Tomos de Eternidade (tributo a Dr Death)
Considerando a data resolvi partilhar umas quantas impressões com que fiquei em relação ao ano que termina amanhã. Falarei do Wrestling Norte Americano, bem como da minha grande paixão, o Wrestling Japonês, o Puroresu.
Começando pelas terras do Tio Sam.
2009 foi um ano de contrastes no que tocou á maior promoção de wrestling do mundo. A WWE teve altos e baixos ao longo do ano, pois embora tenha tido alguns feudos de elevada qualidade, existiram outros que deixaram muito a desejar...Existiram 3 feudos de verdadeira nota este ano. O primeiro foi o excelente confronto entre dois dos melhores wrestlers da actualidade, Chris Jericho e Rey Mysterio, onde esteve em jogo o título Intercontinental, e mais tarde a máscara, bem como a honra de Mysterio. Jericho esteve fantástico neste feudo pois carregou tudo o tocou a promos (uma vez que o Mexicano não é particularmente famoso nessa área), bem como fazer a sua parte no que tocou aos combates. Os embates que os dois tiverem no Judgment Day, Raw a meio de Junho e no The Bash são facilmente dos melhores combates do ano!
Depois tivemos mais ou menos em simultâneo os feudos entre Jeff Hardy e CM Punk, e Randy Orton e John Cena, os quais servira para aquecer o Verão e Outono. No feudo Hardy/Punk teve de nota o combate TLC no Summerslam, bem como o Steel Cage Loser Leaves Town match na Smackdown, isto sem esquecer o trabalho de promos do Punk. Já o Cena e o Orton tiveram o excelente I Quit match no Breaking Point, o 60 minutes Iron Man match no Bragging Rights, e o combate do Summerslam, o qual foi uma perfeita exposição da personagem do Orton, bem como da história entre os dois até então.
Dito isto não posso esquecer um wrestler que também teve um excelente ano, e que pode ser considerado como o MVP do seu programa. Falo claro de Christian, senhor absoluto do programa de Terças á noite, que ao longo do ano carregou a ECW! Primeiro enfrentando o Jack Swagger, com quem teve dois combates muito bons, primeiro na ECW em Fevereiro, e mais tarde no Backlash. Carregou o Tommy Dreamer enquanto este foi campeão, e desde que recuperou o título tem tido combates acima da média com todos os adversários que lhe aparecem. Quer um veterano como o William Reagal, ou jovens como Zack Ridder e Yoshi Tatsu.
Outra surpresa foi o feudo de qualidade entre os Legacy e os Degeneration X, o qual foi muitíssimo superior ao que inicialmente se esperava, tendo em conta o hábito dos DX de enterrarem os adversários...
E claro a WWE fez uma tentativa de revitalizar a divisão de equipas, confiando essa tarefa á dupla JeriShow, onde ambos os wrestlers puderam fazer muita boa figura durante vários meses. Agora é esperar para ver se os DX continuam o trabalho.
Já no final do ano vimos a WWE a lançar pushes para os wrestlers mais novos, com Koffi Kingston, Drew McIntyre e Sheamus no seu recebimento, algo que era pedido á muito pelos fans!
Mas nem tudo foi bom na WWE, uma vez que tivemos algumas coisas muito, muito más!
Começamos com o feudo entre o Randy Orton e o HHH, o qual teve a distinção de ter aquele que para mim foi o pior combate da WWE este ano (na Wrestlemania), e no qual não houve um combate individual que se aproveitasse! O melhor ainda foi o 6-man tag no Backlash! Um dos piores feudos em recente memória, especialmente se virmos que os intervenientes até estiveram muito bem durante o resto do ano.
Depois tivemos o feudo entre o John Cena e o Big Show, o qual começou muito bem, com dois combates televisivos muito bons em Fevereiro e Março, mas que descambou quando lutaram em PPV.
Outra mancha foi o feudo entre o Chris Jericho e o Mickey Rourke, o qual tinha muita promessa ao inicio, mas que devido a politiquices Hollywoodescas foi por água abaixo, acabando convertido num feudo Jericho vs Lendas, o qual foi salvo pela performance do Steamboat.
Um feudo que podia ter sido muito mais do que foi, seria as batalhas entre CM Punk e o Undertaker, as quais contudo foram cortadas cedo devido á problemática forma física do Deadman, algo notório desde o seu regresso, e habituais problemas de atitude do Punk (ele pode ser Straight-Edge, mas compensa por ter um temperamento do pior! Algo que já lhe arranjara problemas nas indies).
Outra coisa que me incomodou por demais foi a forma como os títulos principais foram tratados como batatas quentes, saltando de mãos em quase todos os PPVs! Foi ridículo ao ponto apenas o The Bash e a Survivor Series viram o mesmo campeão entrar e sair!
E se por um lado os nomes referidos acima receberam pushes, jovens wrestlers com muita promessa como Jack Swagger e Dolph Ziggler ficaram para trás, isto para a tristeza de muitos fans!
E fico-me por aqui a nível de wrestling Americano, uma vez que não acompanho a TNA, a qual permaneceu mais ou menos igual desde 2008 (sem subida relevante nas audiências, atendimento, ou compras de PPV), bem como as indies em geral. Posso no entanto apontar a estreia da Dragon Gate USA, a qual se tornou o mais recente fetiche dos fans indies Americanos, e a queda que o Ring of Honor, a antiga Rainha do s Indies sofreu ao longo do ano.
Falando do Puroresu.
A New Japan Pro Wrestling conseguiu em 2009 fazer jus ao seu slogan de King of Sport, mostrando sem margem para dúvidas que é a maior promoção de wrestling do país, fazendo o maior número de grandes shows, conseguindo os maiores números de atendimento, e tendo muitos bons combates ao longo do ano. De notar a performance de Hiroshi Tanahashi, a qual foi excelente até á sua lesão no final do verão, que também foi o IWGP Heavyweight Champion durante grande parte do ano. Outra personalidade a ter em conta foi Shinsuke Nakamura, que após o seu heel-turn se tornou a meu ver no wrestler mais perigoso da actualidade.O feudo interpromocional que teve com a Pro-wrestling NOAH, o qual incluiu a participação de wrestlers da NOAH no Best of the Super Juniors, G1 Climax, e a primeira vez que um wrestler da NOAH desafiou pelo IWGP title, foi o mais interessante do ano, deu origem a combates de muita qualidade, recebendo aclamação de todos os meios.
No entanto a divisão de tag-team esteve algo parada durante o ano devido aos títulos terem estado nas mãos da Team 3D durante grande parte do ano, e a divisão de Juniors ter sofrido devido ao reinado do preguiçoso Tiger Mask como IWGP Champion, logo nem tudo esteve verde em terras da New Japan.
Também posso dizer que aquilo que mais quero ver na segunda não é o Raw, não é o Impact, mas sim o super-show da NJPW Wrestle Kingdom in Tokyo Dome IV, o qual apresentará como principais atractivos uma série de 4 combates NJPW vs NOAH, onde o IWGP Junior-Heavyweight Championship (da NJPW), e o GHC Heavyweigth Championship (da NOAH) serão defendidos. O main-event verá Shinsuke Nakamura defender o IWGP Heavyweight Championship contra Yoshihiro Takayama, que durante o ano foi o Triple Crown Champion, uma desforra do combate que eles tiveram exactamente á 6 anos, mas com um Nakamura muito mais experiente e perigoso, contra um Takayama mais debilitado. Também teremos a participação de duas lendas do wrestling num 8-man tag, Terry Funk e Abullah the Butcher voltarão a confrontar-se no ringue!
Já da terra da arca, na Pro Wrestling NOAH o ano foi conturbado. O falecimento de Mitsuharu Misawa, Presidente e o principal draw da companhia trouxe ainda mais problemas do que o inicialmente pensado, uma vez que Misawa tratava de todos os assuntos relativos á parte operacional da NOAH (tratar dos patrocínios, marcar arenas, lidar com a estação televisiva, etc), isto enquanto era um wrestler a tempo inteiro! Pensa-se que Misawa estaria sob grande pressão e stress durante os passados anos, quando a NOAH verificou um considerável queda de popularidade, o que o levou a introduzir-se no main-event de forma a tentar remediar a situação.O início do ano teve dois feudos interessantes na forma do KENTA vs Katsuhiko Nakajima, e Jun Akiyama vs Kensuke Sasaki, basicamente NOAH vs Kensuke Office (agência do Kensuke Sasaki e dos seus alunos, Nakajima incluído). Outra importante história foi a ascensão de Go Shizaki a escalões mais elevados na promoção, graças á sua vitória na Global Tag League com Misawa, e sua conquista do GHC Heavyweight Championship. E claro tivemos o feudo interpromocional com a NJPW, onde Takashi Sugiura soube aproveitar a oportunidade para brilhar, desafiando pelo IWGP title, participando no G1 Climax (onde teve uma participação muito boa) e desafiando pelo GHC title já no final do ano.
Falando da All Japan Pro Wrestling.
Embora esta não seja a promoção com o melhor produto em ringue, das 3 clássicas grandes promoções (AJPW, NJPW e NOAH) ela é facilmente a minha preferida, muito graças ao booking, o qual é do mais esperto feito no Japão.
familiarizei-me com duas promoções que me trouxeram boas coisas.
Primeiro foi a Big Japan Pro Wrestling, ou BJW, a maior promoção de hardcore/deathmatches do Japão. Durante muito tempo esta foi uma promoção que eu evitei, devido a não grande fan do hardcore em geral, e ainda menos do hardcore ultra-violento. Contudo muito devagarinho comecei a ver combates da promoção, particularmente aqueles que recebiam muita aclamação pela internet. Muitos desses combates eram combates normais, o que me foi apresentando á promoção, e para além do mais eu tive a sorte do primeiro deathmatch que vi da promoção ser considerado o melhor deathmatch dos últimos anos, onde eu pude verificar que os wrestlers contavam uma história mesmo num ambiente destes.
Já no final do ano descobri um agradável produto, que embora não apresente uma enorme qualidade de combates, em semelhança á AJPW, compensa com muita comédia. Falo da Osaka Pro-wrestling, uma indie de pequena dimensão que apresenta um produto essencialmente cómico, mas com uns bons combates lá pelo meio. A promoção também apresenta um ar muito familiar, o que se traduz num ambiente muito agradável durante os eventos, onde se pode ver o quanto o público se está a divertir.
Agora falando dum nível mais nacional, este ano viu-me converter-me ao Wrestling Portugal, por meio dos 4 web-shows lançados durante o ano, e as gravações do 6º e 7º webshow, ás quais tive o prazer de assistir. Tivemos a oportunidade de ver a coroação do primeiro campeão nacional do WP, a primeira mudança de título, a construção de feudos entre os membros do roster, um deles um feudo fraternal, e claro o General Manager da promoção, o detestável Bruno “Korvo” Almeida merece levar com mais umas quantas cadeiradas!
A sua equipa com Gordy terminou em 1993, mas no ano seguinte Williams conseguiria o seu maior triunfo a solo no Japão, quando derrotou o falecido Mitsuharu Misawa para conquistar a Triple Crown Championship, acabando assim o reinado de quase 2 anos de Misawa. Nos anos seguintes ganharia mais 3 vezes os títulos de equipas, com Johnny Ace, o falecido Gary Albright e Vader. Em 2000 venceria uma terceira vez a Real World Tag League com Mike Rotunda, mas esse seria o seu último grande triunfo.
Que descanse em paz.
Vemo-nos no próximo ano.
manjiimortal
“ Death is merciless. But let me tell you... Not being able to die is crueller still.”