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Lucas Headquarters #129 - AEW a perder popularidade?


Ora então boas tardes, comadres e compadres!! Como estão? Bem-vindos sejam a mais um Lucas Headquarters, aqui no WrestlingNotícias!! Que tal correu esse carnaval? Divertiram-se? Muita risada, disfarces e tropelias? É isso que se quer. Agora, bom, agora… agora é quarenta dias ali a fazer penitência, para quem nisso acredita, portanto espero que tenham tirado a barriga de misérias.


Agora reparo numa coisa: Desde que o ano iniciou, creio que a AEW ainda não foi tema (central) de conversa aqui no estaminé. Já falámos na Elite noutros contextos e noutras entradas ao longo destes dois meses, mas creio que desde o dia 1 de Janeiro ainda não lhe demos o spotlight que merece.


E isso não tem que ver com o facto da AEW ter perdido importância neste espaço, nada disso, aliás, se não fosse hoje, provavelmente falaríamos da AEW daqui a duas semanas, quando estivermos a falar no Revolution e naquele que será o último combate da carreira de Sting (e sem querer já dei spoiler do nosso assunto para daqui a duas semanas).


Isso tem apenas a ver com a quantidade de acontecimentos que têm – passo a redundância – acontecido nos últimos tempos nas principais concorrentes. Só nestes dois meses do ano nós já tivemos: A segunda vitória consecutiva de Cody Rhodes no Royal Rumble (algo que não acontecia há vinte e cinco anos, se a memória não atraiçoa); o despedimento de Rossy Ogawa por parte da STARDOM (que pode mudar muita coisa dentro da empresa, mas veremos) e o regresso de The Rock, que tanto burburinho despertou nas redes sociais. Portanto, como podem ver, o tempo não dá para tudo, e, na missão de nos tentarmos manter o mais atuais possível por aqui, alguma coisa tem que ficar para trás.





A AEW até tem estado a safar-se bastante bem – ou pelo menos assim aparenta: O matchcard do Revolution parece apontar para um dos melhores PPV de sempre da empresa (embora eu só acredite depois de ver, que isto de jogar foguetes depois da festa é uma coisa perigosa) e ganhou a corrida à WWE pelo free agente mais requisitado do mercado, entenda-se o senhor Kazuchika Okada, Rainmaker para os amigos.



Portanto, como devem imaginar, foi com considerável espanto que li as notícias que dão conta de uma certa frustração por parte do talento da empresa, que quando chega às arenas vê a quantidade de público a diminuir cada vez mais. A frustração aumenta quando Tony Khan, esse “fã de wrestling endinheirado” – como já tenho ouvido alguns amigos meus dizer – faz de conta que está tudo bem e a tudo responde com aquele sorriso de criança que está toda contente porque, em determinada tarde, a mãe o deixou comer um gelado porque teve excelente no teste de Matemática.


Ora, é claro que tais considerações lançaram o alarme não só dentro da própria All Elite, como também dentro do seu grupo de fãs mais dedicados – mais acérrimos, se assim quisermos, porque o pensamento – legítimo, mas exagerado, a meu ver – é que, se há menos público na All Elite, a All Elite Wrestling estará, de certo modo, a caminhar para o fim.


Como acabei de dizer, este pensamento é legítimo, mas é algo exagerado, na minha opinião. É legítimo se o analisarmos do ponto de vista tipicamente catastrofista que o nosso psicológico às vezes nos impõe – quando nos deparamos com uma situação de potencial perigo, somos imediatamente levados a olhar para possíveis danos em vez de procurar as possíveis soluções – que estão sempre mais ao alcance do que nós realmente pensamos.


Mas é exagerado sobretudo se pensarmos que esta “perda de público” vamos dizer assim, se dá num contexto muito específico, um contexto extra-AEW (que acho que já sabem qual é) mas ao qual os fãs mais acérrimos da AEW automaticamente fazem questão de não perceber, não porque não o entendam verdadeiramente, mas porque realmente escolhem não o fazer, para bem da agenda que eles próprios criaram.


E é esse contexto que vou analisar com vocês, a partir desta simples pergunta:


Estará a AEW a perder popularidade? 




Voltemos, pois, ao início: Shows da All Elite mais vazios com o passar das semanas, talento frustrado, Tony Khan a fazer de conta que está tudo bem.


Isto até parece um bocado contranatura, afinal, pelo menos no plano da construção do seu plantel, a AEW está a anos-luz da WWE: Basta ver que os “pesos pesados” da indústria do wrestling têm, nos últimos meses, escolhido comprometer-se com a Elite: Kota Ibushi, Kazuchika Okada e, mais recentemente, Queen Aminata. Ora bem, olhando para estes três nomes e para o seu peso (ou, pelo menos, para o peso de dois deles), nada parece fazer prever que a AEW esteja a “perder popularidade”.




Só que, do outro lado, existe uma altura do calendário (lá vamos nós outra vez) e mais especificamente, um nome que, onde quer que apareça, ofusca e atrai nomes que se calhar nem acompanham muito estas andanças. E como se não bastasse o nome em si ser suficientemente sonante, para além da caraterística (psicologicamente imposta) do catastrofismo, o ser humano tem também uma enorme tendência para a nostalgia.


A nostalgia é um sentimento transversal à nossa área de interesse, mas é algo que aparece em primeiro plano sobretudo na arte e no audiovisual. Quantos de nós (eu incluído), perante a música que se faz hoje e que ocupa 90% do tempo que existe nas rádios, não desdenhamos e soltamos aquela velha frase: “antigamente é que era bom!”. Ou quando, por exemplo, vemos um filme (ou uma série) que não achamos ser assim tão bom e começamos a divagar: “No meu tempo é que se faziam filmes bons! E as séries? Txeeeee, nem tens noção!! Antigamente havia, por exemplo, O Justiceiro, com o Michael Knight e o seu Kitt… isso é que eram tempos bons!”.


Se o sentimento de desejo de voltar a algo que já não temos oportunidade de reviver é evidente na sétima arte, no que diz respeito à lutinha então… podemos dizer que o universo do wrestling tresanda a nostalgia, o que, para ser sincero, me faz um bocadinho espécie, mas isso é assunto para outra altura.


Basta vermos a quantidade de posts feitos por páginas de fãs de wrestling (maioritariamente de língua inglesa) a recordar tempos como o início do boom do wrestling no final dos anos 80 (onde Hulk Hogan e Randy Savage dominavam a cena) ou da Attitude Era e de toda a ousadia a si associada. Este último período, de resto, fez com que muita gente se apaixonasse pelo wrestling, ainda que, a esmagadora maioria dos fãs da altura abandonassem o barco anos mais tarde, muitos até influenciados pela morte do Eddie Guerrero, que no auge da Attitude Era era uma das principais caras da WCW.




Isto ajuda a explicar o porquê de muitas das arenas onde a Elite vai estarem vazias. Estamos em plena Road To WrestleMania, e isso só por si já é razão suficiente. Mas este ano, o caminho para o Maior Evento do Ano conta com a presença de The Rock. The Rock. Precisamente, uma das maiores – senão a maior – figura dessa supracitada Attitude Era (ao lado de Stone Cold Steve Austin).


A minha pergunta é a seguinte: O que é que o pessoal da Elite espera que se faça quando alguém como Dwayne “The Rock” Johnson regressa à concorrência, e ainda por cima provoca as reações que vimos ao longo dos últimos dias na Internet?



 

Tal como a WWE sempre foi muito conservadora – e até picuinhas – na abordagem e na forma como se mostra agradecida a quem entra e sai da empresa por oposição à concorrente (basta ver pela forma como, em certos vídeos, corta partes em que os seus ex-wrestlers que estão atualmente na AEW aparecem (por  exemplo, Jon Moxley aka Dean Ambrose), assim acontece com os fãs.


Os fãs da WWE e da AEW representam, de certa forma, um “confronto de gerações” na forma como vêem wrestling: Os fãs da WWE são mais conservadores, mais agarrados à nostalgia, são muitas vezes – e vão perdoar o termo – a brigada do reumático” nesta indústria. Os fãs da AEW, pelo contrário, representam a forma mais “moderna” de ver o produto, muito voltada para a colaboração com outras empresas, personificando a expressão “a união faz a força” que devia ser a máxima que norteia esta indústria.


Muitos de nós, quando crescemos, crescemos apenas a ver WWE, portanto acabamos sempre por beber um bocadinho deste conservadorismo. E mesmo quem já não vê, quando é intimado a dar uma opinião sobre o que se passa atualmente no negócio, inclina-se sempre para uma perspetiva mais conservadora – talvez por desconhecimento do que se passa na Elite.


Portanto, sendo a WWE a maior empresa do mundo do wrestling – e a empresa com a qual muitos cresceram – é natural que muita gente mostre esse conservadorismo quando um nome desta magnitude regressa.


E depois ainda existem os casuals. E estes casuals podem até nem ser tão conservadores assim, mas é tudo malta que não vê wrestling há anos e que usam este regresso como estímulo para tentar voltar a ver. E quando temos The Rock e Road To Wrestlemania, automaticamente vemos quase duplicar ou triplicar o número de casuals.




Portanto, quando voltamos à questão se a AEW está a perder popularidade, a minha resposta continua a ser não. A AEW não está a perder popularidade, pelo contrário, há bastante gente que aprecia e apoia o trabalho que a AEW faz em prol do wrestling. A questão é que a Elite está apenas a sofrer com uma altura que é prejudicial no seu calendário, porque a concorrência está a construir as bases para o seu maior evento e precisa de todo o hype e excitação que conseguir, nem que para isso tenha que ressuscitar algum morto (e já estivemos mais longe…).


E assim termina mais uma edição de “Lucas Headquarters”! Não se esqueçam de passar pelo nosso site, pelo nosso Instagram, pelo nosso Telegram, deixar a vossa opinião aí em baixo… o costume. Para a semana cá estarei com mais um artigo!!


Peace and love, até ao meu regresso!

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