combates, não só do show, mas da carreira de Tanahashi no Wrestle Kingdom. 



Nem Kazuchika Okada, que na altura, toda a gente pensou que estava a ser atirado aos lobos, ao desafiar Tanahashi pelo IWGP Heavyweight Title a vencer o mesmo, apenas um mês depois de voltar de excursão, não foi uma aposta tão arriscada como Jay White. Ao menos, Okada teve um mês inteiro para se habituar à sua nova gimmick, para ver onde estão os seus erros, para melhora-los e para se preparar para o grande combate contra Tanahashi. White não. Literalmente, o primeiro combate de White depois da excursão, foi contra a cara da companhia.

Mas bem, ele agora vai ter uma oportunidade para se redimir contra um dos melhores lutadores do mundo, Kenny Omega. A verdade é que Tanahashi não estava nas melhores condições físicas, por isso, White até tem desculpa para aquilo que aconteceu. Mas o Switchblade, desta vez, não tem desculpas. Se falhar, mais uma vez, espera-se que desistam dele. 

Mas pronto, apesar disto tudo, o futuro parece imensamente risonho para a companhia. A NJPW entra em 2018 com projeções para continuar a crescer, para que este ano seja ainda melhor que o ano passado, que já foi o melhor de sempre da companhia. 

Com o arranque do ano a dar-nos um Wrestle Kingdom de grande qualidade e com storylines como Naito vs Jericho e Tanahashi vs Suzuki a serem os grandes pontos de interesse para o próximo mês, alem do problema dentro dos Bullet Club, têm aqui material suficiente para construir um bom caminho para o resto do ano. E, apesar de tudo, uma das coisas que aprendi nos últimos anos é a confiar na NJPW e, principalmente, a confiar em Gedo. Ao contrario de outros bookers e writters que mudam de planos todas as semanas, ele agarra-se aos seus planos com unhas e dentes e não desiste.

Quando toda a gente dizia que Naito deveria ganhar o titulo, que é a altura mais que certa, que está na hora perfeita de Okada ser destronado, o homem teve coragem suficiente para dizer não e para levar a sua a avante. 

Toda a gente crucificou Gedo quando Omega perdeu para Okada no WK11. Toda a gente crucificou Gedo quando Naito perdeu o titulo para Okada no Dominion de 2015. Toda a gente crucificou Gedo quando Omega não ganhou o titulo no Dominion do ano passado. Mas a verdade é que, olhando para trás, para tudo o que aconteceu e para onde estamos hoje, conseguimos dizer com certeza: Gedo fez a escolha acertada. Por isso, tenham calma, relaxem nos vossos sofás, façam umas pipocas e apanhem um refrigerante e, simplesmente, desfrutem desta viagem que é a NJPW. 

O meu nome é Marco Paz e este, meus amigos, foi o primeiro Opinião Pacífica de 2018. A todos, um bom ano novo e umas boas entradas. Obrigado.



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