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Lucas Headquarters #139 – Swerve’s House


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!!


Que tal vos pareceu o Dynasty? Agradável à vossa vista? Podia ter sido melhor? Tenho para mim que foi um dos melhores PPV do ano para a AEW, e que apenas o Double or Nothing, já no mês que vem, ou o Full Gear, por exemplo, poderão ultrapassá-lo em termos de qualidade. Fazer previsões destas, bem o sabemos, é um bocadinho arriscado – a AEW tem este condão de quando a malta pensa que é impossível fazer melhor, fazer exatamente isso, com todas as letras e sílabas que a palavra tem.


Pareceu-me ser, acima de tudo, um PPV extraordinariamente consistente e que deu a sensação de nunca ter um combate menos bom em termos de qualidade. Normalmente a dinâmica dos PPV é muito esta: No primeiro combate ou dois, o ritmo começa lento, talvez para cativar a atenção do público, mas o natural é ir subindo, de forma a que o público fique cada vez mais investido e chegue ao Main Event com a sensação de não ter tido que fazer uma “travessia no deserto”.


No caso do Dynasty, acabou por ser diferente. O primeiro combate foi logo indicação de que estávamos para presenciar, como disse anteriormente, um dos melhores PPV da AEW neste 2024 que, parecendo que não, já vai quase a meio. O combate entre Kazuchika Okada e PAC foi extraordinariamente bom – não que estivesse em risco de não o ser. PAC parece ter regressado em grande forma e Kazuchika Okada parece ter cada vez mais vontade de se afirmar nos Estados Unidos (ele que já está em grande plano ao fazer parte dos The Elite, que agora contam também com o Scapegoat, Jack Perry).



O combate de Trios que opôs Adam Copeland, Eddie Kingston e Mark Briscoe aos House of Black acabou por ser brutal, como aliás era esperado, já que é com os House of Black que estamos a lidar. E este culto que deu certo acaba por conquistar aqui uma vitória importantíssima, tendo em conta que o booking que Tony Khan tem feito do grupo apenas tem dado destaque minimamente interessante a Julia Hart e à sua aliança com Skye Blue.


Do combate de Willow Nightingale com Julia Hart pouco ou nada se pode dizer – menos de sete minutos não chegam para formular juízos de valor objetivos. Pode dizer-se, isso sim, que o título nas mãos da Willow era coisa que já se esperava, já que ela é uma das babyfaces mais credíveis que a AEW tem na sua divisão feminina neste momento (a sério, quem é que é capaz de não gostar da Willow?) e com Julia Hart lesionada, o título mudar de mãos era algo expectável.



Não vou falar do elefante na sala (Jericho vs Hook) porque já muita gente disse aquilo que eu era capaz de dizer. Jericho está claramente no ocaso da sua carreira enquanto wrestler, e neste momento começa a parecer-se com o homem para quem trabalhou durante décadas, ao não saber ver a hora de fechar o seu ciclo.


O PPV fechou em grande, na minha opinião, com os últimos quatro combates a serem extraordinariamente bem executados. Não vou falar, também, de Bryan Danielson vs Will Ospreay porque, no que diz respeito à excelência, este combate foi, sem dúvida, o combate da noite e quiçá, do ano; nem vou falar de FTR vs Young Bucks IV porque, sinceramente, estas duplas não sabem dar-nos um combate mau (embora a minha opinião relativamente aos Young Bucks me obrigue, talvez, a fazer um seguro de vida).




Vou falar, sim, de Toni Storm vs Thunder Rosa por duas razões: Primeiro, porque Toni Storm está cada vez mais à vontade na sua Timeless gimmick, e depois porque Thunder Rosa se apresentou a um nível extraordinariamente alto – como ainda não tínhamos visto depois de regressar - e fez-me sentir que esta foi a primeira vez que o reinado da Toni esteve em risco.




E claro, como não podia deixar de ser, vou falar de Swerve Strickland vs Samoa Joe. Mas, fazendo aqui um plot twist, não vou falar do combate em si, antes daquele que se tornou no novo AEW World Champion, porque acho que tem uma história de superação que merece ser realçada (e não, não estou a dizer isto baseando-me tão somente em fatores raciais, embora isso também tenha a sua quota parte já que, como penso já ter dito em edições anteriores, a WWE não valoriza muito os seus atletas negros, tendo-lhes dado, no mínimo, reinados potencialmente bons para os terminar de maneiras humilhantes).




E a mesma história de superação que Swerve Strickland protagoniza e que agora está diante de nós a tem, por exemplo, Sareee. Sareee sempre foi considerada uma das melhores – senão mesmo a melhor – joshi wrestler da atualidade, tendo chegado à WWE com essas credenciais.


Infelizmente para ela, aquilo que parecia ser um auspicioso começo (até chegou a combater um par de vezes contra… Toni Storm, se não estou em erro) rapidamente se tornou numa jornada sem brilho, não só pela força das circunstâncias (Sareee assina pela WWE em 2020, mas só chega ao NXT pouco mais de um ano depois, devido à pandemia da COVID-19) mas também devido à ação de Vince McMahon no surgimento do NXT 2.0 – que significou uma rutura com a visão de Triple H – e que, como consequência, acabou por dar a Sareee uma gimmick meio estereotipada, fazendo-a personificar a típica school girl da cultura japonesa.





No entanto, depois de sair da WWE, Sareee reinventou-se (e de que maneira): Produziu três eventos em nome próprio, faz parte do roster da SUKEBAN e, por esta hora, já teve aquele que potencialmente será candidato a combate do ano, contra a unanimemente considerada como a melhor joshi wrestler desta geração, Mayu Iwatani (isto no All Star Grand Queendom deste ano).


O percurso de Swerve é mais ou menos igual. Apanhado nas malhas de uma gestão cheia de preconceitos, estereótipos e decisões pouco fundamentadas e avulsas, talvez nos lembremos dele como parte dos Hit Row, aquele grupo de pseudo-rappers do qual só se aproveita a B-Fab, pelo menos para já. Via-se claramente que Swerve era o mais talentoso do grupo (fazendo a análise completa e juntando skill e microfone) no entanto, nunca lhe deram espaço para provar o seu valor e Swerve é dispensado em Novembro de 2021.




Lá acaba Strickland por fazer o caminho que muitos haviam feito, assinando pela AEW. Estava na hora, diziam quase todos, agora é que ia ser. Mas a verdade é que o seu começo na Elite também não foi, pelo menos na minha opinião, o mais auspicioso, e Swerve acaba por ficar preso numa aliança com Keith Lee, os tais Swerve In Our Glory. Ou seja, vira o disco e toca o mesmo.


E aqui, é de compreender alguma desilusão da parte do público: Então Swerve passou grande parte do seu percurso na concorrência entalado numa stable que pouco fez por ele, e agora vão coloca-lo numa dupla outra vez? Ainda por cima com alguém que, com todo o respeito e talento que tem, não acrescentou nada à AEW mais do que o fazia na WWE.



Até que chegam os (Mogul) Embassy. E se é verdade que Strickland continuou a estar entalado entre stables e a ver o seu talento ser ofuscado por outros membros com maior proeminência (como é o caso de Brian Cage), também é verdade que se conseguiram arranjar estratégias para que Strickland mostrasse o talento que tem. E não se conseguiu fazer isso apenas pela participação de Swerve em singles matches ao longo do caminho.


Muitas vezes, quando se procura construir ou afirmar um wrestler, colocar um manager a seu lado pode resultar que nem ginjas, sobretudo quando queremos tentar fazer com que as partes se complementem de alguma forma. No caso, por exemplo, de Undertaker, ter Paul Bearer ao seu lado permitiu maximizar o aspeto sobrenatural daqueles primeiros tempos de Western Mortician.


No caso de Brock Lesnar ou Roman Reigns, que até ali não haviam demonstrado grandes habilidades no microfone, ter Paul Heyman por perto significava que não tinham de se preocupar tanto com esse aspeto da sua personagem (que Roman foi melhorando consideravelmente, ao ponto de passar a exercer o mesmo papel de CM Punk e relegando Heyman quase para um simples “servo”) e permitia-lhes abraçar o lado “strong and silent” das suas gimmicks.





Com Swerve Strickland acontece o contrário. Enquanto ele foi desenvolvendo uma personalidade cada vez mais séria e focada, Prince Nana foi-se encarregando de fazer uma espécie de alívio cómico, garantindo que o interesse na personagem de Swerve se mantinha e que o recentemente coroado AEW World Champion não era apenas aquele mauzão que se vê no ringue. E tem estado a fazer um excelente trabalho, de tal modo que já é praticamente impossível desassociar Prince Nana de Swerve Strickland e vice-versa.



Campeão de transição?



A vitória de Swerve Strickland contra Samoa Joe pelo AEW World Championship no Dynasty deixou, naturalmente, toda a gente feliz – era praticamente consensual que Strickland já merecia muito mais que o que lhe davam – mas criou, ao mesmo tempo, um novo medo: Será que Swerve Strickland vai apenas servir como campeão de transição para Will Ospreay?



Esta é uma pergunta que tem toda a razão de ser: A AEW parece querer apostar em Will Ospreay (da mesma maneira que está a fazer com Kazuchika Okada) tanto que já lhe deu uma oportunidade pelo AEW International Championship de Roderick Strong no Double or Nothing, com a vitória na Casino Battle Royal do último episódio do Dynamite. Para além disso, voltamos a ter All In em Londres no final de Agosto, Will Ospreay vai jogar em casa… portanto não há razões para a AEW não querer que o Aerial Assassin saia em ombros perante o seu público.


No entanto, apesar de legítima, esta é também uma pergunta que, a meu ver, só poderá ter uma resposta depois do Double Or Nothing. Toda a gente pensou que Okada iria logo apontar mira ao AEW World Championship – e tem star power para tal – mas acabou por ganhar o Intercontinental Championship, que pode ser visto por muitos como um título menor, hierarquicamente falando.



Com Will Ospreay pode acontecer exatamente o mesmo: Se vencer Roderick Strong no Double or Nothing, é sinal que o reinado de Swerve poderá ser maior do que o inicialmente previsto. Se não conseguir a vitória, muito provavelmente o seu momento de glória virá perante a sua gente, às custas do novo campeão. É esperar e ver. Mas um reinado como World Champion já ninguém pode tirar a Swerve Strickland, esse miúdo audaz protegido pela sorte.



E vocês, o que acharam da vitória de Swerve Strickland no Dynasty? Acham que irá ter um bom reinado, ou será apenas campeão de transição?


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”!! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, redes sociais, deixem a vossa opinião aí em baixo… as macacadas do costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!!

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