Dias is That Damn Good #202 – "Desmistificando CM Punk"
Boas Pessoal!
Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn
Good", o espaço com mais história na nossa CWO ;)
CM Punk marcou uma Era na indústria do pro wrestling,
pois foi a primeira grande personalidade a conquistar o circuito
independente norte-americano e a comunidade de wrestling online que
conseguiu impor-se na WWE, abrindo as portas para outros colegas de
profissão com o mesmo tipo de background. Por outro lado, foi também
o "Chicago Made" o único talento da empresa de Vince
McMahon que, ao longo dos últimos 10 anos, conseguiu aproximar-se
dos números realizados por John Cena (principal cara da companhia) e
da influência do mesmo. Contudo, e depois de se encontrar no
auge das suas carreira e faculdades enquanto wrestler, viria a
abandonar a modalidade, deixando um claro vazio quer na WWE, quer
junto dos fãs que, ainda hoje, não desistem de "chamar"
pelo seu nome.
Neste sentido, porque falar de CM Punk continua a mexer
com os sentimentos e emoções de muitos adeptos da modalidade,
porque importa compreender a evolução que a sua carreira sofreu
desde a sua estreia à sua reforma e, acima de tudo, porque assume
relevante importância perceber a própria personalidade de Phil
Brooks, o seu legado e as suas tomadas de decisão, aquilo que hoje
me proponho tratar e abordar no texto que agora vos escrevo,
prende-se, precisamente, com toda esta temática.
Não percam, por isso, as próximas linhas...
Phil Brooks, conhecido por todos como CM Punk, fez o
seu debut no pro wrestling corria o ano de 1999, tendo sido treinado
por excelentes in-ring workers como William Regal, Dave Finlay e/ou
Dave Taylor. A sua carreira iniciar-se-ia no perigoso e altamente
condenável backyard wrestling e prosseguiria no circuito
independente norte-americano, onde haveria de se tornar célebre
pelas suas participações e performances na IWA-Mid South, na CZW,
na Ring of Honor (ROH) e numa TNA que dava os seus
primeiros passos. Durante este período, travaria uma forte amizade
com Colt Cabana e envolveu-se em inúmeras rivalidades com wrestlers
como AJ Styles, Samoa Joe, Eddie Guerrero, Raven, Chris Hero, James
Gibson (Jamie Noble da WWE) e Sabu, entre muitos outros.
Despedir-se-ia, mais tarde, do circuito independente num show da ROH
após um combate que o opôs ao seu amigo de longa data Colt Cabana
para assinar um contrato de desenvolvimento com a WWE. Foi, portanto,
desta forma que CM Punk chegou, em 2005, à Ohio Valley Wrestling (na
altura uma companhia satélite da empresa de Vince McMahon onde os
talentos mais jovens desenvolviam as suas capacidades e preparavam o
seu debut no roster principal da promotora). Tal como havia
acontecido aquando da sua passagem pelo circuito independente e pela
TNA, Punk rapidamente se conseguiria impor e destacar dos demais
colegas, bastando-lhe somente um ano (durante o qual desenvolveu
rivalidades, entre outros, com Ken Doane, Ken Kennedy, Brent
Albright, Shad Gaspard, Aron Stevens, Johnny Jeter e The Miz) para
ser chamado ao plantel principal da WWE, onde competiria no terceiro
show da companhia, a ressuscitada ECW.
Como é do conhecimento geral, a visão e versão que a
WWE tinha e aplicou à ECW brand, acabou por defraudar largamente as
expectativas que tinham sido criadas em seu redor, não só
desrespeitando o legado da antiga promotora com o mesmo nome e os
seus wrestlers, como falhando claramente em construí-la como uma
plataforma mais avançada de desenvolvimento de novos talentos (algo
semelhante às funções e papel desempenhados, agora e bem, pelo
NXT). De qualquer modo, mais uma vez, CM Punk haveria de destacar-se
dos demais...ainda na OVW tinha recebido o apoio de Paul Heyman, que
o voltaria a ajudar aquando da sua estreia na ECW, o que a juntar ao
nome que já tinha conseguido criar junto dos fãs do circuito
independente e da comunidade de wrestling online, lhe assegurava um
significativo e fiél número de fãs. Durante o período que esteve
incluído no roster da ECW brand até ser chamado aos dois programas
principais da WWE, destacou-se, acima de tudo, na rivalidade que opôs
os New Breed aos ECW Original e nas feuds que travou com Elijah
Burke, John Morrison e Chavo Guerrero. E essa etapa da sua carreira
foi bastante importante na consolidação das suas capacidades, na
adaptação do seu estilo ao ring-work exigido pela WWE aos seus
talentos e, acima de tudo, na sua afirmação enquanto wrestler de
qualidade e elevado potencial.
Ora, foi precisamente esse reconhecimento (da qualidade
e do potencial) que levou a empresa a atribuir-lhe a vitória, em
plena Wrestlemania XXIV, no Money in the Bank match.
Consequentemente, CM Punk viria a fazer o cash in do Money in the
Bank e a conquistar o seu primeiro título mundial, perdendo-o
somente 3 meses mais tarde para Randy Orton. Posteriormente, entraria
em três grandes confrontos, também eles nucleares na sua afirmação
e consolidação enquanto estrela de topo, contra, primeiro, Chris
Jericho, depois Jeff Hardy (a quem voltaria a conquistar o título
mundial, depois de ter vencido o Money in the Bank match pela 2ª
vez) e, por último, com Undertaker. Seguir-se-ia, então, a criação
da stable "Straight Edge Society" (da qual participaram
conjuntamente Luke Gallows, Joey Mercury e Serena Debb) e
posteriormente a liderança da facção Nexus, período que ficou
marcado pela sua derradeira afirmação enquanto estrela de topo e
ascensão, de forma indiscutível, a figura nº 2 do roster da
companhia. A partir deste ponto, CM Punk nunca mais abandonaria o
main event da WWE, conquistando, novamente, o título principal da
promotora por diversas ocasiões e participando das storylines de
maior importância na mesma. Foi um período no qual tomou parte de
excelentes rivalidades que, por consequência, levariam a óptimos
combates, contra Alberto Del Rio, John Cena, Triple H, The Rock,
Daniel Bryan, Chris Jericho e Paul Heyman...Paul Heyman que durante
grande parte deste percurso acompanhou Punk como seu manager e que o
viria a trair no final do mesmo. Antes, ainda de abandonar os ringues
e a indústria no auge da sua carreira e faculdades, teria, ainda,
uma última rivalidade de relevante importância e qualidade contra a
Wyatt Family de Bray Wyatt.
Assim, e depois desta pequena revisão da carreira de
Punk, importa iniciar uma verdadeira análise ao que ela realmente
significou, ao legado que nos deixa e às próprias exigências e
tomadas de decisão de Phil Brooks no decorrer de todo este processo.
Devemos, por isso, realçar as suas capacidades enquanto entertainer
que conseguia dar excelentes entrevistas e realizar promos de grande
qualidade (aliás, como ficou provado na worked-shoot-promo que fez
num RAW, e que ficaria conhecida pela sua primeira pipe bomb...ou
ainda, pela excelente rivalidade e troca de promos que produziu com
Triple H, entre muitos outros exemplos). Podemos, também, registar o
modo como conseguiu diferenciar-se dos restantes wrestlers,
interpretando um gimmick bastante próprio e que, certamente,
continha muito daquilo que é a personalidade de Phil Brooks. E
devemos, por último, reconhecer a originalidade dos seus movimentos
e finisher, assim como a qualidade da generalidade dos combates de
que tomou parte...mas podemos e devemos, acima de tudo, realçar a
excelente relação que conseguiu construir com os fãs e plateias,
situação essa que o colocou, como nenhum outro, bastante perto da
posição ocupada por John Cena na hierarquia da WWE. Por outro lado,
sabemos também que Phil Brooks nunca teve uma personalidade fácil,
que fez inúmeras exigências à administração e responsáveis da
companhia e que costumava queixar-se por diversas vezes do booking e
rumo que a mesma lhe atribuia, ainda que, em muitas dessas situações,
a meu ver, não tivesse razão. Depois, penso que é necessário
distanciar-mo-nos temporalmente e espacialmente para conseguir-mos
avaliar da forma mais correcta o que realmente significou CM Punk
enquanto wrestler e, neste ponto em particular, acredito que, apesar
de ser sem réstia de dúvidas um dos melhores da sua geração, teve
a vida algo facilitada pela falta de uma competição séria e pela
incapacidade que a WWE revelou ao longo dos últimos 10 anos em criar
novas estrelas de topo. E penso assim porque, embora reconhecendo
todas as qualidades e valor de CM Punk, olho para ele como um
wrestler que em plena Monday Night War e WWE Attitude Era, muito
dificilmente, conseguiria impor-se no main event e/ou passar do mid
card. Mas, neste capítulo, não está em posição diferente daquela
em que se encontram, por exemplo, Randy Orton e Daniel Bryan, entre
outros. Por último, devo confessar que aquilo mais prejudicou a
imagem que tenho de Phil Brooks se prende, particularmente, com a
forma como ele abandonou a WWE e o próprio business. Não me
interpretem mal, acredito que as pessoas têm o direito de decidir
sobre as suas vidas e o rumo que lhe querem dar...mas não consigo
aceitar que depois de tantas exigências, lamúrias, reclamações e
reivindicações, que depois de tantos wrestlers o terem ajudo com o
seu job a cimentar-se no topo, e que depois da WWE lhe ter oferecido
os maiores spots da companhia ele tenha sido egoísta ao ponto de
"deitar tudo por água abaixo", de ter deixado um vazio na
WWE e falhado aos seus próprios fãs.
E
vocês, o que pensam de CM Punk?!
Um Abraço,
Dias Ferreira
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