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Slobber Knocker #106: Rescaldo do Slammiversary XII


Sejam bem-vindos a mais uma nova edição do Slobber Knocker, se não vos incomodar este contínuo destaque ao wrestling em época de Mundial de futebol. Para esta semana, trago aquilo que já tinha avisado que trazia na semana anterior. O meu ainda costume e tradição do Slobber Knocker: a revisão aos PPV grandes das duas principais companhias - assumindo que este, tecnicamente, ainda é um evento grande.....

Numa altura em que a TNA atravessa uma fase difícil no seu percurso em que sofre com a falta de starpower no seu plantel, assistências miseráveis em house shows e gravações e com histórias de semelhanças suspeitas e em fraco timing em relação às da concorrência... A companhia tem-se visto de mãos cheias com batalhas consigo mesma, com relevância e com fãs vocais. Mas aí continua e trouxe-nos, no passado Domingo, mais um PPV que apresentou qualidade.

Vejamos, combate por combate, como é que esta malta se comportou:

Sanada derrota Manik, Tigre Uno, Crazzy Steve, Eddie Edwards e Davey Richards num 6-Man Ladder Match pelo X Division Championship e retém o título


Se quisermos ter já o dedo em riste e começar a apontar e a atirar as acusações, não é preciso um desvio de caminho muito grande para se implicar já aqui. Eu mesmo reparei nas questões que pode levantar um combate nesta altura, deste calibre e com um número elevado de homens. Exacto, se quisermos ser ruins, vamos ver semelhanças entre este combate e o Money in the Bank, que se dá daqui a uma semanita e pouco. 6 homens, uma escada e muito spot a prometer. Se quisermos esticar ainda mais a coisa, notamos que é pelo título que, mais tarde, pela altura do Destination X, pode ser trocado pelo título Mundial, numa espécie de "cash-in" como já lhe chegaram a chamar. Pronto, pode levantar discussão se houver empenho nisso.

Mas no papel propriamente dito, é um combate da X Division com muitos tipos para fazer um spotfest de abertura. E isto não é costume novo nestas andanças. Até lhes podia ter dado para um Ultimate X, mas lá acharam que só havia quatro cantos e seis competidores - isso sim são problemas de agora - e optaram pela escada. Para spots, porque não havia nenhuma história a conduzir para este encontro nem qualquer história para contar ao longo do combate.

Sanada continua a sua viagem ao topo do wrestling Americano, utilizando o X Division Championship como ferramenta - e até acredito que ele o leve até ao Destination X, para capitalizar a longa jornada, mesmo que sem sucesso. Fica este combate como mais um desafio, mais um episódio na sua batalha; Tigre Uno continua a ser o tipo novo que serve exactamente para isto - para lutar pelo título da X Division; Manik marca aqui um regresso, tendo em conta que o seu lugar anterior é o que está ocupado por Tigre e que eu aqui descrevi; Crazzy Steve é o que aqui se insere com menos construção, é recém-chegado e mal tem um combate no currículo. E parece estar over para caramba, graças aos maneirismos bizarros da personagem; Os Wolves têm jeito para coisas destas e não havia nada que lhes ocupasse o tempo à volta dos títulos de Tag Team, logo também lá vão tapar o buraco.

O combate foi exactamente aquilo que se esperava e aquilo que eu aqui já disse que ia ser: um spotfest, com momentos de atletismo bem engraçados e de arregalar qualquer vista. Não havia grande construção ou indicação de que viessemos a ter um novo Campeão e de facto não houve, Sanada foi capaz de manter. Destacam-se as prestações de Crazzy Steve, que pôde contar com muita reacção do público e o spot da escada que viu Manik tentar partir a meio, ou uma escada ou o Davey Richards, o que cedesse primeiro. Nota positiva para todos os participantes, com uma reticência em Sanada que parece não estar habituado a isto e ainda parecia estar a adaptar-se ao ambiente de escadas. Mas é um bom lutador e tem uma continuação de um bom reinado pela frente. Na falta de construção de histórias na X Division, os seus próximos adversários podem ser qualquer um, incluindo alguém desta lista de atléticos competidores. Um bom início de PPV...

Bobby Lashley derrota Samoa Joe e qualifica-se para o main event pelo World Heavyweight Championship


O primeiro combate que apuraria um candidato ao título de Eric Young no main event. Talvez desse para aumentar um pouco o starpower dos paupérrimos main events dos últimos PPVs, com um veterano regressado e um dos originais, representantes da companhia e dos favoritos dos fãs. Também não foi uma rivalidade muito pessoal, que necessitasse assim de muita construção, partiu mais de uma rivalidade conjunta, que colocou os aliados de MVP contra os aliados de Eric Young.  Com esta coisa do main event a apimentar tudo e atéhá algum interesse no combate.

Bobby Lashley pode ser paralelizado com Batista. A referência às passagens por MMA é apenas um ponto solto e não é o que mais importa: Lashley é o powerhouse veterano regressado, que não pegou tão bem porque não se sentia propriamente a falta dele nem se pedia o seu regresso. É no desenvolvimento do regresso que reside a principal diferença: Batista soube aproveitar o heat que tinha para seu benefício, melhorou o seu desempenho, em termos de personagem, e cumpriu bem o seu trabalho de colocar malta over. Lashley ainda não viu o seu regresso a pegar, com pouco hype, pouco propósito e pouco rumo. Tudo isso leva a pouca importância por parte do público. Logo, ainda tinha uma certa responsabilidade neste Slammiversary de se afirmar com um pouco mais de força.

Não aparenta estar no topo da sua forma, apesar de não haver assim grande pecado a apontar-lhe, em termos físicos. A lutar como heel, que não aconteceu assim muitas vezes na sua carreira. E com as suas limitações do costume. Faltava saber se ia precisar de ser tão carregado por Samoa Joe ou se até se podia safar. Lá amanharam um combate competente, com alguns momentos de emoção média e de onde se viu Lashley sair vencedor. A sua vitória foi suficientemente limpa para ficar limpa, mas veremos o que fará a Joe, a ver se isto não o afastará ainda mais do panorama do título Mundial, no qual andava até há pouco tempo mas em constante insucesso. É possível que, com esta história toda da disputa entre a autoridade e a outra autoridade e os associados do underdog barbudo - sim, ainda é da TNA que estamos a falar - que haja algo para manter Samoa Joe ocupado. Desta feud, não se deve esperar muito mais e ficou com este combate com a marca de "Suficiente".

Magnus (c/Bram) derrota Willow (c/Abyss)


Fizeram questão de me confundir com isto. Primeiro, a feud parece ter sido trabalhada de forma algo... desarrumada. Magnus salta fora da cena do título Mundial que perdera, num ápice que nem um desistente que não quer saber mais. É-nos introduzido o Kenneth Cameron de barba, a parecer um Gunner de sotaque Inglês, sem qualquer introdução e começa a história a sangue frio, a falar de um Magnus violento de antigamente. Ao longo da história, Willow, que parecia ser uma forte aposta de renovação de Jeff Hardy, era apenas um instrumento, uma ferramenta para a discussão entre Magnus e Bram, até trazer finalmente o tal Magnus de antigamente à superfície. Willow farta-se e revela um aliado seu, Abyss, para lembrar que já é Face outra vez, após ter sido Heel por dois meses e estes após um início conturbado de 2014 em que não sabíamos bem o que ele era sequer. Sem grandes menções ao passado recente entre Magnus e Abyss, fazendo com que a aliança pareça ainda mais "porque sim". E com isto fico com a impressão de um combate tag team no Slammiversary, que afinal é apenas um one-on-one com Bram e Abyss a apoiar lá de fora só, sem qualquer estipulação - o que já aconteceu em TV - e a acrescentar pouco a nada ao combate.

Sim, a premissa desde já não é das boas. Daí que este fique marcado como "aquele" combate. Aquele que podia ter o seu potencial se não fosse mal construído. E que, mesmo não tendo sido mau, nem nada que se pareça, não foi dos mais inesquecíveis. Como já disse, as presenças de Bram e Abyss pouco a nada acrescentaram ao combate e ficou ali o sabor de rematch do Impact Wrestling, onde devia ser vendido um Magnus mais vicioso e violento, mas que não aparentava estar lá muito diferente do costume. 

Ao fim, lá utilizaram as presenças dos dois outros lutadores, para Magnus poder capitalizar na distracção e bater Jeff "Willow" Hardy de forma não tão limpa. O confronto entre Bram e Abyss é que não teve grande sabor pois apenas se baseou num frente-a-frente armado - Bram, com a sua peça do canto do ringue e Abyss com a sua "Janice", de assinatura. Bram, para o tipo violento que é suposto ser até é muito simpático, pois deu todo o tempo do mundo ao Abyss para is buscar a sua arma, sem ponderar sequer o mais mínimo ataque. Pequenas falhas no antes e na duração do combate que o mancharam e os deixaram na parte inferior da pirâmide qualitativa do pay-per-view.

Veremos como será o depois. A ver se encontram algum rumo a esta história de Bram e Magnus pois começou muito depressa e ainda não foi a lado nenhum. Por mim, têm lugar na divisão tag team, e sendo os Campeões Faces, até podia aproveitar-se já nestes momentos. E até podem brincar e arranjar uma aliança entre Magnus e MVP, apesar do seu passado recente às turras - algo que acontece constantemente no wrestling, perguntem ao Seth Rollins, por exemplo. Quanto aos outros não sei. Willow também parecia que vinha para muito mas ainda não o vi a fazer nada de especial, para além de andar escondido nas traves do tecto da arena e a dar promos crípticas que por vezes até acenam e piscam o olho ao Bray Wyatt. E ao Abyss... Já agora virem-no outra vez, até cair tonto...

Austin Aries derrota Kenny King e qualifica-se para o main event pelo World Heavyweight Championship


Tempo para o segundo combate de qualificação para o main event pelo título, dentro da jaula. E que parte do mesmo sítio que o combate anterior: a rivalidade colectiva entre o grupo autoritário de MVP e os apoiantes do World Heavyweight Champion Eric Young. Seguiram os passos lógicos na divisão dos combates, colocando grande com grande e, neste caso, colocando os dois mais atléticos frente-a-frente.

Este alinhamento apenas tem um pequeno grande "giveaway": ninguém esperava que Kenny King fosse já colocado num main event e a combater pelo título Mundial. Muito cedo e ninguém achou que eles não soubessem isso. Ainda para mais, sendo o outro competidor Austin Aries, já ex-Campeão Mundial e criador da "Option C" do título da X Division.

Aries tem vindo a atravessar uma fase menos boa de ausência, devido a uns conflitos no backstage que lhe valeram um infeliz castigo. Infeliz para todos, pois também foi castigo para nós que não o podíamos ver e castigo para a própria companhia que atravessa uma nociva falta de "starpower", com Bobby Roode de férias  - "suspensão" - , Kurt Angle sempre de baixa de modo a parecer que tenha a gimmick de ser o Rey Mysterio, muita boa malta a ir embora e outra boa malta a perder ímpeto e a andar pelo midcard. Não se podem dar ao luxo de tirar de TV mais gente boa ainda, porque não são Lashleys sozinhos que vão propriamente resolver isto.

Quanto ao combate, já que tanta jactância dei a Austin Aries nos parágrafos anteriores, digo já de uma vez, que não havia lá grande maneira de isto falhar, se o tal Aries não consegue dar um mau combate. Nem sequer estava mal acompanhado, pois Kenny King também é um atleta de louvar e um merecido ex-Campeão da X Division. Tínhamos as ferramentas e eles souberam como usá-las para dar um combate de qualidade. Sempre com os seus bons momentos, não se precipitou logo para os mais memoráveis da noite. Nem era caso para tanto, nem valia a pena cansar Aries quando este ainda tinha um main event para disputar. Daqui para a frente, há muito para estes dois: estou a gostar do desenvolvimento da personagem e dos mic skills de Kenny King e a ver se é desta que Austin Aries fica num sítio, senão está aqui está a cair por cima do Abyss, a sofrer das mesmas tonturas, causadas pelas mesmas constantes Turns.

The Von Erichs (Marshall & Ross) (c/Kevin Von Erich) derrotam os BroMans (Jessie Godderz e DJ Z)


Acho que já posso dizer que os BroMans têm vindo a crescer em mim e já lhes estou a ganhar bastante gosto. A personagem continua a basear-se na palhaçada de uns azeitolas de "night club", mas é por isso mesmo que se tornam entretidos. Continuo a não gostar ponta do Jessie em ringue e os oversells dele continuam mal feitos e ainda um bocado parvos. Perdoo-o pela sua interpretação da personagem, que é o que dá pontos a esta estranha tag team. E, por outro lado, também fico contente por conseguirem um lugar fixo em TV para Zema Ion, lutador que sempre admirei, seja com que penteado horrível for.

Mas eles vieram aqui para levar na boca e logo de quem. Estreando na companhia, e acompanhados por um lendário lutador, Marshall e Ross, dois irmãos que prosseguem o legado de um nome nada estranho no mundo do wrestling: os Von Erichs, aqui na sua mais jovem e fresca geração.

Foi uma boa exibição e valeu-lhes uma boa estreia, ficando apenas o sabor amargo de uma vitória por desqualificação a estragar um pouco. Nota-se, no entanto, que ainda estão um pouco verdes, o que não é de se apontar dedo, pois afinal ainda são muito jovens e levam às costas um legado enorme. Terão um percurso bastante puxado para se colocarem no mapa, sem ser por associação ao nome. Mas acho que chegam lá e tiveram uma boa estreia. E fico contente com estas adições ao plantel, pois chegando pouco depois dos Wolves, dão a entender que finalmente parecem ter interesse em construir uma divisão tag team propriamente dita.

Porém, o maior momento foi no pós-combate, já os BroMans tinham sido desqualificados. Tal ataque causou a interferência de Kevin Von Erich, que atacou DJ Z com a sua famosa "claw" que valeu um grande momento da noite, em que valeu aquela plateia. Possivelmente o maior pop da noite para aquele momento nostálgico com Kevin Von Erich, merecido e ideal para engrandecer o momento. Assim se coloca um ponto de exclamação a impôr importância neste combate que podia ficar mais por baixo como uma "estreia em PPV, para encher". Esperemos para ver o que sairá desta nova geração de Von Erichs...

Angelina Love (c/Velvet Sky) derrota Gail Kim pelo Knockouts Championship e retém o título


Sem querer descartar a qualidade que se pode encontrar na divisão feminina da TNA e de um combate entre Angelina Love e Gail Kim, que ainda são das melhores performers que se podem encontrar pelo wrestling feminino actual - sem entrar pelas independentes. Mas até aqui tenho que apontar lacunas. Mais uma vez, sem tirar nada ao que elas fizeram em ringue ou costumam fazer, isto foi tudo menos um combate mau, mesmo que já tenhamos visto melhor de ambas.

Os primeiros problemas vêm já da construção deste combate e de um culminar de pouco quando havia muito a acontecer. Entendo que se procure capitalizar a recente Face Turn de Gail Kim, mas até mesmo isso foi uma história secundária. O que mais destaque tinha na história das Knockouts é a crescente tensão que existe entre Madison Rayne e Brittany - e, para aqueles mais depravados, muita dessa tensão é sexual, vá, contenham-se - a fazer lembrar uns angles antigos com Mickie James e Trish Stratus. A ideia que tínhamos é que este era o foco principal da divisão feminina e que seria este ponto a culminar em algum evento grande - sem esquecer o título e a reunião ainda recente das Beautiful People, claro.

Mas essa história ainda está em aberto e foi agora arrumada por um momento. Tudo bem, não vou apontar dedos por aí, colocar Love e Kim a dar um espectáculo - que até já nem é novo - é um jogo seguro e inteligente. Ainda são das melhores lutadores que lá têm, de facto. Logo, é tempo de apontar os problemas do combate. Ou o problema. Anda-nos a ser vendido um árbitro corrompido, que é regular e aparece a oficiar outros combates importantes mais tarde no evento, como se nada fosse. Aquela malta deve estar a acompanhar o Mundial de perto. E foi a partir daí que amanharam o final - Stiffler a ignorar um pin de Gail Kim, porque naquela altura não era tecnicamente o árbitro oficial, mas a correr para um de Angelina Love porque aí já era. Tudo porque, supostamente, o gajo anda com uma maluqueira por eles, muito por culpa dumas marotices que a Velvet andou a fazer para o distrair. Pronto, já é uma história torta. Por cima de tudo isso, tem que se acrescentar Earl Hebner como a voz da razão que vai lá impôr ordem na cabeça do árbitro enamorado. O Earl, de toda a gente, que deve ter agido assim porque a Madison Rayne não estava no ringue.

Ficou isso a manchar o combate. É possível que na história, Stiffler venha a sofrer as consequências da sua má arbitragem, mas da forma como ele trabalha nos outros combates - alguns depois deste - como se nada fosse, faz esta história parecer muito à parte do restante que se está a passar. E porque agora parece que toda a divisão de Knockouts se movimenta à volta de histórias com árbitros e árbitras. Combate decente, mas podiam ter arranjado um final melhor. Muito melhor. Agora esperamos para ver o que acontece ao árbitro, o quão longe continua a ir a adoração de Vince Russo pelas Beautiful People - ele, que está de volta, como um mero supervisor - e a história com Madison e Brittany.

Ethan Carter III (c/Rockstar Spud e Dixie Carter) derrota Bully Ray num Texas Death Match


Muitos esperavam que fosse o combate da noite e se não o foi, não deve ter andado muito longe. Este combate de regras mais violentas veria o veterano e agora também Hall of Famer nesta companhia, Bully Ray, a enfrentar o jovem e em crescimento, EC3. Para o caso de dúvidas, um Texas Death Match é apenas um combate Last Man Standing, feito como homenagem a Terry Funk, no estado do Texas. Com uma corda levada ao ringue por Bully Ray para completar a analogia ao Texas.

O combate também já seria de esperar que se dividisse em três partes: a parte inicial de tease para o público, a parte mais violenta onde acontecem os bumps e a parte final que já envolve todo o storytelling. Começou com Bully Ray a mostrar que é dominante num combate deste calibre, a prometer mesas e a destruir o peito de Carter com chops e reladores de queijo. Clássico. Não tardava nada e as mesas começavam a partir, as tábuas do ringue já estavam expostas, como agora é costume em Bully Ray, corpos começavam a provar mesas e cacos de vidro já entravam em cena.

É o procedimento normal de um combate destes e puxa boa reacção do público e consegue tornar-se entretido, se feito por bons performers. Tendo em conta que é o veterano Bully Ray que já parece que nasceu isto e o promissor Ethan Carter, tínhamos muito espaço para bom espectáculo. Depois é que chega a parte das interferências e é aqui que alguns podem achar que já houve Dixie Carter a mais e que não houve Rockstar Spud suficiente - nunca há Spud suficiente. Lá fizeram o tease de que Dixie ia finalmente atravessar uma mesa - envergonhe-se quem acreditava mesmo que Bully Ray fosse saltar para cima dela e esmagá-la contra uma mesa - mas apenas serviu de distracção para a vitória de EC3 - graças ao salvamento de Rockstar "Joker" Spud.

A partir do card inteiro e escolhendo... Realmente pendo para este como o combate da noite. Soube dar uso da liberdade que um combate deste calibre tem sempre, foi o que melhor reacção e participação do público teve, foi o que melhor contou uma história - entrando no "over-the-top" no final, que é a parte que podia ter sido melhor - e deixou ambos lutadores suficientemente bem vistos - Bully Ray perdeu por culpa sua, mas a ideia da sua obsessão em arremessar Dixie Carter por uma mesa já está mais que vendida há muito tempo, logo ainda se justifica. Com isto, EC3 continua a crescer, mantém-se invicto - pelo menos em termos de pin, para não contarmos com o recente "First Blood" - e já tem na sua lista de vitórias, 3 Hall of Famers. E é o Hall of Fame da TNA, contem lá quantos é que estão lá inseridos. Parece imparável, o que nos deixa a certeza de que será um "big deal", pelo menos por este ano. E quem sabe, a feud continua. Irá a patroa comer farpas?

Mr. Anderson derrota James Storm


Também não acho que tenha sido das rivalidades mais bem organizadas. Começou a partir de um mero desentendimento e o seu propósito foi mais naquela de "estes dois tipos são importantes cá e não temos bem o que fazer com eles, agora que já fechamos as suas duas rivalidades anteriores, vamos colocá-los um contra o outro". E era praticamente tudo o que tinham. Desenvolveram-nos com segmentos de comédia a favorecer Mr. Anderson. Pena porque James Storm recuperou muito interesse ao virar Heel e não se explorou muito disso nesta rivalidade.

O que também pecou aqui foi o facto de já ter havido um combate entre eles e ficar marcado um rematch para o Slammiversary sem estipulação e com pouco propósito além de vingar umas partidas de Anderson, que este andou a pregar porque sim. Não apelava a muito porque não se esperava muita coisa nova. E volta a pecar no próprio combate porque não se preocuparam muito com isso e fizeram um combate mais virado para o segmento do que para o combate. Ao fim e ao cabo, ficou aqui uma feud de encher chouriço.

E o combate foi o mesmo. Apresentou pouco e foi mais um segmento para mostrar a presença dos Dallas Cowboys na arena. Daí que tenha sido um combate básico, bastante ocupado com James Storm a mandar bocas e a meter-se com os atletas na audiência. Até que vai longe demais e os Cowboys decidem atacar o Cowboy e distraí-lo, para a vitória de Mr. Anderson e celebração com o mesmo. Traduzindo, o segmento com celebridades convidadas ficou guardado para o combate entre Storm e Anderson, daí que não possa ser tão bem recordado ou memorável sequer.

Não sei se no futuro haverá mais desta rivalidade, quando mal houve até agora. A partir de segmentos com concursos de bebida com cerveja sem álcool e imitações não sei bem se há algo mais para extrair. Mas, de facto, gostava de ver mais deste Storm Heel e por mim até se aproveitava um Campeão Mundial Face para se arranjar uma boa feud...

Eric Young derrota Austin Aries e Bobby Lashley, num 3-Way Steel Cage, pelo World Heavyweight Championship e retém o título


Chega ao improvisado main event, a incluir dois competidores que já tinham estado em acção na mesma noite e a substituir um combate que já andava a ser planeado há um bom tempo. Mas para ser muito sincero, creio que tenha saído um combate melhor neste main event feito por cima do joelho, do que alguma vez poderia ter sido o embate entre Eric Young e MVP. Nem assim carregava a força de um main event de um PPV que é vendido como o maior evento de Verão na TNA, nem acho que tivesse a química suficiente - nem um MVP a 100%, que mesmo nessa sua forma, era um midcarder.

Enumeração de problemas à parte, concentremo-nos no que realmente aconteceu. Eric Young continua a ser vendido da mesma forma. E pronto, comparação a Daniel Bryan à parte e questões quanto à sua credibilidade como Campeão, sem construção e após uma longa jornada a ser um lowcarder/jobber cómico, utilizado para os segmentos de Dia de Acção de Graças, com o fato de peru e que até era capaz de estar meses sem aparecer, de lado também. Foquemo-nos em como tem corrido o reinado e, mantendo-se na essência do "eterno underdog", que não é "suficiente", mas que é "louco" suficiente para tornar a sua loucura em bravura e consegue sair sempre por cima... Tem saído algo que se digere bem. As comparações a Daniel Bryan continuam lá, mas veremos quanto fruto isto poderá dar mais.

O combate em si, não creio que tenha superado outros encontros de topo como o Texas Death Match, mas fechou bem o evento e apresentou qualidade suficiente de main event. Retiraram a possibilidade de vencer o combate saindo da jaula para poderem aproveitar para o spot final. Apenas se podia vencer por pin ou por submissão. E tinham que dar espectáculo. Com Aries e Young dentro daquela jaula, podíamos dar isso por garantido e o Lashley não havia de estorvar que ele lá vai sabendo o que faz. Aproveitaram o ambiente perigoso do interior de uma jaula para proporcionar bons spots e ainda acrescentaram uns "false finishes" para aumentar a emoção que se sobrepunha às probabilidades agora viradas contra EY. E tiveram a oportunidade de fazer os clássicos de combates de jaula, como a Elbow Drop do Campeão do topo da jaula - se fosse o Willow, espetava-se no chão.

O spot final aproveitou a conveniência de não se poder ganhar com a saída da jaula, para apresentar um momento previsível a partir de posicionamentos. Assim que vimos Lashley a preparar um spear quando este estava muito perto da porta, já sabíamos que Lashley ia sair por ela fora de cabeça. E ganhar o título estava fora de questão. E deixá-lo trancado lá fora era muito mais interessante e deixou as duas principais estrelas a disputar o título, permitindo a Young vencer com o seu "Piledriver" que agora se tornou sua assinatura. Foi um bom combate e deu para uma celebração de Young, que continua a sua supremacia como Campeão underdog. Com direito ao respeito de Aries para embelezar a coisa - talvez daqui a um par de meses, ele já seja o mau da fita outra vez.

O combate com MVP deve ter ficado pendente e ainda deve acontecer, assim que este recuperar. A história levava muita força e já se tinha tornado demasiado pessoal, para agora ser rapidamente apagada e escrita por cima. Sendo assim, as coisas que Eric Young terá que ter em atenção serão: o regresso de MVP após a sua cura e o X Division Champion - suponha-se, Sanada - que poderá trocar o seu título por uma oportunidade ao grande no Destination X. E tendo em conta que EY anda a ser vendido como um "fighting champion" e também tem a sua experiência e compatibilidade com a X Division para nos ser garantido o espectáculo. E ainda há um leque de adversários por onde escolher. E em relação ao MVP, também espero um regresso de Bobby Roode como Face, em breve, para rivalizar com ele. Esperemos e veremos.

Ainda por cima disto tivemos segmentos com MVP a anunciar o main event, Kurt Angle a apresentar a Team 3D como os novos TNA Hall of Famers - boa escolha e um bom momento - e outros segmentos curtos com Dixie Carter ou o momento com os Dallas Cowboys. Ao todo, foi um evento misto a positivo, que até conseguiu dar uma volta por cima em termos de qualidade e entretenimento, tendo em conta que culminava muitas coisas pobres, como já fui apontando ao longo dos textos. É uma fase dificílima para a TNA e fãs que não o reconhecem estão em negação. Mas vai sobrevivendo e com esforço nos apresentam um produto competente. Teremos as melhorias em breve? Vemos todas as semanas para saber se isso acontece, não vemos?

Já com o evento todo abordado desta minha habitual forma, chega altura de concluir e de passar a palavra a vós. Mesmo que, possivelmente, sejam menos quando faço artigos destes. Mas ainda tenho cá boa gente a ler. Estejam à vontade para se manifestar quanto ao evento e quanto às minhas opiniões sobre o mesmo. O artigo é vosso e a palavra sobre a seguinte questão também:

"Como melhorariam o Slammiversary XII?"

Com esta deixa me ausento até à próxima semana, se nada me impedir de cá estar. Até lá e uma continuação de boa sorte para o Mundial, enquanto ainda for possível segui-lo de perto - as sortes para este lado não estão lá muito famosas... - e boas entradas no Verão.

Cumprimentos,
Chris JRM

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