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Lucas Headquarters #167 – Momo Watanabe: De líder a bully, tudo numa década


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters”, aqui no WrestlingNotícias!! Caramba, que valente chuvada que tem caído sobre o nosso país, hã? Já há muito que não se via nada assim (e olhem que este Outono, de calor, até nem tem tido assim muito). Se as coisas ainda estiverem mais na vossa zona, peguem numa velinha (pode ser daquelas a pilhas, não há crise) e venham ler a edição desta semana porque o artigo de hoje, minha gente, é especial.


Desde o Verão que não acompanho o trabalho da STARDOM com a avidez e a paixão que acompanhava por esta mesma altura no ano passado. Estamos em plena Goddess of STARDOM Tag League (a competição já vai, creio eu, a mais de meio), Tam Nakano e Saya Kamitani vão lutar no Dream Queendom pelo World of STARDOM Championship, portanto tudo parece estar a compor-se para que a empresa que agora é liderada por Taro Okada nos dê um daqueles finais de ano a que já nos habituaram: Cheios de suspense e com mais perguntas que respostas.


Hoje, pela primeira vez em muitos meses, vamos falar de STARDOM. Mas não vamos falar do estado em que a empresa está (que, espero estar certo, parece estar a melhorar comparativamente àquilo que se via em Julho), vamos antes falar de STARDOM por razões positivas que merecem ser celebradas.


A última vez que assinalei uma efeméride neste nosso espaço foi há sensivelmente um ano. Na altura, o motivo de celebração foram os dez anos de carreira de Sumire Natsu, uma das wrestlers mais marcantes da cena joshi na última década, que deixou marca no Japão e, também, um pouco por toda a Europa. E não deixa de ser coincidente que, neste fim de semana, assinalemos uma efeméride que é, eu diria, bastante significativa, no mesmo fim-de-semana (ou melhor dizendo, na mesma altura do mês) em que poderia ser assinalada uma efeméride que já aqui dei conta faz agora dois anos: A estreia dos The Shield na WWE, naquele Survivor Series de 2012, que marca o início de uma brilhante história.



Por momentos, passou-me pela cabeça voltar a relembrar alguns dos momentos que mais marcaram, positiva ou negativamente, a carreira deste trio (e tendo em conta o impacto que tiveram, muito haveria para destacar). No entanto, achei redundante que, depois de tão pouco tempo, voltasse a carregar na mesma tecla, fazendo com que um artigo dedicado a tão célebre trio ficasse um pouco… insípido, à falta de melhor termo.


Até que estava a percorrer o X, tentando achar nos seus escombros alguma dignidade que lhe restasse, e acabei por descobrir que Momo Watanabe completou ontem dez anos de carreira. Não vamos estar aqui com coisas: Goste-se ou não do wrestler, tenhamos mais ou menos carinho por tudo o que ele (ou ela) faz num ringue, dez anos de carreira é sempre uma marca a assinalar. Já aqui o disse várias vezes: Muitos não chegam a tão brilhante marca (por opção ou força das circunstâncias) pelo que, sempre que um wrestler a atinge, é uma efeméride que não podemos deixar de assinalar.


Depois, Momo Watanabe é, pelo que eu tenho visto, uma wrestler por quem muita gente nutre um certo carinho. O contexto contribui de sobremaneira para que muita gente veja na Black Peach um exemplo a seguir: Afinal, tem 24 anos, o que significa que é uma wrestler relativamente jovem. E no entanto, com tanto que ainda tem por fazer, parece que já fez outro tanto (24 anos é aquela idade em que muitos wrestlers dão os primeiros passos, sobretudo nas indies).



No entanto, apesar de todo o seu percurso em ringue, apesar dos grandes combates que já tem dado a muitos fãs (e pode vir aí mais um, já lá iremos), parece que desde os tempos das Queen’s Quest que Momo Watanabe fica… meio esquecida entre a estrutura daquelas que agora são as H.A.T.E., mas que todos nós conhecemos como Oedo Tai.


E talvez, para muitos, essa espécie de afterthought que Momo Watanabe é acabe por se encaixar: Afinal, o papel dela é mais de enforcer, ou de bully, se assim quisermos, do que outra coisa qualquer, sobretudo no panorama atual, em que Saya Kamitani parece ser o braço direito de Natsuko Tora, e ela própria parece estar contente com esse papel. Mas eu não consigo deixar de pensar que Momo Watanabe tem aquilo que é preciso para estar no topo: Looks, skills, uma certa dose de carisma… parece que há ali todo um potencial por concretizar.



Felizmente, aqui nos meus Headquarters, “potencial” é uma palavra que não passa despercebida: Quando se vê, fala-se nele; quando não se vê, esmiúçam-se as razões sobre o porquê de ele não estar lá ou de ainda não ter sido descoberto. Para mim, “potencial” é o fillet mignon do wrestling, na medida em que todo o wrestler tem potencial… até para sair do ringue e nunca mais lá pôr os pés (ouviste, Goldberg?).


Portanto, proponho que celebremos os dez anos de carreira de Momo Watanabe com um olhar ao seu percurso, não de uma forma muito exaustiva (porque vocês têm mais que fazer, e eu próprio tenho andado um pouco “abanananado”) mas olhando para algumas curiosidades e dados interessantes que marcam a sua década dentro do ringue.



Da escola de AZM



Já aqui o disse muitas vezes (mais para contexto do que para outra coisa) mas para mim é um dos factos mais interessantes do mundo do joshi: O facto de muitas wrestlers começarem a sua carreira quando ainda são, a bem dizer, crianças. Talvez o mais brilhante exemplo disto seja o de AZM, que aos 22 anos pode já ser considerada uma veterana deste ramo, visto que começou a sua carreira com apenas… 11 anos de idade.


O que muita gente não sabe é que o caso de Momo Watanabe é muito parecido com o da ex-High Speed Champion: À data de 16 de Novembro de 2014, quando a carreira da Black Peach começou, Watanabe tinha apenas 14 anos, feitos a 22 de Março daquele ano. Pode dizer-se – e com alguma propriedade – que Momo Watanabe é da mesma escola de AZM, e que embora tenha começado um pouco mais tarde do que a sua congénere, não lhe fica atrás em termos de talento, carisma e presença em ringue.



Uma longa história com Starlight Kid



Muitas vezes, quando falamos de novatos a entrar no mundo do wrestling, falamos do momento em que serão lançados contra aqueles que são “os grandes tubarões”, isto é, os grandes nomes das empresas pelas quais assinam. E se é verdade que isso lhes dá um grande capital de experiência e sabedoria (que mais tarde compensará, ou pelo menos é expectável que compense), também é verdade que muitas vezes isso acaba por ser uma decisão precipitada, porque arruína todo o hype em torno de um wrestler.


No caso de Momo Watanabe, um dos seus primeiros combates foi um Tag Team contra aquela que na altura já era um “tubarão” dentro da STARDOM: Io Shirai, na altura conhecida como Iothica e que hoje conhecemos como IYO SKY. Io Shirai teve por parceira Mini Iothica, que não era nada mais nada menos do que AZM, que na altura tinha apenas 12 anos. Não bastasse esse confronto de pré-adolescentes com as hormonas a ferver, a parceira de Momo Watanabe foi… Starlight Kid, que na altura tinha… 13 anos apenas. Ou seja, nós que somos fãs sabemos que aquilo era apenas parte de um show de wrestling, mas se isto se passasse cá em Portugal durante os anos 90 talvez fosse apenas uma luta de almofadas do Zip Zap da SIC.


A mais jovem Wonder of STARDOM Champion de 

sempre




Continuando a navegar nestas águas da juventude, o wrestling está cheio de pessoas que escrevem o seu nome na História quando ainda estão a escrever o seu nome… no cabeçalho dos testes de História.


Randy Orton, por exemplo, foi o mais jovem World Heavyweight Champion de sempre com apenas 24 anos, depois de derrotar Chris Benoit pelo título no Summerslam de 2004. E como nos poderíamos esquecer de Nicholas, esse inusitado parceiro de Tag Team que Braun Strowman foi desencantar ao público da WrestleMania 34 e que derrotou Sheamus e Cesaro para se tornar no mais jovem RAW Tag Team Champion da História?


Pois bem, Momo Watanabe também teve direito a um momento para mais tarde recordar enquanto ainda estava bem no início da chamada “primavera da vida”. Tendo vencido o Cinderella Tournament de 2018, Watanabe escolheu desafiar Io Shirai (que na altura já estava de malas aviadas para a WWE) pelo Wonder of STARDOM Championship, combate que venceu. Com a vitória, Watanabe tornou-se a mais jovem detentora da história do título, com apenas 18 anos; e com a saída de Shirai para os Estados Unidos, tornou-se também a líder das Queen’s Quest.


Uma cadeirada para o lado negro





É impossível falar da carreira de Momo Watanabe sem falar da sua passagem para o lado negro da força.


Watanabe estava em feud com Starlight Kid, que se havia juntado há pouco tempo às Oedo Tai (fruto da feud entre esta stable e as STARS) e que a estava a tentar recrutar. Watanabe recusou várias vezes as ofertas, entrando numa série de confrontos com a Sky Tiger, que culminariam na trilogia Super Wars, sendo que, no primeiro evento, em Kawasaki, Watanabe perdeu contra Kid, num combate a valer o High Speed Championship.


Depois de, no segundo evento em Tóquio, Watanabe ter derrotado Unagi Sayaka e Lady C num Tag Team Match com AZM, as Queen’s Quest enfrentaram as Oedo Tai num Eight Woman Elimination Tag Match, com Momo e Kid a assumir as lideranças das respetivas equipas. A capitã da equipa derrotada teria que se juntar à stable adversária, e se Kid perdesse, era isso e ter que ser desmascarada.


Estavam as QQ no controlo das operações, com uma vantagem de duas para uma, quando Momo Watanabe trai a stable que liderou com uma cadeirada em AZM, integrando as Oedo Tai e passando a ser conhecida como a Black Peach (“peach”, “pêssego” em português, traduz-se para “momo” em japonês). De resto, foi como parte das Oedo Tai que transitou para as H.A.T.E., a stable que inclui Thekla e Saya Kamitani como novos membros.


Momo Watanabe: A próxima IWGP Women’s 

Champion?



Eis-nos aqui, passados 10 anos, com Momo Watanabe a ter reais oportunidades de voltar a vencer um singles championship, seis anos depois, na segunda edição do Historic X-Over da STARDOM e da NJPW. A adversária é a lendária Mayu Iwatani, atual IWGP Women’s Champion que nos deu, logo no início de 2024, um dos combates que marca este ano, tendo por desafiante Syuri.


Se vai vencer ou não? Eu diria que é possível. Mayu Iwatani tem um estatuto lendário dentro da STARDOM (e em toda a cena joshi) mas eu diria que, 573 dias depois, já não há muito que Mayu possa fazer por um título que tem tido tão pouco destaque como aquele, prova disso são as escassas sete defesas que Mayu teve nesse período. Para além disso, as H.A.T.E. são as “meninas bonitas” da administração Okada, e Taro deverá aproveitar isso para coroar Momo como campeã.

 

São fãs da Momo Watanabe? Que análise fazem da carreira da Black Peach até agora?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!!

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