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MMA: UFC Fight Night 36: Machida x Mousasi - Antevisão + Pesagens | Evento no Brasil em Jaraguá do Sul


Demorou mais tempo que nas duas temporadas anteriores, mas chegou a hora de abrir a temporada de eventos do UFC no Brasil. O octógono mais uma vez será montado na Arena Jaraguá, na cidade catarinense de Jaraguá do Sul, para receber alguns duelos de grande importância no cenário atual no UFC Fight Night 36....

No combate principal da noite, Lyoto Machida tenta sua segunda vitória como peso médio contra Gegard Mousasi, perigoso oponente que retorna à categoria depois de mais de cinco anos. Também envolvendo tops da mesma divisão, Ronaldo Jacaré e Francis Carmont fazem interessante duelo de grapplers de estilos distintos.

Baixando um nível na balança, dois combates de meios-médios envolvendo atletas em situações distintas. Enquanto Erick Silva tenta mais uma vez retomar o caminho das vitórias, o ex-TUF Brasil 2 Viscardi Andrade luta pela segunda vitória na organização. O capixaba dará as boas-vindas ao japonês Takenori Sato, enquanto o jaleense medirá forças com o também empolgado Nico Musoke. Para abrir a parte principal do programa, Charles do Bronx bate de frente com Andy Ogle, pela categoria dos penas.

O card completo do UFC Fight Night 36 é o seguinte:

CARD PRINCIPAL

Peso-médio: Lyoto Machida x Gegard Mousasi
Peso-médio: Ronaldo Jacaré x Francis Carmont
Peso-meio-médio: Erick Silva x Takenori Sato
Peso-meio-médio: Viscardi Andrade x Nicholas Musoke
Peso-pena: Charles do Bronx x Andy Ogle

CARD PRELIMINAR

Peso-leve: Cristiano Marcello x Joe Proctor
Peso-leve: Rodrigo Damm x Ivan Batman
Peso-leve: Francisco Massaranduba x Jesse Ronson
Peso-galo: Iuri Marajó x Wilson Reis
Peso-pena: Felipe Sertanejo X Maximo Blanco
Peso-meio-médio: Ildemar Marajó x Albert Tumenov
Peso-pena: Douglas D'Silva x Zubair Tuhugov



O evento terá aqui transmissão ao vivo a partir das 22:30 horas do Brasil e 00:30 horas de Portugal 

------------------------------------------- Antevisão------------------------------------------

Lyoto Machida (BRA) vs Geghard Movsesian (ARM)

A chegada de Machida entre os médios foi triunfante. O carateca mostrou o velho instinto finalizador ao aplicar um poderoso chute alto na lateral da cabeça do amigo Mark Muñoz. A pancada foi tão violenta que Lyoto sequer precisou aplicar o “confere”. O baiano que cresceu no Pará levou três minutos e dez segundos no octógono e não recebeu um único golpe, contundente ou não, do adversário. Aliás, Machida sequer precisou fazer muito: dois chutes no corpo foram suficientes para baixar a guarda de Muñoz e abrir espaço para a cacetada definitiva.

Vencer daquele jeito causou efeito quase mágico no ex-campeão. De um meio-pesado contestado, que vinha de três vitórias e quatro derrotas, criticado pelo estilo pouco agressivo, Machida automaticamente se transformou num perigo real e imediato ao reinado de Chris Weidman. A quase diametral mudança agora reflete mais precisamente o estilo de um dos lutadores mais versáteis e talentosos que o MMA já viu, mas que eventualmente se perdia no excesso de zelo, tornando suas lutas menos atraentes para os sedentos por sangue e pancadaria.

Talento e versatilidade, aliás, também se encontram em abundância em Mousasi. O sujeito que nasceu no Irã e foi criado por pais armênios na Holanda possui um dos leques ofensivos mais amplos do MMA mundial. O “Apanhador de Sonhos” começou ainda criança no judô, passou para o boxe, desenvolveu o kickboxing e o muay thai na Golden Glory para finalmente migrar para o MMA. Uma diversidade parecida com a de Machida, que foi iniciado pelo pai no caratê shotokan, foi vice-campeão brasileiro de sumô e faixa preta de judô e jiu-jítsu.

Este combate atiça a curiosidade de qualquer aficionado mais atento. Mousasi é talentoso e imprevisível o suficiente para tirar Machida de sua zona de conforto na troca de golpes, forçando o brasileiro a atacar – e se expor. Por outro lado, o brasileiro tem mais cartas na manga e é capaz de variar com mais intensidade o plano de jogo para explorar a maior deficiência defensiva de Gegard, a defesa de quedas. Seja no thai clinch poderoso ou nas quedas laterais do sumô, dificilmente Lyoto não ficará em vantagem caso o combate fique no corpo a corpo.

A movimentação deste combate vai ser algo para se assistir com esmero. Enquanto Mousasi tem excelentes jab e jogo de pernas, Machida é praticamente um carrasco nos contra-ataques, lançando golpes de ângulos pouco comuns e combinando como raros chutes e socos praticamente simultâneos. A grande questão aqui será a paciência de Mousasi, que pode fazer com que ele evite cometer um erro ao imprimir um ataque. Atuar na longa distância e saber a hora exata de avançar pode ser essencial para Gegard.

Deste modo pode-se esperar um duelo muito pensado, disputado na plenitude da beleza das artes marciais, com ambos se empenhando para explorar as poucas brechas que o oponente dará. Por ter mais recursos (e por ser muito difícil imaginar a cena de Mousasi nocauteado), Machida deverá vencer por decisão.

Ronaldo Souza (BRA) vs Francis Carmont (FRA)

O ex-campeão do Strikeforce viu sua vida mudar na migração entre as organizações. Em duas lutas no UFC, duas vitórias acachapantes. Na primeira, um katagatame de mestre que fez Chris Camozzi apagar antes mesmo de saber que o estrangulamento estava encaixado. Na segunda, uma selvagem saraivada de socos que fez Yushin Okami quase chorar no octógono.

Para chegar a resultados desta magnitude no principal palco do esporte, Jacaré promoveu uma bela mudança em seu repertório. Pouco a pouco ele foi acrescentando novas armas ao arsenal que já era muito bem servido – afinal, trata-se de um dos melhores lutadores da história do jiu-jítsu. O capixaba criado no Amazonas passou a usar o clinch e as quedas com maestria (chegou uma vez até a caminhar na grade do Strikeforce num destes movimentos), mas, mais importante ainda, desenvolveu um boxe capaz de causar terror na concorrência.

Para encarar a máquina que Jacaré se transformou, um lutador também versátil, até mais técnico na troca de golpes, mas muito menos agressivo que o oponente de sábado. Carmont ainda está invicto no UFC, tendo vencido seus seis compromissos (uma das maiores sequências da categoria no momento), mas há três não consegue mais empolgar ninguém. Se as vitórias sobre Constantinos Philippou e Lorenz Larkin foram mais claras do que a controversa sobre Tom Lawlor, todas quase fizeram pessoas dormirem tamanha a insistência na repetição de quedas, controle posicional e ground and pound comedido, praticamente sem variações ofensivas.

Os críticos dizem que o jogo do francês a cada dia se parece mais com o do companheiro de treinos Georges St-Pierre, o que é um exagero, mas que não deixa de ter uma ponta de verdade quando Carmont parece querer aproveitar apenas um dos aspectos do antigo rei dos meios-médios. Francis tem mais talento do que se limitar a derrubar e pesar, mas precisa se soltar, até mesmo para justificar o apelido de “Sem Limites”.

Sábado será uma boa oportunidade para ele voltar aos melhores tempos. Até porque se decidir tentar derrubar e pesar sobre Jacaré, correrá o risco de sofrer um atropelamento e acabar a noite num hospital. Em um primeiro momento, a saída mais viável para o europeu será usar sua maior envergadura e o kickboxing em ritmo constante para manter Jacaré na longa distância. Grudar o brasileiro na grade é um risco que até pode valer a pena, mas derrubá-lo só deve ser considerado em situação extrema ou caso consiga aturdi-lo.

A variação dos ataques, a velocidade e a agressividade de Jacaré deverão lhe render frutos. Ele poderá encontrar dificuldade inicialmente para estabelecer distância, mas quando o fizer, um petardo mandará Carmont ao solo e um katagatame o fará dormir.

Erick Silva (BRA) vs Takenori Sato (JAP)

Não é falta de talento que atrapalha Erick. Tão pouco lhe falta agressividade. Talvez a soma de ambos, acrescentada da injusta pressão de ser o “fenômeno capixaba” o faça lutar sempre na obrigação de dar show para justificar o hype quando às vezes torna-se necessário lutar com mais calma, inteligência e, acima de tudo, simplicidade. Afinal, muitas vezes o simples é muito belo.

Filosofadas à parte, Erick tem o típico estilo brasileiro de lutar MMA, juntando o muay thai com o jiu-jítsu com bastante intensidade e imprevisibilidade, o que o torna um camarada perigoso no octógono. Se tentar menos golpes mirabolantes e atuar de modo mais seguro, é provável que ele finalmente dê o passo adiante na carreira.

O japonês estreia no UFC trazendo no currículo o título de King Of Pancrase, em uma das mais tradicionais organizações do mundo. Sua vitória mais expressiva aconteceu contra o compatriota Kiichi Kunimoto, que estreou no UFC no mês passado vencendo Luis Besouro por desclassificação após o brasileiro lançar cotoveladas ilegais.

Erick sucumbiu perante o jogo de wrestlers que aplicam pressão constante. A principal arma de Sato é exatamente buscar as quedas, mas sua abordagem não deve imcomodar o brasileiro. Enquanto lutadores como Jon Fitch e Dong Hyun Kim não costumam dar espaço para os oponentes respirarem, Sato usa um limitado conjunto de golpes retos para tentar quebrar a distância. Numa destas tentativas, um overhand de Erick deve passar por cima e colidir violentamente contra a têmpora do japonês. Se Sato não for nocauteado, acabará finalizado num mata-leão. E no primeiro round.

Viscardi Andrade (BRA) vs Nicholas Musoke (SUE)

De bad boy do TUF Brasil 2 a um dos favoritos dos fãs. Menos de dois minutos no UFC Rio 4 foram suficientes para mudar a vida de Viscardi. Com uma atuação avassaladora, ele passou por cima de Bristol Marunde e conquistou a torcida e os patrões, que o agraciaram com uma vaga num card principal apenas em sua segunda luta oficial na organização.

O faixa preta de jiu-jítsu possui punhos pesados, principalmente o cruzado de direita, capaz de estirar corpos no chão (Flavio Álvaro, brutalmente nocauteado no contragolpe em meio minuto, que o diga). Apesar disso, ele vai mais na vontade do que na técnica na troca de golpes, deixando brechas que podem ser exploradas por alguém talentoso. No chão, Andrade erra menos e consegue mostrar instinto definidor que lhe renderam seis vitórias por finalização.

Assim como Viscardi, Musoke também chamou atenção na estreia no UFC. O sueco aceitou a convocação em cima da hora para enfrentar Alessio Sakara, trocou socos e quedas com o veterano, até que se viu à beira do precipício debaixo de ground and pound severo. Foi quando ele mostrou calma, sangue frio e precisão para sacar uma chave de braço do fundo falso da cartola.

Alguns podem ter estranhado o posicionamento no card principal de uma luta entre dois atletas com uma apresentação cada no UFC, mas provavelmente isso se deu pelo potencial grande de entreter que este confronto tem. Pancadaria alternando entre a troca de golpes e clinches devem ditar o rumo do combate. No fim, Viscardi deverá ter o braço levantado numa decisão complicada.

Charles Oliveira (BRA) vs Andrew Ogle (ING)

O retrospecto de 4-4 no UFC, vindo de duas derrotas consecutivas, poderiam indicar que Charles estaria em maus lençóis na organização. Não é o caso. Além de as derrotas terem acontecido apenas para integrantes do top 10 dos leves e penas, a atuação corajosa e agressiva contra Frank Edgar fez Do Bronx cair nas graças dos fãs e provavelmente dos chefes também.

Apesar de ter falhado contra os melhores, Charles costuma colocar no bolso a concorrência de qualidade inferior. É o caso de Ogle, lutador mais conhecido pela vontade e ofensividade de seus movimentos do que pelo talento ou inteligência. No último combate, o inglês foi largamente dominado no solo por Cole Miller, o que pode representar o caminho mais provável do combate deste sábado.

Ogle sabe se virar em pé e sua agressividade pode deixar um oponente desconfortável. No caso de Charles, mais alto e com maior envergadura, além de igualmente agressivo, o cenário deve se inverter. Com combinações pouco ortodoxas de socos, chutes e joelhadas voadoras, Do Bronx deve controlar as ações em pé enquanto busca o momento correto para entrar em uma queda. No solo, por baixo ou por cima, a expectativa é de passeio do paulista até a hora que Ogle vai cometer um erro e ser finalizado.

Antevisão original de MMA-Brasil 

-------------------------------------------Pesagens -----------------------------------------


Numa pesagem sem maiores surpresas e com público pouco animado, os pesos-médios que fazem as duas lutas principais do "UFC Fight Night no Combate: Machida x Mousasi", em Jaraguá do Sul-SC, ficaram dentro do limite da categoria (84,4kg para lutas em que não há cinturão em disputa) nesta sexta-feira e confirmaram presença no torneio de sábado, que terá transmissão ao vivo do canal Combate a partir de 22h (horário de Brasília). Lyoto Machida e Gegard Mousasi, que protagonizam o duelo principal da noite, e Ronaldo Jacaré e Francis Carmont, que fazem o coevento principal, passaram pela balança com segurança e só fizeram diferente na hora das encaradas. Enquanto os dois primeiros mantiveram distância e mostraram muito respeito um pelo outro, os outros dois fizeram uma encarada boa, com troca de olhares intensa, mas também se cumprimentaram.

O francês Carmont entrou com o ex-campeão dos pesos-meio-médios, Georges St-Pierre, ao seu lado e marcou 83,9kg. Jacaré entrou em seguida, muito empolgado, saltando no palco e agradecendo a Deus. Ele também bateu 83,9kg e manteve a guarda baixa ao encarar Carmont, que fez o mesmo. O brasileiro ficou se movendo de um lado ao outro, balançando a cabeça, lembrando até Wanderlei Silva. (Veja no vídeo ao lado).

Em seguida, foi a vez da pesagem do evento principal. Gegard Mousasi, que faz seu retorno aos pesos-médios após alguns anos lutando no peso-meio-pesado (até 93kg), marcou 84,4kg. Lyoto Machida, fazendo sua segunda luta na divisão, pesou 83,9kg. Na encarada, os dois ergueram a guarda, e o iraniano esboçou um sorriso com a boca fechada.

Estreante no evento, chamado pouco mais de uma semana antes para substituir Thiago Tavares, Douglas D'Silva foi o primeiro brasileiro a subir no palco. Mesmo deslumbrado com toda a situação, transmitiu serenidade e bateu 65,8kg. Já Maximo Blanco, peso-pena que enfrenta Felipe Sertanejo, foi o único a precisar tirar a roupa para subir à balança. Mesmo nu sob a cobertura das toalhas do UFC, o venezuelano marcou 67kg, cerca de 800g acima do limite de tolerância de sua categoria, e recebeu uma hora extra para perder o peso excedente. Sertanejo entrou com um corte novo, um moicano, e não teve problemas para registrar 66,2kg. (Veja no vídeo ao lado).

Ao final do prazo, Blanco se pesou novamente e registrou 65,8kg, valor exato da categoria, sendo assim liberado para enfrentar o brasileiro neste sábado.

O card principal teve a primeira encarada tensa da tarde. O paulista Charles Do Bronx, que ficou bem abaixo do limite da categoria pena, com 64,9kg, chegou bem próximo ao rosto do inglês Andy Ogle, que tinha até torcida organizada de alguns familiares, e balançou a cabeça em sinal positivo. Ogle não se intimidou e, fitando os olhos do brasileiro, fez o mesmo. (Veja no vídeo ao lado). Em seguida, foi a vez de Viscardi Andrade entrar e tirar uma foto do público com seu telefone celular antes de subir à balança. Na encarada, ele manteve a guarda alta e não se intimidou com o sueco Nicholas Musoke, mais alto do que ele, que se inclinou em sua direção.

Erick Silva, favorito para seu confronto com Takenori Sato, entrou usando uma camisa com a foto de Kalléu, seu filho, com os dizeres "Papai, te amo", e bateu 77,1kg. Ao encarar o japonês, Erick chegou bem perto, com expressão intensa, como fez nas suas primeiras lutas no UFC.

Outro destaque da pesagem foi o peso-leve Cristiano Marcello. O carioca, que bateu 70,8kg, cumpriu a promessa de entrar com a camisa da campanha "Bota pra Dormir", que criou nas redes sociais para tentar sua décima finalização da carreira. Ele e o americano Joe Proctor, que foram companheiros no The Ultimate Fighter 15, cumprimentaram-se calorosamente, mas viraram a chave logo em seguida e fizeram uma encarada boa.

CARD PRINCIPAL

Peso-médio (até 84,4kg): Lyoto Machida (83,9kg) x Gegard Mousasi (84,4kg)
Peso-médio (até 84,4kg): Ronaldo Jacaré (83,9kg) x Francis Carmont (83,9kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Erick Silva (77,1kg) x Takenori Sato (77,1kg)
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Viscardi Andrade (77,1kg) x Nicholas Musoke (77,1kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Charles do Bronx (64,9kg) x Andy Ogle (66,2kg)

CARD PRELIMINAR

Peso-leve (até 70,8kg): Cristiano Marcello (70,8kg) x Joe Proctor (70,3kg)
Peso-leve (até 70,8kg): Rodrigo Damm (70,8kg) x Ivan Batman (70,8kg)
Peso-leve (até 70,8kg): Francisco Massaranduba (70,3kg) x Jesse Ronson (70,8kg)
Peso-galo (até 61,7kg): Iuri Marajó (61,7kg) x Wilson Reis (61,2kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Felipe Sertanejo (66,2kg) x Maximo Blanco (67kg)*
Peso-meio-médio (até 77,6kg): Ildemar Marajó (77,6kg) x Albert Tumenov (77,1kg)
Peso-pena (até 66,2kg): Douglas D'Silva (65,8kg) x Zubaira Tukhugov (66,2kg)

* Blanco recebeu uma hora para perder os cerca de 800g excedentes. Na segunda pesagem, registrou 65,8kg e foi liberado para lutar.

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