Lucas Headquarters #160 – NXT na USA Network (2019-2024): A História e o futuro
Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Bem-vindos
sejam a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Já
saíram os dois documentários sobre wrestling que têm sido muito
antecipados (e aclamados, pelo menos um deles) pelos fãs (falo-vos de Mr.
McMahon e Dump Matsumoto: Queen of Villains) e antes de mais nada,
queria perguntar: Já viram? Eu, honestamente, ainda não; mas tenho intenções de
ver o da Dump Matsumoto, até porque seria engraçado contar um pouco da sua
história. Isso ficará, sem dúvida, guardado para uma outra edição, talvez num
futuro não muito distante.
É justo dizer que, no que diz respeito aqui ao nosso
estaminé, o mês de Setembro foi um mês… circular. Acho que nunca tinha falado
tanto no NXT, ou pelo menos nunca tinha sido tema principal de uma qualquer
edição, isto se falarmos de um planeamento mais regular: Normalmente ou falo de
WWE, ou falo de AEW, ou falo de STARDOM, MARIGOLD… mas sempre numa perspetiva
que parte do geral em direção ao particular, e nunca no sentido oposto.
Por incrível que pareça, este nono mês do ano já vai contar
com duas edições que são, de uma forma ou outra, dedicadas à brand amarela:
No início do mês falei-vos da chegada de Giulia ao NXT e dos planos que a WWE
poderia ter para ela, nesta primeira fase; e hoje, vamos terminar o mês a
falar, em parte, de Giulia (mais circular que isto… duvido que haja) mas também
de Roxanne Perez, de Stephanie Vaquer, de Trick Williams, Ethan
Page…. O NXT inicia, já na terça-feira, um novo ciclo, e acho que não há nada
mais condizente com esse início do que contar um pouco da História do que foram
esses cinco anos na USA Network e antever o que serão os próximos anos na CW,
com muitas caras novas à mistura.
Acho que é importante, antes de mais, percebermos a
importância que o NXT tem no panorama da WWE e como conseguiu voltar a crescer
e a apresentar algo de interessante depois daquele período em que esteve
debaixo da alçada de Vince McMahon e seus lacaios. É que já nessa altura a
intenção era a mesma: Transformar o produto apresentado de forma a que as
pessoas deixassem de ver o NXT mais na perspetiva de um território de
desenvolvimento e começassem a vê-lo como uma terceira brand. Mas,
escusado será dizer, falhou miseravelmente.
Falhou miseravelmente porque dotou o NXT de gimmicks estereotipadas
que em nada ajudaram os wrestlers. Veja-se o caso de Sareee, que de Warrior
of the Sun passou para Warrior of the School. E se, à partida, não
havia mal nenhum com isso, porque se havia wrestler com capacidade para
encarnar essa gimmick, seria ela, a partir da altura em que se efetuou
essa mudança ficou claro que não havia planos para a sua estadia na WWE.
Portanto, o NXT também acaba por ser importante no sentido em
que a forma como os wrestlers são vistos por lá, em maior ou menor
conta, muitas vezes acaba por ditar a forma como o seu percurso no Main
Roster vai ser: Rhea Ripley e Bianca Belair foram duas das principais caras
do NXT nos primeiros tempos de USA Network, e hoje são dois dos pilares da
divisão feminina no RAW e no SmackDown.
Dito isto, vamos então focar-nos naquilo que é o mais
importante para construir o que se vai passar a partir de terça-feira: O
passado e o futuro. E como não se começa a construir uma casa a partir do
telhado, vamos começar por aquilo que nos traz até aqui: O passado, mais
concretamente os cinco anos em que o NXT esteve na USA Network.
2019-2021: Wednesday Night Wars e a mudança
de “gerência”
A história do NXT na USA Network começa, pois, em 2019, numa
altura em que a AEW tinha acabado de entrar pelos nossos ecrãs adentro e a
febre com a nova empresa começava a contagiar. A mudança completa para a USA
Network só se efetivou em Outubro, devido ao overlapping com os últimos
episódios da série Suits. E o timing não podia ser mais
“acertado”, porque o Dynamite acabava de estrear nesse mesmo mês, precipitando
aquelas que viriam a ser conhecidas como as Wednesday Night Wars.
A AEW era claramente favorita, principalmente por dois
motivos: Para começar, toda a sensação de novidade e o contentamento de ter
acabado, finalmente, o monopólio do wrestling; e, não menos importante
(complementando até a primeira razão) a fraca qualidade daquilo que vinha a ser
o produto da WWE naquela altura. Só para vocês terem uma ideia – pelo menos
aqueles que já não se recordam – uma das principais storylines da
empresa naquela época foi uma espécie de “guerra de casais” entre um real e um
fictício: Becky Lynch e Seth Rollins, ambos campeões, contra Baron Corbin e
Lacey Evans.
Sem grandes surpresas, a nova concorrente confirmou o
favoritismo, o que obrigou a WWE a tomar uma medida que, ainda hoje, é
controversa aos olhos de muitos: Colocar Charlotte Flair, vencedora do Royal
Rumble, a desafiar Rhea Ripley pelo NXT Women’s Championship, naquela que foi
uma decisão… inusitada, pois até ali nenhuma vencedora do Royal Rumble fora
capaz de se apresentar como desafiante por um qualquer título do NXT (nem era
suposto que assim fosse). Contra todas as expectativas… Charlotte Flair venceu,
conquistou um segundo reinado e deteve o título durante 63 dias, até perder
para IYO SKY (na altura, Io Shirai) em Junho desse ano.
No masculino, começar por destacar Adam Cole, num reinado que
atravessou, literalmente, a década. Tal reinado começou a 1 de Junho de 2019,
no NXT TakeOver: XXV, quando Cole venceu o título contra o então campeão Johnny
Gargano. A partir daí, iniciou-se toda uma viagem que durou 403 dias,
ultrapassando, em larga escala, o número de dias de reinado do então detentor
do recorde de maior reinado de sempre (Finn Bálor) e que estava cifrado nos 292
dias com o ouro. Sucedeu-lhe como campeão Keith Lee, isto já em plena pandemia,
tendo ganho o título no NXT Great American Bash 2020 após vencer um Winner
Takes All Match quando já era, também ele, NXT North American Champion.
2 de Outubro de 2019 fica também marcado pelo regresso de
Finn Bálor à brand amarela, onde havia de ter uma heel run sem
grande sucesso. Porém, é em 2020 que o agora líder dos Judgment Day volta a
causar impacto na brand que já tinha dominado, vencendo o NXT
Championship pela segunda vez ao derrotar Adam Cole no NXT Super Tuesday II,
isto depois de já ter havido empate entre ambos na Iron Man Fatal-4 Way do
Super Thursday, onde também estavam Johnny Gargano e Tommaso Ciampa. Vale
lembrar que, à data dos factos, o título estava vago, pois o então campeão
Karrion Kross foi obrigado a abdicar devido a uma lesão no ombro.
Avancemos até 2021. Após a WrestleMania 37, as Wednesday
Night Wars acabam com o deslocar do NXT para as terças. Raquel González (nka
Rodriguez) é a NXT Women’s Champion e Karrion Kross o NXT Champion quando se dá
a mudança que se segue ao enfarte sofrido por Triple H e, a 14 de Setembro
desse ano, o NXT passa a chamar-se NXT 2.0, com Shawn Michaels a atuar como
principal elemento da equipa criativa e Vince McMahon a ter maior controlo
sobre o que lá se passava.
Esta era dura apenas um ano e fica marcada, sobretudo, pelas gimmicks
estereotipadas que se foram implementando: Giovanni Vinci encarna, por
exemplo, a pele de um italiano abastado; e Sarray (nka Sareee) uma típica schoolgirl
japonesa. Tanto um como outro não tiveram sucesso nas mudanças e Sareee
acaba mesmo por deixar a empresa, não renovando o contrato com a WWE.
2022-2024: “Caos” na WWE, domínio de Roxanne,
novos talentos a chegar
2022 é dos anos mais significativos para a WWE, no sentido em
que se dá uma mudança na chefia da companhia: Vince McMahon reforma-se para
voltar meses mais tarde, Nick Khan e Stephanie McMahon assumem o controlo a
meias, Triple H fica com o poder criativo no Main Roster e Shawn Michaels
instala-se definitivamente no controlo criativo do NXT.
Enquanto tudo isto acontece, vários nomes se destacam. No
masculino, por exemplo, Dolph Ziggler (nka Nic Nemeth) consegue ter um
último gostinho de glória ao tornar-se NXT Champion, mas é em Bron Breakker
e Ilja Dragunov que se concentram todas as atenções. O primeiro acaba mesmo
por ter dois reinados em três meses com o título (o de Ziggler acontece a meio
dos dois períodos) o último dos quais dura praticamente um ano e termina com a
unificação do NXT Championship com o NXT United Kingdom Championship.
No feminino, há um nome que se destaca: Roxanne Perez. Mas
primeiro, destacar o regresso de Becky Lynch ao NXT para um curto reinado como
NXT Women’s Champion que é visto de forma tão controversa como o da sua
congénere Charlotte e que durou pouco mais de um mês.
Voltando a Roxanne, esse acaba por ser o nome que mais vezes
surge na boca dos fãs nestes últimos dois anos, não tanto pela qualidade do seu
primeiro reinado de 108 dias mas sim, pela qualidade do segundo, que ainda dura
e que vai ter em Giulia uma adversária à altura. Roxanne Perez derrotou
praticamente toda a concorrência que tinha, mesmo a que se apresentou vinda de
outras paragens.
No masculino, neste período chegaram dois grandes nomes
vindos da concorrência: Shawn Spears (aka Tye Dillinger) e ainda o All
Ego, Ethan Page. E não demorou muito até que Page assentasse arraiais no
NXT como a sua principal figura, derrotando o então NXT Champion Trick
Williams, Je’Von Evans e o próprio Spears. De resto, Page e Trick Williams vão
voltar a enfrentar-se, com CM Punk como special guest referee.
Nestes últimos meses de parceria com a USA Network, destacar
também a abertura da porta proibida com a TNA: Naquela que significou uma
jogada de risco para esta última (devido ao falhanço da parceria com a AEW em
2024), não se pode dizer que ambas as empresas não tenham beneficiado deste
trabalho em conjunto, com nomes como Joe Hendry, Rosemary e Jordynne Grace a
serem dos nomes que mais “lucraram” com este acordo: Hendry desafiou Ethan Page
pelo NXT Championship no No Mercy em Setembro, e Grace desafiou Roxanne Perez
no Battleground em Junho. Sem sucesso, é certo, mas pelo menos acho que ainda
nos fizeram acreditar numa surpresa…
2024: Como vai ser o futuro?
Chegamos, então, ao último trimestre de 2024. O NXT muda-se
para a CW depois de cinco anos na USA Network, e a questão na boca dos fãs é só
uma: Como vai ser o futuro?
Escudando-me daqueles clichés que me dizem o que tanto eu
como vocês estamos fartos de saber, parece-me a mim que o futuro do NXT na CW
será um em que finalmente o objetivo de há uns anos a esta parte (transformar o
NXT numa terceira brand mais do que numa brand de desenvolvimento)
finalmente será cumprido. E isto deve-se, na minha opinião, ao esforço de
mercado que a própria WWE tem feito e que lhe permitiu trazer vários nomes de
peso (para além de Shawn Spears e Ethan Page): Giulia, Stephanie Vaquer, DELTA e os
Motor City Machine Guns.
Parece-me, também, que vamos ter um futuro NXT onde vai haver
um maior intercâmbio entre os nomes mais consagrados do Main Roster e os novos
talentos, de forma a que a essência original da brand não se perca (dois
bons exemplos disso são a presença de CM Punk quer no NXT de 17 de Setembro
quer no primeiro episódio na CW nesta terça-feira, assim como a presença de
Randy Orton no episódio do NXT de dia 8 de Outubro).
Há duas perspetivas pelas quais podemos olhar para isto: A primeira
e a mais óbvia é a perspetiva de mentoria de quem já fez tudo o que podia, e
agora quer apenas ajudar a construir a próxima geração; a segunda, é uma
perspetiva mais voltada para a manutenção do interesse e audiência, de modo a
que todo o hype da mudança não caia rapidamente no esquecimento.
Na primeira perspetiva, vale a pena destacar a decisão dos Motor City Machine Guns em trabalhar com os talentos do NXT. Alex Shelley e Chris Sabin já passaram a barreira dos 40 anos, o que quer dizer que, à partida, já estariam um pouco fora daquilo que é o objetivo principal do NXT.
Mas eles sabem que há
muita gente no NXT que poderia beneficiar da sua experiência (até mesmo a própria
Giulia, que apesar de ter o currículo que tem e de estar bem lançada em direção
a um reinado como campeã, é completamente nova no wrestling americano) e
que o aumento da qualidade do roster da brand dourada só poderá
contribuir para que eles se mostrem ao nível a que já nos habituaram. Com a
idade que têm, partindo do princípio que só vão disfrutar de mais quatro a
cinco anos no auge, a decisão compreende-se: Mais vale construir o futuro do
que roubar o presente a quem o merece.
E vocês, que análise fazem aos cinco anos de NXT na USA Network?
E como anteveem o seu futuro na CW?
E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não
se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí
em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um
artigo!!
Peace and love, até ao meu regresso!