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Lucas Headquarters #153 – Vingança e Glória


Nota prévia: À data que este artigo sai, com certeza que o mundo do wrestling ainda estará às voltas com mais recente polémica a envolver Logan Paul (se não estão a par, informem-se, para evitar desinformação e fake news).


O objetivo deste artigo foi, é e sempre será falar apenas de wrestling. Obviamente que, se estivermos a fazer uma retrospetiva ou o tema do artigo exigir uma reflexão histórica (ou até mesmo uma ponte entre a vida pessoal e a profissional) será justificável mencionar algumas controvérsias (quanto muito, para efeitos de contexto).


Tal não se aplica neste caso, por duas razões: Para que o foco não seja totalmente desviado do tema em questão, e para que não haja uma má interpretação de opiniões e/ou juízos que possa levar a consequências indesejáveis. Foquemo-nos, apenas, no wrestling. Deixemos as polémicas para quem as causa.

 

Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! Vamos lá saber: A malta que lê isto e que estava para casar, casou-se no dia 31 de Julho? Olhem que se o Tio Quim diz que esse é o melhor dia, ele é mesmo capaz de ter razão…


Eis-nos chegados ao “Querido Mês de Agosto” (sim, eu hoje estou num mood pimba, portanto aguentem comigo), mês esse que, como vos disse na semana passada, está recheado de eventos e torneios, desde os Estados Unidos até ao Japão. E começamos em grande, com a WWE a apresentar-nos o Summerslam a abrir o mês, e o Bash in Berlin a fechá-lo.


Como todos sabemos, o Summerslam é um dos chamados “quatro grandes” eventos da WWE – também conhecidos por grand slam – e, pelo menos tendo em conta aquilo que tenho visto desde que Triple H começou a estar envolvido criativamente com as contas do Main Roster, o Summerslam é também uma espécie de teste, ou melhor dizendo, de ponto de partida para storylines que vão, possivelmente, culminar na WrestleMania.


Se não estão a ver do que é que estou a falar, eu dou-vos dois exemplos muito concretos: SummerSlam 2021. O tal em que a Becky Lynch voltou à ação depois de ter dado à luz, derrotando Bianca Belair em 26 segundos apenas e fazendo com que esta também lhe chamasse “mamã” primeiro do que o Dominik à Rhea Ripley.



Depois da edição desse ano, Becky Lynch conseguiu finalmente afirmar-se como uma heel credível, estatuto que não tinha conseguido alcançar no primeiro turn em 2018, porque o público tinha conseguido encontrar um fundamento lógico para que a irlandesa tivesse feito o que fez. A storyline entre ambas desenvolveu-se e levou-nos até à WrestleMania 38, onde Belair derrotou Lynch e se tornou na então RAW Women’s Champion. 




E isto leva-nos, em certa medida, ao segundo exemplo, que data do Summerslam do ano seguinte, o primeiro de Triple H no controlo criativo após a “reforma” do chefão Vince. Belair e Lynch protagonizaram o primeiro combate do show (com a primeira a sair com a vitória) e logo a seguir Bayley regressa pela primeira vez em mais de um ano, trazendo consigo Dakota Kai (que havia sido dispensada uns meses antes) e Iyo Sky, formando a primeira line-up das Damage CTRL. A stable dominou até ao regresso de Kairi Sane em Novembro do ano passado, quando se começou a desenvolver a storyline em que Bayley acaba por ser atacada pelas suas mentorandas e expulsa da stable que ela própria fundou.





Portanto, pode dizer-se que o Summerslam, nos últimos anos, deixou de ser apenas um dos quatro “grand slams” juntamente com o Royal Rumble, a WrestleMania e o Survivor Series, para passar a ser um ponto nevrálgico do calendário da WWE. Isto torna-se ainda mais evidente quando verificamos que a principal estratégia de Triple H é o booking a longo prazo, que permite juntar as peças de um puzzle de mil peças (pelo menos) e perceber que todos os pequenos pormenores fazem sentido.


Da mesma forma que, por exemplo, há pequenos detalhes que Triple H implementa no seu estilo de booking que, à primeira vista, podem não ter qualquer importância, mas que acabam, também, por acrescentar significado e conduzir toda uma storyline. Por exemplo: Há cerca de três semanas atrás – e isto não fazendo menção ao próprio PLE, mas é mais para que vocês percebam a ideia – os Wyatt Sicks tiveram o seu primeiro segmento em ringue. A data? 15 de Julho de 2024. Sabem o que é que também aconteceu a 15 de Julho de 2019? Provavelmente muita coisa, mas foi a data em que o The Fiend também teve o seu primeiro segmento em ringue, atacando Finn Bálor e levando a um combate no Summerslam.


O booking de Triple H é muito isto – o detalhe, o círculo completo, aquela data que está, de certo modo, ligada a outra efeméride qualquer. E o Summerslam tornou-se, em certa medida, uma extensão, se assim quisermos, desse estilo de booking.



A edição de 2024 do Summerslam é uma daquelas edições para as quais os fãs olham com grande antecipação por vários motivos. Para já, porque a edição do Money In The Bank que a antecedeu foi – plain and simple ­– um desastre. Não há outra maneira de o descrever. E a questão nem se prende com o tempo dedicado ao wrestling propriamente dito por comparação ao tempo que a empresa dedicou a passar anúncios (digamos que, mesmo que tenhamos tido apenas 40 a 50 minutos de wrestling, se a ação tivesse sido qualitativamente boa, teria sido tempo bem investido). A questão foi a qualidade do wrestling… e as decisões.


Para começar, uma Money In The Bank briefcase que, não tendo sido necessariamente colocada no wrestler errado (Drew McIntyre nunca será o wrestler errado para se colocar seja o que for, acho que isso é unânime) podia ter sido colocada noutros que mereciam tanto ou até mais, como o Jey Uso.


Mas se a decisão de ter McIntyre como Mr. Money In The Bank até se aceita, o que não se aceita foi o uso que se fez dela. Nunca um artefacto que é usado como meio para elevar a carreira de um wrestler pode ser usado para elevar uma storyline, ainda por cima uma storyline que, já aqui disse várias vezes, não precisa nem de maletas e nem de títulos.





Depois, a questão do Money In The Bank Ladder Match feminino. Aqui, Tiffany Stratton aparece como a vencedora certa, mas a qualidade do combate deixou muito a desejar. A ação foi muito pouco fluida e complementada com uma série de botches e moves mal executadas. A sequência final compensou, mas não o suficiente para tirar o amargo de boca.



Finalmente, o Main Event. E aqui aprecio a coragem do Triple H, que mesmo sabendo que six-man Tag Matches em PLE costumam ser, em grande medida, insossos, decidiu arriscar e colocar um nesse spot. E se o resultado custa a digerir (embora faça sentido e garanta praticamente que Cody Rhodes sai do Summerslam como campeão) a verdade é que o combate cabe mais num qualquer SmackDown do que no Main Event de um PLE.





Portanto, o Summerslam deste ano é a oportunidade que Triple H tem de voltar a mostrar que consegue apresentar melhores resultados do que os que nos trouxe no PLE. Provavelmente é tarde para corrigir os erros – sobretudo aquele que cometeu com Drew McIntyre e o cash-in falhado. Mas é, talvez, a altura certa para recuperar alguma da confiança que se perdeu no meio da exigência dos fãs, sobretudo quando a WWE vai apresentar um novo PLE no final do mês onde se espera que o público europeu crie aquele ambiente enérgico que todos conhecemos.


Para resumir este Summerslam podemos, sem grande grau de falibilidade, usar duas palavras: Vingança e Glória. E, à medida que formos mergulhando na análise dos principais combates do card, vão perceber porque é que eu escolhi estas duas palavras para falar do Summerslam deste ano.


Vingança


CM Punk vs Drew McIntyre



Ah, como não começar por aqui, não é mesmo?


CM Punk vs Drew McIntyre – acho que todos estão de acordo – tem sido, para mim, a feud do ano (outra com potencial para lá chegar é a de Mariah May vs Timeless Toni Storm). Às vezes, dá que pensar como é que do infortúnio se criou uma história tão boa.


CM Punk e Drew McIntyre já estão um para o outro como Batman para Joker, e também este é um daqueles casos em que a maior parte até compreende o vilão da história. CM Punk diz que a sua feud com o Scottish Warrior termina neste combate (coisa que duvido, sobretudo se Drew McIntyre perder), mas o principal ponto de interesse é este: Onde fica Seth “Freakin’” Rollins?




Seth será, como é sabido, o árbitro convidado deste combate, porque supostamente as tensões estavam de tal maneira altas que nenhum dos árbitros “da casa” se quis meter no assunto. A questão é que o fim da feud entre Punk e McIntyre ter lugar neste combate só fará sentido se Rollins prejudicar o Second City Saint e consumar um heel turn. Até nem seria mal pensado, tendo em conta que o caminho para um CM Punk vs Seth Rollins na WrestleMania pelo World Heavyweight Championship chegou a ser trilhado… agora, falta terminá-lo.


Rhea Ripley vs Liv Morgan




Numa inesperada reviravolta, Rhea Ripley ficou de fora três meses após um ataque levado a cabo por Liv Morgan nos bastidores, tendo também sido obrigada a abdicar do Women’s World Championship, que Liv Morgan ganhou pouco tempo depois, no King and Queen of the Ring.



Depois disto, a nova campeã tentou acercar-se de Dominik, muito contra a vontade deste, que declarou não estar interessado nela. A questão é… não será isto apenas parte de um plano?


Glória


Gunther vs Damian Priest




Depois de um excelente reinado como Intercontinental Champion, Gunther virou atenções para o World Heavyweight Championship, como já era, aliás, expectável. Entretanto, Damian Priest conquistou esse mesmo título com um cash-in brilhante, imitando quase perfeitamente o “Assalto do Século” que Seth Rollins protagonizou na WrestleMania 31 em 2015.




Damian Priest chega aqui como membro de uns Judgment Day marcados por vários conflitos internos, alguns deles possivelmente irremediáveis. Por outro lado, o imparável austríaco está na melhor fase do seu percurso, é uma ameaça terrível (e credível também) e terá a oportunidade de chegar a Berlim como campeão. Não admira, pois, que para Gunther esta seja uma oportunidade de alcançar a glória perante uns Judgment Day enfraquecidos pela incerteza, sobretudo no que diz respeito ao futuro da relação entre Rhea Ripley e Dominik Mysterio, que tem sido constantemente posta em causa por Liv Morgan.


Será que Gunther vai aproveitar a oportunidade? A água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte…

 

E vocês, o que esperam do Summerslam? Acham que será melhor do que o Money In The Bank?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!! Que seja um grande Summerslam!!

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