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Dias is That Damn Good #180 – "TNA Crossroad"

Boas Pessoal!


Sejam bem vindos a mais um "Dias is That Damn Good" uma das colunas com maior história na nossa CWO ;)

Desde a sua criação em 2002, na ressaca da aquisição da WCW por parte da WWE de Vince McMahon, que a TNA se viu numa enorme encruzilhada, estando a jovem companhia obrigada a tomar decisões críticas, que sempre colocavam em causa a sua própria viabilidade, de forma quase sistemática.

Foi, portanto, neste ambiente de constante sufoco que a empresa de Orlando cresceu, ganhou o seu público e se consolidou. Ora, também por isso, aquilo que é a sua estrutura, organização, produto, gestão de recursos humanos, booking e maneira de estar na modalidade reflecte essa situação.

Assim, o que me proponho abordar ao longo do presente texto serão os pontos críticos e oportunidades que a empresa de Dixie Carter enfretou num passado recente, como também os grandes desafios que hoje se lhe colocam e que serão determinantes, mais uma vez, para a própria existência da companhia no futuro próximo.

Não percam, por isso, as próximas linhas...


A história da TNA, como disse anteriormente, foi feita de constantes sobressaltos desde a sua génese. A companhia nasceu num período em que a WWE tinha monopolizado quase por completo o mercado norte-americano, com as aquisições da ECW e da WCW, deixando um espaço bastante condicionado às restantes promotoras que resistiam e àquelas que procuravam dar os seus primeiros passos...Faltava, ao mesmo tempo, coragem e vontade de assumir riscos às grandes cadeias de televisão para apostar num produto que muito dificilmente conseguiria competir com a gigante de Vince McMahon. A escolha de Jeff Jarrett e seu pai (na altura donos da empresa) para fazer face a este domínio da WWE no mercado televisivo, passou então pela transmissão dos seus eventos/shows em PPV num registo semanal. O clima e ambiente em redor do Pro Wrestling, numa altura em que se vivia o fim das Monday Night Wars e o rescaldo da Attitude Era, ainda era extremamente favorável à modalidade e, por isso, apesar de todos os riscos que o lançamento de uma nova promotora acarretavam, a oportunidade de se constituir em algo diferente daquilo que era apresentado pela WWE e, ao mesmo tempo, assumir-se como uma alternativa, afigurava-se tremenda. A TNA enfrentou, nesta altura, diversos problemas de viabilidade financeira e, certamente, essa situação influenciou de sobremaneira a escolha do roster que a constituiu no seu início (um sem número de jovens wrestlers, sem grande experiência e/ou visibilidade)...mas terá aguçado também a imaginação e a compreensão de que seria necessário apresentar algo diferente para poder sobreviver.

Neste ponto, a companhia com maior ou menor acerto, esteve bem...conseguiu, de certa forma, crescer e solidificar-se (tornou-se maior que qualquer outra indy e atingiu uma dimensão global), embora nunca tenha assegurado um desejável sossego do ponto de vista do garrote financeiro, que a sufocava, e do mercado televisivo, que teimava em não se lhe abrir. Contudo, também nesta fase e período a TNA desperdiçou um sem número de oportunidades para criar um roster com verdadeiro star power e capaz de mediatizar os seus shows e produto. Porque se é um facto que Jeff Jarrett teve primeiramente diversas dificuldades em encontrar talentos, não é menos verdade que nos primeiros meses e anos de existência da promotora, passaram pelas suas fileiras lutadores de enorme qualidade e com uma visibilidade bastante considerável. A WWE nunca conseguiria manter no seu roster tantos talentos quantos continham os planteis da ECW e da WCW, nem evitar pequenas guerras e intrigas que levassem outros tantos wrestlers a incompatibilizar-se com a companhia. Como disse, a TNA teve aqui uma grande oportunidade de agarrar o que de bom a WWE não aproveitara e não o conseguiu fazer...pelo menos de forma consequente. Relembro que nos primeiros anos da empresa de Orlando passaram pelas suas fileiras tipos como Scott Hall, Kevin Nash, Diamond Dallas Page, "Macho Man" Randy Savage, "Mr. Perfect" Curt Hennig, os New Age Outlaws, Sting, Scott Steiner, Raven, Rick Steiner, os Duddley Boys (ou Team 3D), "X-Pac" Sean Waltman e o próprio Jeff Jarrett, entre muitos outros. Portanto, o booking da empresa e a forma como esta não soube tirar partido de todos estes grandes nomes da modalidade, também colocam sobre a sua responsabilidade o facto de não terem, neste período em concreto, sabido dar um verdadeiro salto qualitativo, mediático e dimensional. Este período exigiu da TNA uma decisão crítica quanto àquilo que ela quereria vir a ser e a verdade é que mesmo tendo sobrevivido e continuado a crescer, não tomou a melhor decisão e deitou por terra uma excelente oportunidade para, nesse momento, reescrever a história da modalidade.


Certo é que essa fase de "boa graça" do wrestling passou e se entrou num período de menor entusiamo e de estagnação no que respeita à modalidade. A resposta estratégica da TNA a este mesmo estado de coisas passou por uma aposta forte na X-Division (algo semelhante à Cruiserweight Division), na divisão feminina e na divisão de equipas...solidificando o seu crescimento, também, com o recurso a 3 ou 4 grandes nomes oriundos da WWE e da antiga WCW. E foi assim que a companhia, finalmente, conseguiu chegar ao mercado televisivo, através de um acordo com a Spike TV, atingindo um dos objectivos fundamentais para qualquer promotora deste ramo. O programa, TNA iMPACT (mais tarde Impact Wrestling), começou por ter apenas 45 minutos de duração tendo sido, posteriormente, alargado para os clássicos 90 minutos. Nesta altura, reforçavam o plantel da empresa lutadores como Christian e, sobretudo, Kurt Angle (que viria a ser a atracção principal da TNA durante largos anos), aos quais se juntariam mais tarde Booker T e Mick Foley. Neste sentido, se é um facto que a mediatização da companhia e dos seus shows progrediam de forma bastante lenta (não apenas devido ao ambiente "frio" que o apoio à modalidade vivia mas, sobretudo, às péssimas opções de booking), não é menos verdade que se iniciou uma storyline com um potencial enorme para catapultar a companhia...os Main Event Mafia. A storyline que, relembro, consistia num grupo de super estrelas dentro da TNA (Kurt Angle, Sting, Kevin Nash, Booker T e Scott Steiner) que queriam tomar o controlo de tudo, encontrando a oposição dos jovens que estavam na empresa desde a sua criação (ou quase) e que a tinham ajudado a crescer (AJ Styles, Samoa Joe, Abyss, Beer Money Inc., entre outros). O facto é que, mais uma vez, por más opções de booking, esta storyline nunca atingiu todo o potencial que se lhe conhecia e pouco ou nada contribuiu para a afirmação dos jovens wrestlers que enfrentaram as lendas. Apesar de tudo, e mesmo participando de angles e/ou storylines sem grande consequência prática, a verdade é que AJ Styles, Samoa Joe, Abyss, James Storm e Bobby Roode (Beer Money Inc.) foram ganhando o seu espaço e ao poucos tornaram-se os primeiros main eventers com "selo" TNA...sem que, no entanto, qualquer deles conseguisse afirmar-se como um verdadeiro drawer.

Com as posteriores entradas de Hulk Hogan, Eric Bischoff e Ric Flair na empresa, viveu-se um período de grande crença e esperança num maior e mais rápido crescimento da mesma. E, de facto, a chegada destes nomes enormes da modalidade permitiam pensar que o potencial desenvolvimento da TNA e a sua capacidade de mediatização ficariam altamente inflamados. Certo é que, com eles, chegariam também Jeff Hardy (na altura oriundo de uma fase na WWE em que se estava a estabelecer como uma das maiores estrelas da companhia e, por isso, bastante over junto dos fãs), mas também, infelizmente, um chorrada de outros wrestlers conhecidos, embora algo acabados e com muito pouco para "emprestar" e/ou contribuir. E se numa fase inicial as coisas realmente acompanharam as expectativas (tendo, por exemplo, os ratings crescido dos 0.8 para os 1.3, em média e o iMPACT passado a ser transmitido em directo, assim como a "ir para a estrada"), a verdade é que, mais uma vez, as opções de booking acabariam por esgotar todo este "balão de oxigénio". E esgotaram o "balão de oxigénio", porque as decisões tomadas, no que toca às rivalidades e storylines, se revelaram de tal forma inconsequentes que, em poucos meses, tinham secado por completo o "gasóleo" de Hulk Hogan, Eric Bischoff, Ric Flair e Jeff Hardy. Exemplos desta situação são as utilizações exageradas de Hogan e Flair (que deviam ser uma atracção pontual e não full-time figures), os constantes face turn e heel turn de Jeff Hardy e a pouca inteligência na utilização de Eric Bischoff (authority figure, ou General Manager, heel do mais alto nível). Ainda assim, chegaria, depois, uma outra storyline brilhante e com tremendo potencial...os Aces and Eights. Centrada num grupo de motards fora da lei que pretendiam tomar conta do iMPACT e destruir a TNA, a história tinha tudo para dar certo, se ao entusiasmo gerado em redor do grupo e do prórprio facto de os seus membros esconderem misteriosamente as suas identidades, tivessem sido escolhidos jovens talentos de elevado potencial para lhes pertencer. Infelizmente, todos sabemos que assim não sucedeu...a TNA preferiu atribuir essa storyline e push a lutadores já feitos (com a exepção de 2 ou 3 jovens sem qualquer qualidade – como Wes Briscoe ou Garrett Bischoff) e perdeu a oportunidade de criar sementes portentosas para o futuro da companhia...o resultado foi o esperado, sem sangue novo, a história esgotou-se e retundou em nada.

O que se seguiu foi um quase cataclismo...as grandes estrelas e nomes mais apelativos abandonaram a companhia em catadupa, os problemas financeiros voltaram a estar na ordem do dia com maior predominância e o show semanal viu-se obrigado a regressar à iMPACT Zone. O momento, que perdura, é, portanto, de reorganização e de reestruturação da TNA. No entanto, apesar de tudo, a empresa continua a contar no seu roster com belíssimos talentos como Samoa Joe, James Storm, Bobby Roode, Bully Ray, Jeff Hardy, Abyss, Bobby Lashley, MVP, Kurt Angle, Mr. Anderson, Magnus, Austin Aries ou Gunner, entre outros. Por isso, como sempre, não lhe faltará matéria-primeira de qualidade para fazer um bom trabalho, apresentar um produto apelativo e reencontrar o caminho do crescimento e do sucesso...isto se, e apenas se, nos momentos chave as decisões críticas que tomar não forem, mais uma vez, simplesmente, aqueles que "desenrascam", mas sim as que permitam rentabilizar ao máximo os seus talentos, programas e ppvs. Porque é incrível como, ao longo dos seus 12 anos de existência, a TNA nunca tenha sabido e/ou conseguido criar uma estrela sua que se constituísse num verdadeiro drawer...pode-se dizer que a WWE tem outras "ferramentas" e capacidades, mas a verdade é que desde sempre se preocupou em criar as suas super-estrelas, aquelas que seriam a cara da companhia e recordo que, por exemplo, desde 2005 já tivemos Batista, John Cena, Jeff Hardy (por breves momentos), CM Punk e agora Daniel Bryan (futuramente, quase aposto, Roman Reigns). A companhia de Orlando nunca se preocupou com este aspecto...conseguiu superar esta situação com o "recrutamento" de Kurt Angle e, posteriormente, com a chegada de Hulk Hogan...mas bolas, já é hora de "criarem" um personagem/wrestler realmente grande e aglutinador...só isso fará a companhia crescer e retomar o caminho do sucesso.

E vocês, face à história da TNA e aos desafios que se lhe colocam, que caminho acreditam dever a promotora seguir nesta "crossroad"?!


Um Abraço!
Dias Ferreira
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