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Lucas Headquarters #137 – Agarrados ao passado


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Sejam bem-vindos a mais uma edição de “Lucas Headquarters” aqui no WrestlingNotícias!! O que acharam da WrestleMania? Qual acham que foi a melhor noite, a primeira ou a segunda? 


Eu acho que esta WrestleMania foi um caso curioso, na medida em que foram estabelecidas algumas pontes qualitativas com a WrestleMania do ano passado. Em termos simples: A noite 1 da WrestleMania 39 foi melhor do que a noite 1 da WrestleMania deste ano, no entanto a noite 2 da WrestleMania XL foi largamente melhor por comparação à noite 2 da WrestleMania do ano passado. 


No geral, foi uma WrestleMania espetacular, diria até que foi a melhor desde que o COVID nos obrigou a assistir a um Maior Evento do Ano sem público que, contra todas as expectativas, acabou por ser até bastante agradável. Dizer que é a melhor de todos os tempos parece-me um exagero (a perfeição simplesmente não existe, ponto final) mas catalogar esta WrestleMania entre as melhores de sempre não parece descabido. Se for verdade que a WrestleMania X-7 foi realmente a melhor de todos os tempos até agora (sempre na opinião popular), talvez colocar esta que passou em segundo ou terceiro lugar seja satisfatório o suficiente? 


A verdade é que esta foi uma WrestleMania onde triunfaram todos aqueles que nós queríamos ver triunfar. Sami Zayn voltou a fazer história e a demonstrar que tem queda para acabar com reinados históricos: No ano passado, os Usos; este ano, Gunther. Bayley completou o seu caminho desde o Royal Rumble e tirou o título a IYO SKY (naquela que foi, na minha opinião, a melhor performance de IYO SKY desde que ganhou o título) e, por último, mas definitivamente não menos importante, Cody Rhodes completou a história!! 





Cody Rhodes completou a história naquele que foi, para mim (e isto é subjetivo) o melhor combate de sempre. Claro que esta classificação não se restringe apenas ao wrestling puro e duro, porque, se atendermos a isso, é capaz de ser um combate mediano, na melhor das aceções.


Na questão do wrestling puro e duro, este combate pode ser dividido em três “categorias”: Uso (moderado) de finishers e signature moves; covers arrogantes (sobretudo da parte de Roman Reigns) e interferências das lendas e Hall of Famers, que apesar de resultarem num exagerado – mas eficaz - alívio cómico, acabaram por acrescentar significado, porque todos os envolvidos se relacionam ou com o próprio Roman Reigns – na medida em que já foram seus adversários - ou com storylines do passado, no caso de The Rock e John Cena. 


E vamos falar da emoção que houve assim que a campainha soou pela última vez? Sabemos que as reações emocionais são bastante naturais - não seríamos humanos se assim não fosse – mas ainda hoje não sei se parte da emoção não terá origem no kayfabe e no facto de toda a gente querer ver o babyface superheróico triunfar. E quando estamos com esta dúvida, é sinal que as coisas funcionam muito bem.


 



Pois bem, feita que está esta mini análise à WrestleMania, vamos ao que aqui me traz esta semana, que tem tanto ou mais significado que o Maior Evento do Ano (até porque pode ter implicações a longo prazo). 


E, em tom de aviso prévio, eu vou já avisar que existe um sério risco de que eu não seja tão “manso” com as palavras como de costume, mas ao mesmo tempo peço que não levem isto como um “ataque anti-AEW" porque, como vocês sabem (ou já deviam saber) eu não tenho nenhum tipo de agenda contra quaisquer que sejam as empresas que nos entregam wrestling neste momento, e acho que, no momento em que se encontra o mundo do wrestling, temos é que torcer para que todas as empresas consigam ter sucesso, de modo a diversificar a oferta à disposição dos fãs. 


Havia sido prometido que iam ser finalmente reveladas as imagens do polémico incidente do All In que envolveu Jack Perry e CM Punk, resultando no despedimento deste último e numa excelente performance teatral por parte de Tony Khan, que, dias depois, se desculpou dizendo que “temera pela sua vida”. 




Ora, não vale a pena estarmos aqui com mentiras, nem a tentar parecer aquilo que não somos: Atendendo ao atual modo como os Young Bucks estão a ser apresentados em TV, isto é, como heels extremamente irritantes que usam da sua posição de EVP’s na vida real para tentar gerar heat do público, toda a gente pensava que o que viria aí não era mais do que uma encenação, ou então um isco para algo maior.




Sei lá, parecia-me difícil que duas pessoas que intercalam papéis executivos com papéis performativos tivessem a ideia de ir mexer no passado – ainda para mais num passado que ainda lembra a muita gente e que na altura acabou com o pouco estado de graça que CM Punk tinha conquistado (ele que, se bem se recordam, já tinha tido um incidente semelhante no All Out de Setembro de 2022, que também envolveu os Bucks e que, na altura, resultou na suspensão de uma série de gente e num clima de (pré) guerra civil na AEW. 




E isso parecia-me difícil não apenas pelo incidente em si e pela polarização que gerou (que não foi muita, não foi pouca, foi bastante) mas porque quem cumpre estas duas funções - performativa e executiva – ou quem cumpriu uma e agora está a cumprir outra tem que saber muito bem as linhas com que se cose, porque, se a paciência dos fãs já e curta para malta que toma decisões erradas sem nunca ter posto os pés dentro de um ringue, para a malta que o fez então... a tolerância está abaixo de zero. 


Diz-se que a decisão partiu de Tony Khan, não se sabe com clareza se Matt e Nick Jackson estavam contra ou a favor – parece-me que este é um daqueles casos em que cada qual puxa a brasa à sua sardinha, conforme o amor ou o ódio, a idolatria ou o desprezo que ganharam por Phil Brooks em resultado dos incidentes que marcaram a sua passagem pela Elite. 


Certo é que os Bucks teriam sempre nisso um valente escudo protetor. Muita gente os considera como sendo a melhor Tag Team da atual geração - designação onde eu pessoalmente não embarco, acho até que a nível de move sets são muito parecidos aos Usos e parte do hype que têm resulta de anos e anos a trabalhar com o Kenny Omega, esse sim, merecedor de todas as honrarias. Mas a minha opinião de pouco vale, e se eles chegaram onde chegaram com certeza que há muitos que consideram que para isso foi preciso muito trabalho. 




A questão é esta: Se eles eram a favor de mostrar tudo o que se passou, então não estão a cumprir aquela que deveria sempre ser a primeira regra de qualquer businessman que perceba minimamente de como é que funciona o show business - situações que se passem fora das câmeras devem permanecer fora das câmeras. E isto serve também para os die-hards que estão desejosos de ver a WWE a arder em virtude dos escândalos que assombram Vince McMahon: Se estão à espera de que Triple H ou qualquer outra pessoa vá falar disso numa conferência de imprensa pós-PPV (ou PLE) então procurem outro passatempo filhotes, porque isso não vai acontecer. 


Agora, se eles eram contra... a situação é grave. Muito grave. E já não era grave o suficiente a forma como Tony Khan tentou lavar as mãos da sua falta de pulso firme e liderança de grupo, senão pela forma pouco madura – diria mesmo até infantil – como toma tudo o que é dirigido à sua metodologia de trabalho como um ataque pessoal. Tony Khan é aquele fanático de futebol que não é capaz de aceitar que a sua equipa perdeu frente ao rival no passado fim-de-semana, e não consegue ouvir as picardias e provocações dos adversários sem as tomar como se fossem para si, ou para a sua família, e ter necessidade de responder quando as coisas lhe correm bem (lembram-se do “Bye Rossy!”?). E prova disso foi o que fez a seguir. 


Ato contínuo, depois do malogrado segmento dos Bucks, Renee Paquette dá uma curta entrevista a Will Ospreay. Sabe-se que Will Ospreay vai ter um possível MOTY já no dia 21 contra Bryan Danielson no AEW Dynamite, portanto toda a gente espera que as palavras do Aerial Assassin sejam dirigidas ou para o adversário, ou para como ele acha que as coisas se vão desenvolver, certo? Errado. 


Ospreay lá dá a sua entrevista mas não consegue passar metade do tempo sem se preocupar com o que se passa na casa do vizinho, fazendo referência a uma entrevista que Triple H deu no Pat McAfee Show, onde disse que se não se está na WWE para se dar ao litro, não vale a pena lá estar. Inclusive puxa aquela velha máxima que todo o herói anti-sistema usa quando quer causar impacto: “Ahhhh etc etc mas se ele não tivesse casado com a filha do patrão etc etc”. E aqui, só me apetece mais uma vez referenciar memes e dizer “que informação dramática!”.  





Em primeiro lugar, Triple H não disse explicitamente a quem se dirigia na entrevista. E Will Ospreaywrestler que respeito muito não só pela capacidade em ringue, como também pela decisão que tomou, baseada no amor e respeito que tem pela família - com certeza não é o único wrestler a preferir um calendário mais folgado por mais uns quantos centavos... 




E isto, para mim, é constrangedor, é triste e faz-me sentir tremendamente preocupado, porque vejo que a AEW não se preocupa em seguir linha de pensamento muito coerente. Quer dizer, na semana passada vem Adam Copeland entregar uma fantástica promo (não estou a ser irónico, foi mesmo fantástica) logo no início, a dizer que o que interessa é aproveitar o wrestling, não prestar atenção a siglas e acrónimos e apenas disfrutar. E agora, Tony Khan resolve estragar o penúltimo episódio antes de um PPV com dois segmentos que só vão pôr mais gasolina na fogueira... 





Não vou tão longe ao ponto de dizer que a AEW está perto de acabar depois disto, e pode parecer que estou a entrar em contradição, mas vou continuar a acompanhar o trabalho deles porque a pior coisa que pode acontecer neste momento é a Elite acabar e a WWE voltar a sentir que tem o poder todo.  


Mas caramba... senti-me envergonhado com o que vi. E ao escrever estas palavras, à vergonha junta-se também a desilusão. Para uma companhia que diz que quer fazer melhor e oferecer uma alternativa, jogar baixo simplesmente porque não conseguiu fazer melhor do que a concorrência revela um complexo de inferioridade enorme. A AEW tem todas as condições para se tornar maior do que já é, mas foi este complexo de inferioridade, este eterno agarrar ao passado, se assim quisermos, que sempre os impediu de progredir. 


E vocês, o que acham das duas polémicas que marcaram o último Dynamite? 


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo site e pelas nossas redes sociais, deixar as vossas opiniões aí em baixo, tudo e mais alguma coisa, e para a semana cá estarei com mais um artigo! 


Peace and love, até ao meu regresso! 

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