Ultimas

Brock Lesnar: Death Clutch - Parte II (Cap. 18) | Literatura Wrestling


Com o objetivo de divulgar histórias contadas pelos próprios lutadores em livros adaptados e traduzidos pelos colaboradores deste blog, a Literatura Wrestling trás, nestes próximos meses, toda a vida de uma das estrelas mais conhecidas no mundo do wrestling atualmente num só livro.

Semanalmente será publicado uma parte do livro "Brock Lesnar: Death Clutch", escrito e publicado em 2011 pelo próprio Brock e por seu amigo de longa data, Paul Heyman, começando pelo prefácio e acabando nos agradecimentos (parte final do livro). Esperemos que gostem das histórias!


Parte II: The Next Big Thing
O ESMAGAMENTO

Quando as pessoas falam comigo sobre 2003, eles falam sobre o meu combate com Kurt Angle na WrestleMania; os meus combates com John Cena e Big Show; o Iron Man Match (com mais vitórias em 60 minutos) que eu tive com Kurt no Smackdown!; ou eu a derrotar Kurt pelo título e a virar novamente heel.

Financeiramente, este foi também o meu melhor ano na WWE. Tornaram-me campeão tão rápido que Vince não estava a pensar em me dar um novo contrato. Eu estava na estrada há tanto tempo e nós nunca tivemos o tempo para discutir um novo acordo. Mesmo que, na altura em que já era um campeão por duas vezes, eu estava ainda a trabalhar sob o “contrato de desenvolvimento” que assinei quando ainda era um recruta na OVW. Finalmente, nós tivemos tempo para discutir um novo contrato, e eu assinei um grande acordo com a WWE no dia 1 de Julho de 2003.

Jim Ross sempre me dizia que eu tinha-me juntado ao clube dos milionários mais rápido do que qualquer outra pessoa na história deste negócio. Aquilo podia ser verdade, mas eu tenho que acreditar na palavra dele, visto que eu não prestava muita atenção ao que os outros estavam a ganhar. Todos eles mentiam de várias formas, portanto quem é que realmente sabia?

Eu estava a fazeruma bela quantidade de dinheiro, mas eu não conseguia imaginar-me na estrada por outros quinze anos ou mais. Eu realmente gostava das pessoas, mas eu não queria ser como eles. Não demorou muito tempo para eu descobrir isso.

É muito difícil de mesmo imaginar estar com trinta e cinco ou quarenta anos, a trabalhar em combates quatro noites por semana em quatro cidades diferentes. Quando esses wrestlers chegavam a casa por um dia ou dois, eles estão muito cansados e estoirados para fazer qualquer coisa. Os poucos que ainda têm famílias tentam dar aos seus amados um tempo de qualidade pequena, mas quando eles chegam a casa cansados, magoados, e provavelmente de ressaca, eles passam o primeiro dia a descansar. Depois eles usam o dia a seguir para verificarem o mail, as contas e fazeras tarefas de casa. Assim que eles passem uma noite ou duas nas suas próprias camas, eles fazem as malase partem para o aeroporto o mais cedo possível na manhã a seguir. As suas esposas e filhos vêem-os apenas na TV. E então? Não há um substituto para estar lá.

Não faz diferença onde é que o avião aterra, porque todas as cidades parecem o mesmo. E isso repete-se. Todos os quartos de hotel parecem os mesmos. Todos os balneários, carros alugados, autocarros de viagem, tudo parecia o mesmo. Tu estás o tempo todo em modo de piloto automático. Então vais para casa, mas antes de saberes, já estás de volta à rotina,apertando a mão de todos, tomar cuidado para não irritar ninguém.

Vince instruí nas pessoas a noção de que elas têm que acreditar na sua personagem, se eles querem que os fãs também acreditem neles. O que acontece com o passar dos anos é que algumas das pessoas ficam tão apegadas às suas personagens que eles não sabem quando — ou como —é que se desligam. Elestornam-senos seus próprios fãs número 1. É assim que Vince agarra tantas pessoas pelos tomates depois de um tempo. Essas pessoas fazem qualquer coisa para que as suas personagens sejam elevadas, e se eles tiverem a sorte suficiente para conseguirem uma boa posição, eles farão qualquer coisa para manterem as suas personagens em destaque. E tudo se torna sobre Vince. Vince puxa os cordões e controla-os.

Vince pode sugerir o que ele quiser, e enquanto ele continuar a dizer “Isso vai ser bom para a tua personagem.”, há uma quantidade de pessoas prontas e dispostas a fazerem qualquer coisa que ele diga. Eles levam com uma lavagem cerebral e eles nem fazem ideia disso.

Levar um golpe na cabeça com uma cadeira de metal? Grande ideia. Fazer um “Body Slam” do topo da corda para o chão fora do ringue? Um final incrível. Cair do topo de uma escada de três metros e meio? Isso terá uma grande reação. Finalizar o combate com um “Shooting Star Press”? Sim, eu sei.

Embora eu estivesse lá por relativamente pouco tempo, eu não era imune a vender. Eu estava lentamente a ser sugado. A estrela da WWE, Brock Lesnar concordou em fazer o final com o “Shooting Star Press”, e não oBrock Lesnar lavrador e pai.

O problema é que quando estás no universo da WWE, torna-se muito difícil sair. E não conseguesver do interior para o exterior. Não podes dar uma olhadela honesta para ti mesmo e dizer, “O que diabos estou a fazer?” Não existe algocomo “normal.”

Numa tentativa de manter a minha sanidade e evitar de me tornar como todos os outros, eu continuava a dizer aoJ.R.,Laurinaitis, Brisco (e qualquer outro que me estivesse a ouvir) que eu precisava de algum tempo. Aquilo não funcionou, então eu encurralei Vince e disse a ele a mesma coisa.

Vocês deveriam ter visto a expressão no rosto dele. Vocês pensariam que tivesseenfiado uma faca no seu estômago e a rodei. Ele agiu como se eu tivesse cometido a pior das traições. “Todo este tempo de TV que eu investi em ti” ... “ACOMPANHIAestá a contar contigo” ... “Eu disse a todos que eu podia contar contigo. Não me podes desiludir.”

Eventualmente, eu persuadi Vince a dar-me um fim-de-semana aqui e ali, mas ele nunca me iria deixar fora da estrada por um par de meses.Não importava para ele se eu perdesse o título ou não, não havia nenhuma maneira de ele me dar esse tempo de folga.

Vince,obviamente, apostou bastante em mim. Eu era o campeão mais jovem de sempre, e fui construído para ser a Next Big Thing. Mas muito disso foi também o Vince a garantir que eu não pisaria o Universo da WWE cedo o suficiente para me aperceber que não poderia olhar para trás. Se pudesse, talvez eu pudesse ver as coisas como elas seriam e não como ele queria que eu as visse.

Tudo tem a ver com controlo, e Vince não me iria permitir ter isso. Quanto mais eu trabalhava, mais dinheiro eu gerava para Vince com a venda de bilhetes, merchandise, DVDs, pay-per-views e receitas depublicidade. Se isso arruinasse a minha vida e eu terminasse como um morto vivo, como os outros, que o fosse.

Num dos raros fins-de-semana que consegui estar fora, estava sentado em casa a tentar descobrir porque eu estava tão desgastado. Eu sentia-me como um velho, mesmo tendo apenas vinte e cinco anos. As suspeitas mais óbvias eram as lesões que nunca tiveram tempo de se recuperarem como deve de ser; muitas garrafas de vodka vazias; centenas de analgésicos que eu estava a engolir para poder ultrapassar a tour; e o fato de eu nunca estar em casa e de estara perdera conexão com a minha família por causa disso. Tudo bem, eu era um wrestler profissional.

Mas eu ainda pensava que talvez se eu não tivesse que lidar com algumas inconveniências das viagens, tudo podia ser diferente. As filas na segurança dos aeroportos estavam a ficar cada vez piores após o 11 de Setembro, e para alguns vôos,tinhas que chegar duas horas mais cedo. Quando tu voas todos os dias, e estás sempre cansado e desgastado, as constantes filas e a espera ainda cansavam mais. E era ainda pior porque não podias andar por um aeroporto sem ser reconhecido por centenas ou milhares de pessoas que queriam fotos e autógrafos. Portanto eu vi os números e descobri que eu estava a custara Vince cerca de $175,000 por ano com vôos por todo o país. As tours internacionais eram uma história diferente, mas apenas o transporte doméstico era algo entre$150,000 e $175,000.

Depois é que me atingiu. E se eu comprasse o meu próprio avião,e evitasse todas as filas,os check-ins, tempo gasto em esperas para embarcar, andar pelo aeroporto e pegar a minha bagagem? E se eu apenas subisse no meu próprio avião, fosse ao trabalho, fizesse o que eu tinha a fazer e voltasse para o meu avião e regressasse a casa? Isso seria quase como conduzir para o trabalho como muitas pessoas fazem.Sim, eu poderia fazer isso!

Então eu fiz mais alguns cálculos e descobri que eu podia comprar o meu próprio avião, ter um dos meus mais antigos amigos, Justin, a pilotar para mim, e até mesmo fazer Vince poupar dinheiro ao mesmo tempo.Vince apenas precisaria de pagar pela manutenção e o combustível, e ele sairia a ganhar. Uma vez, durante uma gravação do SmackDown!, eu fui até ao escritório de Vince com os meus gráficos e falei-lhe do meu plano. Eu mostrei a Vince o quanto dinheiro ele iria poupar ao fazer este acordo comigo, e que talvez eu não precisasse ficar tanto tempo fora como tinha já referido.E vejam só, no dia a seguir,o filho da mãe respondeu-me e disse “Vamos fazer isso!”.



Por volta de Setembro de 2003, eu tinha perdido o título para Kurt Angle, apenas para “virar heel” para “derrotá-lo” pelo título novamente. Estava já a ultrapassar um ano e meio na minha carreira e já era campeão da WWE pela terceira vez. Eu não era obcecado pelo título, mas eu estava muito feliz de tê-lo para que pudesse estar em mais main events. Eu já estava a ganhar milhões. Eu tinha o meu próprio avião.A companhia estava a contar comigo, e eu era lembrado disso todos os dias.

Depois veio Miami...


Traduzido por: Kleber (nWo4Life)

Adaptado por: FaBiNhO

No próximo capítulo: Brock Lesnar nos contará sobre o início do fim de sua primeira passagem pela WWE! Se você perder o próximo capítulo, ganhará uma passagem só de ida para Suplex City!
Com tecnologia do Blogger.